São Bento, Abade, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
O justo tem nos lábios o que é sábio, sua língua tem palavras de justiça; traz a Aliança do seu Deus no coração, e seus passos não vacilam no caminho. Sl. Não te irrites com as obras dos malvados nem invejes as pessoas desonestas. (Cf. LH: Sl 36, 30. 31 e 1)
Coleta
Ó Deus, que constituístes o abade São Bento preclaro mestre na escola do serviço divino, concedei, nós vos pedimos, que, nada antepondo ao vosso amor, corramos de coração alegre e generoso no caminho dos vossos mandamentos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Os 11, 1-4. 8c-9)
Leitura da Profecia de Oseias
Assim fala o Senhor: 1“Quando Israel era criança, eu já o amava, e desde o Egito chamei meu filho. 2Quanto mais eu os chamava tanto mais eles se afastavam de mim; imolavam aos Baals e sacrificavam aos ídolos.
3Ensinei Efraim a dar os primeiros passos, tomei-o em meus braços, mas eles não reconheceram que eu cuidava deles. 4Eu os atraía com laços de humanidade, com laços de amor; era para eles como quem leva uma criança ao colo, e rebaixava-me a dar-lhes de comer. 8cMeu coração comove-se no íntimo e arde de compaixão. 9Não darei largas à minha ira, não voltarei a destruir Efraim, eu sou Deus, e não homem; o santo no meio de vós, e não me servirei do terror”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 79)
℟. Sobre nós iluminai a vossa face e, então, seremos salvos, ó Senhor!
— Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. Vós, que sobre os querubins vos assentais, despertai vosso poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer a salvação! ℟.
— Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! ℟.
℣. Convertei-vos e crede no Evangelho, pois o Reino de Deus está chegando! (Mc 1, 15) ℟.
Evangelho (Mt 10, 7-15)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7“Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!
9Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; 10nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito ao seu sustento. 11Em qualquer cidade ou povoado onde entrardes, informai-vos para saber quem ali seja digno. Hospedai-vos com ele até a vossa partida.
12Ao entrardes numa casa, saudai-a. 13Se a casa for digna, desça sobre ela a vossa paz; se ela não for digna, volte para vós a vossa paz. 14Se alguém não vos receber, nem escutar vossa palavra, saí daquela casa ou daquela cidade, e sacudi a poeira dos vossos pés. 15Em verdade vos digo, as cidades de Sodoma e Gomorra serão tratadas com menos dureza do que aquela cidade, no dia do juízo”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Desidérium ánimae eius tribuísti ei, Dómine, et voluntáte labiórum eius non fraudásti eum: posuísti in cápite eius corónam de lápide pretióso. (Ps. 20, 3. 4)
Vernáculo:
O que sonhou seu coração, lhe concedestes; não recusastes os pedidos de seus lábios. Com bênção generosa o preparastes; de ouro puro coroastes sua fronte. (Cf. LH: Sl 20, 3. 4)
Sobre as Oferendas
Senhor, olhai com bondade as oferendas que vos apresentamos na festa de São Bento; concedei que, imitando seu exemplo, busquemos somente a vós e, no vosso serviço, mereçamos alcançar os dons da unidade e da paz. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Eis o servo fiel e prudente, a quem o Senhor confiou a sua família para dar-lhe alimento no tempo oportuno. (Cf. MR: Lc 12, 42)
Depois da Comunhão
Tendo recebido o penhor da vida eterna, nós vos pedimos humildemente, Senhor, que, seguindo os ensinamentos de São Bento, permaneçamos fiéis em vosso serviço e amemos os irmãos com caridade ardente. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 11/07/2024
O padre não é um “funcionário”!
“Não leveis ouro nem prata nem dinheiro nos vossos cintos; nem sacola para o caminho, nem duas túnicas nem sandálias nem bastão, porque o operário tem direito a seu sustento”.
