6ª feira da 2ª Semana da Quaresma
Antífona de entrada
Vernáculo:
Mas eu verei, justificado, a vossa face e ao despertar me saciará vossa presença. Sl. Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! (Cf. LH: Sl 16, 15 e 1)
Coleta
Purificai-nos, ó Deus todo-poderoso, para que, pelo fervor da penitência quaresmal, cheguemos de coração sincero à Páscoa que se aproxima. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Gn 37, 3-4. 12-13a. 17b-28
Leitura do Livro do Gênesis
3Israel amava mais a José do que a todos os outros filhos, porque lhe tinha nascido na velhice. E por isso mandou fazer para ele uma túnica de mangas longas. 4Vendo os irmãos que o pai o amava mais do que a todos eles, odiavam-no e já não lhe podiam falar pacificamente.
12Ora, como os irmãos de José tinham ido apascentar o rebanho do pai em Siquém, 13adisse Israel a José: “Teus irmãos devem estar com os rebanhos em Siquém. Vem, vou enviar-te a eles”.
17bPartiu, pois, José atrás de seus irmãos e encontrou-os em Dotaim. 18Eles, porém, tendo-o visto ao longe, antes que se aproximasse, tramaram a sua morte. 19Disseram entre si: “Aí vem o sonhador! 20Vamos matá-lo e lançá-lo numa cisterna, depois diremos que um animal feroz o devorou. Assim veremos de que lhe servem os sonhos”.
21Rúben, porém, ouvindo isto, disse-lhes: 22“Não lhe tiremos a vida”! E acrescentou: “Não derrameis sangue, mas lançai-o naquela cisterna do deserto, e não o toqueis com as vossas mãos”. Dizia isto, porque queria livrá-lo das mãos deles e devolvê-lo ao pai. 23Assim que José chegou perto dos irmãos, estes despojaram-no da túnica de mangas longas, pegaram nele 24e lançaram-no numa cisterna que não tinha água. 25Depois, sentaram-se para comer. Levantando os olhos, avistaram uma caravana de ismaelitas, que se aproximava, proveniente de Galaad. Os camelos iam carregados de especiarias, bálsamo e resina, que transportavam para o Egito.
26E Judá disse aos irmãos: “Que proveito teríamos em matar nosso irmão e ocultar o seu sangue? 27É melhor vendê-lo a esses ismaelitas e não manchar nossas mãos, pois ele é nosso irmão e nossa carne”. Concordaram os irmãos com o que dizia.
28Ao passarem os comerciantes madianitas, tiraram José da cisterna, e por vinte moedas de prata o venderam aos ismaelitas: e estes o levaram para o Egito.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 104(105), 16-17. 18-19. 20-21 (R. 5a)
℟. Lembrai sempre as maravilhas do Senhor!
— Mandou vir, então, a fome sobre a terra e os privou de todo pão que os sustentava; um homem enviara à sua frente, José que foi vendido como escravo. ℟.
— Apertaram os seus pés entre grilhões e amarraram seu pescoço com correntes, até que se cumprisse o que previra, e a palavra do Senhor lhe deu razão. ℟.
— Ordenou, então, o rei que o libertassem, o soberano das nações mandou soltá-lo; fez dele o senhor de sua casa, e de todos os seus bens o despenseiro. ℟.
℣. Deus o mundo tanto amou que lhe deu seu próprio Filho, para que todo o que nele crer encontre vida eterna. (Jo 3, 16) ℟.
Evangelho — Mt 21, 33-43. 45-46
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, dirigindo-se Jesus aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos do povo, disse-lhes: 33“Escutai esta outra parábola: Certo proprietário plantou uma vinha, pôs uma cerca em volta, fez nela um lagar para esmagar as uvas e construiu uma torre de guarda. Depois arrendou-a a vinhateiros, e viajou para o estrangeiro. 34Quando chegou o tempo da colheita, o proprietário mandou seus empregados aos vinhateiros para receber seus frutos.
