6ª feira da 4ª Semana do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
Gloriai-vos em seu nome que é santo, exulte o coração que busca a Deus! Procurai o Senhor Deus e seu poder, buscai constantemente a sua face! Sl. Dai graças ao Senhor, gritai seu nome, anunciai entre as nações seus grandes feitos! (Cf. LH: Sl 104, 3. 4 e 1)
Coleta
Concedei-nos, Senhor nosso Deus, adorar-vos de coração sincero e amar todas as pessoas com verdadeira caridade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Hb 13, 1-8
Leitura da Carta aos Hebreus
Irmãos, 1perseverai no amor fraterno. 2Não esqueçais a hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber. 3Lembrai-vos dos prisioneiros, como se estivésseis presos com eles, e dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo! 4O matrimônio seja honrado por todos e o leito conjugal, sem mancha; porque Deus julgará os imorais e adúlteros. 5Que o amor ao dinheiro não inspire a vossa conduta. Contentai-vos com o que tendes, porque ele próprio disse: “Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei”. 6De modo que podemos dizer, com ousadia: “O Senhor é meu auxílio, jamais temerei; que poderá fazer-me o homem?” 7Lembrai-vos de vossos dirigentes, que vos pregaram a palavra de Deus, e considerando o fim de sua vida, imitai-lhes a fé. 8Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje e por toda a eternidade.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 26(27), 1. 3. 5. 8b-9abc (R. 1a)
℟. O Senhor é minha luz e salvação!
— O Senhor é minha luz e salvação; de quem eu terei medo? O Senhor é a proteção da minha vida; perante quem eu tremerei? ℟.
— Se contra mim um exército se armar, não temerá meu coração; se contra mim uma batalha estourar, mesmo assim confiarei. ℟.
— Pois um abrigo me dará sob o seu teto nos dias da desgraça; no interior de sua tenda há de esconder-me e proteger-me sobre a rocha. ℟.
— Senhor, é vossa face que eu procuro; não me escondais a vossa face! Não afasteis em vossa ira o vosso servo, sois vós o meu auxílio! Não me esqueçais nem me deixeis abandonado. ℟.
℣. Felizes os que observam a palavra do Senhor, de reto coração, e que produzem muitos frutos, até o fim perseverantes! (Cf. Lc 8, 15) ℟.
Evangelho — Mc 6, 14-29
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 14o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”. Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”.
16Ouvindo isto, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado. 18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu to darei”. 23E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”.
24Ela saiu e perguntou à mãe: “Que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”.
26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Bonum est confiteri Domino, et psallere nomini tuo, altissime. (Ps. 91, 2)
Vernáculo:
Como é bom agradecermos ao Senhor e cantar salmos de louvor ao Deus Altíssimo! (Cf. LH: Sl 91, 2)
Sobre as Oferendas
Apresentamos, Senhor, no vosso altar os dons do nosso serviço. Acolhei-os com bondade e transformai-os em sacramento da nossa redenção. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra. (Mt 5, 3-5)
Vernáculo:
Mostrai serena a vossa face ao vosso servo e salvai-me pela vossa compaixão. Não serei confundido, Senhor, porque vos invoquei. (Cf. MR: Sl 30, 17-18)
Depois da Comunhão
Alimentados com o sacramento da nossa redenção, nós vos pedimos, Senhor, que, com este auxílio de salvação eterna, cresça sempre mais a verdadeira fé. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 07/02/2025
A vaidade de Herodes
Este Evangelho é uma salutar advertência a todos nós que, embora aceitemos a Palavra de Deus, mais amamos parecer do que ser efetivamente santos.