O Evangelho de hoje é a continuação da escolha dos doze Apóstolos, enviados agora em missão. Jesus quer que eles preparem um povo bem disposto para crer no Evangelho. É interessante notar que Jesus propõe um método para os Apóstolos, e é isso que o Evangelho de hoje nos ensina. A primeira coisa que um apóstolo de Cristo tem de compreender é que pregar o Evangelho não é ser um mensageiro que leva uma mensagem que não tem nada a ver consigo. É ser um mensageiro que leva uma mensagem que tem tudo a ver com a própria vida. É necessário que o apóstolo tenha a vida de Cristo. Maravilha das maravilhas! Quando a Igreja nasceu, já nasceu católica. A Igreja não se “tornou” católica depois. Ora, qual é a diferença entre os “ministros” protestantes e os sacerdotes católicos? Os sacerdotes católicos, desde o início da Igreja, são chamados a viver a vida de Cristo: desapego da família, celibato, oração etc. Hoje, de fato, a Igreja exige que os padres tenham vida de oração. A Liturgia das Horas faz parte do ministério integral do sacerdote, no que se vê claramente que o padre não é um “funcionário”, uma espécie de servidor do povo. É alguém que, como os Apóstolos, deixou tudo. É esse “deixar tudo” que distingue o sacerdote católico. Ainda que o sacerdote, no caso do padre diocesano, não tenha voto de pobreza, é-lhe necessário viver o desapego interior, um desapego de coração das coisas materiais, como Jesus diz no Evangelho: Não leveis ouro, nem prata, nem dinheiro em vossos cintos, nem sacola para o caminho, nem duas túnicas, nem sandália, nem bastão. Por quê? Porque Jesus quer que vivamos da Providência. De fato, confiar nas coisas materiais é uma traição do ministério apostólico. Precisamos confiar em Deus, nosso sustento, nossa esperança. Isso não quer dizer que os sucessores dos Apóstolos não devam ter uma mínima organização econômica. Não é isso. Quem realiza verdadeiramente o trabalho apostólico é Cristo em nós. Se depositamos demasiada confiança em nossas forças, nos meios materiais, nas metodologias etc., deixamos de agir e de realizar o verdadeiro apostolado, tal como Jesus o quis. Vemos em tantas igrejas protestantes como os seus “ministros” se tornam carreiristas. Ser “pastor”, para eles, é uma opção de sucesso, de solução para a vida financeira. Mas se os protestantes são “evangélicos”, como afirmam ser, por que não seguem o Evangelho? Por que não fazem como os Apóstolos, que deixaram tudo? Infelizmente, a mentalidade que transforma o ministro de Deus num funcionário entrou também na Igreja, de forma que, hoje, muitos do próprio clero católico padecem de certo protestantismo. Não querem viver a vida dos Apóstolos, vida esta que já foi avalizada, comprovada e testada durante séculos. É a vida do padre celibatário, que se deixa identificar como sacerdote por suas vestes e por seus modos, todo entregue ao serviço de Deus e dos irmãos. É a vida do padre de oração, de vida interior, que intercede pelo povo e tem por isso um apostolado e ministério transformadores, realmente capazes de converter as pessoas. Tudo isso é nota exclusiva e distintiva do sacerdócio católico.No dia em que o Evangelho nos fala do perfil do apóstolo, que deve cuidar do rebanho — o mesmo rebanho de que Jesus se compadeceu, dizendo: São como ovelhas sem pastor —, peçamos ao Senhor da messe: “Dai-nos, Senhor, sacerdotes conforme o vosso Sagrado Coração”. Não se trata de rezar apenas pelo número das vocações, mas também pela qualidade delas, para que não sejam sucessores dos Apóstolos somente no poder, mas antes de tudo na santidade de vida. A Igreja sempre teve muito claro que seus ministros deveriam ter uma vida luminosa e exemplar. A própria função do sacerdote, incumbido de tocar no Corpo de Cristo e realizar ações em si mesmas puríssima, exige dele essa vida. Mas que tragédia, que naufrágio ver tantos sacerdotes que já não crêem mais no próprio ministério! O Papa João Paulo II, em suas viagens apostólicas pelo mundo, quando esteve em Gana, disse que a primeira missão de um padre é crer no seu próprio ministério. O padre deve crer naquilo que ele mesmo é. Se um padre não crer ser outro Cristo, chamado a viver a vida do Senhor e dos santos Apóstolos, ele irá naufragar na fé. Não só isso, ele começará a comportar-se como um funcionário; pior do que isso, como um mercenário! E quem pagará o preço não será apenas ele, que acabará condenado, mas as próprias ovelhas, que, descuidadas e desassistidas, serão atacadas pelos lobos. Rezemos, rezemos fervorosamente: “Senhor, dai-nos sacerdotes conforme o vosso Santíssimo Coração. Dai-nos sacerdotes santos, que queiram viver a santidade vivida pelos santos pastores da Igreja Católica ao longo dos séculos”.
Deus abençoe você!
Neste dia em que celebramos a memória de São Bento de Núrsia, pai do monaquismo e da civilização ocidental, a Igreja nos convida a refletir sobre a necessidade de pedirmos a Deus que envie à sua messe ainda mais operários e que dê também aos leigos a graça de sermos fermento na massa e luz do mundo.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quinta-feira, 11 de julho, e peça a intercessão de São Bento, por cuja diligência a Europa foi fecundada de doutrina e santidade.
