Catecismo
Quem é São Miguel Arcanjo?
por Thiago Zanetti em 18/08/2025 • Você e mais 750 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 6 minutos
Entre todos os anjos mencionados nas Escrituras e na tradição da Igreja Católica, São Miguel Arcanjo ocupa um lugar de destaque singular. Conhecido como o “Príncipe da Milícia Celeste”, ele é venerado como o grande defensor do povo de Deus contra as forças do mal. Mas afinal, quem é São Miguel segundo a doutrina católica?
São Miguel nas Escrituras
A Sagrada Escritura menciona São Miguel em momentos decisivos da história da salvação. Ele aparece em quatro passagens bíblicas principais:
- Daniel 10,13.21; 12,1: São Miguel é descrito como “um dos primeiros príncipes” e o “grande príncipe que protege o povo de Deus”. Já no Antigo Testamento, ele é retratado como protetor de Israel e guerreiro espiritual.
- Judas 1,9: O arcanjo Miguel é mostrado disputando o corpo de Moisés com o diabo, indicando sua função de defensor mesmo após a morte dos justos.
- Apocalipse 12,7-9: É talvez o trecho mais famoso, em que se lê:
“Houve uma batalha no céu: Miguel e seus anjos guerrearam contra o Dragão. O Dragão lutou, juntamente com seus anjos, mas foi derrotado; e eles perderam seu lugar no céu.” (Ap 12,7-8)
Esse combate simboliza a vitória definitiva do bem sobre o mal, do Reino de Deus sobre o império das trevas. Miguel não é apenas um anjo qualquer, mas o comandante das hostes celestes na batalha contra o diabo.
O título: Príncipe da Milícia Celeste
A expressão “Príncipe da Milícia Celeste” tem origem na tradição judaico-cristã, particularmente reforçada pelas passagens do livro do Apocalipse e do livro de Daniel. Na teologia católica, esse título atribui a São Miguel uma liderança única entre os anjos.
O Catecismo da Igreja Católica, ao tratar dos anjos, ensina que eles são “servidores e mensageiros de Deus” (CIC 329) e que “Desde o início até a morte, a vida humana é cercada por sua proteção e por sua intercessão” (CIC 336). Dentro dessa hierarquia angelical, São Miguel ocupa um papel central como líder militar e espiritual.
Na tradição litúrgica, a Igreja invoca Miguel como defensor contra os inimigos da alma e da Igreja. Um exemplo claro disso é a famosa oração de Leão XIII, composta após uma visão sobre ataques espirituais à Igreja:
“São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as maldades e ciladas do demônio. Ordene-lhe Deus, instantemente o pedimos, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que andam pelo mundo para perder as almas. Amém”.
Essa oração, rezada durante décadas ao final da missa, reafirma o papel de Miguel como combatente espiritual e guardião do povo de Deus.
O que a Igreja ensina sobre os anjos?
Para compreender melhor a missão de São Miguel, é necessário entender a doutrina católica sobre os anjos.
1. Natureza espiritual
Segundo o Catecismo (CIC 328-336), os anjos são criaturas puramente espirituais, dotadas de inteligência e vontade. Eles são pessoais e imortais, criados por Deus antes da humanidade, para servi-Lo e colaborar no cumprimento de Seu plano salvífico.
2. Hierarquia angélica
A tradição cristã, baseada nos escritos de Pseudo-Dionísio e reafirmada por Santo Tomás de Aquino, divide os anjos em nove coros celestes, agrupados em três hierarquias. Os arcanjos, como Miguel, Gabriel e Rafael, pertencem à segunda hierarquia, sendo mensageiros de Deus em missões importantes para a humanidade.
3. Missão dos anjos
O Catecismo afirma que os anjos “contemplam constantemente a face do Pai” (Mt 18,10) e ao mesmo tempo são enviados como ministros a serviço dos que devem herdar a salvação (cf. Hb 1,14). Eles nos assistem na luta contra o mal, fortalecem na tentação, guiam no caminho do bem e protegem os fiéis.
São Miguel, nesse contexto, é aquele que lidera esse exército celeste, especialmente nos momentos de combate espiritual.
Devoção a São Miguel na Igreja Católica
A devoção a São Miguel é antiga e profunda. No século IV, foi construída a primeira igreja dedicada a ele, e ao longo dos séculos sua veneração se espalhou pelo mundo. A Igreja celebra sua festa litúrgica em 29 de setembro, junto com os arcanjos Gabriel e Rafael.
Além disso, práticas devocionais como a Coroa de São Miguel Arcanjo (também chamada de Terço de São Miguel – clique aqui para rezar) e os nove dias de oração (novenas – clique aqui para rezar) são comuns entre os fiéis que recorrem à sua intercessão.
O Papa São João Paulo II reafirmou a importância da oração a São Miguel, especialmente no contexto das batalhas espirituais contemporâneas, incentivando seu uso nas famílias e comunidades.
Por que recorrer a São Miguel hoje?
Em um mundo marcado por conflitos espirituais, morais e culturais, a figura de São Miguel se torna ainda mais atual. Ele representa a vitória da verdade sobre a mentira, da luz sobre as trevas, da obediência sobre a rebelião. Em tempos de crise espiritual, a Igreja propõe a devoção a São Miguel como um meio eficaz de proteção, discernimento e fortaleza.
A oração a São Miguel não substitui os sacramentos nem a vida de virtude, mas fortalece o fiel na batalha diária contra o pecado e o mal.
São Miguel Arcanjo é mais do que um símbolo de luta espiritual: é uma presença real na história da salvação e na vida da Igreja. Como “Príncipe da Milícia Celeste”, ele lidera os anjos no combate contra o mal e permanece ao lado dos fiéis, protegendo-os e intercedendo por eles. Ao aprofundar nossa devoção a São Miguel, nos unimos à Igreja na busca pela santidade e pela vitória da graça.
“Quem como Deus?” — esse é o significado do nome Miguel, e essa deve ser também nossa resposta diante de toda tentação de orgulho, idolatria ou autossuficiência.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
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