4ª feira do Tempo do Natal depois da Epifania
Memória Facultativa
São Raimundo de Penhaforte, Presbítero
Antífona de entrada
Ecce advénit dominátor Dóminus: et regnum in manu eius, et potéstas, et impérium. Ps. 1. Deus, iudícium tuum regi da: et iustítiam tuam fílio regis. 2. Reges Tharsis et ínsulae múnera ófferent: reges Arabum et Saba dona addúcent. 3. Et adorábunt eum omnes reges terrae: omnes gentes sérvient ei. (Cf. Mal. 3, 1; I Chron. 29, 12; ℣. Ps. 71, 1. 10. 11)
Vel:
Lux fulgébit hódie super nos: quia natus est nobis Dóminus: et vocábitur Admirábilis, Deus, Princeps pacis, Pater futúri saéculi: cuius regni non erit finis. Ps. Dóminus regnávit, decórem indútus est: indútus est Dóminus fortitúdinem, et praecínxit se. (Cf. Is. 9, 2. 6; Lc. 1, 33; Ps. 92)
Vernáculo:
Eis que vem o Senhor dos senhores, em suas mãos, o reino, o poder e o império. Sl. 1. Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça ao descendente da realeza! 2. Os reis de Társis e das ilhas hão de vir e oferecer-lhes seus presentes e seus dons; e também os reis de Seba e de Sabá hão de trazer-lhe oferendas e tributos. 3. Os reis de toda a terra hão de adorá-lo, e todas as nações hão de servi-lo. (Cf. MR: Ml 3, 1; 1Cr 29, 12; ℣. Sl 71, 1. 10. 11)
Ou:
Hoje a luz brilhará sobre nós, porque nasceu para nós o Senhor; ele será chamado Admirável, Deus, Príncipe da paz, Pai do mundo novo, o seu reino não terá fim. (Cf. MR: Is 9, 2. 6; Lc 1, 33) Sl. Deus é Rei e se vestiu de majestade, revestiu-se de poder e de esplendor! (Cf. LH: Sl 92)
Coleta
Ó Deus, luz de todas as nações, concedei aos povos da terra viver em perene paz, e infundi em nossos corações aquela luz admirável que fizestes brilhar nos corações dos nossos pais. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — 1Jo 4, 11-18
Leitura da Primeira Carta de São João
11Caríssimos, se Deus nos amou assim, nós também devemos amar-nos uns aos outros. 12Ninguém jamais viu a Deus. Se nos amamos uns aos outros, Deus permanece conosco e seu amor é plenamente realizado entre nós.
13A prova de que permanecemos com ele, e ele conosco, é que ele nos deu o seu Espírito. 14E nós vimos, e damos testemunho, que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo. 15Todo aquele que proclama que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece com ele, e ele com Deus.
16E nós conhecemos o amor que Deus tem para conosco, e acreditamos nele. Deus é amor: quem permanece no amor, permanece com Deus, e Deus permanece com ele. 17Nisto se realiza plenamente o seu amor para conosco: em nós termos plena confiança no dia do julgamento, porque, tal como Jesus, nós somos neste mundo.
18No amor não há temor. Ao contrário, o perfeito amor lança fora o temor, pois o temor implica castigo, e aquele que teme não chegou à perfeição do amor.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 71(72), 1-2. 10-11. 12-13 (R. cf. 11)
℟. As nações de toda a terra, hão de adorar-vos, ó Senhor!
— Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça ao descendente da realeza! Com justiça ele governe o vosso povo, com equidade ele julgue os vossos pobres. ℟.
— Os reis de Társis e das ilhas hão de vir e oferecer-lhe seus presentes e seus dons; e também os reis de Seba e de Sabá hão de trazer-lhe oferendas e tributos. Os reis de toda a terra hão de adorá-lo, e todas as nações hão de servi-lo. ℟.
— Libertará o indigente que suplica, e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. Terá pena do indigente e do infeliz, e a vida dos humildes salvará. ℟.
℣. Louvai o Senhor Jesus, todos os povos, aceito pela fé no mundo inteiro! (Cf. 1Tm 3, 16) ℟.
Evangelho — Mc 6, 45-52
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Depois de saciar os cinco mil homens, 45Jesus obrigou os discípulos a entrarem na barca e irem na frente para Betsaida, na outra margem, enquanto ele despedia a multidão. 46Logo depois de se despedir deles, subiu ao monte para rezar.
47Ao anoitecer, a barca estava no meio do mar e Jesus sozinho em terra. 48Ele viu os discípulos cansados de remar, porque o vento era contrário. Então, pelas três da madrugada, Jesus foi até eles andando sobre as águas, e queria passar na frente deles.
