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Antífona de entrada

O Espírito do Senhor encheu a terra inteira; ele, que abrange todo o universo, conhece também cada palavra, aleluia. (Cf. Sb 1, 7)

Ou:


O amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo seu Espírito que habita em nós, aleluia. (Rm 5, 5; Cf. 8, 11)
Spiritus Dómini replévit orbem terrárum, allelúia: et hoc quod cóntinet ómnia, sciéntiam habet vocis, allelúia, allelúia, allelúia. Ps. Exsúrgat Deus, et dissipéntur inimíci eius: et fúgiant, qui odérunt eum, a fácie eius. (Sap. 1, 7; Ps. 67)
Vernáculo:
O Espírito do Senhor encheu a terra inteira; ele, que abrange todo o universo, conhece também cada palavra, aleluia. (Cf. MR: Sb 1, 7) Sl. Eis que Deus se põe de pé, e os inimigos se dispersam! Fogem longe de sua face os que odeiam o Senhor! (Cf. LH: Sl 67, 2)

Glória

Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.

Coleta

Ó Deus, que pelo mistério da festa de hoje santificais vossa Igreja inteira, em todos os povos e nações, derramai por toda a extensão do mundo os dons do vosso Espírito Santo, e realizai agora, no coração dos que creem em vós, as maravilhas que operastes no início da pregação do Evangelho.Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.

Primeira Leitura (At 2, 1-11)


Leitura dos Atos dos Apóstolos


Quando chegou o dia de Pentecostes, os discípulos estavam todos reunidos no mesmo lugar. 2De repente, veio do céu um barulho como se fosse uma forte ventania, que encheu a casa onde eles se encontravam. 3Então apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre cada um deles. 4Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito os inspirava.

5Moravam em Jerusalém judeus devotos, de todas as nações do mundo. 6Quando ouviram o barulho, juntou-se a multidão, e todos ficaram confusos, pois cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua.

7Cheios de espanto e admiração, diziam: “Esses homens que estão falando não são todos galileus? 8Como é que nós os escutamos na nossa própria língua? 9Nós que somos partos, medos e elamitas, habitantes da Mesopotâmia, da Judeia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, 10da Frígia e da Panfília, do Egito e da parte da Líbia próxima de Cirene, também romanos que aqui residem; 11judeus e prosélitos, cretenses e árabes, todos nós os escutamos anunciarem as maravilhas de Deus na nossa própria língua!”

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Salmo Responsorial (Sl 103)


℟. Enviai o vosso Espírito, Senhor, e da terra toda a face renovai.


— Bendize, ó minha alma, ao Senhor! Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande! Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras! Encheu-se a terra com as vossas criaturas! ℟.

— Se tirais o seu respiro, elas perecem e voltam para o pó de onde vieram. Enviais o vosso espírito e renascem e da terra toda a face renovais. ℟.

— Que a glória do Senhor perdure sempre, e alegre-se o Senhor em suas obras! Hoje seja-lhe agradável o meu canto, pois o Senhor é a minha grande alegria! ℟.


https://youtu.be/9KEM3CNmAao

Segunda Leitura (1Cor 12, 3b-7. 12-13)


Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios


Irmãos: 3bNinguém pode dizer: Jesus é o Senhor, a não ser no Espírito Santo. 4Há diversidade de dons, mas um mesmo é o Espírito. 5Há diversidade de ministérios, mas um mesmo é o Senhor. 6Há diferentes atividades, mas um mesmo Deus que realiza todas as coisas em todos.

7A cada um é dada a manifestação do Espírito em vista do bem comum. 12Como o corpo é um, embora tenha muitos membros, e como todos os membros do corpo, embora sejam muitos, formam um só corpo, assim também acontece com Cristo.

13De fato, todos nós, judeus ou gregos, escravos ou livres, fomos batizados num único Espírito, para formarmos um único corpo, e todos nós bebemos de um único Espírito.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.




Sequência de Pentecostes


Espírito de Deus,
enviai dos céus
um raio de luz!

Vinde, Pai dos pobres,
dai aos corações
vossos sete dons.


Consolo que acalma,
hóspede da alma,
doce alívio, vinde!

No labor descanso,
na aflição remanso,
no calor aragem.


Enchei, luz bendita,
chama que crepita,
o íntimo de nós!

