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Memória Facultativa

Santa Maria Goretti, Virgem Mártir


Antífona de entrada

Recebemos, ó Deus, a vossa misericórdia no meio do vosso templo. Vosso louvor se estenda, como o vosso nome, até os confins da terra; toda a justiça se encontra em vossas mãos. (Sl 47, 10-11)

Coleta

Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Primeira Leitura (Gn 32, 23-33)


Leitura do Livro do Gênesis


Naqueles dias, 23Jacó levantou-se ainda de noite, tomou suas duas mulheres, as duas escravas e os onze filhos, e passou o vau do Jaboc. 24Depois de tê-los ajudado a passar a torrente, e atravessar tudo o que lhe pertencia, 25Jacó ficou só. E eis que um homem se pôs a lutar com ele até o raiar da aurora.

26Vendo que não podia vencê-lo, este tocou-lhe o nervo da coxa e logo o tendão da coxa de Jacó se deslocou, enquanto lutava com ele. 27O homem disse a Jacó: “Larga-me, pois já surge a aurora”. Mas Jacó respondeu: “Não te largarei, se não me abençoares”. 28O homem perguntou-lhe: “Qual é o teu nome?” Respondeu: “Jacó”. 29Ele lhe disse: “De modo algum te chamarás Jacó, mas Israel; porque lutaste com Deus e com os homens e venceste”. 30Perguntou-lhe Jacó: “Dize-me, por favor, o teu nome”. Ele respondeu: “Por que perguntas o meu nome?” E ali mesmo o abençoou. 31Jacó deu a esse lugar o nome de Fanuel, dizendo: “Vi Deus face a face e foi poupada a minha vida”.

32Surgiu o sol quando ele atravessava Fanuel; e ia mancando por causa da coxa. 33Por isso os filhos de Israel não comem até hoje o nervo da articulação da coxa, pois Jacó foi ferido nesse nervo.

Salmo Responsorial (Sl 16)


R. Verei, justificado, vossa face, ó Senhor!


— Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! Inclinai o vosso ouvido à minha prece, pois não existe falsidade nos meus lábios! R.

— De vossa face é que me venha o julgamento, pois vossos olhos sabem ver o que é justo. Provai meu coração durante a noite, visitai-o, examinai-o pelo fogo, mas em mim não achareis iniquidade. R.

— Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Mostrai-me vosso amor maravilhoso, vós que salvais e libertais do inimigo quem procura a proteção junto de vós. R.

— Protegei-me qual dos olhos a pupila e guardai-me, à proteção de vossas asas. Mas eu verei, justificado, a vossa face e ao despertar me saciará vossa presença. R.


https://youtu.be/CqPoY6Aoek4
R. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
V. Eu sou o bom pastor, conheço minhas ovelhas e elas me conhecem, assim fala o Senhor. (Jo 10, 14) R.

Evangelho (Mt 9, 32-38)


V. O Senhor esteja convosco.

R. Ele está no meio de nós.


V. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Mateus 

R. Glória a vós, Senhor.


V. Naquele tempo, 32apresentaram a Jesus um homem mudo, que estava possuído pelo demônio. 33Quando o demônio foi expulso, o mudo começou a falar. As multidões ficaram admiradas e diziam: “Nunca se viu coisa igual em Israel”. 34Os fariseus, porém, diziam: “É pelo chefe dos demônios que ele expulsa os demônios”.

35Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade. 36Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37“A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”

Sobre as Oferendas

Possamos, ó Deus, ser purificados pela oferenda que vos consagramos; que ela nos leve, cada vez mais, a viver a vida do vosso reino. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! (Sl 33, 9)

Ou:


Vinde a mim, vós todos que sofreis e estais curvados sob os vossos fardos, e eu vos aliviarei, diz o Senhor (Mt 11, 28)

Depois da Comunhão

Nós vos pedimos, ó Deus, que, enriquecidos por essa tão grande dádiva, possamos colher os frutos da salvação sem jamais cessar vosso louvor. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 06/07/2021
Sejamos no mundo a presença amorosa de Deus

“Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9,36).

Olhamos para as multidões de ontem que estava, de fato, cansadas e abatidas com todos os sofrimentos da vida, abatidas com todas as situações que não se resolviam no coração de tantos, as multidões abatidas com a pobreza, com os desgastes da vida. Mas olhemos também para as multidões de hoje, olhemos como vivem muitos dos nossos irmãos e irmãs.

