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Memória Facultativa

Santa Maria Goretti, virgem e mártir


Antífona de entrada

Recebemos, ó Deus, a vossa misericórdia no meio do vosso templo. Vosso louvor se estenda, como o vosso nome, até os confins da terra; toda a justiça se encontra em vossas mãos. (Sl 47, 10-11)
Suscépimus, Deus, misericórdiam tuam in médio templi tui: secúndum nomen tuum Deus, ita et laus tua in fines terrae: iustítia plena est déxtera tua. Ps. Magnus Dóminus et laudábilis nimis: in civitáte Dei nostri, in monte sancto eius. (Ps. 47, 10. 11 et 2)
Vernáculo:
Recebemos, ó Deus, a vossa misericórdia no meio do vosso templo. Vosso louvor se estenda, como o vosso nome, até os confins da terra; toda a justiça se encontra em vossas mãos. (Cf. MR: Sl 47, 10-11) Sl. Grande é o Senhor e muito digno de louvores na cidade onde ele mora; seu monte santo, esta colina encantadora. (Cf. LH: Sl 47, 2. 3a)

Coleta

Ó Deus, que pela humilhação do vosso Filho reerguestes o mundo decaído, enchei os vossos filhos e filhas de santa alegria, e dai aos que libertastes da escravidão do pecado o gozo das alegrias eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Primeira Leitura (Os 10, 1-3. 7-8. 12)


Leitura da Profecia de Oseias


1Israel era uma vinha exuberante e dava frutos para seu consumo; na medida de sua produção, erguia os numerosos altares; na medida da fertilidade da terra, embelezava seus ídolos. 2Com o coração dividido, deve agora receber castigo; o Senhor mesmo derrubará seus altares, destruirá os seus simulacros. 3Decerto, dirão agora: “Não temos rei; não temos medo do Senhor. Que poderia o rei fazer por nós?” 7Samaria está liquidada, seu rei vai flutuando como palha em cima da água. 8Será desmantelada a idolatria dos lugares altos, pecado de Israel; ali crescerão espinhos e abrolhos sobre seus altares; então se dirá aos montes: “Cobri-nos!” e às colinas: “Caí sobre nós!” 12Semeai justiça entre vós, e colhereis amor; desbravai uma roça nova. É tempo de procurar o Senhor, até que ele venha e derrame a justiça em vós.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Salmo Responsorial (Sl 104)


℟. Buscai constantemente a face do Senhor!


— Cantai, entoai salmos para ele, publicai todas as suas maravilhas! Gloriai-vos em seu nome que é santo, exulte o coração que busca a Deus! ℟.

— Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face! Lembrai as maravilhas que ele fez, seus prodígios e as palavras de seus lábios! ℟.

— Descendentes de Abraão, seu servidor, e filhos de Jacó, seu escolhido, ele mesmo, o Senhor, é nosso Deus, vigoram suas leis em toda a terra. ℟.


https://youtu.be/bRXsv2bbs2g
℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o Reino de Deus está chegando! (Mc 1, 15) ℟.

Evangelho (Mt 10, 1-7)


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Mateus 

℟. Glória a vós, Senhor.


Naquele tempo, 1Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade. 2Estes são os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e seu irmão João; 3Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o cobrador de impostos; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; 4Simão, o Zelota, e Judas Iscariotes, que foi o traidor de Jesus. 5Jesus enviou estes Doze, com as seguintes recomendações: “Não deveis ir aonde moram os pagãos, nem entrar nas cidades dos samaritanos! 6Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Antífona do Ofertório

Populum húmilem salvum fácies, Dómine, et óculos superbórum humiliábis: quóniam quis Deus praeter te, Dómine? (Ps. 17, 28. 32)


Vernáculo:
Pois salvais, ó Senhor Deus, o povo humilde, mas os olhos dos soberbos humilhais. Quem é deus além de Deus nosso Senhor? (Cf. LH: Sl 17, 28. 32a)

Sobre as Oferendas

Possamos, ó Deus, ser purificados pela oferenda que vos consagramos; que ela nos leve, cada vez mais, a viver a vida do vosso reino. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! (Sl 33, 9)

Ou:


Vinde a mim, vós todos os que sofreis e estais curvados sob os vossos fardos, e eu vos aliviarei, diz o Senhor. (Mt 11, 28)
Gustáte et vidéte, quóniam suávis est Dóminus: beátus vir, qui sperat in eo. (Ps. 33, 9; ℣. Ps. 33, praeter ℣. 9)
Vernáculo:
Provai e vede quão suave é o Senhor! Feliz o homem que tem nele o seu refúgio! (Cf. MR: Sl 33, 9)

Depois da Comunhão

Nós vos pedimos, ó Deus, que, enriquecidos por essa tão grande dádiva, possamos colher os frutos da salvação sem jamais cessar vosso louvor. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 06/07/2022
A necessidade de ter bons pastores

“Naquele tempo, Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos maus e de curar todo tipo de doença e enfermidade”.

