2ª feira da 10ª Semana do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
Se levardes em conta nossas faltas, quem haverá de subsistir? Mas em vós se encontra o perdão, eu vos temo e em vós espero. Sl. Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! (Cf. LH: Sl 129, 3. 4 e 1. 2)
Coleta
Ó Deus, fonte de todo o bem, atendei ao nosso apelo e fazei-nos, por vossa inspiração, pensar o que é certo e realizá-lo com vossa ajuda. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (1Rs 17, 1-6)
Leitura do Primeiro Livro dos Reis
Naqueles dias, 1o profeta Elias, tesbita de Tesbi de Galaad, disse a Acab: “Pela vida do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, não haverá nestes anos nem orvalho nem chuva, senão quando eu disser!”
2E a palavra do Senhor foi dirigida a Elias nestes termos: 3“Parte daqui e toma a direção do oriente. Vai esconder-te junto à torrente de Carit, que está defronte ao Jordão. 4Lá beberás da torrente. E eu ordenei aos corvos que te deem alimento”. 5Elias partiu e fez como o Senhor lhe tinha ordenado, e foi morar junto à torrente de Carit, que está defronte do Jordão. 6Os corvos traziam-lhe pão e carne, tanto de manhã como de tarde, e ele bebia da torrente.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 120)
℟. Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra!
— Eu levanto os meus olhos para os montes: de onde pode vir o meu socorro? “Do Senhor é que me vem o meu socorro, do Senhor que fez o céu e fez a terra!” ℟.
— Ele não deixa tropeçarem os meus pés, e não dorme quem te guarda e te vigia. Oh! não! ele não dorme nem cochila, aquele que é o guarda de Israel! ℟.
— O Senhor é o teu guarda, o teu vigia, é uma sombra protetora à tua direita. Não vai ferir-te o sol durante o dia, nem a lua através de toda a noite. ℟.
— O Senhor te guardará de todo o mal, ele mesmo vai cuidar da tua vida! Deus te guarda na partida e na chegada. Ele te guarda desde agora e para sempre! ℟.
℣. Alegrai-vos, vós todos, porque grande há de ser a recompensa nos céus que um dia tereis! (Mt 5, 12a) ℟.
Evangelho (Mt 5, 1-12)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, 2e Jesus começou a ensiná-los:
3“Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus. 4Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.
5Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. 6Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.
7Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia. 8Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.
9Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus. 10Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus. 11Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem, e, mentindo, disserem todo tipo de mal contra vós, por causa de mim. 12Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus. Do mesmo modo perseguiram os profetas que vieram antes de vós.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Illúmina óculos meos, nequándo obdórmiam in morte: nequándo dicat inimícus meus: praeválui advérsus eum. (Ps. 12, 4. 5)
Vernáculo:
Não deixeis que se me apague a luz dos olhos e se fechem, pela morte, adormecidos! Que o inimigo não me diga: Eu triunfei! (Cf. LH: Sl 12, 4. 5)
Sobre as Oferendas
Olhai, Senhor, com bondade nossa disposição em vos servir, para que nossa oferenda vos seja agradável e nos faça crescer no amor. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele. (1Jo 4, 16)
Vernáculo:
Bem-aventurados os puros no coração, pois eles verão a Deus. Bem-aventurados os que promovem a paz, pois eles serão chamados filhos de Deus. Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, pois deles é o Reino dos Céus. (Cf. MR: Mt 5, 8. 9. 10)
Depois da Comunhão
Senhor de bondade, a vossa força salvadora nos liberte das más inclinações e nos conduza pelo caminho do bem. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 10/06/2024
É Cristo o bem-aventurado
As bem-aventuranças evangélicas constituem não apenas um programa de santidade nem um simples contraponto às antigas prescrições de Moisés, mas acima de tudo uma “radiografia” do Coração de Nosso Senhor.
A Igreja começa a percorrer hoje, como Mestra de santidade, o conhecido Sermão da Montanha, seguindo para isso a versão registrada pelo Apóstolo S. Mateus. Nas palavras que encabeçam este riquíssimo sermão, encontramos as sete bem-aventuranças evangélicas, que constituem não apenas o programa de santidade proposto por Jesus Cristo aos discípulos nem um simples contraponto, por aperfeiçoamento, às antigas prescrições de Moisés, mas acima de tudo uma como que “radiografia” do Coração de Nosso Senhor e, por isso mesmo, uma porta de acesso à intimidade de Deus. Ao dizer pois em que consiste cada uma das bem-aventuranças, Jesus não se limita a ensinar o que deseja realizar no coração de quem o seguir fielmente, mas aponta para o que nele já está plenamente realizado, tanto pela abundância de graça que sobre Ele derrama o Espírito Santo, a ponto de constituí-lo cabeça e fonte da graça para todos os homens, quanto pela santidade substancial que confere à sua alma a união com o Verbo de Deus. Por isso, no início de cada “bem-aventurados…”, devemos reconhecer uma referência, antes de tudo, Àquele que é por excelência pobre em espírito, pela humildade com que assumiu a nossa natureza e pelo despojamento com que, em virtude dela, se dignou experimentar a morte; manso, pela paciência e docilidade sem par com que suportou as injúrias, desprezos e ofensas daqueles mesmos que viera salvar; e sedento de justiça, pois toda a sua vida não teve outro propósito além de fazer justiça à honra de Deus, ultrajada pelo pecado dos homens, e merecer para eles, livres da servidão do pecado, a graça da justificação, inseparável da amizade e filiação divinas. Que saibamos ler este Evangelho das bem-aventuranças com a delicadeza de quem vê “radiografado” o mais íntimo do Coração de Cristo, em suas virtudes mais sublimes, em sua fisionomia tão profundamente humana e tão misteriosamente divina.
