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São José, Esposo da Bem-aventurada Virgem Maria, Solenidade

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Antífona de entrada

Eis o servo fiel e prudente, a quem o Senhor confiou a sua família. (Cf. Lc 12, 42)
Iustus ut palma florébit: sicut cedrus Líbani multiplicábitur: plantátus in domo Dómini, in átriis domus Dei nostri. Ps. Bonum est confitéri Dómino: et psállere nómini tuo, Altíssime. (Ps. 91, 13. 14 et 2)
Vernáculo:
O justo crescerá como a palmeira, florirá igual ao cedro que há no Libano; na casa do Senhor estão plantados, nos átrios de meu Deus florescerão. Sl. Como é bom agradecermos ao Senhor e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo! (Cf. LH: Sl 91, 13-14 e 2)

Glória

Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.

Coleta

Deus todo-poderoso, na aurora dos novos tempos, confiastes a São José o cuidado dos mistérios da salvação humana; por sua intercessão, concedei à vossa Igreja conservá-los fielmente e levá-los à plenitude. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Primeira Leitura — 2Sm 7, 4-5a. 12-14a. 16


Leitura do Segundo Livro de Samuel


Naqueles dias, 4a Palavra do Senhor foi dirigida a Natã nestes termos: 5a“Vai dizer ao meu servo Davi: ‘Assim fala o Senhor: 12Quando chegar o fim dos teus dias e repousares com teus pais, então, suscitarei, depois de ti, um filho teu, e confirmarei a sua realeza. 13Será ele que construirá uma casa para o meu nome, e eu firmarei para sempre o seu trono real. 14aEu serei para ele um pai e ele será para mim um filho. 16Tua casa e teu reino serão estáveis para sempre diante de mim, e teu trono será firme para sempre’”.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Salmo Responsorial — Sl 88(89), 2-3. 4-5. 27 e 29 (R. 37)


℟. Eis que a sua descendência durará eternamente.


— Ó Senhor, eu cantarei eternamente o vosso amor, de geração em geração eu cantarei vossa verdade! Porque dissestes: “O amor é garantido para sempre!” E a vossa lealdade é tão firme como os céus. ℟.

— “Eu firmei uma Aliança com meu servo, meu eleito, e eu fiz um juramento a Davi, meu servidor. Para sempre, no teu trono, firmarei tua linhagem, de geração em geração garantirei o teu reinado!” ℟.

— Ele, então, me invocará: “Ó Senhor, vós sois meu Pai, sois meu Deus, sois meu Rochedo onde encontro a salvação!” Guardarei eternamente para ele a minha graça e com ele firmarei minha Aliança indissolúvel. ℟.


https://youtu.be/0aVUObJGXdY

Segunda Leitura — Rm 4, 13. 16-18. 22


Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos


Irmãos, 13não foi por causa da Lei, mas por causa da justiça que vem da fé, que Deus prometeu o mundo como herança a Abraão ou à sua descendência.

16É em virtude da fé que alguém se torna herdeiro. Logo, a condição de herdeiro é uma graça, um dom gratuito, e a promessa de Deus continua valendo para toda a descendência de Abraão, tanto para a descendência que se apega à Lei, quanto para a que se apoia somente na fé de Abraão, que é o pai de todos nós. 17Pois está escrito: “Eu fiz de ti pai de muitos povos”. Ele é pai diante de Deus, porque creu em Deus que vivifica os mortos e faz existir o que antes não existia. 18Contra toda a humana esperança, ele firmou-se na esperança e na fé. Assim, tornou-se pai de muitos povos, conforme lhe fora dito: “Assim será a tua posteridade”. 22Esta sua atitude de fé lhe foi creditada como justiça.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


℟. Louvor e glória a ti, Senhor, Cristo, Palavra de Deus!
℣. Felizes os que habitam vossa casa, para sempre eles hão de vos louvar! (Sl 83, 5) ℟.

Evangelho — Mt 1, 16. 18-21. 24a


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Mateus 

℟. Glória a vós, Senhor.


Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo.

21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 24aQuando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Ou:


Evangelho — Lc 2, 41-51a


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Lucas 

℟. Glória a vós, Senhor.


Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”.

49Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” 50Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera. 51aJesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Creio

Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.

