5ª feira da 7ª Semana do Tempo Comum
Memória Facultativa
São Gregório de Narek, Abade e Doutor da Igreja
Antífona de entrada
Vernáculo:
Confiei no vosso amor, Senhor. Meu coração por vosso auxílio rejubile, e que eu vos cante pelo bem que me fizestes! (Cf. MR: Sl 12, 6) Sl. Até quando, ó Senhor, me esquecereis? Até quando escondereis a vossa face? (Cf. LH: Sl 12, 1)
Coleta
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, meditar sempre as realidades espirituais, e praticar em palavras e ações o que vos agrada. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Eclo 5, 1-10
Leitura do Livro do Eclesiástico
1Não confies nas tuas riquezase não digas: “Basta-me viver!”2Não deixes que tua forçate leve a seguir as paixões do coração.3Não digas: “Quem terá poder sobre mim?”ou: “Quem me fará prestar contas das minhas ações?”,pois o Senhor, com certeza, te castigará.4Não digas: “Pequei, e que de mal me aconteceu?”,pois o Altíssimo é paciente.5Não percas o temor por causa do perdão,cometendo pecado sobre pecado.6Não digas: “A misericórdia do Senhor é grande,ele me perdoará a multidão dos meus pecados!”,7pois dele procedem misericórdia e cólera,e sua ira se abate sobre os pecadores.8Não demores em voltar para o Senhor,e não adies de um dia para outro,9pois a sua cólera vem de repentee, no dia do castigo, serás aniquilado.10Não te apoies em riquezas injustas,pois elas de nada te valerão no dia da desgraça.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 1, 1-2. 3. 4 e 6 (R. Sl 39, 5a)
℟. É feliz quem a Deus se confia!
— Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar. ℟.
— Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar, ℟.
— mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte. ℟.
℣. Acolhei a palavra de Deus não como palavra humana, mas como mensagem de Deus, o que ela é, em verdade! (1Ts 2, 13) ℟.
Evangelho — Mc 9, 41-50
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 41“Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. 42E se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.
43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! 44É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! 46É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48‘onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’. 49Pois todos hão de ser salgados pelo fogo. 50Coisa boa é o sal. Mas se o sal se tornar insosso, com que lhe restituireis o tempero? Tende, pois, sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Inténde voci oratiónis meae, Rex meus, et Deus meus: quóniam ad te orábo, Dómine. (Ps. 5, 3. 4)
Vernáculo:
Ficai atento ao clamor da minha prece, ó meu Rei e meu Senhor! É a vós que eu dirijo a minha prece. (Cf. LH: Sl 5, 3. 4a)
Sobre as Oferendas
Senhor, ao celebrarmos com reverência vossos mistérios, nós vos suplicamos, que o sacrifício oferecido em vossa honra nos seja útil para a salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Senhor, eu creio que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo. (Jo 11, 27)
Vernáculo:
Senhor, de coração vos darei graças, as vossas maravilhas cantarei! Em vós exultarei de alegria, cantarei ao vosso nome, Deus Altíssimo! (Cf. MR: Sl 9, 2-3)
Depois da Comunhão
Deus todo-poderoso, concedei-nos em plenitude a salvação eterna, cujo penhor recebemos neste sacramento. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 27/02/2025
Não sejamos ocasião de queda!
O pecado de escândalo, um grave atentado contra a caridade devida aos nossos semelhantes, é um dito ou fato menos reto que dá ao próximo ocasião de queda, induzindo-o a pecar ou a pôr em dúvida o pouco de fé que ainda lhe resta.