O Senhor, como visse as turbas que o seguiam cansadas quais ovelhas sem pastor (cf. Mt 9, 36; Mc 6, 34), tomado de profunda compaixão, chamou os doze discípulos e, conferindo-lhes carismas apostólicos, enviou-os de dois em dois a percorrer a Galileia, pregando o Reino de Deus e curando os enfermos (cf. Mt 10, 1; Mc 6, 7; Lc 9, 1). Por isso, ordenou-lhes antes de tudo que evitassem os lugares habitados por pagãos e samaritanos, mas se dirigissem, “antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel”. E por que insiste Jesus em caracterizar os judeus como ovelhas sem pastor, às quais, portanto, haviam os discípulos de dar um cuidado especial em sua primeira missão apostólica? São duas as razões que explicam o procedimento de Nosso Senhor: a) primeiro, porque foi aos judeus, em preferência aos demais povos, que Deus fizera a promessa do Reino (cf. Gn 17, 7; Rm 1, 16; 15, 8); b) e, segundo, porque os judeus, apesar de ser o povo escolhido, não conseguiram perseverar na fé dos Patriarcas nem deram ouvido aos profetas e doutores que Deus lhes foi enviando ao longo dos séculos a fim de os reconduzir ao caminho da fidelidade (cf. Dt 9, 6). Por causa disso, era necessário que a nação eleita, à qual o Senhor quis livremente prometer o seu Reino, recebesse antes das outras o anúncio do Evangelho e encontrasse nos Apóstolos e seus sucessores os mestres espirituais de que tanto carecia. E para que os discípulos fossem verdadeiros pastores, e não ladrões metidos em redil alheio — como eram os fariseus e saduceus —, Cristo, tendo-os escolhido depois de muito rezar ao Pai, deu-lhes a ordem de nada levarem consigo, nem cajado nem dois mantos, mas apenas um coração confiante na Providência e disposto a se entregar até a morte pela vida das ovelhas, à semelhança do Coração do próprio Cristo (cf. Jo 10, 11). — Que também nós, a exemplo de Nosso Senhor, nos lembremos de rezar todos os dias a Deus, para Ele que nos envie bons pastores e dignos ministros do novo Israel, que é a Santa Igreja, operários fiéis ao mandato que receberam e capazes de se compadecer dos que somos ovelhas suas.

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Homilia | O que significa a escolha dos Doze Apóstolos? (Quarta-feira da 14.ª Semana do Tempo Comum)

Tomado de compaixão ao ver o povo que o seguia como ovelhas sem pastor, Jesus, depois de muito rezar ao Pai, escolheu doze dentre os seus discípulos e, investindo-os da missão de serem os pastores do novo Israel, enviou-os de dois em dois a pregar o Evangelho do Reino, a fim de plantar as sementes da Igreja e conduzir os judeus à plenitude da verdadeira fé, em cujos rudimentos eles nem sequer foram capazes de perseverar.Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quarta-feira, dia 6 de julho, e, a exemplo de Nosso Senhor, rezemos todos os dias a Deus, pedindo-lhe que envie à santa Igreja operários fiéis e conformes ao Sagrado Coração de seu Filho, nosso Bom Pastor.


https://youtu.be/XkztJQrdwZI

Santo do dia 06/07/2022


Santa Maria Goretti, Virgem e Mártir (Memória Facultativa)
Local: Nettuno, Itália
Data: 06 de Julho † 1902


Maria Teresa Goretti, familiarmente chamada Marieta, nasceu em Corinaldo, na diocese de Sinigaglia, na província de Ancona, no dia 16 de outubro de 1890. Era filha de Luís Goretti e de Assunta Carlini, casal pobre, mas de grande fé.