Antífona do Ofertório

Veritas mea et misericórdia mea cum ipso: et in nómine meo exaltábitur cornu eius. (Ps. 88, 25)


Vernáculo:
Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. (Cf. LH: Sl 88, 25)

Sobre as Oferendas

Senhor, assim como São José se dedicou com amor e fidelidade ao serviço do vosso Filho unigênito, nascido da Virgem Maria, fazei que também nós sirvamos de coração puro aos mistérios do vosso altar. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Muito bem, servo bom e fiel, entra na alegria do teu Senhor. (Cf. Mt 25, 21)
Ioseph fili David noli timére accípere Maríam cóniugem tuam: quod enim in ea natum est, de Spíritu Sancto est. (Mt. 1, 20; ℣. Ps. 111, 1. 2. 3. 4. 5-6a. 6b-7a. 7b-8. 9)

Vel: Quando legitur Evangelium Ibant parentes Iesu:


F ili, quid fecísti nobis sic? Ego et pater tuus doléntes quaerebámus te. Et quid est quod me quaerebátis? Nesciebátis quia in his quae Patris mei sunt, opórtet me esse? (Lc. 2, 48. 49; ℣. Ps. 111, 1. 2. 3. 4. 5-6a. 6b-7a. 7b-8. 9)
Vernáculo:
José, Filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher, pois o que nela foi gerado vem do Espírito Santo. (Cf. Bíblia CNBB: Mt 1, 20)

Ou: Quando lemos o Evangelho, os pais de Jesus:


F ilho, por que agiste assim conosco? Olha, teu pai e eu andávamos, angustiados, à tua procura! Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devo estar naquilo que é de meu Pai? (Cf. Bíblia CNBB: Lc 2, 48. 49)

Depois da Comunhão

Senhor, que na solenidade de São José alimentastes neste altar a vossa família, defendei-a sempre com a vossa proteção e conservai nela os vossos dons. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 19/03/2025


Na tribulação, ide a José!


“José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo”.

Angústia de José (v. 18s). — V. 18. Ora, a origem (gr. ἡ γένεσις) de Jesus Cristo, com respeito tanto à concepção quanto à natividade, foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José e, antes de passarem a conviver, i.e. antes de José conduzir Maria à casa, um ano após a celebração dos esponsais. Alguns interpretam o verbo ‘conviver’ (ou ‘coabitar’, em outras traduções; lt. convenire, gr. συνελϑεῖν) no sentido de ‘fazer uso do matrimônio’ (e.g. Crisóstomo, Ambrósio, Jerônimo, Maldonado etc.).

A primeira interpretação, mais comum e tradicional, é também a mais provável: (a) porque a este verbo se contrapõe, nos vv. 20.24, o verbo ‘receber’ (gr. παραλαβεῖν, lt. accipere), que se diz propriamente do homem ao conduzir a esposa à casa para viver com ela; (b) porque pouco depois, no v. 25, exprime-se o uso do matrimônio pelo eufemismo ‘conhecer’, típico da linguagem bíblica. Tenha-se presente, no entanto, que, mesmo admitida a segunda interpretação, daí não se segue dificuldade alguma para a virgindade perpétua de Maria: ‘Do fato de ser dito “antes de passarem a conviver” [com união carnal] não se segue que depois tenham convivido [sexualmente], senão que a Escritura diz apenas o que não foi feito’ (S. Jerônimo, In Matth. I = Mt 1,18 [ML 26,24B]), sem insinuar que tenha ocorrido mais tarde.

— Ela encontrou-se grávida, i.e. depois de certo tempo, talvez após três meses de permanência em casa de Isabel, ela apareceu (visivelmente) grávida, mas pela ação do Espírito Santo (gr. ἐϰ πνεύματος ἁγίου), i.e. porque concebera por ação e virtude divina. (Com efeito, a ausência de art. definido no texto gr., aqui e no v. 20, indica que a concepção virginal não é obra só da terceira Pessoa, mas de toda a SS. Trindade, cujas operações ad extra são sempre comuns às três.)

O evangelista acrescenta, na mesma cláusula, pela ação do Espírito Santo, para que o leitor nem por um momento suspeite qualquer coisa contra a virgindade de Maria. Alguns intérpretes opinam que este v. devera ler-se conjuntamente com o seguinte a modo de explicação, de forma que o sentido do texto seria: ‘José conheceu que Maria concebera pela virtude do Espírito Santo e, por humildade, a quis despedir’. Essa explicação, contudo, vai de encontro ao dito em seguida: Não tenhas receio de receber Maria, tua esposa; o que nela foi gerado vem do Espírito Santo (v. 20). Segundo tais autores, o que o anjo teria dito, na verdade, foi: ‘Embora tenha ela concebido do Espírito Santo, não tenhas receio de a receber’.

