Dedicação da Basílica do Latrão, Festa
Antífona de entrada
Ou:
Eis a morada de Deus com os homens! Ele habitará junto deles; eles serão o seu povo, e o próprio Deus, com eles, será o seu Deus. (Cf. Ap 21, 3)
Vernáculo:
Deus habita em seu santuário, reúne os fiéis em sua casa; ele mesmo dá vigor e força a seu povo. (Cf. MR: Sl 67, 6. 7. 36) Sl. Eis que Deus se põe de pé, e os inimigos se dispersam! Fogem longe de sua face os que odeiam o Senhor! (Cf. LH: Sl 67, 2)
Glória
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.
Coleta
Ó Deus, com pedras vivas e escolhidas preparais um templo eterno para a vossa glória; aumentai na vossa Igreja os dons do Espírito que lhe destes, para que vosso povo fiel cresça sempre mais, edificando a Jerusalém celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Ou:
Ó Deus, que chamastes esposa a vossa Igreja, concedei aos que estão a serviço do vosso nome temer-vos, amar-vos e seguir-vos até alcançar, guiados por vós, as promessas eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Ez 47, 1-2. 8-9. 12
Leitura da Profecia de Ezequiel
Naqueles dias, 1o homem fez-me voltar até a entrada do Templo e eis que saía água da sua parte subterrânea na direção leste, porque o Templo estava voltado para o oriente; a água corria do lado direito do Templo, a sul do altar. 2Ele fez-me sair pela porta que dá para o norte, e fez-me dar uma volta por fora, até à porta que dá para o leste, onde eu vi a água jorrando do lado direito. 8Então ele me disse: “Estas águas correm para a região oriental, descem para o vale do Jordão, desembocam nas águas salgadas do mar, e elas se tornarão saudáveis. 9Onde o rio chegar, todos os animais que ali se movem poderão viver. Haverá peixes em quantidade, pois ali desembocam as águas que trazem saúde; e haverá vida onde chegar o rio. 12Nas margens junto ao rio, de ambos os lados, crescerá toda espécie de árvores frutíferas; suas folhas não murcharão e seus frutos jamais se acabarão: cada mês darão novos frutos, pois as águas que banham as árvores saem do santuário. Seus frutos servirão de alimento e suas folhas serão remédio”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 45(46), 2-3. 5-6. 8-9 (R. 5)
℟. Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo.
— O Senhor para nós é refúgio e vigor, sempre pronto, mostrou-se um socorro na angústia; assim não tememos, se a terra estremece, se os montes desabam, caindo nos mares. ℟.
— Os braços de um rio vêm trazer alegria à Cidade de Deus, à morada do Altíssimo. Quem a pode abalar? Deus está no seu meio! Já bem antes da aurora, ele vem ajudá-la. ℟.
— Conosco está o Senhor do universo! O nosso refúgio é o Deus de Jacó. Vinde ver, contemplai os prodígios de Deus e a obra estupenda que fez no universo: reprime as guerras na face da terra. ℟.
Segunda Leitura — 1Cor 3, 9c-11. 16-17
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios
Irmãos, 9cvós sois lavoura de Deus, construção de Deus. 10Segundo a graça que Deus me deu, eu coloquei — como experiente mestre de obra — o alicerce, sobre o qual outros se põem a construir. Mas cada qual veja bem como está construindo. 11De fato, ninguém pode colocar outro alicerce diferente do que está aí, já colocado: Jesus Cristo. 16Acaso não sabeis que sois santuário de Deus e que o Espírito de Deus mora em vós? 17Se alguém destruir o santuário de Deus, Deus o destruirá, pois o santuário de Deus é santo, e vós sois esse santuário.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Esta casa eu escolhi e santifiquei, para nela estar meu nome para sempre. (2Cr 7, 16) ℟.
Evangelho — Jo 2, 13-22
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo João
℟. Glória a vós, Senhor.
