São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Bendizei, sacerdotes do Senhor, ao Senhor; Bendizei, santos e humildes de coração, ao Senhor; Cant. Bendizei ao Senhor, todas as obras do Senhor; aclamai e superexaltai-o pelos séculos! (Cf. Bíblia CNBB: Dn 3, 84a. 87a. e 57)
Coleta
Ó Deus, que cuidais do vosso povo com bondade e o governais com amor, concedei, pela intercessão do papa São Gregório Magno, o espírito de sabedoria aqueles a quem confiastes o governo da vossa Igreja, a fim de que o progresso espiritual das ovelhas torne-se a alegria eterna dos pastores. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Cl 1, 1-8
Início da Carta de São Paulo aos Colossenses
1Paulo, apóstolo de Cristo Jesus por vontade de Deus e o irmão Timóteo, 2aos santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossas: graça e paz da parte de Deus, nosso Pai. 3Damos graças a Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, sempre rezando por vós, 4pois ouvimos acerca da vossa fé em Cristo Jesus e do amor que mostrais para com todos os santos, 5animados pela esperança na posse do céu. Disso já ouvistes falar no Evangelho, cuja palavra de verdade chegou até vós. 6E como no mundo inteiro, assim também entre vós ela está produzindo frutos e se desenvolve desde o dia em que ouvistes a graça divina e conhecestes verdadeiramente.
7Assim aprendestes de Epafras, nosso estimado companheiro, que é junto de vós um autêntico mensageiro de Cristo. 8Foi ele quem nos deu notícia sobre o amor que o Espírito suscitou em vós.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 51(52), 10. 11 (R. 10b)
℟. Confio na clemência do meu Deus, agora e sempre!
— Eu, porém, como oliveira verdejante na casa do Senhor, confio na clemência do meu Deus agora e para sempre! ℟.
— Louvarei a vossa graça eternamente, porque vós assim agistes; espero em vosso nome, porque é bom, perante os vossos santos! ℟.
℣. O Espírito do Senhor repousa sobre mim e enviou-me a anunciar aos pobres o Evangelho. (Lc 4, 18) ℟.
Evangelho — Lc 4, 38-44
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 38Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela. 39Inclinando-se sobre ela, Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou. Imediatamente, ela se levantou e começou a servi-los.
40Ao pôr do sol, todos os que tinham doentes atingidos por diversos males, os levaram a Jesus. Jesus colocava as mãos em cada um deles e os curava. 41De muitas pessoas também saíam demônios, gritando: “Tu és o Filho de Deus”. Jesus os ameaçava, e não os deixava falar, porque sabiam que ele era o Messias.
42Ao raiar do dia, Jesus saiu, e foi para um lugar deserto. As multidões o procuravam e, indo até ele, tentavam impedi-lo que os deixasse. 43Mas Jesus disse: “Eu devo anunciar a Boa-Nova do Reino de Deus também a outras cidades, porque para isso é que eu fui enviado”. 44E pregava nas sinagogas da Judeia.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Veritas mea et misericórdia mea cum ipso: et in nómine meo exaltábitur cornu eius. (Ps. 88, 25)
Vernáculo:
Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. (Cf. LH: Sl 88, 25)
Sobre as Oferendas
Senhor, nós vos pedimos que, na festa de São Gregório Magno, nos seja proveitoso este sacrifício por cuja imolação concedestes o perdão dos pecados do mundo inteiro. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Servo fiel e prudente, a quem o Senhor confiou a sua família para dar-lhe na hora certa a sua porção de trigo. (Cf. MR: Lc 12, 42)
Depois da Comunhão
Senhor, instruí pelo Cristo Mestre aqueles que alimentais com o Cristo, pão da vida, para que, na celebração da memória de São Gregório Magno, aprendam a vossa verdade e a realizem pela caridade. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 03/09/2025
Jesus quer instalar-se em nossa casa
“Naquele tempo, Jesus saiu da sinagoga e entrou na casa de Simão. A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela”.
Circunstâncias. — a) De tempo. Mateus situa logo após a cura do servo do centurião a narração da cura da sogra de Pedro; mas Marcos e Lucas, que costumam seguir mais fielmente a ordem cronológica, a colocam depois da cura do endemoniado da sinagoga de Cafarnaum: “Assim que (lt. protinus; gr. καὶ εὐθὺς) saíram da sinagoga, dirigiram-se […] à casa de Simão” (Mc 1, 29). — De lugar. Como Pedro e André fossem cidadãos de Betsaida (cf. Jo 1, 44), e se fale da casa de Pedro e André na narração, dizem alguns autores que o milagre teria ocorrido em Betsaida. No entanto, Marcos e Lucas ensinam de modo explícito que Jesus foi direto da sinagoga (de Cafarnaum) para a casa de Simão, o que não poderia ter acontecido, é claro, em duas cidades distintas. Há, portanto, duas respostas possíveis para essa dificuldade: a) ou Pedro e André, oriundos de Betsaida, moravam em Cafarnaum, b) ou moravam de fato em Betsaida, mas como tinham de permanecer por muito tempo ou com frequência em Cafarnaum por causa dos negócios, teriam ali algum tipo de domicílio de passagem, provavelmente na casa da sogra de Simão.