Sem a luz que acode,
nada o homem pode,
nenhum bem há nele.


Ao sujo lavai,
ao seco regai,
curai o doente.

Dobrai o que é duro,
guiai no escuro,
o frio aquecei.


Dai à vossa Igreja,
que espera e deseja,
vossos sete dons.

Dai em prêmio ao forte
uma santa morte,
alegria eterna.


Amém.


℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. Vinde, Espírito Divino, e enchei com vossos dons os corações dos fiéis, e acendei neles o amor, como um fogo abrasador! ℟.

Evangelho (Jo 20, 19-23)


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João 

℟. Glória a vós, Senhor.


Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”. 20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor.

21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”. 22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem não os perdoardes, eles lhes serão retidos”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Creio

Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.

Antífona do Ofertório

Confírma hoc Deus, quod operátus es in nobis: a templo tuo, quod est in Ierúsalem, tibi ófferent reges múnera, allelúia. (Ps. 67, 29-30)


Vernáculo:
Suscitai, ó Senhor Deus, suscitai vosso poder, confirmai este poder que por nós manifestastes, a partir de vosso templo, que está em Jerusalém, para vós venham os reis e vos ofertem seus presentes! (Cf. LH: Sl 67, 29-30)

Sobre as Oferendas

Concedei, nós vos pedimos, Senhor, que, conforme a promessa do vosso Filho, o Espírito Santo nos revele mais abundantemente o mistério deste sacrifício e nos manifeste toda a verdade. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Todos ficaram repletos do Espírito Santo anunciando as maravilhas de Deus, aleluia. (At 2, 4. 11)
Factus est repénte de caelo sonus adveniéntis spíritus veheméntis, ubi erant sedéntes, allelúia: et repléti sunt omnes Spíritu Sancto, loquéntes magnália Dei, allelúia, allelúia. (Act. 2, 2. 4; ℣. Ps. 67, 2. 4. 5abc. 5d-6. 8. 9. 20. 21. 29. 36)
Vernáculo:
De repente, veio do céu um ruído como de um vento forte, que encheu toda a casa em que se encontravam. (Cf. Bíblia CNBB: At 2, 2) Todos ficaram repletos do Espírito Santo anunciando as maravilhas de Deus, aleluia. (Cf. MR: At 2, 4)

Depois da Comunhão

Ó Deus, que enriqueceis a Igreja com os bens do céu, conservai-a em vossa graça, para que o dom do alto, o Espírito Santo, nela continue sendo sua força, e o alimento espiritual que recebemos aperfeiçoe em nós a obra da redenção. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 19/05/2024
Prepare-se para a grande perseguição!

Vivemos tempos conturbados. Tudo indica que haverá um grande martírio dentro da Igreja, uma grande perseguição. Se não estivermos prontos para ser mártires, o que vai acontecer? Apostasia! É urgentíssimo haver um Pentecostes nas almas, para que alcancemos a Quinta Morada, senão, na hora do “vamos ver”, iremos amarelar.

A Palavra de Deus, quando cai do céu, é como a chuva: não volta sem dar fruto. Peçamos pois que frutifique hoje no nosso coração a palavra de Nosso Senhor. — Celebramos a solenidade de Pentecostes cinquenta dias depois da Páscoa. Nosso Senhor Jesus Cristo veio a este mundo. Ele, Verbo encarnado, veio trazer a Deus para o homem assumindo nossa própria humanidade, viveu entre nós durante trinta e três anos e, finalmente, num ato extremo de caridade, morreu por nós na cruz, movido por um amor que não era meramente humano.

Jesus é homem como nós; mas, por ser uma pessoa divina, suas ações são todas do Verbo encarnado. É por isso que Ele é chamado de Cristo, o Ungido, aquele em quem repousa e por quem é enviado à Igreja o Espírito Santo. Jesus morreu na cruz para nos dar o Espírito, ou seja, para, com o seu Sangue de amor, lavar os nossos pecados e tornar possível que recebêssemos o dom do Espírito.

Nós somos Igreja, mas o que é o mistério da Igreja? É o mistério em que Jesus é a Cabeça e nós, os membros de seu Corpo. Ora, se o membro do corpo pertence realmente ao corpo, ele age como manda a cabeça. Seria, de fato, muito anormal que a cabeça não conseguisse mandar nos membros do próprio corpo. Logo, se nós temos uma Cabeça, que é Jesus, divino e humano ao mesmo tempo, então precisamos agir como Jesus, amar como Ele, fazer as coisas que Ele fez.