No Evangelho de hoje, Jesus nos fala do escândalo. Para definir em que consiste o “escândalo”, podemos recorrer a esta metáfora: skandalon é uma pedra de tropeço. Mas em que consiste o pecado de escândalo?Para o senso comum, o escandaloso é uma pessoa que faz estardalhaço e muito barulho, mas não é a isso que se refere tal pecado. Escândalo é uma atitude de nossa parte que faz com que uma pessoa fraca na fé, um “pequenino” (para citar o termo usado por Jesus, uma pessoa que crê em Cristo), tropece e acabe pecando.É importante entender que o escândalo só existe realmente para esses pequeninos que crêem. Por quê? Porque, se a pessoa é um grande santo, a minha atitude não o irá escandalizar, pois o santo é um carvalho forte; e se a pessoa é um pecador, a minha atitude também não o irá escandalizar, porque ele já não tem fé. As atitudes escandalosas fazem tropeçar e cair aquelas pessoas que já têm fé, mas uma fé que não é tão robusta como a dos grandes santos e que pode ser facilmente induzida ao pecado.Suponhamos que eu conte uma piada escandalosa ou algo do tipo. Uma pessoa fraca na fé vê o Padre Paulo com tal atitude e diz: “Meu Deus, um padre! Estou escandalizado com a Igreja Católica. Não ponho mais os pés lá!” O escândalo é isso. São atitudes nossas que levam as pessoas a perder a fé.Jesus está chamando a atenção dos Apóstolos para o fato de que eles são responsáveis por essas pessoas fracas, por esses pequeninos que crêem. Por isso, devemos arrancar de nós todos os hábitos inadequados, por mais incrustados e arraigados que estejam. Justifica-se, assim, a comparação: “É melhor arrancar um braço, arrancar um olho”, porque existem coisas nas quais a pessoa fica viciada. Por exemplo, a pessoa tem mania de contar piadas sujas, ou um mau vezo de se vestir de forma sedutora, de ficar lendo livros escandalosos.Pois bem, esses hábitos devem ser deixados de lado, devemos arrancar isso, por mais que seja doloroso. Jesus está dizendo aqui: “Pague o preço! Pague o preço!”, porque estamos falando das almas dos nossos irmãos que queremos a todo custo levar para o Céu. Portanto, devemos ajudar na salvação das pessoas e não ser pedra de tropeço para elas, motivo de escândalo. Para isso, tenhamos coragem, cresçamos na fé, mas estejamos sempre atentos aos pequeninos, aquelas pessoas que não são tão fortes assim e que, através das nossas atitudes inadequadas, podem ser levadas a pecar.
Deus abençoe você!
Acontece muitas vezes de reclamarmos de boca cheia de como vai o mundo, do pecado do vizinho e da falta de amor entre as pessoas. Achamos que tudo se deve, ora ao diabo, ora aos pecadores públicos e empedernidos, e quase nunca paramos para pensar que nós mesmos, que nos cremos bons católicos, acabamos sendo ocasião de queda para muita gente: os nossos maus hábitos, a nossa palavra menos honesta, o nosso olhar pouco decente, a nossa opinião nem sempre elogiosa, tudo isso concorre para que os que ainda são pequenos na fé se escandalizem e fiquem com uma péssima impressão da Igreja Católica como um todo. Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quinta-feira, dia 27 de fevereiro, e roguemos a Deus que nos dê a graça de extirpar de nossa alma todas as atitudes que de nada servem para a edificação do próximo e para a honra da nossa santa religião.
Santo do dia 27/02/2025
São Gregório de Narek, Abade e Doutor da Igreja (Memória Facultativa)
Local: Narek, Arménia
Data: 27 de Fevereiro † c. 1005
Gregório nasceu em Andzevatsik, província de Vaspurakan na antiga Armênia, por volta do ano de 950, numa família culta e cristã. Havendo falecido sua mãe quando ele estava em tenra infância, o pai – nomeado Arcebispo de Andzevatsik, tendo decidido abraçar a vida eclesiástica – confiou a educação do menino a um parente de nome Ananias, cognominado “o Filósofo”, abade do mosteiro de Narek, importante centro cultural de então.
Instruído nas Sagradas Escrituras e nas letras, destacou-se pela austeridade de sua via ascética e pelo espírito de oração. Depois de ordenado sacerdote foi designado mestre de noviços. Com o falecimento de Ananias, o elegeram abade do mosteiro e ali viveu até sua morte, por volta de 1005.
