Catecismo
Tudo o que você precisa saber sobre a Assunção de Nossa Senhora
por Thiago Zanetti em 15/08/2025 • Você e mais 787 pessoas leram este artigo Comentar

Tempo de leitura: 6 minutos
A Assunção de Nossa Senhora é um dos dogmas mais belos da fé católica e celebra a elevação da Virgem Maria, em corpo e alma, à glória do Céu. Mais do que uma doutrina, é uma afirmação de esperança, dignidade humana e vitória sobre a morte. Neste artigo, você vai entender o que a Igreja ensina sobre a Assunção, qual é sua base bíblica e teológica, como essa celebração surgiu e por que ela é tão importante para a espiritualidade cristã.
O que é a Assunção de Maria?
A Assunção de Nossa Senhora é o dogma proclamado pelo Papa Pio XII em 1º de novembro de 1950, na Constituição Apostólica Munificentissimus Deus. Segundo esse ensinamento:
“declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial”. (Munificentissimus Deus, n. 44).
Isso significa que Maria não passou pela corrupção do corpo na morte, mas foi levada ao Céu de maneira íntegra, como antecipação da ressurreição prometida a todos os fiéis no fim dos tempos.
A Assunção é bíblica?
Embora a palavra “Assunção” não apareça literalmente na Bíblia, o dogma tem fundamentos sólidos na Tradição Apostólica e está em harmonia com as Escrituras. A teologia católica entende que a revelação de Deus se dá pela Sagrada Escritura e pela Sagrada Tradição (cf. Dei Verbum, 9), e a Assunção é um exemplo de ensinamento transmitido pela Tradição e reconhecido ao longo dos séculos pela Igreja.
Vejamos algumas imagens bíblicas que sustentam essa crença:
- Apocalipse 12,1: “Apareceu no céu um grande sinal: uma mulher vestida de sol, tendo a lua debaixo dos seus pés e, sobre a cabeça, uma coroa de doze estrelas.”
A tradição vê nessa mulher uma figura de Maria glorificada, associada à Igreja e à vitória sobre o mal.
- Salmo 132,8: “Levanta-te, Senhor, vem para o lugar do teu repouso, tu e a arca do teu poder.”
A arca da Aliança é frequentemente interpretada como símbolo de Maria, aquela que levou em seu ventre o próprio Verbo encarnado.
- Lucas 1,48: “Todas as gerações, de agora em diante, me chamarão bem-aventurada.”
A glorificação de Maria no Céu é o cumprimento dessa profecia do Magnificat.
Por que Maria foi assunta ao Céu?
A Assunção é um dom especial concedido por Deus a Maria em razão de sua maternidade divina e de sua santidade única. Como Mãe do Salvador e totalmente preservada do pecado original desde sua concepção (Imaculada Conceição), ela foi associada de modo especial à vitória de Cristo sobre o pecado e a morte.
O Catecismo da Igreja Católica explica:
“A Assunção da Virgem Maria é uma participação singular na Ressurreição de seu Filho e uma antecipação da ressurreição dos outros cristão.” (CIC, 966)
Portanto, Maria é o primeiro fruto da vitória de Cristo que também nos aguarda.
Quando a Igreja começou a celebrar a Assunção?
Desde os primeiros séculos, os cristãos veneravam a “Dormição de Maria”, especialmente no Oriente. Já no século VI, o imperador bizantino Maurício estabeleceu a festa em 15 de agosto. No Ocidente, a celebração foi sendo difundida até tornar-se universal. Em 1950, a Igreja confirmou oficialmente o que o povo de Deus já cria havia séculos: Maria foi elevada ao Céu.
A Assunção e a nossa esperança
Mais do que um privilégio individual, a Assunção é um sinal profético para toda a humanidade. Maria já vive o destino que Deus quer para todos: a união perfeita com Ele, em corpo e alma, na glória eterna.
O Papa Bento XVI na Audiência Geral, 16/08/2006 disse:
“A Assunção recorda um mistério que diz respeito a cada um de nós […]”
“Ao contemplar Maria na glória celeste, compreendemos que também para nós a terra não é a pátria definitiva e que, se vivermos voltados para os bens eternos, um dia partilharemos a sua mesma glória e também a terra se tornará mais bela”.
Assim, a Assunção nos consola diante da morte, nos inspira a buscar a santidade e nos recorda que o nosso corpo, hoje tantas vezes ferido pelo pecado, está destinado à glorificação.
Qual a diferença entre Assunção e Ascensão?
Uma dúvida comum: Jesus ascendeu ao Céu por seu próprio poder divino (Ascensão). Já Maria foi assunta, ou seja, foi levada ao Céu pelo poder de Deus. A Ascensão é um ato de Cristo, enquanto a Assunção é uma ação divina sobre Maria. Ambas, no entanto, manifestam a vitória do Senhor sobre a morte e o destino glorioso da humanidade redimida.
Como celebrar a Assunção de forma prática?
- Participe da Missa do dia 15 de agosto, solenidade litúrgica dedicada à Assunção.
- Reze o Mistério Glorioso do Rosário, contemplando a Assunção.
- Faça uma consagração pessoal à Nossa Senhora como sinal de imitação e entrega.
- Medite sobre a esperança cristã e sobre o destino eterno da alma e do corpo.
A Assunção de Nossa Senhora é um mistério de fé que nos convida à esperança, à pureza e à confiança no amor de Deus. Ela é sinal daquilo que todos nós esperamos: a vida eterna, a ressurreição gloriosa e a união plena com o Senhor. Ao contemplar Maria no Céu, renovamos a certeza de que a última palavra da nossa história não é a morte — é a glória.

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
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