Quantas vezes o nosso povo está sofrido, cansado e abatido. Não é questão de pena, é compaixão, é sentimento evangélico, é sentimento do coração de Deus. O pastor olha para as suas ovelhas cansadas e abatidas para cuidar delas, para ter compaixão de cada uma delas. É verdade que a messe é cada vez maior, é verdade que as multidões crescem em todo canto, em todo lugar, e nós precisamos cuidar, precisamos cuidar levando Jesus, levando a Palavra de Jesus, levando o amor de Jesus, mas não deixando de cuidar das realidades humanas, materiais, realidades físicas, cuidar do sofrimento do nosso povo.


Sejamos presença amorosa de Deus; e não sejamos, por favor, evangelizadores alienados

Tem jovens sofrendo, crianças sofrendo, têm pessoas passando por misérias profundas nesta vida. Não deixemos ninguém perecer pela fome, pela falta de cuidado, pela falta do alimento. Onde o nosso coração alcançar, que nós estejamos lá para ser a presença amorosa de Deus, para nos compadecermos de pais de família que querem trabalhar e não têm emprego.

Sejamos alento, cuidado, presença amorosa de Deus; e não sejamos, por favor, evangelizadores alienados, achando que a única fome que existe no mundo é a fome da Palavra de Deus. Sim! A humanidade perece por fome e sede da Palavra de Deus, mas a humanidade perece por carências materiais, emocionais, psíquicas e espirituais.

Sejamos bom pastor, olhemos a realidade de cada um, de cada sofrimento, de cada dor; olhemos aquele que está mudo e surdo, como no Evangelho de hoje, mas olhemos aquele que está padecendo no coração com suas emoções; olhemos quem está padecendo por causa da depressão, por causa de tantas dores no coração. Sejamos uma presença amorosa de Deus!

Olhemos, meus irmãos, aqueles que estão padecendo ao longo do caminho pela falta do pão de cada dia, pela falta do amor e da misericórdia. Olhemos aqueles que estão perecendo por falta de remédios, de cuidados básicos com a saúde. A messe é grande; e os dramas humanos são maiores ainda.

Não vamos mudar o mundo porque nem Jesus mudou, mas Ele cuidou do mundo que estava ao Seu alcance; Ele deu àqueles que vieram a Ele tudo o que podia dar, como deu a própria vida. Não vamos mudar o mundo, mas o mundo que estiver ao nosso alcance, podemos dar o melhor de nós, podemos ser uma presença amorosa de Deus, podemos sair mais de nós para ir ao encontro do outro. Podemos, com a graça de Deus, expulsar os demônios que têm atormentado tanto a nossa a vida e a vida dos nossos. Precisamos ser no mundo a presença amorosa de Deus.

Deus abençoe você!

Pe. Roger Araújo
Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.
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Memória de Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir

A Igreja celebra hoje a memória de Santa Maria Goretti, virgem e mártir que, em 1902, morreu em uma tentativa de violação defendendo a própria pureza e testemunhando sua heróica fidelidade a Cristo. O exemplo desta angélica menina, que resistiu com a fortaleza dos santos à fraqueza de espírito dos pecadores, é ainda hoje um estímulo a que todos, especialmente os jovens, se empenhem no exercício das virtudes e uma lembrança de que a graça de Deus é capaz de transformar em heróis as mais frágeis crianças. Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo para esta terça-feira, dia 6 de julho, e peçamos hoje a Santa Maria Goretti que nos dê a graça de uma vida santa e casta.




Santo do dia 06/07/2021

 

 


Santa Maria Goretti (Memória Facultativa)
Local: Nettuno, Itália
Data: 06 de Julho † 1902


Maria Teresa Goretti, familiarmente chamada Marieta, nasceu em Corinaldo, na diocese de Sinigaglia, na província de Ancona, no dia 16 de outubro de 1890. Era filha de Luís Goretti e de Assunta Carlini, casal pobre, mas de grande fé.

Bons cristãos, os pais levaram a filha à pia batismal quase que imediatamente depois do nascimento, movidos pelo desejo de logo assegurar-lhe a vida da graça. Chamaram-na Maria, para que tivesse uma poderosa padroeira no céu, e um grande modelo para imitar na terra.