13Estava próxima a Páscoa dos judeus e Jesus subiu a Jerusalém. 14No Templo, encontrou os vendedores de bois, ovelhas e pombas e os cambistas que estavam aí sentados. 15Fez então um chicote de cordas e expulsou todos do Templo, junto com as ovelhas e os bois; espalhou as moedas e derrubou as mesas dos cambistas. 16E disse aos que vendiam pombas: “Tirai isto daqui! Não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio!” 17Seus discípulos lembraram-se, mais tarde, que a Escritura diz: “O zelo por tua casa me consumirá”. 18Então os judeus perguntaram a Jesus: “Que sinal nos mostras para agir assim?” 19Ele respondeu: “Destruí este Templo, e em três dias o levantarei”. 20Os judeus disseram: “Quarenta e seis anos foram precisos para a construção deste santuário e tu o levantarás em três dias?” 21Mas Jesus estava falando do Templo do seu corpo. 22Quando Jesus ressuscitou, os discípulos lembraram-se do que ele tinha dito e acreditaram na Escritura e na palavra dele.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Gradual Romano:
Domine Deus, in simplicitáte cordis mei laetus óbtuli univérsa: et pópulum tuum, qui repértus est, vidi cum ingénti gáudio: Deus Israel, custódi hanc voluntátem, Dómine Deus. (1 Chron. 29, 17. 18)
Vernáculo:
Foi de coração sincero que, livremente, te ofereci todas estas coisas e agora vejo o povo aqui reunido com imensa alegria oferecer-te este dom voluntário. Ó Senhor, conserva sempre esta generosa disposição de coração no teu povo. (Cf. Bíblia CNBB: 1Cr 29, 17. 18)
Gradual Simples:
Bene fundata est domus Domini supra firmam petram. (Mt 7,25)
Vernáculo:
Bem fundada está a casa do Senhor sobre a firme rocha. (Tradução direta)
Sobre as Oferendas
Aceitai, Senhor, as nossas oferendas, e concedei aos que vos suplicam obter a força dos sacramentos e o fruto de suas preces. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Jerusalém, cidade bem edificada num conjunto harmonioso; para lá sobem as tribos de Israel, as tribos do Senhor. (Cf. LH: Sl 121, 3. 4)
Depois da Comunhão
Ó Deus, que nos destes a Igreja neste mundo como imagem da Jerusalém celeste, concedei-nos, pela participação neste sacramento, ser templos da vossa graça e chegar onde habita a vossa glória. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 09/11/2025
Somos templo do Espírito Santo
“A minha casa será chamada casa de oração”, diz o Senhor, “nela quem pede recebe, quem procura encontra e a quem bater abrir-se-lhe-á”.
Queridos irmão e irmãs, festejamos, hoje, uma Festa litúrgica que para muitos pode soar diferente, a dedicação – consagração – da Basílica do SS. Salvador ou de São João de Latrão, uma das chamadas “quatro Basílicas Maiores”, que são as mais importantes de todo o mundo, e que estão em Roma; todas as outras, no mundo inteiro, são chamadas menores para diferenciar destas, que são as Basílicas Papais, ou seja, Basílicas do Papa, são elas: São Pedro, Santa Maria Maior, São Paulo fora dos Muros e esta, que celebramos hoje, São João de Latrão.
Também chamada Arquibasílica do Santíssimo Salvador e dos Santos João Batista e João Evangelista no Latrão. Ela é a catedral oficial do Papa como Bispo de Roma e tem o título honorífico de "Mãe e Cabeça de todas as Igrejas de Roma e do Mundo".
Ao contrário do que muitos pensam, a Basílica de São Pedro não é a catedral do Papa, mas sim a de São João de Latrão. É lá que o Papa, como bispo de Roma, assume oficialmente sua sé episcopal.
Foi a primeira basílica cristã construída explicitamente para a comunidade se reunir, uma iniciativa do imperador Constantino, que no ano de 313 d.C., pelo Édito de Milão, proibiu a perseguição aos Cristãos da época.
O complexo do Latrão, ou Laterano, designa um local específico no centro de Roma, que inclui o Palácio de Latrão, o Batistério e a própria basílica.
Liturgicamente a dedicação da Basílica de São João de Latrão é celebrada anualmente pela Igreja (em 9 de novembro) para recordar que a igreja é um lugar especial de encontro com Deus e que o próprio corpo do cristão é templo do Espírito Santo.
A basílica abriga, entre outras relíquias, pedaços dos crânios de São Pedro e São Paulo e o tampo da mesa da Última Ceia de Cristo, sobre a qual o Senhor celebrou a Primeira Missa.
Portanto, São João de Latrão é um dos locais mais importantes e antigos da cristandade, sendo o símbolo da unidade da Igreja em torno do Bispo de Roma, o Papa.
Inicialmente foi uma festa exclusivamente da cidade de Roma; mais tarde, estendeu-se à Igreja de Rito romano, com o fim de honrar a basílica que é chamada “mãe e cabeça de todas as igrejas da Urbe e do Orbe” e como sinal de amor e unidade para com a Cátedra de Pedro que, como escreveu Santo Inácio de Antioquia, “preside a assembleia universal da caridade”.
É por isso que esta celebração é tão importante e sua Missa tem precedência sobre a liturgia dos domingos do Tempo Comum, e é isso que estamos celebrando hoje.
