Beato Guido de Cortona , Presbítero Dia 12 de Junho (Memória Facultativa)
Nome:
Beato Guido de Cortona
Dia 12 de Junho
(Memória Facultativa)
Local: Cortona, Itália
Data: 12 de Junho † c. 1245
Quando São Francisco de Assis esteve em Cortona, em 1211, "indo uma vez, dizem os Fioretti, à tarde, à casa de um grande gentil-homem poderoso, foi por ele recebido e hospedado, com o companheiro, como anjos do Paraiso, com grandíssima cortesia e devoção. Pelo que São Francisco lhe tomou grande amor, considerando que ao entrar em casa o tinha abraçado e beijado amigavelmente, e depois que havia lavado os pés e acendido um grande fogo e preparado a mesa com muito boas iguarias: e enquanto comiam, ele com semblante alegre os servia continuamente".
Esse "grande gentil-homem poderoso" chamava-se Guido Vignotelli, depois conhecido como Guido de Cortona.
Ora, prosseguem os Fioretti, tendo acabado de comer São Francisco e o companheiro, disse esse gentil-homem:
— Eis, meu padre, ofereço-me a vós e as minhas coisas: quando precisardes de túnicas ou de manto ou de outra coisa qualquer, comprai que eu pagarei; e vede que estou pronto a prover-vos em todas as vossas necessidades, porque pela graça de Deus eu o posso, porquanto abundo em todos os bens temporais, e tendo-me Ele dado por amor, eu os dou de boa vontade aos seus pobres".
Pelo que, vendo São Francisco tanta cortesia e afabilidade nele e os grandes oferecimentos, concebeu tanto amor por ele que, tendo depois partido, ia dizendo ao seu companheiro:
— Em verdade esse gentil-homem seria bom para a nossa companhia, o qual é tão grato e reconhecido para com Deus e tão amorável e cortês para com o próximo e os pobres. Deves saber, irmão caríssimo, que a cortesia é a irmã da caridade, a qual extingue o ódio e conserva o amor. E porque reconheci nesse bom homem tanta virtude divina, de boa vontade o quereria para companheiro: por isso quero que um dia tornemos a ele, se talvez Deus lhe tocar o coração e ele quiser ser nosso companheiro no serviço de Deus; e, entretanto, pediremos a Deus que lhe ponha no coração, esse desejo e lhe de a graça de pô-lo em prática.
Admirável coisa! Dai a poucos dias, feita que foi a oração por São Francisco, Deus pôs o desejo no coração daquele gentil-homem. E disse São Francisco ao companheiro:
— Vamos, irmão meu, ao homem cortês, por que tenho certa esperança em Deus, que, com a sua cortesia das coisas temporais, ele se dará a si mesmo para nosso companheiro.
E foram, e chegando perto da casa dele, disse São Francisco ao companheiro:
— Espera-me um pouco, porque quero primeiramente pedir a Deus que torne próspero nosso caminho, e que a nobre presa a qual pensamos de arrancar ao mundo, seja por vontade de Cristo concedida a nós pobrezinhos e débeis pela virtude de sua santíssima paixão.
E dito isso, pôs-se em oração, num lugar em que pudesse ser visto pelo dito homem cortês: de onde, como prouve a Deus, olhando ele distraído para aqui e para ali, viu São Francisco estar em oração devotissimamente diante de Cristo, o qual com grande caridade lhe aparecera na dita oração e estava diante dele.
E via São Francisco ser por bom espaço de tempo levantado da terra corporalmente. Pelo que ele foi tão tocado por Deus e inspirado para deixar o mundo, que no mesmo instante saiu do palácio e no fervor de espírito correu para São Francisco e, aproximando-se dele que estava em oração, ajoelhou-se-lhe aos pés e com grandíssima instância e devoção rogou-lhe que permitisse recebê-lo para fazer penitência juntamente com ele.
Então São Francisco, vendo que sua oração era atendida por Deus e o que ele desejava aquele gentil-homem pedia com instância, pôs-se em pé e em fervor e letícia de espirito o abraçou e beijou devotamente, agradecendo a Deus, o qual tinha aumentado sua companhia com um tão perfeito cavaleiro. E dizia aquele gentil-homem a São Francisco:
Que ordenas que eu faça, padre meu? Eis, estou pronto para dar aos pobres, por tua ordem, o que possuo e a seguir contigo a Jesus, descarregado de todas as coisas temporais.
E assim foi que, segundo a ordem de São Francisco, distribuiu seus bens aos pobres e entrou na Ordem e viveu em grande penitência e santidade de vida e conversação honesta.
Perto da morte, Guido, sexagenário, na sua cela do convento de Cortona, viu que São Francisco lhe aparecia, numa visão, dizendo-lhe carinhosamente, porque o amava muitíssimo:
— Meu filho, eis chegado o tempo da recompensa. Tu já penaste suficientemente. Dentro de três dias, à hora de nona, tornarei para levar-te, com a graça de Deus, ao Paraiso.
Com efeito, era em 1245. Guido de Cortona, naquela hora, recebendo nova visita do Pai Seráfico, exclamou:
— Eis meu querido São Francisco! Todos de pé! Vamos com ele!
E morreu.
Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume X. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 11 jun. 2022.
Beato Guido de Cortona, rogai por nós!