Lemos no Evangelho desta 6.ª-feira a respeito martírio de São João Batista, degolado por causa da vaidade de Herodes. Vemos, pois, a imensidade deste pecado, o seu poder destrutivo, a sua força corruptora. O tetrarca, de fato, se comprazia em ouvir as pregações do Batista: gostava de o escutar, "embora ficasse embaraçado" ao ver-se tão pecador e, ao mesmo tempo, tão indisposto ao arrependimento. Envergonhava-se, quem sabe, de ver-se como efetivamente era: mesquinho e pecador; não se envergonhava, contudo, de sua mesquinharia e de seus pecados. Com efeito, Herodes se agradava ao ouvir a Palavra de Deus; não estava preocupado, porém, em ele próprio agradar ao Senhor. Eis aqui a raiz de sua iniquidade, eis o princípio de suas ações terríveis. Ora, por ser cheia de verdade e justiça, a Palavra de Deus atrai os corações, ilumina as inteligências; mas de nada adianta ouvi-la se não se está disposto a pagar o preço da conversão que ela nos exige.
Chegara, enfim, o "tempo oportuno". Em meio à destemperança de teus festejos, ó Herodes, ainda que o tenhas feito a contragosto, preferiste dar cabo do Batista a desagradar aos convivas. Preferiste tirar a vida de um justo a perder o aplauso dos ímpios. Como poderias crer, ó Herodes, tu que, ainda que te deleites com pregações e homilias, recebes a glória dos teu fâmulos, e não buscas a glória que é só de Deus (cf. Jo 5, 44)? Daqui se vê o que realmente separa o justo de um ímpio. O primeiro quer agradar a Deus; o segundo, apenas a si mesmo. O justo vai à Igreja por amor e renúncia; o ímpio, por vaidade e passatempo. O primeiro, arrependido de suas faltas, escuta: "Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão", e vai logo fazer penitência, deixando para trás a sujeira de sua velha vida; o segundo, ao ouvir a mesma pregação, decide fazer-se de surdo e matar o pregador. Se a Igreja admoesta o justo com incômodas verdades, logo ele se conforma ao que lhe manda a Esposa de Cristo; o ímpio, ao contrário, se não lhe apraz este ou aquele ponto da doutrina, antes julga melhor repreender a Igreja e conformá-la às suas próprias loucuras.
Que Herodes seja para nós, igrejeiros tão pouco cristãos, um aviso sério de que uma vida de verdadeira santidade é muito mais do que devoções ou piedades. Temos de estar dispostos a querer agradar a Deus acima de todas as vanglórias humanas, de todos os olhares deste mundo, ainda que isto nos custe o sangue, nos custe amizades, nos custe a "boa fama" que poderíamos construir. Que o bem-aventurado Precursor do Senhor, com o exemplo de seu martírio, nos evangelize hoje e nos faça livres da "beatice" superficial e maquilada de um Herodes Agripa. Seja o nosso amor pronto a tudo entregar por Deus, a tudo sofrer por Deus, a tudo perder por Deus.
Deus abençoe você!
Santo do dia 07/02/2025
Festa das Cinco Chagas do Senhor (Festa)
Data: 07 de Fevereiro
Celebra-se a 7 de fevereiro e tem uma longa tradição que remonta aos primórdios da nacionalidade, estando presente nas bandeiras nacionais, sendo um dos poucos, senão o mais explícito símbolo que permaneceu nos mais diversos tempos.
Originária em São Bernardo, este culto manifesta uma dimensão marcadamente cristológica no nosso país. As chagas simbolizam a totalidade da Paixão e mais ainda da ressurreição. Esta festa recorda-nos o mistério da Redenção de Cristo em nosso favor. A sua atualidade reside essencialmente nisto. É para Jesus Cristo que se dirige a nossa adoração, celebrando esta festa, para Ele que nos amou infinitamente e que nos manifestou esse amor através das suas Chagas. A popularidade desta festa era tal que levou o Papa Bento XIV a instituir esta festa litúrgica para o nosso país, com Ofício e Missa próprios, como ainda hoje acontece.