No começo do cristianismo os cristãos não possuíam lugares fixos para a celebração da Eucaristia, mas a realizavam em suas casas. Com o passar de algum tempo, mesmo na era dos Apóstolos, se tornou imperioso o encontro de algum local comum para as celebrações litúrgicas.
Até então, os templos pagãos eram espaços destinados apenas aos sacerdotes, cabendo ao restante do povo ficar de frente para a fachada do templo (“fanum”). Isso nos mostra, como quer que seja, quanto revolucionária é a noção de “igreja” que inaugura o cristianismo. Se para as antigas religiões pagãs, por um lado, o templo era um lugar específico em que morava este ou aquele deus, para a fé cristã, por outro, o templo é, não já uma construção de pedra, mas o próprio fiel; é nele, com efeito, que Deus habita pela graça.
Ao comemorar, portanto, a Festa da dedicação da Basílica do Latrão, o que a Santa Madre Igreja está fazendo é chamar-nos a atenção para essa realidade misteriosa de que, rasgando-se o véu do Templo de Jerusalém ao último suspiro de Cristo na cruz, são os fiéis os templos vivos de Deus, que têm agora acesso livre à intimidade dos átrios das igrejas para orar e oferecer ao Pai um sacrifício agradável: o seu próprio Filho, que se faz presente sob as aparências do pão e do vinho para santificar nossas paróquias, capelas e oratórios com a sua presença real, verdadeira e substancial.
As pedras mortas são o que deve nos levar à contemplação do que é a Igreja, que é essa construção de pedras vivas, cuja Pedra Angular é Cristo, como dirá a Carta aos Hebreus: "a pedra que os construtores rejeitaram", que se torna a Pedra Angular.
Celebrar a Festa da dedicação da Basílica de São João de Latão também nos possibilita refletir sobre o sentido do templo como organismo vivo do qual os cristãos são pedras vivas.
Quando alguém é batizado, ele é convocado a compor o corpo místico de Cristo e a ser membro de Sua Igreja, cuja cabeça é o próprio Senhor.
Esta Igreja é nossa Mãe, e nós nascemos de seu ventre. A Pia Batismal que nos transformou, pela Água e pela Palavra, em Pedras Vivas. Assim como Jesus Cristo nasceu de um ventre virginal, também o cristão nasce da Pia Batismal, que é o ventre virginal da Mãe Igreja.
Portanto, tudo hoje deve nos lembrar do dia em que fomos acrescentados a este edifício, àquele Cristo Misterioso que vive entre nós; deve nos lembrar do dia do nosso Santo Batismo. É por isso que nos lembramos do Crisma com o qual fomos ungidos, porque somos membros do Corpo do Único e Eterno Sacerdote que é Jesus Cristo, e que é Rei. E assim como Ele é Rei, nós, que somos Seus membros, somos ungidos no dia do nosso batismo como reis, porque Ele é um Povo de Reis, uma Nação Santa e um Povo Sacerdotal.
Dizia São Cesário de Arles, bispo, Séc.VI: “Todos nós, caríssimos, antes do batismo fomos templos do demônio; depois do batismo, obtivemos ser templos de Cristo. E se meditarmos com atenção sobre a salvação de nossa alma, reconheceremos que somos o verdadeiro templo vivo de Deus. Deus não habita somente em construções de mão de homem (At 17,24) nem em casa feita de pedras e madeira; mas principalmente na alma feita à imagem de Deus e edificada por mãos deste artífice. Desse modo pôde São Paulo dizer: O templo de Deus, que sois vós, é santo (1Cor 3,17)” (Dos Sermões de São Cesário de Arles, bispo, Séc.VI).
São Pedro afirma: “Caríssimos... 4Aproximai-vos do Senhor, pedra viva, rejeitada pelos homens, mas escolhida e honrosa aos olhos de Deus. 5Do mesmo modo, também vós, como pedras vivas, formai um edifício espiritual, um sacerdócio santo, a fim de oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1Pe 2,4-5).
Somos o corpo vivo, o templo vivo e é o Espírito Santo quem nos dá a vida, quem nos une. A Igreja, templo e corpo, formada por todos os batizados é a manifestação visível da presença do Senhor Ressuscitado. Por isso ela celebra os sacramentos, todos decorrentes da Eucaristia, com a qual somos alimentados e nutridos.
É ela, a Igreja, aquela que louva o Senhor com sua liturgia, a esposa sem ruga e sem mancha, que foi purificada pelo próprio esposo, o Cordeiro Imolado.