Explicação do texto (cf. Mt 8, 14-17). — V. 14-15. Foi então Jesus à casa de Pedro (a pedido ou do próprio Pedro ou de alguém da mesma família), cuja sogra estava de cama (isto é, numa esteira de junco estendida no chão, como era costume à época), com febre (em Lucas: sofrendo com febre alta, πυρετῷ μεγάλῳ). E (em Marcos: Aproximando-se Ele; em Lucas: Inclinando-se sobre ela) tomou-lhe a mão (acrescenta Marcos: e levantou-a, e Lucas: ordenou Ele à febre), e a febre a deixou. Ela levantou-se e pôs-se a servi-los.
V. 16. Pela tarde (Marcos e Lucas acrescentam: Depois do pôr do sol), isto é, passado já o dia de sábado, trouxeram a Cristo todos os que sofriam de algum mal, para que Ele lhes impusesse as mãos, de modo que a cidade inteira se reuniu diante da porta da casa de Pedro. Baseados no que diz Marcos: Ele curou muitos, concluem alguns autores que nem todos foram curados, senão que alguns doentes, seja por falta de disposição, seja pela hora já avançada, seja enfim por qualquer outra razão, teriam sido mandados embora. Mas insinuam o contrário tanto Mateus, que diz: curou todos os enfermos, quanto Lucas, segundo o qual Jesus, impondo-lhes a mão, isto é, a cada um, os sarava. Onde Marcos diz muitos, portanto, deve-se entender todos.
V. 17. Assim se cumpriu a predição do profeta Isaías: Tomou as nossas enfermidades e sobrecarregou-se dos nossos males (Is 53, 4). As palavras são citadas conforme o texto hebraico. O sentido pretendido pelo profeta é: o Messias tomou, isto é, assumiu em si as enfermidades e dores que nós mesmos deveríamos suportar por nossos pecados [1]. Para que o evangelista não pareça desviar-se do sentido da profecia, excogitaram-se três possibilidades: a) Mateus utiliza o texto em sentido acomodatício (é a sentença, v.gr., de Maldonado); b) admitida a teoria — defendida por alguns intérpretes — do duplo sentido literal, Mateus quis ver nas mesmas palavras um sentido distinto do pretendido pelo profeta; c) Mateus cita o texto segundo o mesmo sentido que o profeta ou, antes, em um sentido que se deduz, por raciocínio, do sentido literal. Cristo, ao expiar a pena dos pecados, recebeu também o poder de purificar os próprios pecados, assim como as sequelas do pecado, a saber: as enfermidades, doenças, dores etc.; e, por consequência, ao curar enfermidades e dores corporais, Cristo mostrava claramente estar assumindo em si mesmo os nossos pecados.
Reflexão espiritual. — Duas coisas nos ensina a entrada de Cristo na casa de Simão: 1) quem acolhe Cristo em sua vida, confiando-lhe tudo o que tem, jamais é defraudado nem perde o que entregou, mas ganha muito mais, pois ganha o tudo que é Nosso Senhor: “Jesus ameaçou a febre, e a febre a deixou” (Lc 4, 39); 2) Jesus se instala em nossa vida para desinstalar-nos dos nossos pecados: “Ela se levantou”, e exigir-nos, como dever de gratidão e resposta natural de amor, a disponibilidade de O servirmos em tudo quanto for de seu interesse e de sua Igreja: “E começou a servi-los” (ibid.). “Eia pois”, escreve S. João Crisóstomos, “recebamos também nós a Jesus. Quando Ele entrar em nós, tê-lO-emos em mente e coração, e então extinguirá Ele a chama das vontades desvairadas, e nos excitará e fará valentes em espírito para O servirmos, isto é, para levarmos a cabo o que é do seu agrado” (In Lucam 4, 38).
Deus abençoe você!
Santo do dia 03/09/2025
São Gregório Magno, Papa e Doutor da Igreja (Memória)
Local: Roma, Itália
Data: 03 de Setembro † 604
Gregório nasceu em Roma pelo ano de 540 e morreu no dia 12 de março de 604 como um dos pontífices romanos mais importantes da história da Igreja. Para não cair sempre na Quaresma, sua memória é comemorada no dia 3 de setembro, dia de sua ordenação episcopal em 590. Pela grandeza de sua obra como Papa recebeu o título de Magno, o primeiro e único depois de Leão Magno, que governou a Igreja um século e meio antes dele.
São Gregório Magno é tomado e cultuado como modelo de pastor. Viveu e atuou num tempo de transição da cultura greco-romana para a era medieval.