Aos seis anos, recebeu o sacramento de confirmação. Obtida a licença necessária, aos 4 de outubro de 1896, ela e o irmão Ângelo foram crismados pelo bispo de Sinigaglia, Giulio Beschi.

Para ganhar a vida, Luís Goretti deixara a montanha, onde se estabelecera inicialmente, e descera para Pontino, lugar insalubre. A família viveu algum tempo em Colle Gianturco, depois, a partir de 1899, em Ferniere di Conca, na diocese de Albano. Instalara-se numa fazenda do conde Mazzoleni, onde já vivia a familia Serenelli.

Luis Goretti, que faleceu em 1900, deixou a Assunta Carlini seis filhos. Viúva, obrigada a trabalhar no campo, Assunta confiou a Marieta a guarda dos irmãos. Menina exemplar, sempre pronta a obedecer, sabendo conduzir os que tinha ao encargo, foi para a mãe a grande consoladora nas aflições e nos apertos, o anjo sempre atento e infatigável.

Piedosa, recitando o terço com assiduidade, Marieta, a 16 de julho de 1901, fez a primeira comunhão. E aqui surge a figura de Alexandre Serenelli, filho dos Serenelli vizinhos, jovem de dezoito anos, enredado nas más companhias, violento e dado a leituras perniciosas e destrutivas: ia principiar o Calvário da doce Marieta inocente.

Sem que ela própria o notasse, Marieta ia-se transformando em moça. Seu espírito, porém, não demonstrava nenhuma dessas inquietações tão comuns às mocinhas de sua idade. O físico era robusto e airoso, a inteligência viva e aberta, o coração delicado e afetuoso, o temperamento corajoso e forte, um tanto sério, a ponto de parecer, por vezes, triste.

Ela sentia pena das companheiras que nos domingos se enfeitavam exageradamente, no desejo de sobrepujar as outras com ostentação de seus encantos juvenis. Ria discretamente daquelas que, diante dos vidros das janelas, ou dos espelhos, não paravam de arrumar o cabelo em penteados complicados, para atrair os olhares alheios.

No límpido espelho de sua alma boa e simples, Marieta via a nulidade dessas frivolidades mundanas e o vazio de tudo o que não é Deus e para Deus.

"Não era vaidosa, diz a mãe, não ambicionava vestidos novos ou diferentes; aceitava prontamente tudo quanto eu lhe determinava... Zelava sempre para que os irmãozinhos estivessem decentemente vestidos e ela própria tinha o maior recato com a sua pessoa. Não somente não procurava companheiras, como também as evitava, e, nas viagens ao longínquo Netuno, ia comigo ou com Dona Teresa Cimarelli. Tinha horror ao palavreado grosseiro, tanto assim era que sua boca jamais proferiu uma só palavra menos correta. Da mesma forma, detestava qualquer comentário desonesto."

De sua parte, Marieta guardava à risca a exortação do padre na véspera da Primeira Comunhão: "Toma cuidado com a língua, porque ela é a primeira a tocar no Corpo de Nosso Senhor..."

As moças de sua idade, que por um motivo ou outro, encontravam-se com ela, eram as primeiras a notar-lhe tal recato e admiravam-na. E quando alguma delas deixava escapar palavras equívocas ou menos decentes, Marieta manifestava o seu desagrado. Se a ocasião se prestava, retirava-se imediatamente, ou então, desviando habilmente a palestra, reconduzia-a para o terreno da honestidade.

Mais adiante: no último período de sua vida, era visível sua continua ascensão espiritual. Melhorava de dia para dia e era cada vez mais delicada. Em casa, disputava os trabalhos mais pesados, e, quando ia pelo campo, tomava a dianteira, a fim de evitar o horror instintivo que a mãe sentia pelas cobras: "- Deixe-me ir na frente, dizia. Eu não tenho medo". Realmente, é para admirar que em tão pequena idade Marieta, sem outros mestres afora os pais analfabetos, chegasse a tal perfeição. A ação do Divino Espirito Santo é por demais evidente. Por Ele guiada e n Ele abandonada a que alcandorados cumes não chegaria?

A primeira comunhão não foi, como para outras colegas suas, um rápido contato com Deus, que apenas de leve roça a superfície da alma. O luxo que pela única vez aparentava, as rendas e o vaporoso véu de pequenina esposa de Jesus, não lhe tolhiam o recolhimento. Preocupada tão-somente com a presença do seu grande Senhor, ela fez a Primeira Comunhão como uma santa, afirma Dona Assunta.