35Os vinhateiros, porém, agarraram os empregados, espancaram a um, mataram a outro, e ao terceiro apedrejaram. 36O proprietário mandou de novo outros empregados, em maior número do que os primeiros. Mas eles os trataram da mesma forma. 37Finalmente, o proprietário, enviou-lhes o seu filho, pensando: ‘Ao meu filho eles vão respeitar’.
38Os vinhateiros, porém, ao verem o filho, disseram entre si: ‘Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!’ 39Então agarraram o filho, jogaram-no para fora da vinha e o mataram. 40Pois bem, quando o dono da vinha voltar, o que fará com esses vinhateiros?”
41Os sumos sacerdotes e os anciãos do povo responderam: “Com certeza mandará matar de modo violento esses perversos e arrendará a vinha a outros vinhateiros, que lhe entregarão os frutos no tempo certo”.
42Então Jesus lhes disse: “Vós nunca lestes nas Escrituras: ‘a pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isto foi feito pelo Senhor e é maravilhoso aos nossos olhos?” 43Por isso eu vos digo: o Reino de Deus vos será tirado e será entregue a um povo que produzirá frutos”.
45Os sumos sacerdotes e fariseus ouviram as parábolas de Jesus, e compreenderam que estava falando deles. 46Procuraram prendê-lo, mas ficaram com medo das multidões, pois elas consideravam Jesus um profeta.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Domine, in auxílium meum réspice: confundántur et revereántur, qui quaerunt ánimam meam, ut áuferant eam: Dómine, in auxílium meum réspice. (Ps. 39, 14. 15)
Vernáculo:
Dignai-vos, Senhor, libertar-me, vinde logo, Senhor, socorrer-me! De vergonha e vexame enrubesçam, os que buscam roubar a minha vida. Humilhados recuem e voltem, os que sentem prazer em meus males. Vinde logo, Senhor, socorrer-me! (Cf. Sal.: Sl 39, 14. 15)
Sobre as Oferendas
Nós vos pedimos, ó Deus, que a vossa misericórdia prepare os vossos fiéis e os leve, por uma vida santa, à plenitude dos mistérios que celebramos. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Vós, porém, ó Senhor Deus, nos guardareis para sempre, nos livrando desta raça! (Cf. LH: Sl 11, 8a)
Depois da Comunhão
Dai-nos, Senhor, caminhar de tal modo, que possamos alcançar a salvação eterna, cujo penhor acabamos de receber. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 21/03/2025
Os vinhateiros invejosos
Deus concede a cada um de seus filhos aquilo que lhe convém. Sem injustiças nem igualitarismos, o Senhor nos faz diferentes para que, como membros de um só e mesmo Corpo Místico, aprendamos a depender e a precisar uns dos outros.