Em seu tempo, a Armênia estava em relativa tranquilidade. Não se haviam dado as invasões mongólicas e turcas que mudaram a fisionomia do país e era uma época de criatividade e paz, o que possibilitou à nação um florescimento das artes – literatura, pintura, arquitetura, teologia –, no qual São Gregório desempenhou papel primordial, enquanto poeta místico, compositor e literato.
Como sua fama de santidade passou do mosteiro de Narek para os mosteiros circunvizinhos, São Gregório converteu-se num reformador de monges. Entretanto, sua radical fidelidade à observância das regras monásticas contrariava o relaxamento de alguns noviços. Estes, movidos ademais pela inveja, promoveram contra ele uma infame perseguição, acusando-o de disseminar heresias em seus ensinamentos. Em consequência, São Gregório foi deposto de seus cargos.
Não tardou a Providência vir em auxílio de seu fiel servidor. Contam antigas crônicas que os Bispos designaram dois monges sábios para interrogarem o santo abade a respeito de suas supostas heresias. Estes, porém, julgaram ser mais eficiente submetê-lo a uma prova. Apresentaram-se em sua cela, no período quaresmal de abstinência de carne prescrito pela regra, e lhe ofereceram um delicioso patê de pombinhos como se fosse de peixe. Mal entraram, Gregório interrompeu a oração, abriu a janela, começou a bater palmas e a gritar aos pássaros que por ali gorjeavam: “Vinde, passarinhos, brincar com o peixe que se come hoje”. Entenderam os dois monges que aquela facilidade em descobrir e livrar-se da cilada era uma testemunha eloquente da santidade de Gregório e, portanto, da ortodoxia de sua doutrina.
Zeloso imitador do Mestre e cheio de desvelo pela salvação das almas, São Gregório compôs o Livro das Orações – também conhecido por Livro das Lamentações ou Tragédie –, constituído de 95 orações ou capítulos, todos em verso. Segundo consta, foi terminado em 1002 e escrito durante uma dolorosa enfermidade. É o que revela uma de suas orações: “Abatido por meus crimes, sobre o leito de minhas doenças e o monturo de meus pecados, não sou mais que um cadáver vivo, um morto que ainda fala. […] Então, como ao jovem chamado à vida para acalmar a aflição de sua mãe, Tu me devolverás minha alma pecadora tão renovada como a dele”.
São Gregório considerava esta sua obra-prima como um verdadeiro testamento espiritual e exprimiu o ardente desejo de que as orações ali contidas fizessem sentir sua presença depois da morte: “Que em vez de mim, em lugar de minha voz, este livro ressoe como outro eu mesmo”.
Queria que estes escritos servissem de baliza e esteio para os homens falarem com Deus nas mais variadas circunstâncias. Assim como Davi louva a Deus no Livro dos Salmos, e pede perdão pelas suas faltas confiando numa misericórdia que há de vir, São Gregório também o faz, mas em função da Misericórdia que já veio ao mundo, morreu e ressuscitou. Há quem compare o esforço de se reconciliar com Deus, impregnado no Livro das Orações, com as famosas Confissões de Santo Agostinho.
Ele morreu em 1005, no Mosteiro de Narek (então também Armênia e atual Turquia), onde foi sepultado. Venerado como santo, seu túmulo tornou-se imediatamente um destino de peregrinação para os fiéis e sua memória permaneceu em grande honra e veneração entre todo o povo, mesmo após a conquista da Armênia pelos turcos em 1071. Durante os massacres de 1915-1916, tanto o Mosteiro como o seu túmulo foram destruídos.
Foi chamado de "Santo Agostinho dos Armênios" pela influência que exercia entre os fiéis. São Gregório é considerado um insigne teólogo e um dos poetas mais importantes da literatura armênia. Era um grande devoto da Virgem, a qual, segundo a tradição, teria aparecido para ele. Suas composições incluem o "Discurso Panegírico à Beata Virgem Maria" e "Do fundo do coração, colóquio com a Mãe de Deus".
No dia 12 de abril de 2015, o Papa Francisco nomeou São Gregório de Narek Doutor da Igreja. O grau de doutor foi conferido a Gregório durante uma Missa celebrada no Vaticano em memória de todas as vítimas do genocídio armênio, perpetrado pelo Império Otomano contra os cristãos há mais de cem anos.