A pureza acima de tudo e a fidelidade às três Ave-Marias diárias, constituíram os temas das exortações que precederam a grande solenidade. E foi isso um desígnio do Céu, diz Mons. Signori, para que a menina progredisse e se firmasse ainda mais no exercício da virtude angélica, pela qual daria, dentro em breve, a vida.

O recolhimento de Marieta era visível. Quando, depois da Comunhão, as crianças reuniram-se na sacristia para agradecer o sacerdote celebrante, ela se conservou tranquila e silenciosa, isolada, num canto, toda absorvida em Deus. Manteve-se assim o dia inteiro, completamente alheia aos brinquedos dos irmãozinhos, deixando transparecer no rosto um contentamento inigualável.

Levado por sórdidas paixões, Alexandre Serenelli, a pouco e pouco, deixava-se dominar pelo demônio. Marieta ocupava-lhe a mente sem cessar. Vivia obcecado, vivia intranquilo, vivia cego.

Um dia, aproveitando-se das ausências de Assunta Carlini, ocupada, quase sempre, fora de casa, impelido fortemente pelo Tentador, procurou a jovem. Acercou-se da doce Pureza a Impureza repelente. Propôs-lhe coisas obscenas. Mais tarde, passada a tempestade devastadora, o infeliz diria que Marieta "não compreendera todo o mal que se encerrava naquelas propostas.

Repelido, deixou-a, mas logo, sempre atiçado pelo Impuro, tentou segunda arremetida. Novamente rebatido, Alexandre foi-se tornando irascível, recalcado, medonho e terrível.

Maria ficou profundamente impressionada. Fugia do vizinho, vivia sobressaltada. E de tudo o que se passara, somente uma coisa lhe ficara bem gravada: Alexandre procurava, a todo o transe, induzi-la ao pecado.

Maria silenciou, trancou-se, quer "por vergonha", como ela mesmo dissera antes de morrer, quer pelo receio de não ser bem compreendida por Assunta Carlini. Trancou-se, mas redobrou de vigilância. Fora de casa, jamais ficava sozinha. Ou estava com sua mãe ou na companhia dos irmãos. E rezava. Rezava muito.

Alexandre, perseguido pela obsessão, adquiriu um punhal de trinta e quatro centímetros de cumprimento, com uma ponta agudíssima, de três milímetros, e foi escondê-lo no seu quarto. E de alcateia, espreitava a ocasião.

Era no dia 5 de julho do ano de 1902. Assunta partira para as fainas do campo. Marieta estava ao alcance do tresloucado. E Alexandre, pronto parra tudo, satisfazer o seu desejo ou matar, foi procurar a pobre menina, consigo levando a arma assassina.

Aproximou-se da cândida jovem heroica, agarrou-a pelo braço e, violentamente, arrastou-a para a cozinha, trancando a porta. E o pavor não deu à pobrezinha o tempo de soltar um grito. Principiava a luta. E Maria, sem cessar, agarrada a Deus, dizia ao selvagem moço:
- Não! Não! Deus não quer! É pecado! Tu irás para o inferno!

No auge da desesperação, Alexandre enfiou-lhe pela boca de lábios que o terror embranquecera, um lenço em bola. E, à oposição magnífica de Maria, não resistiu. Com a paixão transmudada em ódio, empunhou a arma, cego, tremendo, e pôs-se a golpear, a torto e a direito, o pobre corpinho frágil.

Catorze golpes puseram-na como morta. E o bárbaro, julgando-a sem vida, largou-a e buscou o próprio quarto. Baixinho, prostrada, Marieta pôs-se a gemer.

Os irmãos, João e Mariano penetraram na casa. Horrorizado à vista do sangue, Mariano agarrou a pequena Teresa e correu, aos gritos, para junto da mãe. Assunta fez imediatamente parar os bois, e voou para casa, seguida de outra camponesa, Dona Teresa Cimarelli.

À Marieta, então, foram ministrados os primeiros curativos caseiros. Mas, quando tentaram tirar-lhes as vestes, o sangue voltou a jorrar aos borbotões, causando-lhe ainda maiores sofrimentos. Veio, depois, o delírio, e no delírio, a reconstrução do monstruoso atentado:
- Oh! Alexandre, como és mau! - gritava, fazendo gestos, como a repelir o inimigo. - Por caridade, não deixem Alexandre entrar!