Bons cristãos, os pais levaram a filha à pia batismal quase que imediatamente depois do nascimento, movidos pelo desejo de logo assegurar-lhe a vida da graça. Chamaram-na Maria, para que tivesse uma poderosa padroeira no céu, e um grande modelo para imitar na terra.

Aos seis anos, recebeu o sacramento de confirmação. Obtida a licença necessária, aos 4 de outubro de 1896, ela e o irmão Ângelo foram crismados pelo bispo de Sinigaglia, Giulio Beschi.

Para ganhar a vida, Luís Goretti deixara a montanha, onde se estabelecera inicialmente, e descera para Pontino, lugar insalubre. A família viveu algum tempo em Colle Gianturco, depois, a partir de 1899, em Ferniere di Conca, na diocese de Albano. Instalara-se numa fazenda do conde Mazzoleni, onde já vivia a familia Serenelli.

Luis Goretti, que faleceu em 1900, deixou a Assunta Carlini seis filhos. Viúva, obrigada a trabalhar no campo, Assunta confiou a Marieta a guarda dos irmãos. Menina exemplar, sempre pronta a obedecer, sabendo conduzir os que tinha ao encargo, foi para a mãe a grande consoladora nas aflições e nos apertos, o anjo sempre atento e infatigável.

Piedosa, recitando o terço com assiduidade, Marieta, a 16 de julho de 1901, fez a primeira comunhão. E aqui surge a figura de Alexandre Serenelli, filho dos Serenelli vizinhos, jovem de dezoito anos, enredado nas más companhias, violento e dado a leituras perniciosas e destrutivas: ia principiar o Calvário da doce Marieta inocente.

Sem que ela própria o notasse, Marieta ia-se transformando em moça. Seu espírito, porém, não demonstrava nenhuma dessas inquietações tão comuns às mocinhas de sua idade. O físico era robusto e airoso, a inteligência viva e aberta, o coração delicado e afetuoso, o temperamento corajoso e forte, um tanto sério, a ponto de parecer, por vezes, triste.

Ela sentia pena das companheiras que nos domingos se enfeitavam exageradamente, no desejo de sobrepujar as outras com ostentação de seus encantos juvenis. Ria discretamente daquelas que, diante dos vidros das janelas, ou dos espelhos, não paravam de arrumar o cabelo em penteados complicados, para atrair os olhares alheios.

No límpido espelho de sua alma boa e simples, Marieta via a nulidade dessas frivolidades mundanas e o vazio de tudo o que não é Deus e para Deus.

"Não era vaidosa, diz a mãe, não ambicionava vestidos novos ou diferentes; aceitava prontamente tudo quanto eu lhe determinava... Zelava sempre para que os irmãozinhos estivessem decentemente vestidos e ela própria tinha o maior recato com a sua pessoa. Não somente não procurava companheiras, como também as evitava, e, nas viagens ao longínquo Netuno, ia comigo ou com Dona Teresa Cimarelli. Tinha horror ao palavreado grosseiro, tanto assim era que sua boca jamais proferiu uma só palavra menos correta. Da mesma forma, detestava qualquer comentário desonesto."

De sua parte, Marieta guardava à risca a exortação do padre na véspera da Primeira Comunhão: "Toma cuidado com a língua, porque ela é a primeira a tocar no Corpo de Nosso Senhor..."

As moças de sua idade, que por um motivo ou outro, encontravam-se com ela, eram as primeiras a notar-lhe tal recato e admiravam-na. E quando alguma delas deixava escapar palavras equívocas ou menos decentes, Marieta manifestava o seu desagrado. Se a ocasião se prestava, retirava-se imediatamente, ou então, desviando habilmente a palestra, reconduzia-a para o terreno da honestidade.

Mais adiante: no último período de sua vida, era visível sua continua ascensão espiritual. Melhorava de dia para dia e era cada vez mais delicada. Em casa, disputava os trabalhos mais pesados, e, quando ia pelo campo, tomava a dianteira, a fim de evitar o horror instintivo que a mãe sentia pelas cobras: "- Deixe-me ir na frente, dizia. Eu não tenho medo". Realmente, é para admirar que em tão pequena idade Marieta, sem outros mestres afora os pais analfabetos, chegasse a tal perfeição. A ação do Divino Espirito Santo é por demais evidente. Por Ele guiada e n Ele abandonada a que alcandorados cumes não chegaria?