Hoje, o Evangelho nos apresenta a parábola dos vinhateiros homicidas. A vinha, como sabemos, representa o Povo de Deus; o herdeiro assassinado, o próprio Cristo Jesus; os algozes, enfim, fazem as vezes dos sumos sacerdotes e fariseus. Somos aqui confrontados com uma dinâmica a que poderíamos chamar "contraditória". Temos, de um lado, a realidade da eleição divina: é Deus quem escolhe os seus eleitos, cumulando-os com graças e dons convenientes; de outro lado, deparamos com a atitude invejosa dos vinhateiros, infelizes com aquilo que receberam: "Este é o herdeiro. Vinde, vamos matá-lo e tomar posse da sua herança!" O Senhor, por fim, conclui essa parábola com aquelas fortes palavras do salmista: "A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular" (Sl 118, 22).Vemos aqui como que um resumo da história dos justos, desde Abel, dileto de Deus e morto por causa da inveja de Caim, passando por José, destinado a salvar os hebreus e vendido como escravo pelos próprios irmãos, até enfim chegarmos a Jesus, sobre o qual toda injustiça e inveja humanas recaem furiosas e avassaladores, a ponto de reduzirem à mais ignominiosa morte o Senhor da verdadeira vida. Assistimos, desde sempre atuante na história humana, ao mesmo princípio que fez Satanás e seus sequazes revoltarem-se contra Deus: "Eu subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono", dissera no início de sua rebelião o pai da mentira, "e no monte da congregação me assentarei, aos lados do norte. Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo" (Is 14, 13s).Eis aí a inveja e a soberba demoníacas; eis aí a dinâmica de revolta contra o Pai de misericórdias que, desde a formação dos céus e da terra, clama por justiça. É a revolta contra o estado em que o Senhor nos pôs; é a indignação com o modo — "muito bom" (cf. Gn 1, 31) — com que Ele nos formou; é a insatisfação com os dons, variados e desiguais, com que Ele presenteia e orna cada um de seus filhos, chamados a formar, como membros diversos num só corpo, a mesma família. Pois o Senhor nos faz diferentes para que dependamos e precisemos uns dos outros e reconheçamos a nossa insuficiência, a nossa pequenez. Volvamos hoje os olhos para o Cristo, perfeito homem e inteiramente Deus; contemplemos nele o cúmulo de todas as virtudes, a sublimidade de toda sabedoria, a profundidade de tão grande e divino amor. Que o Senhor afaste do nosso coração toda sombra de inveja e nos encha de alegria ao vermos as graças concedidas a nossos irmãos, também eles chamados e eleitos por Deus.
Deus abençoe você!
Santo do dia 21/03/2025
São Nicolau de Flüe (Memória Facultativa)
Local: Flüeli-Ranft, Suiça
Data: 21 de Março † 1487
Nicolau de Fluelen, mais conhecido por Irmão Klaus, tem enorme popularidade na Suíça, da qual foi proclamado padroeiro por Pio XII e onde é festejado no dia 25 de dezembro. Nasceu no ano de 1417 em Fluelen, perto de Sachseln, no Cantão de Obwalden. Embora quisesse adotar a vida eremítica, não conseguiu fugir de alguns cargos civis: conselheiro, juiz e deputado.
Em 1445 casou-se com Doroteia Wyss: tiveram cinco filhos e cinco filhas. Um deles foi vigário de Sachseln e um neto, Conrado, morreu santo. Solicitado por Matias de Bolsheim e Aimo Angrund, entrou em contato com os Gottesfreunde (amigos de Deus). Era um movimento religioso. Sua esposa opunha-se aos seus planos de solidão. Só depois que completou os 50 anos, em junho de 1467, pôde partir para a Alsácia. Porém, o Senhor queria-o bem mais próximo das regiões habitadas.
Ele julgava-se um fracassado. A sua vida santa e o seu rigoroso jejum chamaram logo a atenção dos vizinhos. Existem provas históricas e testemunhos incontestáveis de que passou um período de 19 anos e meio alimentando-se unicamente com a eucaristia. Decidiu então habitar no Ranft, um barranco solitário perto de Fluelen. Saía só para a missa e quando a pátria precisou dele em 1473, diante da ameaça austríaca, e em 1481 e 1482, quando esteve para estourar a guerra civil. Os bons resultados dessas intervenções propiciaram-lhe o título de “pai da pátria”.
Sua mais frequente oração era: “Ó meu Deus e meu Senhor, afastai de mim tudo o que me afasta de vós. Ó meu Senhor e meu Deus, dá-me tudo o que me aproxima de ti. Ó meu Senhor e meu Deus, livra-me de mim mesmo e conceda-me possuir somente a ti”.
Edificados por suas orações e penitências, seus vizinhos edificaram-lhe uma ermida e uma capela. Foi consagrada em 1469. São Nicolau morreu no dia em que completou 70 anos (1487). Foi canonizado em 1947 por Pio XII.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Nicolau de Flüe, rogai por nós!