Santa Mônica, Memória
Antífona de entrada
Ou:
A mulher de valor abriu sua mão ao necessitado e a estendeu para o pobre; ela não come o pão na ociosidade. (Cf. Pr 31, 20. 27)
Vernáculo:
Sei que os vossos julgamentos são corretos, e com justiça me provastes, ó Senhor! Perante vós sinto tremer a minha carne, porque temo vosso justo julgamento! Sl. Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! (Cf. LH: Sl 118, 75 e 120)
Coleta
Ó Deus, consolador dos aflitos, que acolhestes, em vossa misericórdia, as lágrimas de Santa Mônica pela conversão de seu filho Agostinho, concedei-nos, pela intercessão de ambos, chorar os nossos pecados e encontrar a graça do vosso perdão. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — 1Ts 2, 9-13
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
9Irmãos, certamente ainda vos lembrais dos nossos trabalhos e fadigas. Trabalhamos dia e noite, para não sermos pesados a nenhum de vós. Foi assim que anunciamos o evangelho de Deus. 10Vós sois testemunhas, e Deus também, de quão santo, justo, irrepreensível foi o nosso proceder para convosco, os fiéis.
11Bem sabeis que, como um pai a seus filhos, 12nós exortamos a cada um de vós e encorajamos e insistimos, para que vos comporteis de modo digno de Deus, que vos chama ao seu reino e à sua glória. 13Por isso, agradecemos a Deus sem cessar por vós terdes acolhido a pregação da palavra de Deus, não como palavra humana, mas como aquilo que de fato é: Palavra de Deus, que está produzindo efeito em vós que abraçastes a fé.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 138(139), 7-8. 9-10. 11-12ab (R. 1a)
℟. Senhor, vós me sondais e me conheceis!
— Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? E para onde fugirei de vossa face? Se eu subir até os céus, ali estais; se eu descer até o abismo, estais presente. ℟.
— Se a aurora me emprestar as suas asas, para eu voar e habitar no fim dos mares; mesmo lá vai me guiar a vossa mão e segurar-me com firmeza a vossa destra. ℟.
— Se eu pensasse: “A escuridão venha esconder-me e que a luz ao meu redor se faça noite!” Mesmo as trevas para vós não são escuras, a própria noite resplandece como o dia. ℟.
℣. O amor de Deus se realiza em todo aquele que guarda sua palavra fielmente. (1Jo 2, 5) ℟.
Evangelho — Mt 23, 27-32
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 27“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão! 28Assim também vós: por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça.
29Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós construís sepulcros para os profetas e enfeitais os túmulos dos justos, 30e dizeis: ‘Se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos sido cúmplices da morte dos profetas’. 31Com isso, confessais que sois filhos daqueles que mataram os profetas. 32Completai, pois, a medida de vossos pais!”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Diffúsa est grátia in lábiis tuis: proptérea benedíxit te Deus in aeternum, et in saéculum saéculi. (Ps. 44, 3)
Vernáculo:
Vossos lábios espalham a graça, o encanto, porque Deus, para sempre, vos deu sua bênção. (Cf. LH: Sl 44, 3bc)
Sobre as Oferendas
Senhor, nós vos pedimos humildemente que os dons apresentados na comemoração de Santa Mônica nos alcancem indulgência e salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Vós amais a justiça e odiais a maldade. É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos. (Cf. LH: Sl 44, 8)
Depois da Comunhão
Deus onipotente, a atuação deste divino sacramento, na festa de Santa Mônica, nos ilumine e nos inflame para que, sempre ardendo de santos desejos, demos copiosos frutos de boas obras. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 27/08/2025
Podemos corrigir o próximo em público?
“Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Vós sois como sepulcros caiados: [...] por fora, pareceis justos diante dos outros, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e injustiça.”
No Evangelho de hoje, Jesus, Deus de amor, cheio de bondade e caridade, enfrenta os fariseus chamando-os de hipócritas. Jesus repete: “Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas! Ai de vós, mestres da Lei e fariseus hipócritas!”São palavras duras, das mais duras que Jesus dirigiu a alguém no Evangelho. Isso deve nos deixar talvez um pouco espantados. Afinal, Jesus é manso e humilde de coração.Como a mansidão, a bondade, a caridade infinita podem entrar em sintonia com palavras tão duras e tão pungentes? O que acontece é que exatamente este Coração cheio de caridade não pode ficar em silêncio. Jesus “sabe o que há no coração do homem”, frase tirada do evangelho de São João. Não era necessário que alguém lhe ensinasse isso. Ele sabia o que estava no coração do homem.Ora, quando alguém cheio de amor repreende uma pessoa — ainda mais Jesus, que sabia perfeitamente o que havia no coração das pessoas —, temos de entender que existem duas caridades: uma para com o pecador, para que ele se envergonhe. Jesus está tirando as máscaras dos doutores da Lei e dos fariseus hipócritas (‘ὑποκριτής’ quer dizer ‘personagem’), personagens justos e cheios de piedade por fora, mas podres por dentro. Jesus, desmascarando-os e fazendo-os passar vergonha, está sendo caridoso para que eles se convertam e se salvem.Essa é a primeira caridade, a caridade para com o pecador, na esperança de que ele mude. Isso não quer dizer que nós temos a obrigação de corrigir todos os pecadores, o tempo todo e por qualquer coisa. Não é isso. Jesus sabe perfeitamente, por ver os corações, o que pode alcançar com essa repreensão. Nós também o devemos imitar e, oportunamente, repreender outras pessoas, mas é necessário discernimento e prudência.A segunda caridade de Jesus ao repreender tão duramente os doutores da Lei e os fariseus é para com os circunstantes, porque existem situações em que, é verdade, eu não vou converter aquela pessoa. Jesus, que vê os corações, podia ver e, infelizmente, parece ter visto de fato que alguns daqueles fariseus e doutores da Lei não iriam se converter; mas os repreendeu mesmo assim, por amor às pessoas que o estavam ouvindo, e por amor a nós, que ouviríamos ao longo dos séculos estas palavras que ecoam e pedem conversão.Jesus diz tais palavras para que, verdadeiramente, nada fique perdido, ou seja, para que os que não se converteram sejam ocasião de conversão para os que ouviram.Enxerguemos no Evangelho de hoje que existe uma dupla caridade no corrigir e repreender: a caridade para com o pecador, para que se emende, e uma caridade — por assim dizer, mais “social” — para com os outros, para que não haja escândalo, para que outros também se convertam, para que seja restaurada a justiça das coisas.Em tudo isso muita prudência. É necessário discernimento porque, afinal, se somos pescadores de homens, nos é necessário saber quando ou não agir, a fim de não perdermos as almas.