A primeira comunhão não foi, como para outras colegas suas, um rápido contato com Deus, que apenas de leve roça a superfície da alma. O luxo que pela única vez aparentava, as rendas e o vaporoso véu de pequenina esposa de Jesus, não lhe tolhiam o recolhimento. Preocupada tão-somente com a presença do seu grande Senhor, ela fez a Primeira Comunhão como uma santa, afirma Dona Assunta.

A pureza acima de tudo e a fidelidade às três Ave-Marias diárias, constituíram os temas das exortações que precederam a grande solenidade. E foi isso um desígnio do Céu, diz Mons. Signori, para que a menina progredisse e se firmasse ainda mais no exercício da virtude angélica, pela qual daria, dentro em breve, a vida.

O recolhimento de Marieta era visível. Quando, depois da Comunhão, as crianças reuniram-se na sacristia para agradecer o sacerdote celebrante, ela se conservou tranquila e silenciosa, isolada, num canto, toda absorvida em Deus. Manteve-se assim o dia inteiro, completamente alheia aos brinquedos dos irmãozinhos, deixando transparecer no rosto um contentamento inigualável.

Levado por sórdidas paixões, Alexandre Serenelli, a pouco e pouco, deixava-se dominar pelo demônio. Marieta ocupava-lhe a mente sem cessar. Vivia obcecado, vivia intranquilo, vivia cego.

Um dia, aproveitando-se das ausências de Assunta Carlini, ocupada, quase sempre, fora de casa, impelido fortemente pelo Tentador, procurou a jovem. Acercou-se da doce Pureza a Impureza repelente. Propôs-lhe coisas obscenas. Mais tarde, passada a tempestade devastadora, o infeliz diria que Marieta "não compreendera todo o mal que se encerrava naquelas propostas.

Repelido, deixou-a, mas logo, sempre atiçado pelo Impuro, tentou segunda arremetida. Novamente rebatido, Alexandre foi-se tornando irascível, recalcado, medonho e terrível.

Maria ficou profundamente impressionada. Fugia do vizinho, vivia sobressaltada. E de tudo o que se passara, somente uma coisa lhe ficara bem gravada: Alexandre procurava, a todo o transe, induzi-la ao pecado.

Maria silenciou, trancou-se, quer "por vergonha", como ela mesmo dissera antes de morrer, quer pelo receio de não ser bem compreendida por Assunta Carlini. Trancou-se, mas redobrou de vigilância. Fora de casa, jamais ficava sozinha. Ou estava com sua mãe ou na companhia dos irmãos. E rezava. Rezava muito.

Alexandre, perseguido pela obsessão, adquiriu um punhal de trinta e quatro centímetros de cumprimento, com uma ponta agudíssima, de três milímetros, e foi escondê-lo no seu quarto. E de alcateia, espreitava a ocasião.

Era no dia 5 de julho do ano de 1902. Assunta partira para as fainas do campo. Marieta estava ao alcance do tresloucado. E Alexandre, pronto parra tudo, satisfazer o seu desejo ou matar, foi procurar a pobre menina, consigo levando a arma assassina.

Aproximou-se da cândida jovem heroica, agarrou-a pelo braço e, violentamente, arrastou-a para a cozinha, trancando a porta. E o pavor não deu à pobrezinha o tempo de soltar um grito. Principiava a luta. E Maria, sem cessar, agarrada a Deus, dizia ao selvagem moço:
- Não! Não! Deus não quer! É pecado! Tu irás para o inferno!

No auge da desesperação, Alexandre enfiou-lhe pela boca de lábios que o terror embranquecera, um lenço em bola. E, à oposição magnífica de Maria, não resistiu. Com a paixão transmudada em ódio, empunhou a arma, cego, tremendo, e pôs-se a golpear, a torto e a direito, o pobre corpinho frágil.

Catorze golpes puseram-na como morta. E o bárbaro, julgando-a sem vida, largou-a e buscou o próprio quarto. Baixinho, prostrada, Marieta pôs-se a gemer.

Os irmãos, João e Mariano penetraram na casa. Horrorizado à vista do sangue, Mariano agarrou a pequena Teresa e correu, aos gritos, para junto da mãe. Assunta fez imediatamente parar os bois, e voou para casa, seguida de outra camponesa, Dona Teresa Cimarelli.

À Marieta, então, foram ministrados os primeiros curativos caseiros. Mas, quando tentaram tirar-lhes as vestes, o sangue voltou a jorrar aos borbotões, causando-lhe ainda maiores sofrimentos. Veio, depois, o delírio, e no delírio, a reconstrução do monstruoso atentado:
- Oh! Alexandre, como és mau! - gritava, fazendo gestos, como a repelir o inimigo. - Por caridade, não deixem Alexandre entrar!