No entanto, isso não parece uma boa-nova, mas antes um fardo esmagador. Olhemos para a cruz de Cristo, para aquele amor extraordinário. Se é assim que temos de amar, misericórdia! Deus nos livre, pois não damos conta sozinhos. É assim que reagimos quando olhamos para a cruz de Cristo. Acontece que a cruz é amor transbordante de Deus, é o Amor divino derramado em nossos corações. Por isso, na solenidade de Pentecostes comemoramos o fato de que o Amor, aquela unção derramada sobre a Cabeça, que é Cristo, Nosso Senhor, transborda e chega até nós, tornando-nos capazes de amar como Ele amou.

Isso não é teoria. É fato histórico. Senão vejamos. Jesus morreu na cruz e ressuscitou ao terceiro dia. Ao ressuscitar, o que Ele encontrou? Onze Apóstolos amedrontados, trancados no Cenáculo por medo dos judeus. Jesus então entrou ali, como diz o Evangelho deste domingo: “Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas por medo dos judeus as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: A paz esteja convosco. Jesus soprou sobre eles e disse: Recebei o Espírito Santo”.

O que Jesus fez no dia da Ressurreição só iria realizar-se plenamente cinquenta dias depois em Pentecostes. Afinal, ainda que Jesus tenha soprado sobre eles, os Apóstolos continuaram medrosos. Jesus subiu aos céus quarenta dias depois da Ressurreição, e os Apóstolos voltaram a Jerusalém, fecharam-se no Cenáculo com Maria, Mãe de Jesus, pedindo o dom do Espírito Santo, mas ainda estavam com medo.

De repente, no domingo, por volta das nove horas da manhã, o Espírito Santo veio. De lá do céu, Jesus ressuscitado transborda o seu Amor, um Amor que desce aos borbotões, como uma cachoeira irresistível, de forma que aqueles homens, até então medrosos, se tornam amantes corajosos de Cristo, mártires da fé. De fato, todos os Apóstolos morreram mártires. Apenas S. João não morreu martirizado, porque Deus o salvou milagrosamente. Todos os outros onze, porém, morreram testemunhando a fé cristã.

Como é possível uma tal transformação? Como é possível uma diferença tão marcante e tão repentina? São os mesmos homens. Pedro, que na manhã de Pentecostes saiu para falar às multidões com grande parresia, isto é, com grande destemor, é o mesmo Pedro amedrontado que tremera os joelhos diante da empregadinha do Sumo Sacerdote! Como é possível? É quase uma “transubstanciação”, é quase outra pessoa.

Como é possível que seja o mesmo Pedro — o Pedro que, por medo do vento e das ondas, afundou no mar, agora é o Pedro que morre crucificado em Roma para testemunhar a Cristo? Como é possível? É o mistério de Pentecostes. O Espírito Santo vem transformar-nos, dando-nos a capacidade de amar Jesus com o amor com que Jesus mesmo nos amou. Eis a graça.

Quando se fala de Pentecostes, o que as pessoas costumam pensar? Que os Apóstolos estavam rezando, numa espécie de “grupo de oração”, e eis que, de repente, veio uma efusão do Espírito Santo e todos começaram a falar em línguas. Não foi só isso. Foi muito mais. Ordinariamente, as pessoas não saem de grupos de oração dispostas a ser mártires, a derramar o próprio sangue por Cristo. Pentecostes foi antes de tudo uma mudança interior nos Apóstolos.

Não se trata apenas de fenômenos externos, de manifestações extraordinárias ou, por assim dizer, de “fogos de artifício”. Em Pentecostes, opera-se uma transformação nos Apóstolos, transformação que ele quer operar em todas as almas, para que todos sejamos capazes de realizar as obras de Cristo.

Nós católicos acreditamos na santidade. Se olhamos para Pentecostes, vendo ali somente um momento de oração, dom de línguas e carismas, então temos uma visão incompleta e, no fundo, quase protestante. Os pentecostais acreditam na ação do Espírito Santo, mas numa ação que não muda de fato o coração do homem. O “crente” continua tão pecador quanto antes, a operar as mesmas obras de iniquidade. O Espírito Santo, segundo os pentecostais, faz milagres, dá o dom da oração, dá o dom de línguas, de profecia etc., mas o “crente” permanece egoísta. Porque os protestantes não crêem na santidade.