Note-se a propriedade do verbo ‘encontrou-se’ (lt. inventa est, gr. εὑρέϑη), que ressalta, do ângulo de Maria, o caráter miraculoso de sua concepção e evidencia, ao mesmo tempo, a surpresa de José, que não podia encontrar explicação razoável, afastada toda suspeita de adultério, para aquela gravidez.

V. 19. José, seu esposo (gr. ἀνήρ = ‘varão’, porque entre os hebreus o esposo já era considerado marido), sendo justo, i.e. íntegro, fiel observador da lei, não queria habitar com uma esposa grávida de outro ou por outro meio, por ser prática contrária aos preceitos da lei (cf Dt 22,23s); mas, por outra parte, não queria denunciá-la (lt. traducere, gr. δειγματίσαι = ‘difamar’, ‘tornar infame’), i.e. abandoná-la publicamente, seja por delação aos juízes, seja por libelo de repúdio entregue perante eles, pois não podia duvidar de sua inocência: é próprio do justo, com efeito, não fazer juízo temerário de uma situação que não chega a compreender de todo. Então pensou (lt. voluit, gr. ἐβουλήϑη = ‘deliberou consigo mesmo’, ‘considerou’) em despedi-la secretamente, pensando talvez em partir para outra região ou em rescindir, na presença de duas testemunhas, por libelo de repúdio, o contrato esponsalício (cf Dt 24,1, que a antiga tradição rabínica interpretava não só em referência à mulher, mas também à esposa)

Dubium: Teria o bem-aventurado José suspeitado de adultério por parte da Virgem SS.? —1. Afirmam-no muitos escritores (e.g. Ambrósio, Agostinho, Crisóstomo etc.). Mas tal suspeita parece inadmissível, além de ser indigna tanto de José quanto de Maria e de Cristo, por implicar certa injúria à pureza intemerata da Mãe, macular de certo modo a prudência do pai e, com isto, acarretar certa ignomínia para o divino Salvador. Menocchio tentou amenizar, sem sucesso, o rigor dessa opinião, dizendo: ‘Talvez [José] tenha pensado que Maria fora violentada, por isso não tinha culpa daquela gravidez’.

2. Muitíssimos autores preferem outra via, que já a S. Jerônimo parecera mais razoável e adequada: ‘José, sabendo da castidade dela e atônito ante o que sucedera, cobre com silêncio aquilo cujo mistério desconhecia’ (ibid.). S. Tomás o expõe nos seguintes termos (Super Matth. I, l. 4): ‘Segundo Jerônimo . . . [José] não suspeitou de adultério. Sabia, com efeito, da pureza de Maria; lera na Escritura que uma virgem havia de conceber: “Um renovo sairá do tronco de Jessé, e um rebento brotará de suas raízes” (Is 11,1; cf 7,14); sabia também que Maria era descendente de Davi. Logo, era-lhe mais fácil crer que isto se cumprira nela que pensar que ela houvesse fornicado. Julgando-se pois indigno de coabitar com tão grande santidade, quis despedi-la em segredo, como S. Pedro disse: “Retira-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador” (Lc 5,8; cf Mt 8,8)’. — Objeção: Se fosse assim, fora infundado o receio de a denunciar (saberia não haver culpa) e supérflua a revelação do anjo (já teria notícia do mistério).

3. Outra explicação possível para a perplexidade de José funda-se na opinião, bastante comum entre os medievais, segundo a qual Maria e José, embora unidos por verdadeiro matrimônio, fizeram voto de castidade perpétua antes do casamento. É o que parece depreender-se das palavras da Virgem, que, já casada e sob o poder marital de José, pergunta ao anjo: ‘Como se fará isso, pois não conheço homem?’ (Lc 1,34), como se dissesse: ‘Como hei de conceber se, estando casada, me obriguei diante de Deus a não conhecer varão?’ Ora, como José conhecesse a pureza e a integridade de Maria, além de seu propósito de manter-se virgem ao seu lado, vendo aquela gravidez, não pôde senão guardar silêncio, como se estivesse na presença de um mistério para o qual não havia explicação.