Durante a sua visita à Armênia em junho de 2016, o Santo Padre destacou que São Gregório de Narek também poderia ser definido como “Doutor da Paz”, porque durante sua vida quis “identificar-se com os vulneráveis e os pecadores de todo o tempo e lugar, para interceder em favor de todos”.
“Esta sua solidariedade universal com a humanidade é uma grande mensagem cristã de paz, um grito ardente que implora misericórdia para todos”, disse então o Papa.
Finalmente, no início de 2021, o Pontífice inscreveu no Calendário Romano Geral a memória ad libitum (celebração facultativa) de São Gregório de Narek, por decreto da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos.
Referências bibliográficas:
MOMDJIAN, Diác. Arturo Nicolas Hlebnikian. São Gregório de Narek: A arte de conversar com Deus. Revista Arautos do Evangelho, Fevereiro/2016, n. 170, p. 32 a 35. Disponível em: https://www.arautos.org/secoes/artigos/doutrina/santos/sao-gregorio-de-narek-a-arte-de-conversar-com-deus-163265. Acesso em: 19 fev. 2023.
LATORRE, Mercedes de. Celebrarão no Vaticano primeira memória de São Gregório de Narek, doutor da Igreja. 2021. Publicado originalmente em ACI Prensa. Traduzido e adaptado por Natalia Zimbrão. Disponível em: https://www.acidigital.com/noticias/celebrarao-no-vaticano-primeira-memoria-de-sao-gregorio-de-narek-doutor-da-igreja-80007. Acesso em: 19 fev. 2023.
GREGÓRIO de Narek "Doutor da Igreja". Disponível em: http://www.causesanti.va/it/santi-e-beati/gregorio-di-narek.html. Acesso em: 19 fev. 2023.
São Gregório de Narek, rogai por nós!
São Gabriel de Nossa Senhora das Dores (Memória Facultativa)
Local: Ísola del Gran Sasso, Itália
Data: 27 de Fevereiro † 1862
Pertencia à Congregação da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo fundada por são Paulo da Cruz. Quando morreu, no dia 27 de fevereiro de 1862, com apenas 24 anos de idade, deixara nas mãos do seu diretor espiritual um diário que poderia ser uma pequena autobiografia. Infelizmente o padre Norberto, diretor espiritual, já havia destruído o diário. Em 1959 João XXIII nomeava-o padroeiro principal de todo o Abruzzo.
São Gabriel não nasceu no Abruzzo, mas em Assis, no dia 19 de março de 1838. Foi batizado no mesmo dia e recebeu o nome de Francisco. Em Assis viveu bem pouco tempo porque o pai, Sante Possenti, governador no Estado pontifício, teve encargos em várias localidades, antes de se estabelecer definitivamente em Espoleto, em 1841, na qualidade de assessor. Francisco foi aluno dos Irmãos das Escolas Cristãs e depois dos jesuítas. Com eles ficou estudando até a idade de 18 anos, quando tomou a decisão de ingressar na família religiosa de são Paulo da Cruz.
Acolhido no noviciado de Morrovalle, a 21 de setembro de 1856, vestiu o hábito religioso e assumiu o nome de Gabriel de Nossa Senhora das Dores. Um ano após emitiu os votos religiosos. Ficou dez meses em Morrovalle, depois morou um ano em Pievetorina para completar os estudos filosóficos. A 10 de julho de 1859 chegou com os confrades à Ilha del Gran Sasso. Foi a última etapa da sua peregrinação. Aí morreu a 27 de fevereiro de 1862.
Dele possuímos poucos escritos; um caderno de anotações de aula, com dísticos latinos e poesias italianas, uma coleção de pensamentos dos Padres sobre Nossa Senhora e umas quarenta cartas repletas de devoção à Virgem Dolorosa. Era exemplo de observância religiosa. Foi canonizado (em 1908: beatificação) em 1920. Em 1926 Pio XI nomeava-o co-patrono da Ação Católica.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Gabriel de Nossa Senhora das Dores, rogai por nós!