É uma visão incompleta. Em Pentecostes, dá-se uma transformação real na alma, a qual se torna santa e capaz de operar o grande milagre chamado amor-caridade, isto é, amar a Deus mais do que a si mesmo, mais do que a todas as outras coisas. A alma passa a ser impulsionada pelo amor de Cristo, como diz S. Paulo (2 Cor 5, 14): Caritas Christi urget nos, “o amor de Cristo nos impele”!

É um amor que nós, seres humanos, não podemos dar-nos a nós mesmos. Somente o Espírito Santo no-lo pode dar. A Igreja Católica tem dois mil anos de história, com milhares de homens e mulheres santos e sábios que fizeram obras milagrosas de amor, nas quais se vê claramente que não são puramente humanas. Os santos podem dizer como S. Paulo aos gálatas: “Vivo, mas não eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Porque é Jesus quem faz tais maravilhas.

Mas o que é que acontece na alma de quem começa a agir como Cristo? É aquilo que em teologia ascética e mística se chama Quinta Morada, segundo a linguagem de S. Teresa. A conversão, como sabemos, tem vários estágios. O fiel se converte, pede perdão de seus pecados, é purificado no Batismo ou na Confissão e, a partir daí, precisa passar por algumas etapas, que podem às vezes levar muito tempo, quase uma vida inteira. Os apóstolos em Pentecostes, no entanto, receberam tudo de uma vez. De repente, eles foram pelo menos para a Quinta Morada.

Em Pentecostes, vemos algo típico da Quinta Morada. E o que é mesmo Pentecostes? Só podemos dizer que um católico viveu o mistério Pentecostes se ele já entrou na Quinta Morada; se ele não entrou na Quinta Morada, o Pentecostes para ele ainda não aconteceu. Isso não quer dizer que o Espírito Santo não tenha agido. Sim, o Espírito Santo age em nós sempre, e é graças a ele que nos convertemos, antes de tudo.

Mas o que caracteriza Pentecostes é o fenômeno básico da transformação interior, como a que vemos nos Apóstolos. De covardes e medrosos que eram, tornaram-se mártires da fé, pessoas que amam Jesus abundantemente. Essa transformação é a substância de Pentecostes, a qual só acontece quando a alma entra na Quinta Morada. Mas o que é, afinal, a Quinta Morada?

Quando começamos a ter vida de oração, se a oração for autêntica, ela nos irá transformar, porque é Deus quem ali age. Nas Moradas anteriores — Primeira, Segunda, Terceira e Quarta Moradas —, a pessoa pode muitas vezes ficar em dúvida, sem saber se suas orações, mesmo as mais sublimes, procedem de fato do Espírito Santo ou de sua própria cabeça. Mas quando se entra na Quinta Morada, há um toque da graça na alma que nela imprime a certeza de que é Deus quem está agindo.

Essa impressão é tão profunda, tão clara, tão evidente, que ninguém pode mais instalar qualquer dúvida na cabeça do fiel. Ele sabe que é Deus. Se um diretor espiritual lhe disser que é tudo imaginação, nem mesmo assim o fiel mudará de ideia. Ele sabe ter recebido um toque de Deus.

Na Quinta Morada, com efeito, Deus não toca na inteligência, na vontade nem nas faculdades, mas no fundo da alma, de tal forma que a pessoa, sem entender com a inteligência, sabe, mas experimentalmente, que aquilo foi Deus, isto é, um toque do Espírito Santo. E o que esse toque faz na alma? Impulsiona-a a amar ainda mais a Cristo: Caritas Christi urget nos.