Revelação do anjo (vv. 20-25). — V. 20. Mas, no que lhe veio esse pensamento (gr. ἐνϑυμηϑέντος, i.e. ao considerar de si para si essas coisas), apareceu-lhe em sonho (ϰατ’ ὄναρ, por sonho, i.e. durante o sono) um anjo do Senhor, que lhe disse: José, Filho de Davi, não tenhas receio de receber, i.e. de trazer para tua casa Maria (como) tua esposa; o que nela foi gerado (gr. γεννηϑέν = ‘concebido’) vem do Espírito Santo, e não de homem.

V. 21. Em seguida, ouve do anjo (que, não sem probabilidade, deve ser o mesmo Gabriel) o que já fora revelado a Maria (cf Lc 1,31ss): Ela dará à luz um filho, e tu lhe porás o nome de Jesus, alusão evidente a Is 7,14: Uma virgem conceberá e dará à luz um filho. — Jesus (Jeshua‘, antes Jehoshua‘, composto de duas palavras: ‘יהוה’, da forma apocopada ‘יה’ = ‘Jahweh’, e ‘שוע’= ‘salvar’, i.e. Jahweh salva), é o mesmo que ‘salvador’; por isso as palavras que vêm em seguida—ele vai salvar o seu povo dos seus pecados—não são mais do que uma explicação do nome.

A José são atribuídos verdadeiros direitos paternos sobre o Filho que nascerá de Maria, pois dar nome é prerrogativa tanto da mãe quanto do pai, como mostram inúmeros exemplos (cf Gn 41,1; 5,29; 21,3 etc.). — O vocábulo ‘povo’ significa, de modo imediato, Israel, a quem Cristo foi enviado primeiro e ao qual, enquanto homem, pertencia; mas, em sentido lato, abarca todo o gênero humano, visto que, pela redenção, todos os homens se tornaram povo de Cristo, que tem direito de conquista sobre todas coisas. Ao mesmo tempo, declara-se a índole espiritual desta libertação, contrária à expectativa comum dos judeus: dos pecados deles (i.e. do povo, por enálage de número), e não tanto da opressão política de nações estrangeiras.

V. 22. Tudo isto que se disse sobre a concepção, a natividade e a imposição do nome de Cristo, aconteceu para que se cumprisse (gr. ἵνα πληρωϑῇ, fosse levado a cabo) o que foi dito pelo Senhor por meio do profeta, que diz: Eis que a virgem etc. — Como (ca. 735-734 a.C.) os reis da Síria e de Israel se tivessem coligado contra Acaz, rei de Judá, a este, por boca de Isaías, prometeu o Senhor a vitória; não só isso: para confirmar o vaticínio, daria qualquer sinal que lhe pedisse o rei. Mas como Acaz, por incredulidade e falsa modéstia, recusasse a oferta, o profeta, por ordem divina, vaticinou o nascimento futuro do Messias de uma virgem, como o maior e mais eficaz milagre de todos (cf Is 7,1-14).

O evangelista cita as palavras do profeta (segundo a LXX): Eis que a virgem (gr. ἡ παρϑένος, com art. definido; hebr. hā-‘almā [הָעַלְמָ֗ה], i.e., aquela virgem determinada, dentre todas eminente) ficará grávida e dará à luz um filho. Em hebr. há dois particípios: concebendo (הָרָה) e parindo (יֹלֶדֶת), que, por se referirem ao sujeito virgem, indicam a permanência da virgindade em ambos os estados, ante partum e in partu. — E lhe porão o nome de Emanuel (hebr. עִמָּ֥נוּ אֵֽל = Deus conosco).

Com esta profecia, de acordo com os católicos e muitos protestantes, são explicitamente anunciados a concepção e o nascimento do Messias de uma virgem; ao mesmo tempo, demonstra-se, como dito, a virgindade de sua Mãe antes do parto e durante o parto: de fato, ela conceberá virgem e ainda virgem dará à luz. Por isso é menos provável a opinião dos que vêem nas palavras do profeta uma referência imediata a alguma moça, à mulher de Isaías ou do próprio Acaz, e apenas mediata e tipológica à Mãe do Messias. — Não há dúvida de que Mt vê na concepção e no nascimento de Jesus o cumprimento da profecia. Ele é verdadeiramente Emanuel porque, ‘ainda que Deus sempre tenha estado com os homens, nunca antes esteve de modo tão manifesto’ (Crisóstomo, Hom. 5 in Matth. = Montfaucon, 87), i.e. em carne visível. — As palavras finais, que significa etc., parecem uma inserção do intérprete grego de Mt.

