Doutrina Católica

A humildade de Maria: a grandeza de quem se fez pequena

por Thiago Zanetti em 30/07/2025 • Você e mais 763 pessoas leram este artigo Comentar


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Tempo de leitura: 5 minutos

Em um mundo que exalta a autopromoção, a ambição e o brilho pessoal, a figura de Maria, Mãe de Jesus, brilha por contraste. Sua grandeza está justamente em sua humildade silenciosa, em seu “sim” obediente, em seu coração que não buscava aplausos, mas apenas agradar a Deus.

A humildade de Maria não é passividade. É uma força interior que a fez cooperar livremente com a vontade divina.

1. Maria foi a humilde por excelência

A Igreja sempre reconheceu Maria como o modelo supremo de humildade entre todas as criaturas humanas. Essa virtude, que é a base de todas as outras, brilhou de modo único na vida da Mãe de Deus.

“Maria é a criatura que de modo singular abriu totalmente a porta ao seu Criador, colocando-se nas suas mãos sem quaisquer limites”.
(Papa Bento XVI, Audiência Geral, 19 de dezembro de 2012)

Maria não se exaltou diante do anúncio do anjo. Ao contrário, disse:

“Eis aqui a serva do Senhor” (Lc 1,38).

O termo serva (em grego, doulé) designa não apenas alguém que serve, mas uma pessoa totalmente entregue à vontade de outro. Maria se apresenta como totalmente disponível a Deus.

2. A humildade atrai o olhar de Deus

Na oração do Magnificat, Maria mesma reconhece o motivo pelo qual Deus a escolheu:

“Porque ele olhou para a humildade de sua serva” (Lc 1,48).

Ela não atribui a eleição divina a méritos próprios, mas ao olhar misericordioso de Deus. Essa frase mostra que a humildade é aquilo que atrai o coração de Deus. 

São Afonso de Ligório afirmou:

“A Virgem quanto mais enriquecida se via, mais se humilhava”.

3. Maria não buscava reconhecimento

Em toda a vida pública de Jesus, Maria nunca tentou se destacar, nunca disputou lugar com os apóstolos, nunca buscou protagonismo. Sua presença era discreta, atenta, silenciosa.

“Maria, cuja humildade e graça são o espelho da incomensurável excelência de Deus.”
(São Bernardo de Claraval, Sermão sobre o Magnificat)

No Calvário, ela estava lá. Firme, de pé. Mas sem exigir nada para si.

“Junto à cruz de Jesus estavam de pé sua mãe” (Jo 19,25).

Estava onde quase ninguém teve coragem de ficar — e ali, sem palavras, foi novamente o exemplo da mulher que se abandona a Deus.

4. A humildade de Maria não era fraqueza

Muitas vezes, confundimos humildade com passividade ou fraqueza. Mas a humildade verdadeira é uma força interior que nasce da verdade: saber quem somos diante de Deus.

“Maria, de fato, não atribui prerrogativas a si mesma, não reivindica nada, não atribui nada a si mesma. Ela não se lisonjeia, ela não se exalta. Porque, em sua humildade, sabe que recebe tudo de Deus. Portanto, ela está livre de si mesma, totalmente voltada para Deus e aos outros. Maria Imaculada não tem olhos para si mesma. Esta é a verdadeira humildade: não ter olhos para si mesmo, mas para Deus e para os outros”.
(Papa Francisco, Angelus, 8 de dezembro de 2021).

Maria foi forte porque foi humilde. Ela não se deixou dominar pelo medo ou pela vaidade. Confiou, mesmo sem entender tudo. Caminhou, mesmo sem ter todas as respostas.

5. O exemplo de Maria para nós hoje

O exemplo da humildade de Maria é mais necessário do que nunca. Vivemos em uma cultura que valoriza quem se impõe, quem fala mais alto, quem conquista visibilidade. Mas o Reino de Deus segue outra lógica:

“Aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilhar será exaltado” (Mt 23,12).

Maria viveu essa verdade. Ela foi exaltada por Deus porque se fez pequena. E isso nos ensina que o caminho da santidade passa pelo reconhecimento da nossa pequenez e pela entrega confiante à vontade divina.

6. Humildade: chave para a ação de Deus em nós

Deus age plenamente onde há espaço. O orgulho fecha as portas à graça, mas a humildade as escancara. Por isso, a vida de Maria foi um campo aberto para Deus operar maravilhas.

“Porque o Poderoso fez para mim coisas grandiosas. O seu nome é santo.” (Lc 1,49).

Maria não diz que ela fez maravilhas, mas que Deus as fez nela. Reconhecer isso é a essência da humildade: dar glória a Deus, não a si mesmo.

Aprender com a escola de Maria

A humildade de Maria não é uma ideia abstrata, mas uma escola concreta de vida cristã. Ela nos ensina a:

  • Aceitar a vontade de Deus, mesmo quando não compreendemos;
  • Reconhecer nossos limites, sem nos desesperar;
  • Evitar buscar prestígio, mas fazer o bem no escondimento;
  • Confiar mais em Deus do que em nossas capacidades;
  • Colocar-nos inteiramente a serviço, como ela fez.

Santo Inácio de Loyola dizia:

“A verdadeira humildade consiste em se persuadir e se convencer de que sem Deus somos insignificantes e desprezíveis; e em aceitar que nos tratamos como tal.”

Maria sabia quem era: uma serva. E por isso, foi exaltada como Rainha do Céu e da Terra. Que aprendamos com Ela essa humildade que gera grandeza diante de Deus.

Thiago Zanetti

Por Thiago Zanetti
Jornalista, copywriter e escritor católico. Graduado em Jornalismo e Mestre em História Social das Relações Políticas, ambos pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). É autor dos livros Mensagens de Fé e Esperança (UICLAP, 2025), Deus é a resposta de nossas vidas (Palavra & Prece, 2012) e O Sagrado: prosas e versos (Flor & Cultura, 2012).
Acesse o Blog: www.thiagozanetti.com.br
Siga-o no Instagram: @thiagoz.escritor




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