S. Teresa o descreve da seguinte maneira no c. II das “Quintas Moradas” do Castelo Interior, n. 7: “Logo começa a sentir o anseio de padecer grandes sofrimentos sem poder fazer outra coisa, tem grandíssimos desejos de penitência, de solidão e de que todos conheçam a Deus”. Isso é Pentecostes. Quando lemos a vida dos santos, ficamos admirados de vê-los querer sofrer por Jesus. Será “alucinação” da cabeça deles? O que leva uma pessoa a querer sofrer por Jesus?…

Não, é um amor incontrolável, um desejo sobrenatural de dar tudo por Jesus e sofrer por Ele. Não é algo humano, mas um toque da graça no fundo da alma, que a torna disposta a padecer tudo por Cristo, como se até os sofrimentos dos mártires fossem pouco. Quem está na Quinta Morada é capaz de tudo, porque houve um toque transformador. Isso é Pentecostes. Foi isso que aconteceu com S. Pedro e os Apóstolos. Aqueles homens medrosos, fechados no Cenáculo por medo dos judeus, de repente abrem as portas e querem dar a vida por Cristo, querem morrer por Cristo, querem que todos amem e conheçam a Deus!

É o que Santa Teresa acabou de descrever: “Tem grandíssimos desejos de penitência, de solidão e de que todos conheçam a Deus”. As almas de Quinta Morada são capazes de tudo para que as pessoas conheçam e amem a Deus, e é assim que a Igreja se torna missionária, assim a Igreja se torna ad gentes, uma Igreja para as missões, uma Igreja “em saída” — para usar uma expressão que se tornou popular. É a Igreja que sai do Cenáculo e vai pregar o Evangelho sem medo. Em Pentecostes, a Igreja entrou na Quinta Morada.

Ora, quem não entrou na Quinta Morada ainda não tem essa graça. Não quer dizer que não devamos ser missionários. Sim, devemos sê-lo sempre; mas precisamos urgentemente pedir a Deus a graça de entrar na Quinta Morada. Com efeito, vivemos tempos conturbados. Tudo indica que haverá um grande martírio dentro da Igreja, uma grande perseguição. Se não estivermos prontos para ser mártires, o que vai acontecer? Apostasia! É urgentíssimo haver outro Pentecostes na Igreja, para que alcancemos a Quinta Morada, senão, na hora do “vamos ver”, iremos fracassar.

Ser santo não é um capricho nem um luxo para membros de uma elite. Vivemos numa época da Igreja em que ou seremos santos ou não seremos nada. Ou buscamos com todas as veras do coração a santidade, a transformação que o Espírito Santo quer fazer em nós, ou não seremos nada e vamos nos perder. Porque virá a grande perseguição, a grande apostasia, o momento em que teremos de nos erguer à altura dos Apóstolos e ser mártires da fé. Alegremente, alegremente!

Quando o Espírito Santo imprime no fundo da alma a sabedoria, ela aprende a saborear a cruz. É a grande alegria de amar Cristo de volta — eis aí a nossa grande realização. É nisso, portanto, que somos bem-aventurados. Afinal, por que Jesus diz que é bem-aventurado o pobre, o perseguido, e caluniado, o que chora, o que tem fome e sede de justiça etc.? Porque é Cristo quem vive neles. Isso é Pentecostes.

Não deixemos que os fenômenos exteriores de Pentecostes, como os dons carismáticos etc., nos desviem do que é o centro, o cerne, a essência de Pentecostes: o Espírito Santo quer vir sobre nós, porque ele, alma da Igreja, quer fazer os membros realizarem as mesmas obras da Cabeça.

E se Cristo morreu por nós na cruz, pelo Espírito Santo também nós nos tornamos capazes de morrer por Ele. Não por um esforço humano, é verdade, mas pela graça divina. Sem ela, a cruz se torna um moralismo esmagador, do qual não damos conta por nós mesmos. Se, no entanto, fizermos o caminho das Moradas, passarmos pelas transformações interiores necessárias para chegar até a Quinta Morada, amar Jesus será para nós coisa leve e doce.

Os tormentos, as penas mais tremendas, tudo será leve e saboroso, como vemos na vida dos santos. Sim, nesses dois mil anos de Igreja, a vida dos santos atesta que isso é verdade. Não se trata de uma mentalidade “dolorista” de tempos passados. Trata-se de amor sobrenatural: Caritas Christi urget nos. Isso é Pentecostes. Não há Pentecostes sem Quinta Morada. O resto são fogos de artifícios, fenomenologia externa.

Sim, Quinta Morada é obrigação de todos. Precisamos querê-la, precisamos querer ser transformados. Não fiquemos dando voltas ao redor do Castelo, ainda nas primeiras Moradas, como se já fosse o bastante. Contentar-se com o mínimo nunca foi bom o bastante em época nenhuma do cristianismo, muito menos na nossa, em que estamos diante da grande perseguição, da grande apostasia.

