Sábado da 9ª Semana do Tempo Comum
Memória Facultativa
Santa Maria no Sábado
Antífona de entrada
Vernáculo:
Olhai para mim, Senhor, e tende piedade, pois vivo sozinho e infeliz. Vede minha miséria e minha dor e perdoai todos os meus pecados! (Cf. MR: Sl 24, 16. 18) Sl. Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma, em vós confio: que eu não seja envergonhado. (Cf. LH: Sl 24, 1-2a)
Coleta
Ó Deus, cuja providência jamais falha, nós vos suplicamos humildemente: afastai de nós o que é nocivo, e concedei-nos tudo o que for útil. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Tb 12, 1. 5-15. 20)
Leitura do Livro de Tobias
Naqueles dias, 1Tobit chamou Tobias, seu filho, e disse-lhe: “Filho, paguemos o salário ao homem que viajou contigo, acrescentando uma gratificação”. 5Tobias chamou, pois, o anjo e disse-lhe: “Recebe como salário a metade de tudo o que trouxeste ao voltar, e vai em paz”. 6Então Rafael chamou os dois à parte e disse-lhes: “Bendizei a Deus e dai-lhe graças, diante de todos os viventes, pelos benefícios que vos concedeu. Bendizei e cantai o seu nome. Manifestai a todos os homens as obras de Deus, como é justo, e não hesiteis em expressar-lhe o vosso reconhecimento. 7Se é bom guardar o segredo do rei, é justo revelar e publicar as obras de Deus. Fazei o bem, e o mal não vos atingirá. 8É valiosa a oração com o jejum, e a esmola com a justiça. Melhor é pouco com justiça, do que muito com iniquidade. Melhor é dar esmolas, do que acumular tesouros. 9A esmola livra da morte e purifica de todo pecado. Os que dão esmola serão saciados de vida. 10Aqueles, porém, que cometem o pecado e a injustiça, são inimigos de si mesmos. 11E agora vos manifestarei toda a verdade, sem vos ocultar coisa alguma. Já vos declarei e disse: ʽÉ bom guardar o segredo do rei, mas as obras de Deus devem ser reveladas, com a glória devidaʼ. 12Pois bem, quando tu e Sara fazíeis oração, eu apresentava o memorial da vossa prece diante da glória do Senhor. E fazia o mesmo quando tu, Tobit, enterravas os mortos. 13Quando não hesitaste em levantar-te da mesa, deixando a refeição e saindo para sepultar um morto, fui enviado a ti para te pôr à prova. 14Mas Deus enviou-me, também, para te curar a ti e a Sara, tua nora. 15Eu sou Rafael, um dos sete anjos que permanecem diante da glória do Senhor e têm acesso à sua presença”. 20Agora, bendizei o Senhor sobre a terra e dai graças a Deus. Eis que subo para junto de quem me enviou. Escrevi tudo o que vos aconteceu”. E o anjo desapareceu.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Tb 13, 2. 6. 7. 8)
℟. Bendito seja Deus, que vive eternamente!
— Porque vós castigais e salvais, fazeis descer aos abismos da terra, e de lá nos trazeis novamente: de vossa mão nada pode escapar. ℟.
— Compreendei o que fez para nós, dai-lhe graças, com todo o respeito! Vossas obras celebrem a Deus e exaltem o Rei sempiterno! ℟.
— Eu desejo, de toda a minha’alma alegrar-me em Deus, Rei dos céus. ℟.
— Bendizei o Senhor, seus eleitos, fazei festa e alegres louvai-o! ℟.
℣. Felizes os humildes de espírito, porque deles é o Reino dos Céus. (Mt 5, 3) ℣.
