Nome: São Pedro Claver (Memória Facultativa)
Local: Cartagena, Espanha
Data: 09 de Setembro † 1654

Pedro Claver nasceu em Verdu, na Espanha, em 1580, mas viveu e se santificou na América Espanhola, mais exatamente na região, hoje, da Colômbia. Fez os estudos no colégio dos jesuítas em Barcelona e entrou na Companhia de Jesus com 21 anos. Feito o noviciado, estudou filosofia em um colégio da ilha de Maiorca. Com 29 anos foi destinado como missionário a Cartagena, porto da Colômbia. Pedro Claver era chamado a ser o anjo tutelar de centenas de milhares de escravos oriundos da África.

Para se compreender a ação apostólica de Pedro Claver é preciso entrar um pouco na realidade do tráfico de escravos da África para as Américas. Cartagena era um dos três portos negreiros da América Espanhola. Aí chegavam, cada ano, de 12 a 14 navios carregados de escravos. A situação era tão penosa e desumana, que uma terça parte morria na travessia do oceano. Os escravos eram conservados em porões escuros, úmidos, de ar mofado, amarrados pés e mãos com argolas. Dava-se-lhes uma só refeição por dia, feita de um pouco de farinha de milho ou só milho cru e água. Com este tratamento bestial, os escravos chegavam famintos ao porto e eram amontoados em barracões imundos. Lá ficavam os infelizes, sem tratamento, encurralados, famintos, seminus, numa promiscuidade de idade e de sexo, expostos aos olhares curiosos e irreverentes do povo, até ao dia da venda em praça pública. O albergue dos escravos era um verdadeiro inferno. O mercado dos escravos foi, sem dúvida, a página mais vergonhosa da colonização das Américas.

Muitos missionários levantaram a voz contra esta desumanidade, mas os que protestavam sofriam perseguições e eram afastados. Foi neste ambiente que, por quarenta anos, atuou incansavelmente Pedro Claver. Passava o tempo a lavar seus corpos, a curar suas chagas, a falar-lhes, por meio de intérpretes, as palavras de consolo e de esperança. Procurava instruí-los na religião cristã. Por suas mãos, durante quarenta anos, passaram mais de trezentos mil escravos. E, dentro da mentalidade do tempo, acabava batizando a maior parte deles.

Também o nosso santo protestou contra o comércio dos escravos e foi por isso, muitas vezes, malvisto e perseguido pelos violadores dos mais fundamentais direitos do ser humano. Só mais tarde a história lhe deu razão, e a Colômbia, que queria abafar sua voz e seu exemplo, hoje considera-o como protetor da nação.

Sua atividade apostólica foi muito além do cuidado prestado aos escravos que chegavam da África, sobretudo de Angola e do Congo, ao porto de Cartagena. Costumava também visitar os escravos em seu ambiente de trabalho.

Pedro Claver sofreu muito nos últimos anos de vida, inclusive de abandono por parte dos mais próximos. Doente, atacado pela peste, sobreviveu, mas não mais recuperou a saúde. Atendia ainda às pessoas que o procuravam. Permanecia, porém, quase todo o tempo em sua cela, não somente inativo, mas até mesmo esquecido e abandonado. Pedro Claver foi deixado aos cuidados de um jovem escravo, que se mostrava impaciente e rude para com o homem idoso, e às vezes o abandonava durante dias seguidos sem socorro, sem lhe dar qualquer atenção.

A notícia do seu fim iminente, no entanto, se espalhou por toda a cidade. Todos logo se lembraram novamente do santo e inúmeras pessoas acorreram para junto dele. Sua cela foi despojada de tudo quanto pudesse servir de relíquia. São Pedro Claver veio a falecer no dia da Natividade de Nossa Senhora, 8 de setembro de 1654. Tinha 73 anos de idade.

As autoridades civis, que não tinham visto com bons olhos sua solicitude para com os simples escravos negros, e o clero, que tinha considerado seu zelo indiscreto, e sua energia desperdiçada, agora rivalizavam entre si para poder honrar-lhe devidamente a memória. Os negros e os índios providenciaram uma Missa por conta própria, para a qual convidaram as autoridades espanholas. Foi canonizado por Leão XIII em 1888.

A Oração coleta apresenta São Pedro Claver como escravo dos escravos como ele próprio, por voto, se havia identificado. Vale a pena apresentar por extenso sua tradução: Ó Deus, fizestes São Pedro escravo dos escravos e, no serviço a eles, o fortalecestes com admirável caridade e paciência. Concedei-nos, por sua intercessão, procurando sempre o que é de Cristo, amar o próximo pelas obras e na verdade.

O Ofício das Leituras apresenta um trecho de suas Cartas, onde descreve sua ação de bom samaritano, juntamente com companheiros seus em favor dos escravos negros trazidos da África em estado lastimável. Sua atividade pode ser resumida assim: Evangelizar os pobres, curar os quebrantados do coração, pregar aos prisioneiros a libertação.

A caridade cristã, na forma de dedicação espiritual e corporal aos mais necessitados, alcançou na vida de Pedro Claver uma grandeza simplesmente insuperável, tanto assim que Leão XIII, por ocasião de sua canonização, chegou a afirmar: "Pedro Claver é o santo que mais me impressionou depois da vida de Cristo".

Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

São Pedro Claver, rogai por nós!

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