Ou estaremos na Quinta Morada, prontos para derramar alegremente o nosso sangue por Cristo, ou não teremos realizado absolutamente nada. Que o Espírito Santo venha sobre nós e nos ilumine, fazendo-nos procurar os meios para viver e chegar à Quinta Morada. Sem isso, nada dará certo.

Deus abençoe você!

Nossa Missão
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Homilia Dominical | Em Pentecostes, Cristo se reveste de um novo Corpo (Solenidade de Pentecostes)

Em Pentecostes, o Espírito Santo foi derramado em forma de línguas de fogo sobre os Apóstolos e Maria no Cenáculo. A partir de então, a Igreja se tornou uma realidade visível, o novo Corpo assumido por Cristo na história. Mas não se trata de um corpo físico ou de uma simples associação de vontades humanas, e, sim, de um Corpo místico, cujo princípio vivificante é o Espírito Santo.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para este domingo, Solenidade de Pentecostes, e rezemos pela Igreja, que sofre perseguições externas, por meio da prisão e martírio dos cristãos, mas também internas, pelas heresias que a sugam como parasitas.


https://youtu.be/H2-9Hip9uEM

Santo do dia 19/05/2024

Ouça no Youtube

São Celestino V, Papa (Memória Facultativa)
Local: Fumone, Itália
Data: 19 de Maio† 1296


Pedro de Morrone, penúltimo de doze filhos de humildes camponeses de Isérnia, onde nasceu em 1215, é figura emblemática do século de grandes santos, como são Francisco de Assis e são Domingos, mas também de profundas lesões no corpo da Igreja. Foram necessários dois anos de conclave para que os cardeais chegassem a um acordo sobre a eleição do papa na humilde pessoa do ermitão Pedro de Morrone, que assumiu o nome de Celestino V. O pontífice octogenário, eleito a 5 de julho de 1284, depôs a tiara a 13 de dezembro do mesmo ano, fazendo um gesto muito discutido pelos contemporâneos quanto à interpretação. Dante chegou até a colocá-lo no seu Inferno, dando como causa: “Aquele que fez por covardia a grande renúncia”. Ao contrário, foi precisamente nesta oportunidade que o piedoso pontífice mostrara uma extraordinária firmeza de espírito, renunciando à tiara quando percebeu que príncipes e cardeais faziam perigosas manobras políticas a respeito de sua pessoa.

Criado na serena paz do campo, primeiro esteve no mosteiro de santa Maria de Faifoli (1231-32), depois numa gruta do monte Pelenco em completa solidão. Fez a primeira viagem a Roma em 1238 e lá foi ordenado sacerdote com a licença de levar vida eremítica. Estabeleceu-se de fato no monte Morrone, perto de Sulmona, depois no monte Maiella onde em 1246 fundou a primeira comunidade eremítica, que em 1263 o papa Urbano IV aprovou, inserindo-a, porém, na ordem monástica beneditina. Para defender a nova Ordem dos Irmãos do Espírito Santo (mais conhecidos por Celestinos), Pedro de Morrone não hesitou em ir, em 1274, ao concílio de Lião, obtendo o reconhecimento do papa Gregório X.

De volta à Itália, o santo eremita, impulsionado pelo desejo da solidão, andou de um lado para outro para visitar as várias comunidades monásticas, mas sobretudo para se subtrair às várias visitas de devotos admiradores, que o procuravam por causa da fama da sua santidade. Em 1286, convocou o capítulo geral da sua Congregação e nesta assembleia demitiu-se de prior escolhendo para morada primeiro o ermo de são Bartolomeu de Logio, depois o de são João de Orfente, em seguida o ermo de santo Onofre, onde recebeu a notícia de sua eleição ao sumo pontificado ao qual renunciou depois de cinco meses.

Não conseguiu voltar à suspirada paz do ermo, pois o seu sucessor, Bonifácio VIII, temendo que os que apoiaram a eleição de Celestino V criassem novas dificuldades à Igreja, teve-o sob guarda no castelo de Fumone, onde o ex-papa viveu os últimos meses de sua vida no completo isolamento. Aqui o colheu a morte a 19 de maio de 1296. Clemente VI o proclamou santo a 5 de maio de 1313.

Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

São Celestino V, rogai por nós!

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