Maria Goretti foi transportada para o hospital de Netuno com a maior urgência. A mãe e o casal Cimarelli foram na ambulância que viera buscar a pequena mártir.

A meio caminho, num tropel, passaram por eles alguns carabinieri: entre eles, subjugado, ia Alexandre Serenelli, algemado.

A viagem pelas estradas da campagna romana foi longa, incomoda e triste.

Às seis e meia da tarde, chegavam ao hospital de Netuno. Às portas, uma multidão comprimia-se, no desejo de vê-la ainda uma vez. E, quando a pequena mártir apareceu nos braços piedosos dos amigos, os olhares de todos se ergueram e a acompanharam até o momento em que desapareceu nos sombrios corredores daquele hospital.

Os médicos que a examinaram não deram esperanças. Estava perdida. Teria, quando muito, poucas horas de vida. Que chamassem o Padre. E ao Padre Martinho Guijarra, que acorrera prontamente, disseram:
- Nós lhe deixamos apenas um cadáver, mas Vossa Reverendíssima encontrará um anjo.

Logo após, começou a intervenção cirúrgica, que foi preciso fazer a sangue frio. Eram catorze ferimentos graves e quatro contusões. O coração, os intestinos e um pulmão foram atingidos. Se a ciência soubesse fazer milagres!

Com uma força sobrenatural, própria das almas que amam ao Senhor, Marieta deixou que, durante duas horas, os ferros revolvessem sua carne imaculada. Gemia. Chorava. E, quando os médicos deram por terminado o trabalho, seus olhos pareciam já não ter mais lágrimas. Abriam-se apenas para pedir desculpas pelos contratempos que causava a tanta gente!

Quase exangue, foi então transportada para um quarto. Ela precisava de repouso absoluto e de silêncio, mas o povo, que até aquele momento se conformara em manter-se fora do hospital, invadia agora os corredores. Queria vê-la a todo o custo. Começou, pois, a desfilar diante daquele leito, que mais se poderia chamar um altar. E a multidão era tão grande que a ninguém era permitido deter-se para falar.

A vista daquela menina já aureolada, os olhos de todos marejavam-se de lágrimas, e os lábios ora murmuravam preces, ora imprecavam contra o assassino.

Marieta não se cansava de beijar o Crucifixo e a imagem de Nossa Senhora. Sua mãe conta que notou que manteve sempre o olhar fixo no quadro da Madona, suspenso à parede.

No dia seguinte, o quarto de Marieta amanheceu tapizado de flores. Esperava aí a visita de Jesus Sacramentado, pois Mons. Signori decidira administrar-lhe os últimos sacramentos pelas primeiras horas do dia.

Perguntaram-lhe:
- Marieta, Jesus morreu perdoando ao bom ladrão. E você, perdoa de todo o coração o assassino?
- Oh, sim! Eu também o perdoo por amor de Jesus! Desejo vê-lo bem perto de mim no Paraíso!

O murmúrio das preces rezadas a meia voz acompanhava o estertor da moribunda. De repente, eis que tenta erguer-se. É o delírio. Reacende-se-lhe na memória a cena do atentado. Agarra-se, então, ao braço de Teresa Cimarelli, que estava ao seu lado, e grita:
- Que fazes, Alexandre? Vais para o inferno!

E no esforço de afastar o inimigo recai no leito.
- Pai Nosso, que estais no céu... e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal...

O "Amém", Marieta foi pronunciar na eternidade. Morreu com a respiração cortada, no ardor da luta, como um herói no campo de honra.

Numerosíssimos milagres realizaram-se à beira do túmulo, mas, o mais notável, foi a conversão do assassino. Alexandre foi condenado a trinta anos de trabalhos forçados. Na prisão era notado pelo cinismo e brutalidade. Em 1910, sonhou que Marieta, num jardim imenso, exuberante, em meio a lírios sem fim, achegava-se para perto dele e lhe oferecia uma flor.

Impressionado, confundido, perturbado, escreveu uma cara ao bispo, na qual extravasou em mágoas, em arrependimento. Desde então, mudou por completo. Desde que foi solto trabalhou com afinco para a beatificação da vítima.

Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume XI. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 21 jun. 2021.

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