Maria Goretti foi transportada para o hospital de Netuno com a maior urgência. A mãe e o casal Cimarelli foram na ambulância que viera buscar a pequena mártir.

A meio caminho, num tropel, passaram por eles alguns carabinieri: entre eles, subjugado, ia Alexandre Serenelli, algemado.

A viagem pelas estradas da campagna romana foi longa, incomoda e triste.

Às seis e meia da tarde, chegavam ao hospital de Netuno. Às portas, uma multidão comprimia-se, no desejo de vê-la ainda uma vez. E, quando a pequena mártir apareceu nos braços piedosos dos amigos, os olhares de todos se ergueram e a acompanharam até o momento em que desapareceu nos sombrios corredores daquele hospital.

Os médicos que a examinaram não deram esperanças. Estava perdida. Teria, quando muito, poucas horas de vida. Que chamassem o Padre. E ao Padre Martinho Guijarra, que acorrera prontamente, disseram:
- Nós lhe deixamos apenas um cadáver, mas Vossa Reverendíssima encontrará um anjo.

Logo após, começou a intervenção cirúrgica, que foi preciso fazer a sangue frio. Eram catorze ferimentos graves e quatro contusões. O coração, os intestinos e um pulmão foram atingidos. Se a ciência soubesse fazer milagres!

Com uma força sobrenatural, própria das almas que amam ao Senhor, Marieta deixou que, durante duas horas, os ferros revolvessem sua carne imaculada. Gemia. Chorava. E, quando os médicos deram por terminado o trabalho, seus olhos pareciam já não ter mais lágrimas. Abriam-se apenas para pedir desculpas pelos contratempos que causava a tanta gente!

Quase exangue, foi então transportada para um quarto. Ela precisava de repouso absoluto e de silêncio, mas o povo, que até aquele momento se conformara em manter-se fora do hospital, invadia agora os corredores. Queria vê-la a todo o custo. Começou, pois, a desfilar diante daquele leito, que mais se poderia chamar um altar. E a multidão era tão grande que a ninguém era permitido deter-se para falar.

A vista daquela menina já aureolada, os olhos de todos marejavam-se de lágrimas, e os lábios ora murmuravam preces, ora imprecavam contra o assassino.

Marieta não se cansava de beijar o Crucifixo e a imagem de Nossa Senhora. Sua mãe conta que notou que manteve sempre o olhar fixo no quadro da Madona, suspenso à parede.

No dia seguinte, o quarto de Marieta amanheceu tapizado de flores. Esperava aí a visita de Jesus Sacramentado, pois Mons. Signori decidira administrar-lhe os últimos sacramentos pelas primeiras horas do dia.

Perguntaram-lhe:
- Marieta, Jesus morreu perdoando ao bom ladrão. E você, perdoa de todo o coração o assassino?
- Oh, sim! Eu também o perdoo por amor de Jesus! Desejo vê-lo bem perto de mim no Paraíso!

O murmúrio das preces rezadas a meia voz acompanhava o estertor da moribunda. De repente, eis que tenta erguer-se. É o delírio. Reacende-se-lhe na memória a cena do atentado. Agarra-se, então, ao braço de Teresa Cimarelli, que estava ao seu lado, e grita:
- Que fazes, Alexandre? Vais para o inferno!

E no esforço de afastar o inimigo recai no leito.
- Pai Nosso, que estais no céu... e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal...

O "Amém", Marieta foi pronunciar na eternidade. Morreu com a respiração cortada, no ardor da luta, como um herói no campo de honra.

Numerosíssimos milagres realizaram-se à beira do túmulo, mas, o mais notável, foi a conversão do assassino. Alexandre foi condenado a trinta anos de trabalhos forçados. Na prisão era notado pelo cinismo e brutalidade. Em 1910, sonhou que Marieta, num jardim imenso, exuberante, em meio a lírios sem fim, achegava-se para perto dele e lhe oferecia uma flor.

Impressionado, confundido, perturbado, escreveu uma cara ao bispo, na qual extravasou em mágoas, em arrependimento. Desde então, mudou por completo. Desde que foi solto trabalhou com afinco para a beatificação da vítima.

Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume XI. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 21 jun. 2021.

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