V. 24s. Quando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor tinha mandado e publicamente acolheu Maria como sua esposa; e não teve relações com ela até o dia em que deu à luz…

Dessas palavras, maldosamente entendidas, se serviram Joviniano, Helvídio e outros hereges para negar impudentemente a virgindade de Maria depois do parto. Ora, em Gn 8,7 se diz que o corvo não voltou até que aparecesse a terra seca; em 2Sm 6,23, afirma-se que Micol não teve mais filhos até o dia de sua morte. Acaso teriam os hagiógrafos querido dizer que o corvo, depois que se secaram as águas, voltou à arca, ou que Micol, depois de morto, teve mais filhos?… É evidente, pois, que a cláusula até o dia em que deu à luz não implica que, daquele dia em diante, tiveram relações, mas que Maria engravidou e deu à luz sem ter tido relação carnal.

— O seu filho primogênito (cf infra 2,6s). A palavra ‘πρωτότοϰον’, aqui, provavelmente não é autêntica, já que é omitida em diversos códices e versões. Entretanto, em Lc 2,7 de fato se lê: E deu à luz seu filho primogênito, o que não foi escrito pelo evangelista sem razão, por ser Cristo o primogênito de Deus em sentido particularíssimo (i.e. unigênito por natureza), além de possuir sobre seus irmãos certos direitos e incumbências enquanto Cabeça a que pertencem os membros do Corpo místico, i.e. da Igreja.

Nota sobre a virgindade de Maria. — É de fé divina e católica definida que a bem-aventurada Mãe de Deus Maria santíssima foi e permaneceu sempre e perfeitamente virgem, antes, durante e depois do parto, com virgindade de corpo (integridade física inviolada) e de mente (disposição perpétua de abster-se de toda e qualquer prática venérea, inclusive por simples desejo). Veja-se, e.g., a definição solene do Concílio de Latrão (649 d.C.) cân. 3 (DH 503): “Se alguém não professa… que depois do parto permaneceu inviolada a sua [de Maria] virgindade, seja condenado”, e a declaração de Paulo IV, ao condenar na bula Cum quorumdam hominum (DH 1880), de 1555, a seita dos unitários, que afirmavam que “a beatíssima Virgem Maria não… permaneceu sempre na integridade virginal, i.e., antes do parto, no parto e perpetuamente depois do parto” (ante partum scilicet, in partu et perpetuo post partum).

Deus abençoe você!

Nossa Missão
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Santo do dia 19/03/2025

São José (Solenidade)
Data: 19 de Março


São José, denominado Esposo da Virgem Maria, foi proclamado Patrono da Igreja Universal. Em si nem precisava ser declarado como tal, pois ele o é pela própria missão que desempenhou.

São José é um desses santos que fazem parte da piedade cristã. Ele encontra-se no caminho para se chegar a Jesus Cristo. Sua figura é de uma riqueza extraordinária no plano de Deus da salvação. É o último dos Patriarcas que recebe as comunicações do Senhor através da humilde via dos sonhos. Assim como o antigo José, é o homem justo e fiel que Deus pôs como guarda de sua casa.

José aparece nos Evangelhos como um homem que viveu da fé. Ele liga Jesus, rei messiânico, à descendência de Davi. Esposo de Maria e pai oficial de Jesus Cristo, ele guia a Sagrada Família na fuga e no retorno do Egito, refazendo o caminho do Êxodo.

É chamado pelo Evangelho de "justo" (Mt 1, 19). Nele realizou-se o novo Êxodo do Egito (cf. Mt 2, 19-23). Nele cumpriram-se as promessas divinas. Deus o fez chefe de sua casa e despenseiro de todos os seus bens: seu próprio Filho.

José foi aquela pessoa eleita por Deus com a missão de acolher seu Filho feito homem no seio da Virgem Maria, quando habitou entre nós. Além de acolhê-lo, ele o protegeu, defendeu-o contra os inimigos na fuga para o Egito e seu retorno para Nazaré, acompanhou-o em sua vida oculta de Nazaré propiciando-lhe o alimento pelo seu trabalho de carpinteiro. E, por que não dizê-lo, ajudou-o a dar os primeiros passos.

