Sábado da 2ª Semana da Quaresma
Antífona de entrada
Vernáculo:
Chegue a minha oração até a vossa presença, inclinai vosso ouvido a meu triste clamor! Sl. A vós clamo, Senhor, sem cessar, todo o dia, e de noite se eleva até vós meu gemido. (Cf. LH: Sl 87, 3 e 2)
Coleta
Ó Deus, que pela vossa graça já nos dais na terra participar dos bens do céu, guiai-nos de tal modo nesta vida que possamos chegar à luz em que habitais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Mq 7, 14-15. 18-20
Leitura da Profecia de Miqueias
14Apascenta o teu povo com o cajado da autoridade, o rebanho de tua propriedade, os habitantes dispersos pela mata e pelos campos cultivados; que eles desfrutem a terra de Basã e de Galaad, como nos velhos tempos. 15E, como foi nos dias em que nos fizeste sair do Egito, faze-nos ver novos prodígios. 18Qual Deus existe, como tu, que apagas a iniquidade e esqueces o pecado daqueles que são resto de tua propriedade? Ele não guarda rancor para sempre, o que ama é a misericórdia. 19Voltará a compadecer-se de nós, esquecerá nossas iniquidades e lançará ao fundo do mar todos os nossos pecados.20Tu manterás fidelidade a Jacó e terás compaixão de Abraão, como juraste a nossos pais, desde tempos remotos.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 102(103), 1-2. 3-4. 9-10. 11-12 (R. 8a)
℟. O Senhor é indulgente e favorável.
— Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! ℟.
— Pois ele te perdoa toda culpa, e cura toda a tua enfermidade; da sepultura ele salva a tua vida e te cerca de carinho e compaixão; ℟.
— Não fica sempre repetindo as suas queixas, nem guarda eternamente o seu rancor. Não nos trata como exigem nossas faltas, nem nos pune em proporção às nossas culpas. ℟.
— Quanto os céus por sobre a terra se elevam, tanto é grande o seu amor aos que o temem; quanto dista o nascente do poente, tanto afasta para longe nossos crimes. ℟.
℣. Vou voltar e encontrar o meu pai e direi: meu pai, eu pequei contra o céu e contra ti. (Lc 15, 18) ℟.
Evangelho — Lc 15, 1-3. 11-32
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus: “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”.
3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 11“Um homem tinha dois filhos. 12O filho mais novo disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu os bens entre eles. 13Poucos dias depois, o filho mais novo juntou o que era seu e partiu para um lugar distante. E ali esbanjou tudo numa vida desenfreada.
14Quando tinha gasto tudo o que possuía, houve uma grande fome naquela região, e ele começou a passar necessidade. 15Então foi pedir trabalho a um homem do lugar, que o mandou para seu campo cuidar dos porcos. 16O rapaz queira matar a fome com a comida que os porcos comiam, mas nem isto lhe davam.
17Então caiu em si e disse: ‘Quantos empregados do meu pai têm pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome’. 18Vou-me embora, vou voltar para meu pai e dizer-lhe: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti; 19já não mereço ser chamado teu filho. Trata-me como a um dos teus empregados’.
20Então ele partiu e voltou para seu pai. Quando ainda estava longe, seu pai o avistou e sentiu compaixão. Correu-lhe ao encontro, abraçou-o e cobriu-o de beijos. 21O filho, então, lhe disse: ‘Pai, pequei contra Deus e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho’.
22Mas o pai disse aos empregados: ‘Trazei depressa a melhor túnica para vestir meu filho. E colocai um anel no seu dedo e sandálias nos pés. 23Trazei um novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. 24Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado’. E começaram a festa.
25O filho mais velho estava no campo. Ao voltar, já perto de casa, ouviu música e barulho de dança. 26Então chamou um dos criados e perguntou o que estava acontecendo. 27O criado respondeu: ‘É teu irmão que voltou. Teu pai matou o novilho gordo, porque o recuperou com saúde’.
28Mas ele ficou com raiva e não queria entrar. O pai, saindo, insistia com ele. 29Ele, porém, respondeu ao pai: ‘Eu trabalho para ti há tantos anos, jamais desobedeci a qualquer ordem tua. E tu nunca me deste um cabrito para eu festejar com meus amigos. 30Quando chegou esse teu filho, que esbanjou teus bens com prostitutas, matas para ele o novilho cevado’.