Evangelho (Mc 12, 38-44)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus dizia, no seu ensinamento, à multidão: “Tomai cuidado com os doutores da Lei! Eles gostam de andar com roupas vistosas, de ser cumprimentados nas praças públicas; 39gostam das primeiras cadeiras nas sinagogas e dos melhores lugares nos banquetes. 40Eles devoram as casas das viúvas, fingindo fazer longas orações. Por isso eles receberão a pior condenação”. 41Jesus estava sentado no Templo, diante do cofre das esmolas, e observava como a multidão depositava suas moedas no cofre. Muitos ricos depositavam grandes quantias. 42Então chegou uma pobre viúva que deu duas pequenas moedas, que não valiam quase nada. 43Jesus chamou os discípulos e disse: “Em verdade vos digo, esta pobre viúva deu mais do que todos os outros que ofereceram esmolas. 44Todos deram do que tinham de sobra, enquanto ela, na sua pobreza, ofereceu tudo aquilo que possuía para viver”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Sperent in te omnes, qui novérunt nomen tuum, Dómine: quóniam non derelínquis quaeréntes te: psállite Dómino, qui hábitat in Sion: quóniam non est oblítus oratiónem páuperum. (Ps. 9, 11. 12. 13)
Vernáculo:
Quem conhece o vosso nome, em vós espera, porque nunca abandonais quem vos procura. Cantai hinos ao Senhor Deus de Sião, celebrai seus grandes feitos entre os povos! Pois não esquece o clamor dos infelizes, deles se lembra e pede conta do seu sangue. (Cf. LH: Sl 9, 11. 12. 13)
Sobre as Oferendas
Confiados, ó Deus, no vosso amor de pai, acorremos ao altar com nossas oferendas; dai-nos, por vossa graça, ser purificados pela Eucaristia que celebramos. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Em verdade eu vos digo: o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e vos será concedido, diz o Senhor. (Mc 11, 23. 24)
Vel:
Amen dico vobis, quidquid orántes pétitis, crédite quia accipiétis, et fiet vobis. (Mc. 11, 24; ℣. Ps. 60, 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9)
Vernáculo:
Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! (Cf. MR: Sl. 16, 6)
Ou:
Em verdade eu vos digo: o que pedirdes em oração, crede que o recebereis, e vos será concedido, diz o Senhor. (Cf. MR: Mc 11, 23. 24)
Depois da Comunhão
Ó Deus, governai pelo vosso Espírito aos que nutris com o Corpo e o Sangue do vosso Filho. Dai-nos proclamar nossa fé não somente em palavras mas também na verdade de nossas ações, para que mereçamos entrar no reino dos céus. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 10/06/2023
O sacrifício da viúva
“Em verdade vos digo que essa pobre viúva ofertou mais do que todos. Pois ela, na sua pobreza, ofertou tudo quanto tinha para viver”.
Com olhar divino e sobrenatural, Jesus enxerga hoje o amor e o desapego com que uma pobre viuvinha, de sua indigência, deixa no cofre do Templo tudo o que tinha para viver. Ela se entrega por inteiro, sem nada reservar para si, e é assim que Deus quer que seja a entrega de cada um de nós. Sejamos grandes ou pequenos, abastados ou miseráveis, talentosos ou menos dotados, todos fomos feitos para entregar-nos a Deus com tudo o que temos e somos. Nesta pobre viuvinha cumpre-se, por conseguinte, o que Deus tanto sonhara, desde que disse ao povo escolhido: “Ouve, ó Israel! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6, 4-5). Ele não quer negócios, barganhas nem reservas técnicas, mas que lhe entreguemos generosamente a totalidade do nosso ser, em sacrifício de amor, já que dele recebemos absolutamente tudo o que somos. Sabemos, e disso tanto se lamentaram os profetas, que há dentro de nós como que um campo de batalha, uma luta intestina entre uma parte que quer dar-se a Deus e outra que o vê como um inimigo, interessado em despojar-nos do que julgamos possuir de mais valioso. E no entanto, com a força da graça e a luz da fé, sabemos que nada perdemos ao darmos tudo a Ele, pois a pobreza espiritual é o único meio de abrir-se ao dom dessa riqueza infinita que é o amor de Deus. Não tenhamos medo de rebaixar-nos e diminuir de tamanho, reconhecendo o pouco que valemos, pois é assim, despojados dos fardos de um orgulho inchado e de uma vaidade tola, que poderemos alçar voo e, com um desapego que só o Espírito Santo pode causar em nossas almas, entregar até os óbolos que nos restam para sobreviver. Que o Senhor, pela intercessão de Maria SS., nova Eva, que não furtou nem reteve fruto algum ilicitamente, mas ofereceu ao Pai o fruto bendito que nela formara o Espírito Santo, nos dê a graça de um coração humilde e humilhado, desapegado e entregue sem fraturas nem divisões.
Deus abençoe você!