Portanto, celebrar a dedicação de um templo é celebrar aquilo que, na verdade ele representa, o Corpo Místico de Cristo.
Nosso corpo pela graça santificante também é um templo de Deus, como ensina São Paulo: “Não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que habita em vós, o qual recebestes de Deus e que, por isso mesmo, já não vos pertenceis? Fostes comprados por um grande preço. Portanto, glorificai a Deus no vosso corpo” (1Cor 6,19-20).
Aprendamos, pois, a honrar o templo do nosso corpo como templo de Deus, morada da presença da Santíssima Trindade, à imitação de Cristo, verdadeiro templo da divindade, que nele habita como pessoa do Filho de Deus. Também nós, de corpo e alma, devemos ser respeitados e orientados para a santidade porque somos marcados pelo Pai e pelo Filho e pelo Espírito Santo.
Se respeitamos o Templo construído de pedras, de tijolos, deveremos respeitar mais ainda o Templo Vivo, representado por cada ser humano que foi batizado. Nele, criado á imagem de Deus, redimido pelo sangue de Jesus, habita o Espírito Santo. Se nos desdobramos para que o Templo esteja limpo e bem adornado, como então não deveríamos lutar para que todo e qualquer ser humano tivesse a dignidade que atribuímos a um templo de pedra!
Meus irmãos, aproveitemos este dia para agradecer a Deus por pertencer a esta Igreja, Corpo místico de Cristo, e lutemos por conservar a nossa alma sempre aumentando na graça, que nos faz cada dia mais santos. Assim seja, amém.
Deus abençoe você!
Pe. Fábio Vanderlei, IVE
A Sagrada Escritura diz que Deus “não habita em templos feitos por mão humana” (At 17, 24). Por que, então, os católicos se reúnem em igrejas? E por que celebrar a dedicação de uma Basílica em Roma, como fazemos neste domingo? Nesta homilia dominical, Padre Paulo Ricardo explica o conceito de “templo” no Antigo Testamento e a novidade que Cristo opera na Nova Aliança: a partir da encarnação do Verbo, o verdadeiro templo de Deus não são mais as paredes, mas o próprio Jesus.
Santo do dia 09/11/2025
Dedicação da Basílica de Latrão (Festa)
Data: 09 de Novembro
"Perguntou ainda o prefeito Rústico: onde vos reunis? Justino respondeu: onde cada um pode e prefere; tu pensas que todos nós nos reunimos num único lugar, mas não é assim, porque o Deus dos cristãos, que é invisível, não se circunscreve a um lugar, mas enche o céu e a terra e é venerado e glorificado em qualquer parte pelos seus fiéis" (Atas do martírio de são Justino e companheiros). Na sua franca resposta o grande apologista, são Justino, repetia diante do juiz o que Jesus dissera à samaritana: "Acredita-me, mulher, vem a hora em que nem neste monte nem em Jerusalém adorareis o Pai. Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus. Mas vem a hora - e é agora - em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade; pois tais são os adoradores que o Pai procura. Deus é Espírito e os que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade" (Jo 4, 21-24).
A festa de hoje, da dedicação da Basílica do Santíssimo Salvador ou de São João do Latrão, não está de modo algum em contradição com o testemunho de são Justino e com a palavra de Cristo. Salvos o dever e o direito da oração sempre e em toda parte, é também verdade que desde os tempos apostólicos, a Igreja, enquanto grupo de pessoas, teve necessidade de alguns lugares onde reunir-se para orar, proclamando a palavra de Deus e renovando o sacrifício da morte e ressurreição de Cristo, concretizando suas palavras: "Tomai e comei todos; tomai e bebei todos; fazei isto em minha memória".
Inicialmente essas reuniões eram feitas em casas particulares. Também porque a Igreja não tinha reconhecimento nenhum. Mas este veio sem muita demora. Há um singular episódio no início do século III, quando Alexandre Severo deu razão à comunidade cristã e um processo contra os hospedeiros, que reclamavam contra a transformação de uma hospedaria em lugar de culto cristão.
A basílica lateranense foi fundada pelo papa Melquiades (311 - 314) nas propriedades doadas para este fim por Constantino, ao lado do palácio lateranense, até então residência imperial e depois residência pontifícia. Surgia assim a igreja-mãe de todas as igrejas de Roma e do mundo, destruída e reconstruída muitas vezes. Foram celebrados nela ou no antigo Palácio Lateranense nada menos que cinco concílios nos anos de 1123, 1139, 1179, 1215 e 1512. "Mas o templo verdadeiro e vivo de Deus devemos ser nós", diz são Cesário de Arles.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.