São José é chamado muitas vezes de pai nutrício do Filho de Deus, pai putativo, pai adotivo. Fala-se também em pai legal ou pai oficial. Prefiro dizer que José foi o pai de Jesus Cristo na fé e pela fé. São Leão Magno afirma que "uma virgem da descendência real de Davi foi escolhida para a sagrada maternidade; iria conceber um filho, Deus e homem, primeiro em seu espirito, e depois em seu corpo" (cf. Sermão I na Natividade do Senhor). De modo semelhante, também José gerou o Filho de Deus no espirito pela fé. Sem esta fé do noivo de Maria e depois seu esposo, o filho de Maria, obra do Espírito Santo, não poderia existir na sociedade, pois Maria seria irremediavelmente apedrejada. Assim, José pôde dar o nome a Jesus e, com o nome, a existência na sociedade humana.

Para todos os efeitos Jesus é o filho de José. Se consultarmos os Evangelhos, constatamos algumas passagens que confirmam esta condição de José como pai de Jesus Cristo. José é considerado o descendente de Davi, de quem devia nascer o Messias. Maria era prometida em casamento a um homem, chamado José, da casa de Davi (cf. Lc 1, 27: cf. Mt 1, 16; Mt 1, 20; Lc 1, 69; Lc 2, 4). José é chamado, simplesmente, o pai do Menino (cf. Lc 2, 33). Maria diz ao Menino quando o acharam no Templo: "Olha, teu pai e eu, aflitos, te procurávamos" (Lc 2, 48). Jesus é conhecido como o filho de José (cf. Lc 4, 22) ou o carpinteiro (cf. Mc 6, 3).

Ora, se José esteve tão próximo a Jesus quando entrou neste mundo e foi crescendo e fortalecendo-se, cheio de sabedoria, estando a graça de Deus com ele (cf. Lc 2, 40), logicamente está presente também onde o Corpo místico de Cristo, a Igreja, nasce, dá seus primeiros passos, precisando de acolhida, de proteção e de ser alimentada e guiada. Se São José foi o Protetor, o pai nutrício de Jesus Cristo quando neste mundo, ele é também o Protetor do Cristo presente hoje na história através de sua Igreja.

São José está presente com sua solicitude onde a Igreja nasce, onde ela cresce, onde dá os seus primeiros passos, onde a vida divina vai desabrochando em cada cristão. É comemorando o que ele foi para Jesus Cristo que ele também se torna presente hoje na Igreja. Em vista disso, São José costuma ser o Patrono de muitas casas de noviciado.

Conforme os Evangelhos, São José se distinguiu por duas coisas. Primeiro: o silêncio. Os Evangelhos não nos transmitiram nenhuma palavra de São José. No silêncio ele ouve a palavra de Deus, crê, confia e age de acordo com ela. O que seria do mundo sem a profunda fé do Esposo da Mãe de Deus? Segundo: a ação. São José ouve no silêncio os desígnios de Deus, interpreta-os à luz da fé e age de acordo. José se apresenta como o homem que age no silêncio. Dedica toda a sua existência a Maria, sua Esposa, e ao filho de Maria, Nosso Senhor Jesus Cristo. Tudo isso, como servo fiel e prudente que Deus escolheu para reger a sua casa. Que maravilhoso exemplo! Nem todos são chamados a pregar pela palavra, mas todos os cristãos podem anunciar Jesus Cristo no silêncio da realização do plano de Deus e através da ação concreta em favor de Jesus Cristo e de Maria.

Gostaria de realçar mais um ponto. Jesus Cristo tinha São José por pai. Quando Jesus se dirigia a Deus costumava chamá-lo de Pai. Com que ternura ele se dirige a Deus, chamando-o de pai em sua oração sacerdotal (cf. Jo 17). Pede que os seus discipulos se dirijam a Deus em oração chamando-o de pai: Pai nosso. Onde é que Jesus aprendeu esta prática de comunicação intima com Deus como seu Pai? Foi certamente com José, seu pai na fé.

A Liturgia de sua solenidade lança fundo no mistério da vocação e da missão de São José, Esposo da Virgem Maria.

São José é invocado como Padroeiro da boa morte. Supõe-se, com razão, que ele tenha sido assistido, na hora da passagem para o Pai, por Jesus e Maria. O papa Pio IX declarou-o Padroeiro da Igreja e Leão XIII propunha-o como advogado dos lares cristãos. Em 1955 foi proposto como modelo dos operários, inclusive, com a festa de São José Operário, no dia 1º de maio, dia do trabalho. João XXIII incluiu o nome de São José no Canon romano da Missa.

Que São José nos conceda a graça de vivermos totalmente com Cristo e para Cristo em íntima comunhão com Maria.

Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

São José, rogai por nós!


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