49Quando os discípulos o viram andando sobre o mar, pensaram que era um fantasma e começaram a gritar. 50Com efeito, todos o tinham visto e ficaram assustados. Mas Jesus logo falou: “Coragem, sou eu! Não tenhais medo!” 51Então subiu com eles na barca. E o vento cessou. Mas os discípulos ficaram ainda mais espantados, 52porque não tinham compreendido nada a respeito dos pães. O coração deles estava endurecido.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Gradual Romano:
Reges Tharsis et ínsulae múnera ófferent: reges Arabum et Saba dona addúcent: et adorábunt eum omnes reges terrae, omnes gentes sérvient ei. (Ps. 71, 10. 11)
Vel:
Deus enim firmávit orbem terrae, qui non commovébitur: paráta sedes tua, Deus, ex tunc, a saéculo tues. (Ps. 92, 1c. 2)Vernáculo:
Os reis de Társis e das ilhas hão de vir, e oferecer-lhes seus presentes e seus dons; e também os reis de Seba e de Sabá, hão de trazer-lhe oferendas e tributos. Os reis de toda a terra hão de adorá-lo, e todas as nações hão de servi-lo. (Cf. LH: Sl 71, 10. 11)
Ou:
Vós firmastes o universo inabalável, vós firmastes vosso trono desde a origem, desde sempre, ó Senhor, vós existis! (Cf. LH: Sl 92, 1c. 2)Sobre as Oferendas
Ó Deus, fonte da verdadeira devoção e da paz, concedei que vos honremos dignamente com esta oferenda e, pela fiel participação nos sagrados mistérios, sejam reforçados os laços que nos unem. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vidimus stellam eius in Oriénte, et vénimus cum munéribus adoráre Dóminum. (Cf. Mt 2, 2; ℣. Sl. 71, 1. 2. 3. 7. 8. 10. 11. 12. 17ab. 17cd. 18)
Vel:
Exsúlta fília Sion, lauda fília Ierúsalem: ecce Rex tuus venit sanctus, et Salvátor mundi. (Zach. 9, 9; ℣. Ps. 33)Vernáculo:
Vimos sua estrela no Oriente, e viemos com presentes adorar o Senhor. (Cf. MR: Mt 2, 2)
Ou:
Enche-te de grande júbilo, filha de Sião, prorrompe em gritos, filha de Jerusalém! Eis que teu rei vem a ti; ele é justo e salvador. (Cf. Bíblia CNBB: Zc 9, 9a)Depois da Comunhão
Senhor, que o vosso povo, sustentado com tantas graças, possa receber hoje e sempre os dons do vosso amor, para que, confortado pelos bens transitórios, busque com mais confiança os bens eternos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 07/01/2026
Qual o remédio espiritual para o medo?
No mar desta vida, em meio a águas agitadas e ventos contrários, quando somos perturbados por preocupações, agitações, ansiedades e pelas dificuldades do dia-a-dia, temos nós fé o bastante para enxergar a presença de Cristo, que tem sob o seu controle tudo o que parece fugir ao nosso?
Argumento. — Três diferentes milagres são narrados nesta perícope, sc.: primeiro Cristo, depois Pedro caminham sobre as águas e, por último, a admirável suspensão da tempestade.
Ocasião e circunstâncias (Mt 14,22s; Mc 6,45s; Jo 6,15s). — Jesus, percebendo que os homens que se haviam saciado no deserto com a multiplicação dos pães, entusiasmados pelo milagre e pelo desejo de ver o Messias, queriam arrebatá-lo e fazê-lo rei, retirou-se sozinho para o monte (Jo 6,15). Aos discípulos, porém, que tinham do reino messiânico as mesmas ideias dos outros judeus, mandou (ἠνάγκασεν) que entrassem na barca e seguissem à sua frente para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. — Marcos indica o destino da navegação: para Betsaida (πρὸς Βηθσαϊδάν).
Tríplice milagre:a) Aparição de Cristo (Mt 14,24-27; Mc 6,47-50; Jo 6,17-20). — Chegada a tarde, os discípulos desceram à margem do lago para cumprir a ordem de Cristo (1). Segundo Flávio Josefo (bell. jud. III, 10, 7), o mar de Tiberíades tinha 40 estádios (7,5 km) de largura, embora geógrafos modernos lhe atribuam cerca de 11,5 km (= 62 estádios). Em condições favoráveis, podia-se atravessá-lo em 2 ou 3 horas.
Como o vento fosse contrário e os discípulos já tivessem remado entre 25 e 30 estádios (4,5–5,5 km), estando ainda no meio do mar, eis que à quarta vigília da noite (2) veio Jesus caminhando sobre as águas, e fez como se fosse passar ao lado deles (Mc). Eles, julgando ser um fantasma, isto é, algum espectro (cf. Lc 24,37; At 12,15), começaram a gritar (3). Jesus, porém, falou-lhes: Sou eu; não vos assusteis!
b) Pedro caminha sobre as águas (cf. Mt 14,28-31). — Este episódio retrata vivamente a índole de São Pedro: fervor, inconstância, fé ardente e amor ao Mestre. Disse Pedro: Senhor, se és tu, manda-me ir a teu encontro, caminhando sobre a água. Crê poder fazer, pela vontade do Mestre, o que este faz por natureza (cf. Jerônimo, in Matt. 14,28s).