S. João conta que no dia da ressurreição, ao entardecer, os discípulos tinham-se reunido em casa com as «portas fechadas com medo dos judeus» (Jo 20, 19). Estavam fechados, cheios de temor. Então, «veio Jesus, apresentou-se no meio deles e disse-lhes: – A paz esteja convosco. E dito isto mostrou-lhes as mãos e o lado» (Jo 20, 19-20). De repente, o desânimo daqueles homens transformou-se numa profunda alegria. Receberam a paz que o Senhor lhes trazia e acolheram depois o dom do Espírito Santo (Cf. Jo 20, 22).
Muitos detalhes chamam a atenção nesta cena do Evangelho. O que é que os apóstolos esperavam? Jesus apresenta-se inesperadamente diante deles e a sua presença enche-os de alegria e de paz. Conhecemos algumas das suas palavras e dos seus gestos, mas como seria o olhar que lhes dirigiu? Tinham-no abandonado. Deixaram-no sozinho. Fugiram covardemente. No entanto, o Senhor não os censura. Ele próprio o tinha anunciado. Sabia que daquela debilidade podia surgir uma profunda conversão: «Eu roguei por ti» – dizia a Pedro antes da paixão – «para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma os teus irmãos» (Lc 22, 31-32). O coração contrito dos apóstolos podia acolher agora mais plenamente o Amor que Deus lhes oferecia. De outro modo, talvez eles – e Pedro a cabeça – teriam continuado a contar demasiado com as suas próprias forças.
Por outro lado, porque é que Jesus lhes mostra as mãos e o lado? Ficou neles um rastro evidente do tormento da crucifixão. E, no entanto, a vista das chagas não os enche de dor, mas de paz; não lhes provoca rejeição, mas alegria. Pensando bem, essas marcas dos cravos e da lança são um selo do Amor de Deus. Trata-se de um detalhe cheio de sentido: Jesus quis que no seu corpo permanecessem as feridas da Paixão depois de ressuscitar para que não ficasse nenhum resquício de desconfiança e ninguém pudesse pensar que, à vista da nossa resposta tantas vezes medíocre e mesmo fria, se ia arrepender do que tinha feito. O Amor de Cristo é firme e plenamente consciente.
Além disso, para o incrédulo Tomé, as chagas serão o sinal inequívoco da Ressurreição. Jesus é o Filho de Deus, que verdadeiramente morreu e ressuscitou pelos nossos pecados. «As chagas de Jesus – ensina o Papa – são um escândalo para a fé, mas são também a comprovação da Fé. Por isso, no corpo de Cristo ressuscitado as chagas não desaparecem, permanecem, porque aquelas chagas são o sinal permanente do amor de Deus por nós e são indispensáveis para crer em Deus. Não para crer que Deus existe, mas para crer que Deus é amor, misericórdia, fidelidade. S. Pedro, citando Isaías, escreve aos cristãos: «As Suas feridas curaram-nos» (1P 2, 24; cf. Is 53, 5)».
A tradição espiritual encontrou nas chagas do Senhor um manancial de doçura. S. Bernardo, por exemplo, escrevia: «Através destas fissuras, posso provar mel silvestre e azeite de rochas de pedernal (cf. Dt 32, 13), quer dizer, posso saborear e ver como o Senhor é bom». Nessas feridas reconhecemos o Amor de Deus sem medida. Do seu coração trespassado brota o dom do Espírito Santo (cf. Jo 7, 36-39). Ao mesmo tempo, as feridas do Senhor são um refúgio seguro. Descobrir a profundidade dessas fendas pode abrir um novo Mediterrâneo na nossa vida interior.
«A Chaga Santíssima da mão direita do meu Senhor»
«Metei-vos nas chagas de Cristo», sugeria S. João de Ávila: «aí, diz Ele, que mora a sua pomba, que é a alma que em simplicidade o procura». «Nas Vossas chagas, escondei-me», reza uma conhecida oração. Também S. Josemaria fará seu este modo de se aproximar do Mestre, tão arraigado entre os cristãos. Assim, em 1933, anota: «Meter-me, cada dia, numa chaga do meu Jesus».