31Então o pai lhe disse: ‘Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. 32Mas era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido, e foi encontrado”’.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Illúmina óculos meos, nequándo obdórmiam in morte: nequándo dicat inimícus meus: praeválui advérsus eum. (Ps. 12, 4. 5)
Vernáculo:
Não deixeis que se me apague a luz dos olhos e se fechem, pela morte, adormecidos! Que o inimigo não me diga: “Eu triunfei!” (Cf. LH: Sl 12, 4bc. 5a)
Sobre as Oferendas
Senhor, por este sacramento venham até nós os frutos da redenção; que eles sempre nos afastem dos excessos humanos e nos conduzam aos dons da salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Filho, era preciso festejar e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e tornou a viver, estava perdido e foi encontrado. (Cf. MR: Lc 15, 32)
Depois da Comunhão
Senhor, o divino sacramento que recebemos penetre o íntimo do nosso coração e nos faça participar da sua força. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 22/03/2025
A caminho da casa do Pai
Deus nos chama de volta à casa como a filhos pródigos que quiseram arrebatar por si mesmos uma herança de glória e felicidade que só Ele, em sua liberalidade, nos pode outorgar.
A Igreja proclama neste sábado uma das páginas mais fantásticas de todo o Evangelho: a parábola do filho pródigo, que simboliza, de algum modo, a grande Quaresma a que se reduz a nossa vida sobre a terra. Sim, toda a nossa vida constitui uma larga Quaresma, ou seja, um tempo forte de preparação para a nossa páscoa definitiva, quando nos fizermos partícipes da Ressurreição de Cristo no Fim dos Tempos. Mas em que consiste, afinal, o itinerário desta vida? Em um grande retorno à casa do Pai. No filho pródigo, egoísta e afastado de sua origem, está representada a humanidade inteira, que, buscando a felicidade entre as bolotas dos porcos, não sabe que a única alegria verdadeira só se encontra em Deus. Adão quis ser feliz sem Ele; mas a felicidade só é possível se formos família com o Senhor. Adão quis tomar para si algo que só Deus nos pode dar: “Dá-me a parte da herança que me cabe”, e por isso se viu perdido, longe de casa, a buscar com o que alimentar-se na imundície duma pocilga. Mas Deus alcança o pecador com a sua graça; Ele nos fala, e fala de um modo especial aos que se rebaixaram às piores baixezas, fazendo-os cair em si e ouvir dentro do próprio coração o chamado de volta: “Vem para o Pai”. Todos percorremos esse caminho de volta à casa paterna, alguns mais à frente, outros menos adiante, muitos quebrantados, mas todos chamados a um único ponto de chegada. Que o Senhor que nos chama dê-nos graça e força para não desistirmos, parados à beira do caminho. Que o consolo que a Virgem SS. oferece a nós, pecadores aflitos, dê-nos o alento necessário para levarmos sempre uma vida cristã, cujo termo seja uma morte piedosa e a entrada definitiva na mansão eterna que, desde antes da fundação do mundo, está à nossa espera.
Deus abençoe você!
Santo do dia 22/03/2025
Santa Leia (Memória Facultativa)
Local: Roma, Itália
Data: 22 de Março † c. 383
No ano de 384 em Roma morriam quase contemporaneamente o patrício Vécio Agorio Pretestato, cônsul designado para prefeito da Urbe, e a matrona Leia, que ficara viúva muito jovem e não quis contrair segundas núpcias com rico representante da nobreza romana, para aderir às primeiras comunidades cristãs organizadas por são Jerônimo. Este fora caluniado de exercer fascínio não só espiritual sobre as virtuosas matronas Marcela, Paula, Proba e Leia; não gostou das insinuações e se retirou para as proximidades de Belém levando rigorosa vida solitária.
Quando soube da morte da matrona e do cônsul escreveu uma longa carta. Essa carta é o único documento sobre a vida da santa, mas que documento! Escreve o santo doutor: “Pelo coral dos anjos ela foi escoltada até o seio de Abraão e, como Lázaro outrora pobre, vê agora o rico cônsul outrora vestido de púrpura, e que, agora, não está adornado da palma mas envolvido na escuridão. Este pede a Leia que lhe deixe cair uma gota do seu dedo minguinho”. São Jerônimo gostava dos paralelismos, por isso as comparações lhe são espontâneas.
Vécio Agorio passa dos esplendores da terra às trevas do esquecimento. Leia, cuja vida era considerada uma loucura, eis que segue Cristo na glória porque seguiu-o na total renúncia. Leia consagrara-se totalmente ao Senhor, tornando-se a madre superiora de muitas virgens. Trocou as delicadas vestes por um rude saco, passou noites inteiras em oração, foi mestra de perfeição mais com o exemplo do que com a palavra. Sua humildade era tão profunda e sincera que se considerava escrava das outras. Sua veste desprezível, seu alimento grosseiro, não enfeitava o corpo e, enquanto fazia boas obras e cumpria os deveres, procurava fazê-lo de modo que não chamasse a atenção de ninguém para sua recompensa não ser nesta vida. Esse fenômeno de loucura, que a fez escolher o âmbito estreito de uma cela preferindo-o a uma luxuosa e espaçosa mansão de primeira dama romana, mereceu-lhe um pedestal de glória eterna.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Leia, rogai por nós!