Deus abençoe você!
Santo do dia 27/08/2025
Santa Mônica (Memória)
Local: Óstia, Itália
Data: 27 de Agosto † 387
Santa Mônica passou para a história como a mãe forte, que por sua persistência, lágrimas e orações, levou, por fim, ao bom caminho um filho desencaminhado, o grande Santo Agostinho. Aparece também como modelo de esposa paciente com seu marido.
Mônica era de Tagaste, norte da África, de familia cristã. Tendo chegado à idade própria para o casamento, foi dada pelos pais por esposa a um cidadão de Tagaste de nome Patrício, jovem pagão de temperamento rude e violento. O caráter indômito do marido foi para Mônica fonte de sofrimentos e provações muito duras. Mônica sofreu tudo com a maior paciência e mansidão. Apoiada nas orações e pela paciência, ela pode ver a conversão sincera do marido no fim da vida.
Do seu matrimônio Mônica teve dois filhos, Agostinho e Navigio, e uma filha, cujo nome não se sabe ao certo, talvez Perpétua, que se tornou religiosa.
Dentre seus filhos, foi Agostinho o que maiores dissabores causou a seu coração materno, por sua vida imoral e por adesão a doutrinas do maniqueísmo. Embora não lhe deixasse faltar bons conselhos e o educasse nos princípios da religião cristã, a vivacidade, a inconstância, o espírito de insubordinação de Agostinho induziram a mãe Mônica a protelar-lhe o batismo. Agostinho, morto o pai, aos 17 anos, afastou-se de casa por motivos de estudos, tomando o caminho dos vícios. O coração de Mônica sofreu terrivelmente com as notícias dos desmandos do filho.
Agostinho tornou-se um brilhante professor de Retórica em Cartago. Mas, espírito irrequieto, se filiou à seita herética dos maniqueus. Procurando fugir das instâncias da mãe aflita, às escondidas, toma o navio rumando para Roma e de Roma para Milão, onde consegue o honroso cargo de professor oficial de Retórica.
Mônica em seu afeto de mãe, que deseja, a todo custo, recuperar o filho, viaja da África para a Itália à procura do filho, encontrando-o em Milão, onde aos poucos termina o seu sofrimento, pois, em Milão, Agostinho tinha-se tornado frequentador dos magníficos sermões do bispo Santo Ambrósio. Do apreço à forma literária da pregação, Agostinho passa ao apreço do seu conteúdo. Converte-se, recebe instrução e é batizado por Santo Ambrósio em 387. Mônica colhia os frutos de suas orações e de suas lágrimas. Podia voltar à sua África, descansada. Agostinho acompanhou-a somente até Óstia, perto de Roma, onde chorou a morte da mãe aí ocorrida em 387.
Jesus chorou sobre Jerusalém, sobre a humanidade inteira, Jesus chorou a morte do seu amigo Lázaro. Chorar é humano! As lágrimas podem constituir uma linguagem, comunicação; podem traduzir uma mensagem de dor, de clamor, de súplica. Santa Mônica deixou como memória o sentido e o valor das lágrimas como prece ingente junto a Deus em favor do filho Agostinho. A Oração coleta apresenta a nós esta mensagem. O único motivo de tristeza é o pecado. A oração lembra o Deus consolação dos que choram. Em sua misericórdia Deus acolheu as lágrimas de Santa Mônica pela conversão de seu filho Agostinho. A Igreja pede que este Deus nos conceda, pela intercessão de ambos (Santa Mônica e Santo Agostinho), chorar os nossos pecados e alcançar o seu perdão.
A Antífona de Laudes apresenta um lindo pensamento sobre o sentido das lágrimas derramadas por Santa Mônica: Vós a ouvistes, ó Senhor, e aceitastes suas lágrimas que, de tantas derramadas em contínua oração, regariam toda a terra.
A Antífona de Vésperas lança dentro da vida mística de Santa Mônica: Santa Mônica, mãe de Agostinho, de tal modo vivia no Cristo, que, estando ainda no mundo, sua vida e sua fé se tornaram o louvor mais perfeito de Deus.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Mônica, rogai por nós!