Deus abençoe você!
A graça de Cristo abre ao homem uma nova e sublime possibilidade: tornar-se perfeito como o nosso Pai celeste é perfeito. Mas, se queremos trilhar esse caminho de amor e santidade, temos de, em primeiro lugar, pedir a Deus a mais fundamental das virtudes: a humildade. É justamente nela que consiste a primeira das bem-aventuranças: “Bem-aventurados os que têm um coração de pobre, porque deles é o Reino dos céus”.Ouça a homilia de hoje, 10 de junho, e descubra por que a humildade é o ponto de partida de toda nossa vida espiritual.
Santo do dia 10/06/2024
Santo Anjo da Guarda de Portugal (Memória Facultativa)
Data: 10 de Junho
Há pouco mais de um século, em 1916, um anjo visitou três pastorinhos em Portugal, preparando seus corações para as aparições de Nossa Senhora de Fátima. Quem registrou esses acontecimentos em detalhes foi a própria Irmã Lúcia, uma das videntes.
“A treze de maio, na Cova da Iria, no céu aparece a Virgem Maria”, é o que cantamos em honra a Nossa Senhora, que apareceu em Fátima no ano de 1917. Um ano antes, no entanto, os três pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco foram visitados pelo Anjo custódio de Portugal e tiveram os seus corações preparados para esse grande acontecimento sobrenatural. Sendo hoje, 10 de junho, festa desse Santo Anjo da Guarda (ainda que ela não conste no calendário litúrgico do Brasil), recordemos essas aparições celestes, tal como registradas pela vidente Irmã Lúcia em suas “Memórias”:
Pelo que posso mais ou menos calcular, parece-me que foi em 1915 que se deu essa primeira aparição do que julgo ser o Anjo, que não ousou, por então, manifestar-se de todo. Pelo aspecto do tempo, penso que se deveram dar nos meses de Abril até Outubro.
Na encosta do cabeço que fica voltada para o Sul, ao tempo de rezar o terço na companhia de três companheiras, de nome Teresa Matias, Maria Rosa Matias, sua irmã e Maria Justino, do lugar da Casa Velha, vi que sobre o arvoredo do vale que se estendia a nossos pés pairava uma como que nuvem, mais branca que neve, algo transparente, com forma humana. As minhas companheiras perguntaram-me o que era. Respondi que não sabia. Em dias diferentes, repetiu-se mais duas vezes.
Esta aparição deixou-me no espírito uma certa impressão que não sei explicar. Pouco a pouco, essa impressão ia-se desvanecendo; e creio que, se não são os fatos que se lhe seguiram, com o tempo a viria a esquecer por completo.
As datas não posso precisá-las com certeza, porque, nesse tempo, eu não sabia ainda contar os anos, nem os meses, nem mesmo os dias da semana. Parece-me, no entanto, que deveu ser na Primavera de 1916 que o Anjo nos apareceu a primeira vez na nossa Loca do Cabeço.
Já disse, no escrito sobre a Jacinta, como subimos a encosta em procura dum abrigo e como foi, depois de aí merendar e rezar, que começamos a ver, a alguma distância, sobre as árvores que se estendiam em direção ao Nascente, uma luz mais branca que a neve, com a forma dum jovem, transparente, mais brilhante que um cristal atravessado pelos raios do Sol. À medida que se aproximava, íamos-lhe distinguindo as feições. Estávamos surpreendidos e meio absortos. Não dizíamos palavra.
Ao chegar junto de nós, disse:
— Não temais. Sou o Anjo da Paz. Orai comigo.
E ajoelhando em terra, curvou a fronte até ao chão. Levados por um movimento sobrenatural, imitámo-lo e repetimos as palavras que lhe ouvimos pronunciar:
— Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam.
Depois de repetir isto três vezes, ergueu-se e disse:
— Orai assim. Os Corações de Jesus e Maria estão atentos à voz das vossas súplicas.