Nascido em Roma, de família rica senatorial, foi prefeito da cidade de Roma. Com a morte do pai tornou-se uma das maiores fortunas de Roma. Com alma de monge dotou com seus bens seis mosteiros na Sicília e um perto de sua habitação no monte Célio. Foi aqui que ele se encerrou para viver como monge, em vida contemplativa. A Providência, porém, lhe reservava outro caminho. O papa Pelágio II (579-590) o fez diácono e enviou-o como seu representante à corte de Constantinopla, onde teve a oportunidade de conhecer de perto a política eclesiástica imperial e o modo de pensar da Igreja bizantina. Retornando a Roma retirou-se novamente para o seu mosteiro de Santo André, onde se tornou abade. Era secretário do Papa quando este foi vitimado pela peste que se espalhou em consequência das enchentes do ano 590. O clero e o povo romano proclamaram Gregório sucessor de Pelágio II. Em vão procurou ocultar-se, pois o povo descobriu seu esconderijo e o forçou a aceitar o cargo,
Gregório foi o homem certo, posto no momento certo na Cátedra de Pedro. O Império Romano estava em derrocada e invasões de bárbaros por toda parte provocavam a formação de um novo tipo de sociedade. Gregório é um marco na história da Igreja e da própria Europa e assinala o ponto de partida de uma nova época, a do tempo de transição do mundo romano para o novo mundo medieval, que ia fundir as antigas culturas grega e romana com as novas culturas germânica e eslava.
Embora fosse de saúde delicada, exerceu multiforme e intensa atividade no governo da Igreja, na solicitude da caridade, na tutela das populações maltratadas pelos bárbaros e na ação missionária. Autor e legislador no campo da Liturgia e do canto sacro, cuidou da elaboração de um Sacramentário que traz seu nome e constitui o núcleo fundamental do Missal romano. Deixou escritos de caráter pastoral, moral, homilético e espiritual, que formaram várias gerações cristãs especialmente na Idade Média.
Ao papa São Gregório I deve-se a evangelização da Inglaterra, para onde enviou um grupo de 40 monges do seu mosteiro de Santo André em Roma, sob a direção de Santo Agostinho de Cantuária. Visando o afervoramento do clero, escreveu para ele a Regra Pastoral que pode ser lida com edificação também hoje em dia. A fim de incentivar a piedade e o amor à santidade, redigiu o Livro dos Diálogos. São Gregório foi o primeiro papa que também foi monge e ajudou a superar uma espiritualidade preponderantemente eremítica e monacal, realçando uma espiritualidade pastoral, unindo numa só realidade a contemplação e a ação. É considerado um dos quatro grandes doutores da Igreja do Ocidente, com Santo Ambrósio, Santo Agostinho e São Jerônimo.
Este infatigável chefe da Igreja, que a governou durante treze anos, muito doente e quase sempre acamado no fim da vida, veio a falecer no ano 604 com cerca de 65 anos de idade. Foi o primeiro papa a chamar-se "Servo dos servos de Deus". O título de Grande (Magno) lhe foi dado pelo papa Bonifácio VIII.
O hino do seu Oficio o canta como apóstolo dos ingleses, alguém que, calçando aos pés a riqueza e a glória, seguiu pobre o Pobre, de toda a terra Senhor. Na terceira estrofe, a Igreja o contempla como pastor da grei que o Supremo Pastor, o Cristo, lhe confia, imitando a Pedro no cargo e no seguimento da Lei. A seguinte estrofe mostra como ele contempla os mistérios das Sagradas Escrituras e como a Verdade o alça à luz da contemplação. Como Papa e Doutor da Igreja torna-se servo de todos os servos. E a última estrofe o relaciona com a Sagrada Liturgia.
A Antífona do Benedictus o canta como Pastor: Pastor exímio, São Gregório nos deixou um grande exemplo de uma vida de pastor e uma regra a seus irmãos.
A Antífona do Magnificat mostra sua coerência de vida: São Gregório praticava tudo aquilo que pregava e se fez exemplo vivo dos mistérios que ensinava.
Sob esta luz do santo e do pastor devem ser vistas as orações:
Na Oração coleta apresenta-se o papa Gregório como quem governa com amor o povo de Deus. Pede o espírito de sabedoria para aqueles a quem Deus confiou o governo da sua Igreja e que o progresso das ovelhas contribua para a alegria eterna dos pastores.
A Oração depois da Comunhão relaciona o papa São Gregório com o Cristo Mestre e o Cristo pão da vida: Ó Pai, instruí pelo Cristo Mestre os que saciastes com o Cristo que é o pão da vida, para que, na festa de São Gregório, cheguemos ao conhecimento da verdade e a realizemos pela caridade.
A grande lição de São Gregório para todos os tempos é viver o que ensina; testemunhar e ensinar a verdade e viver a caridade. A contemplação e a ação devem formar um todo na vida dos cristãos, qualquer que seja o seu estado de vida, profissão ou função na Igreja ou na sociedade.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Gregório Magno, rogai por nós!