Respondendo Jesus: Vem!, Pedro desceu da barca e caminhou sobre as águas; mas, temendo o vento, fraquejou na fé e começou a afundar. Clamou então a Jesus, que o segurou e lhe disse: Homem fraco na fé, por que duvidaste? (εἰς τί, com que fim). O Senhor permitiu a queda para que Pedro não se vangloriasse do milagre e compreendesse que fora salvo não por si, mas pela potência divina.
c) Acalma-se a tempestade (Mt 14,32s; Mc 6,51s; Jo 6,21). — Assim que Jesus e Pedro subiram na barca, o vento cessou. Em João, a expressão quiseram recebê-lo na barca (ἤθελον λαβεῖν) deve entender-se como o receberam prontamente. Os que estavam na barca prostraram-se diante dele, dizendo: Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus! (ἀληθῶς Θεοῦ υἱὸς εἶ), confissão que ultrapassa o mero título messiânico.
Marcos observa a cegueira espiritual dos Apóstolos: estavam tomados de grande temor, pois ainda não tinham compreendido o milagre dos pães; seus corações estavam insensíveis. Se não fosse tal embotamento, não se admirariam nem fariam apenas agora essa confissão (Intelligenti pauca) (5).
Nota. — Ensina Santo Tomás de Aquino que o embotamento da mente consiste na incapacidade de penetrar até o íntimo do que se propõe ao intelecto, em oposição à acuidade, que permite tal penetração (STh II-II, 8, 6 ad 1).
Doutrina espiritual.a) Esta perícope oferece uma imagem da Igreja: a barca é açoitada pelas ondas, mas não naufraga; Cristo ora, vê as fadigas dos fiéis e vem socorrê-los no tempo oportuno. Sem Ele, os esforços são inúteis; com sua presença, a tempestade se acalma e os fiéis o adoram.b) A fé e a queda de Pedro simbolizam o fervor e a fragilidade do cristão. Entre medo e ousadia, traições e devoções superficiais, pode sempre, sem desespero nem orgulho, voltar à graça de Cristo e firmar-se no caminho da santidade.
Deus abençoe você!
Santo do dia 07/01/2026
São Raimundo de Peñafort (Memória Facultativa)
Local: Barcelona, Espanha
Data: 07 de Janeiro † 1275
Gregório IX teve-o como precioso colaborador durante seis anos. Quando porém lhe comunicou sua intenção de nomeá-lo arcebispo de Tarragona, Raimundo ficou tão consternado a ponto de cair gravemente enfermo. O humilde e douto frade, nascido entre 1175 e 1180, se esforçara para evitar honrarias e prestígio, mas nem sempre conseguiu. Renunciando à vida folgada e alegre (era filho do nobre castelão de Peñafort, na Catalunha), dedicou-se muito cedo aos estudos filosóficos e jurídicos. Aos vinte anos ensinava filosofia em Barcelona e aos trinta, recém-laureado, ensinava jurisprudência em Bolonha. Excepcionalmente recebia do município um salário que se dispersava imediatamente em numerosas direções para aliviar e socorrer os indigentes. Voltou a Barcelona a convite do seu bispo em 1220. Foi nomeado cônego e recebeu do amigo Pedro Nolasco o convite para redigir as Constituições da nascente Ordem dos Mercedários. Mas quando os dominicanos, já dele conhecidos em Bolonha, chegaram a Barcelona, Raimundo abandonou tudo para vestir o hábito alvinegro. Dezesseis anos mais tarde (1238) tornou-se o terceiro mestre geral da Ordem, cargo que não pôde recusar. Por dois anos visitou a pé os conventos da Ordem. Depois reuniu o capítulo geral em Bolonha onde conseguiu demitir-se. Pôde assim, aos setenta anos, voltar ao ensino e ao cuidado das almas.
Aceitando o cargo de confessor do rei Tiago de Aragón, não titubeou em reprovar seu comportamento escandaloso numa expedição à ilha de Maiorca. Conta-se que, tendo o rei proibido a todas as embarcações de velejar para o continente, Raimundo, querendo discordar do soberano, estendeu o manto sobre as águas e chegou até Barcelona sobre essa estranha barca a vela.
Uma de suas obras apostólicas mais digna de nota são as missões para a conversão dos judeus e dos maometanos estabelecidos na Espanha. Segundo a tradição foi ele que convidou santo Tomás de Aquino a escrever a Suma contra os Gentios, para que seus pregadores pudessem recorrer a argumentos sólidos nas controvérsias com os hereges e os infiéis. Ele mesmo redigiu importantes obras de teologia - moral e de direito. Uma delas é a Suma de casos para administração correta e frutífera do sacramento da reconciliação. Tinha quase cem anos quando morreu (1275). Foi canonizado em 1601.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Raimundo de Peñafort, rogai por nós!