E desapareceu.
A atmosfera do sobrenatural que nos envolveu era tão intensa, que quase não nos dávamos conta da própria existência, por um grande espaço de tempo, permanecendo na posição em que nos tinha deixado, repetindo sempre a mesma oração. A presença de Deus sentia-se tão intensa e íntima que nem mesmo entre nós nos atrevíamos a falar. No dia seguinte, sentíamos o espírito ainda envolvido por essa atmosfera que só muito lentamente foi desaparecendo.
Nesta aparição, nenhum pensou em falar nem em recomendar o segredo. Ela de si o impôs. Era tão íntima que não era fácil pronunciar sobre ela a menor palavra. Fez-nos, talvez, também, maior impressão, por ser a primeira assim manifesta.
A segunda deveu ser no pino do Verão, nesses dias de maior calor, em que íamos com (os) rebanhos para casa, no meio da manhã, para os tornar a abrir só à tardinha.
Fomos, pois passar as horas da sesta à sombra das árvores que cercavam o poço já várias vezes mencionado. De repente, vimos o mesmo Anjo junto de nós.
— Que fazeis? Orai! Orai muito! Os Corações de Jesus e Maria têm sobre vós desígnios de misericórdia. Oferecei constantemente ao Altíssimo orações e sacrifícios.
— Como nos havemos de sacrificar? — perguntei.
— De tudo que puderdes, oferecei um sacrifício em ato de reparação pelos pecados com que Ele é ofendido e de súplica pela conversão dos pecadores. Atraí, assim, sobre a vossa Pátria, a paz. Eu sou o Anjo da sua guarda, o Anjo de Portugal. Sobretudo, aceitai e suportai com submissão o sofrimento que o Senhor vos enviar.
Estas palavras do Anjo gravaram-se em nosso espírito, como uma luz que nos fazia compreender quem era Deus, como nos amava e queria ser amado, o valor do sacrifício e como ele Lhe era agradável, como, por atenção a ele, convertia os pecadores. Por isso, desde esse momento, começamos a oferecer ao Senhor tudo que nos mortificava, mas sem discorrermos a procurar outras mortificações ou penitências, exceto a de passarmos horas seguidas prostrados por terra, repetindo a oração que o Anjo nos tinha ensinado.
A terceira aparição parece-me que deveu ser em Outubro ou fins de Setembro, porque já não íamos passar as horas da sesta a casa.
Como já disse no escrito sobre a Jacinta, passámos da Prégueira (é um pequeno olival pertencente a meus pais) para a Lapa, dando a volta à encosta do monte pelo lado de Aljustrel e Casa Velha. Rezamos aí o terço e (a) oração que na primeira aparição nos tinha ensinado. Estando, pois, aí, apareceu-nos pela terceira vez, trazendo na mão um cálix e sobre ele uma Hóstia, da qual caíam, dentro do cálix, algumas gotas de sangue. Deixando o cálix e a Hóstia suspensos no ar, prostrou-se em terra e repetiu três vezes a oração:
— Santíssima Trindade, Padre, Filho, Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os sacrários da terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E pelos méritos infinitos do Seu Santíssimo Coração e do Coração Imaculado de Maria, peço-Vos a conversão dos pobres pecadores.
Depois, levantando-se, tomou de novo na mão o cálix e a Hóstia e deu-me a Hóstia a mim e o que continha o cálix deu-o a beber à Jacinta e ao Francisco, dizendo, ao mesmo tempo:
— Tomai e bebei o Corpo e o Sangue de Jesus Cristo horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos. Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
De novo se prostrou em terra e repetiu conosco a mais três vezes a mesma oração:
— Santíssima Trindade... etc.
E desapareceu.
Levados pela força do sobrenatural que nos envolvia, imitávamos o Anjo em tudo, isto é, prostrando-nos como Ele e repetindo as orações que Ele dizia. A força da presença de Deus era tão intensa que nos absorvia e aniquilava quase por completo. Parecia privar-nos até do uso dos sentidos corporais por um grande espaço de tempo. Nesses dias, fazíamos as ações materiais como que levados por esse mesmo ser sobrenatural que a isso nos impelia. A paz e felicidade que sentíamos era grande, mas só íntima, completamente concentrada a alma em Deus. O abatimento físico, que nos prostrava, também era grande.
Fonte: LÚCIA, Irmã. Memórias da Irmã Lúcia I. Compilação do Pe Luís Kondor, SVD. Introdução e notas do Pe Dr. Joaquín M. Alonso, CMF (†1981). 13. ed. Fátima: Secretariado dos Pastorinhos, 2007, p. 168-172; Texto adaptado por padrepauloricardo.org
Santo Anjo da Guarda de Portugal, rogai por nós!