Naquela pobre viúva que hoje vemos deixar, no cofre do Templo, tudo o que tinha para viver, cumpre-se o que Deus tanto sonhara ao dizer ao povo de Israel: “Amarás o Senhor com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças”, pois o que Ele quer não são barganhas nem reservas técnicas, mas que nos entreguemos como holocaustos vivos ao seu amor, sem divisões nem fraturas. Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo para este sábado, dia 10 de junho, e descubra como viver o desapego que só o Espírito Santo pode gerar em nossos corações e o dever de sacrifício com que todos devemos oferecer-nos por inteiro a Deus Pai.
Santo do dia 10/06/2023
Santo Anjo da Guarda de Portugal (Memória Facultativa)
Data: 10 de Junho
Há pouco mais de um século, em 1916, um anjo visitou três pastorinhos em Portugal, preparando seus corações para as aparições de Nossa Senhora de Fátima. Quem registrou esses acontecimentos em detalhes foi a própria Irmã Lúcia, uma das videntes.
“A treze de maio, na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria”, é o que cantamos em honra a Nossa Senhora, que apareceu em Fátima no ano de 1917. Um ano antes, no entanto, os três pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco foram visitados pelo Anjo custódio de Portugal e tiveram os seus corações preparados para esse grande acontecimento sobrenatural. Sendo hoje, 10 de junho, festa desse Santo Anjo da Guarda (ainda que ela não conste no calendário litúrgico do Brasil), recordemos essas aparições celestes, tal como registradas pela vidente Irmã Lúcia em suas “Memórias”:
Pelo que posso mais ou menos calcular, parece-me que foi em 1915 que se deu essa primeira aparição do que julgo ser o Anjo, que não ousou, por então, manifestar-se de todo. Pelo aspecto do tempo, penso que se deveram dar nos meses de Abril até Outubro.
Na encosta do cabeço que fica voltada para o Sul, ao tempo de rezar o terço na companhia de três companheiras, de nome Teresa Matias, Maria Rosa Matias, sua irmã e Maria Justino, do lugar da Casa Velha, vi que sobre o arvoredo do vale que se estendia a nossos pés pairava uma como que nuvem, mais branca que neve, algo transparente, com forma humana. As minhas companheiras perguntaram-me o que era. Respondi que não sabia. Em dias diferentes, repetiu-se mais duas vezes.
Esta aparição deixou-me no espírito uma certa impressão que não sei explicar. Pouco a pouco, essa impressão ia-se desvanecendo; e creio que, se não são os fatos que se lhe seguiram, com o tempo a viria a esquecer por completo.
As datas não posso precisá-las com certeza, porque, nesse tempo, eu não sabia ainda contar os anos, nem os meses, nem mesmo os dias da semana. Parece-me, no entanto, que deveu ser na Primavera de 1916 que o Anjo nos apareceu a primeira vez na nossa Loca do Cabeço.
Já disse, no escrito sobre a Jacinta, como subimos a encosta em procura dum abrigo e como foi, depois de aí merendar e rezar, que começamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao Nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições. Estávamos surpreendidos e meio absortos. Não dizíamos palavra.
Ao chegar junto de nós, disse:
— Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.
E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
— Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse:
— Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.
E desapareceu.
A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.
Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também, maior impressão, por ser a primeira assim manifesta.
A segunda deveu ser no pino do Verão, nesses dias de maior calor, em que íamos com (os) rebanhos para casa, no meio da manhã, para os tornar a abrir só à tardinha.
Fomos, pois passar as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já várias vezes mencionado. De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós.
— Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
— Como nos havemos de sacrificar? — perguntei.
— De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.
Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do sacrifício e como ele Lhe era agradável, como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado.
A terceira aparição parece-me que deveu ser em Outubro ou fins de Setembro, porque já não íamos passar as horas da sesta a casa.
Como já disse no escrito sobre a Jacinta, passámos da Prégueira (é um pequeno olival pertencente a meus pais) para a Lapa, dando a volta à encosta do monte pelo lado de Aljustrel e Casa Velha. Rezamos aí o terço e (a) oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando, pois, aí, apareceu-nos pela terceira vez, trazendo na mão um cálix e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de sangue. Deixando o cálix e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração:
— Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.
Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálix e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálix deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:
— Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
De novo se prostrou em terra e repetiu conosco a mais três vezes a mesma oração:
— Santíssima Trindade... etc.
E desapareceu.
Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como Ele e repetindo as orações que Ele dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as ações materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava, também era grande.
Fonte: padrepauloricardo.org
Santo Anjo da Guarda de Portugal, rogai por nós!