As chagas de Jesus são um recordatório perene do seu Amor, que chegou ao extremo no seu sacrifício na Cruz. Deus não se arrepende de nos amar. Por isso, a contemplação desse seu Amor é uma fonte de esperança. À vista do Ressuscitado, que conserva as marcas da sua Paixão, apercebemo-nos de que «precisamente ali, no ponto extremo da sua humilhação – que é também o ponto mais alto do amor – germinou a esperança. Se algum de vós pergunta: “Como nasce a esperança?”. “Da cruz. Olha para a cruz, olha para Cristo Crucificado e dali te chegará a esperança que já não desaparece, essa que dura até à vida eterna”». Na Cruz nasceu e renasce sempre a nossa esperança. Assim, «com Jesus cada obscuridade nossa pode ser transformada em luz, toda a derrota em vitória, toda a desilusão em esperança. Toda: sim, toda». É essa segurança que fazia exclamar a S. Paulo: «Quem nos afastará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, ou a espada? (…) Mas em todas essas coisas vencemos amplamente graças àquele que nos amou» (Rm 8, 35.37).
Ao constatar a nossa debilidade e o nosso pecado, frequentemente pode colar-se na nossa alma, de diversos modos, a tentação da desesperança. O que no momento tínhamos aceitado talvez com frivolidade ou com certa condescendência, apresenta-se de repente como um absurdo «não», uma bofetada a Deus que nos ama. Também a nossa resposta tíbia e sem vontade pode ser um motivo de desespero. Mas tudo isso não é mais do que uma série de tentações da mesma coisa que nos fez cair. Contemplar as chagas do Senhor pode ser o melhor modo de reagir: as suas chagas recordam-nos que o seu amor é «forte como a morte» (Cant 8, 16). Mais ainda, porque o seu Amor venceu a morte. Um poeta contemporâneo expressa-o de um modo tão sintético quão formoso: «Lavado pela água do lado / e dentro da ferida defendido / de tanto não que só traz nada, / de tanto tíbio sim, de tanta trégua».
Voltar a contemplar a humanidade do Senhor, ferida pelos nossos pecados, ressuscitada, pode ser para nós uma fonte de esperança. Como aos apóstolos, Jesus não nos olha com ressentimento. Não nos lança à cara os nossos pecados, as nossas debilidades, as nossas traições. Pelo contrário, reafirma-nos, porque o seu amor é verdadeiramente incondicional. Não nos diz: «Amo-te, se te portas bem», mas «Amo-te, para mim és um tesouro, e continuarás a sê-lo aconteça o que acontecer». Essa consciência, que pode nascer contemplando as feridas abertas no corpo do Senhor, encher-nos-á de alegria e de paz. Aconteça o que acontecer, podemos refugiar-nos nelas, acolhendo-nos de novo ao perdão de Deus: «Na minha vida pessoal – contava o Papa numa homilia – vi muitas vezes o rosto misericordioso de Deus, a sua paciência; vi também em muitas pessoas a determinação de entrar nas chagas de Jesus, dizendo-Lhe: “Senhor estou aqui, aceita a minha pobreza, esconde nas tuas chagas o meu pecado, lava-o com o teu sangue”. E vi sempre que Deus o fez, acolheu, consolou, lavou, amou».
Reconhecer a nossa pequenez não é uma derrota, nem uma humilhação. Poderia sê-lo, se Deus fosse alguém que quisesse dominar-nos. Mas não é. É o Amor que O move: o Amor incondicional que nos dá, e que espera que saibamos acolher.
Meter-nos nas chagas de Cristo, pelo caminho da compaixão e da contemplação, pode abrir-nos um autêntico Mediterrâneo: aprendemos assim a refugiar-nos nessas feridas de Amor, e a amar com todo o coração aqueles que nos rodeiam, começando pelos que mais o necessitam, que muitas vezes estão à beira do caminho, na nossa própria casa.
Fonte: opusdei.org (adaptado)