Santo do dia 11/07/2024
São Bento de Núrsia, Abade (Memória)
Local: Montecassino, Itália
Data: 11 de Julho† 547
Enquanto no Oriente o imperador Justiniano se ocupava com fazer e desfazer leis, costumes, construções, sedições, um homem pobre, saído quase que de uma caverna, fundou uma legislação e uma sociedade novas, para quem quisesse a ela submeter-se. O nome desse homem era Benedito ou Bendito, do qual se formou Bento. Bendito de nome, ele o foi principalmente nas obras. Nasceu por volta do ano de 480, de uma família de grande consideração, nos arredores de Núrsia, no ducado de Espoleto. O pai chamava-se Eutrópio, a mãe Abundância. Jovem ainda, foi enviado a Roma para fazer seus estudos. Mas, vendo a corrupção da juventude das escolas, retirou-se secretamente da cidade e, furtando-se inclusive da governanta que o havia acompanhado, foi para um lugar chamado Sublac, a quarenta milhas de Roma, onde se fechou em uma caverna muito estreita. Estava com catorze ou quinze anos. Ficou três anos nessa caverna, sem que ninguém soubesse de nada, exceto um monge que o encontrou nessa solidão: Bento confessou-lhe seus desígnios, e o monge, prometendo-lhe guardar segredo, vestiu-o com um hábito monástico e lhe deu todos os recursos que dele dependiam. Romano, era o nome do monge, morava em um mosteiro da vizinhança, sob a direção de um abade chamado Teodato. Mas de vez em quando escapava e levava, em certos dias, o que economizava de sua porção, a São Bento. Como não houvesse caminho para chegar à caverna, pelo lado do mosteiro de Teodato, Romano amarrava o pão a uma corda comprida, com um sininho, para chamar a atenção de Bento e para que este o apanhasse.
Vivendo assim na caverna, sem nenhum comércio com os homens, não sabia nem em que dia se encontrava. No dia de Páscoa do ano de 497, um sacerdote havia preparado sua refeição. Deus fê-lo saber, por revelação, o lugar em que se encontrava seu servo, morrendo de fome. Ele se pôs imediatamente a caminho, através de valezinhos e rochedos, até alcançar a caverna. A primeira coisa que ambos fizeram foi rezarem juntos e se entreterem em seguida com coisas divinas.
Ao fim, o sacerdote lhe disse:
- Levanta-te e comamos, porque é hoje dia de Páscoa.
Bento respondeu:
- Sei bem que é a festa da Páscoa, pois tenho a felicidade de vê-lo.
O sacerdote lhe disse novamente:
- É de fato a solenidade pascal, o dia da ressurreição do Senhor, no qual não convém que jejues, e fui enviado expressamente para tomarmos juntos os dons de Deus.
Então, comeram juntos, bendizendo o Senhor. Terminada a refeição, o sacerdote tornou à sua igreja.
Pelo mesmo tempo, alguns pastores o encontraram escondido na caverna. Vendo-o coberto com uma pele de ovelha, através das urzes, tomaram-no por um animal. Mas quando souberam que se tratava de um servo de Deus, encheram-se de veneração por ele. Alguns, cativados por suas palavras, deixaram os costumes brutais e se converteram. Desde esse tempo, começou a ser conhecido de toda a vizinhança. Muitos vinham vê-lo e lhe traziam comida. Ele, para lhes agradecer, alimentava-lhes as almas com diversos conselhos salutares. O demônio ficou invejoso. Um dia, Bento estava sozinho, quando a lembrança de uma mulher que vira havia muito tempo, excitou nele tentação tão violenta, que esteve a ponto de abandonar a solidão. Mas imediatamente, iluminado pela graça de Deus, voltou a si, atirou-se a um arbusto de urtigas e nelas rolou durante muito tempo, nu; quando se retirou, o corpo lhe sangrava. As dores do corpo preveniram as da alma e a dor apagou a voluptuosidade. O fruto que colheu dessa vitória foi que, desde então, não teve semelhantes tentações.
Seu nome tornou-se célebre. Muitas pessoas deixaram o mundo e se reuniram sob sua direção. Pouco distante de Sublac, havia um mosteiro, cujo abade havia morrido. A comunidade, por sufrágio unânime elegeu Bento para ser-lhe o sucessor. Os religiosos vieram procurá-lo e lhe pediram que aceitasse o encargo da direção do mosteiro. Bento recusou-se durante muito tempo, dizendo que não havia compatibilidade de modos de agir. Mas, finalmente, cansado pelos importunos, concordou em aceitar o cargo de abade. Bem depressa se arrependeram da escolha que haviam feito, porque Bento queria que se sujeitassem a viver de acordo com o estado, obrigava-os a isso e os corrigia. Olhavam-no, então, como um homem sem experiência, duro e sem misericórdia, pouco indicado para dirigir os outros. Dissimularam, todavia, a cólera, no começo. Mas, vendo que a severidade continuava na mesma intensidade, e achando insuportável deixar os antigos hábitos, tomaram unanimemente a decisão de se desfazerem dele, dando-lhe vinho envenenado.
Quando ele estava à mesa, apresentaram-lhe, para benzer, o primeiro copo, que era para ele. Todos, segundo o costume do mosteiro, segurando nas mãos os copos, esperavam a bênção, que era para todos, ao mesmo tempo. Bento estendeu a mão e fez o sinal da cruz. Imediatamente, o copo, no qual se encontrava a bebida mortífera, quebrou-se como se nele tivesse sido atirada uma pedra. O homem de Deus compreendeu logo de que se tratava. E, levantando-se da mesa, disse aos monges, com expressão tranquila:
- Que Deus Todo-Poderoso tenha piedade de vós, meus irmãos! Por que me quisestes tratar dessa forma? Não vos disse que nossos costumes eram incompatíveis? Ide procurar um superior que vos convenha: não me tereis no futuro.
Tendo-lhes assim falado, retornou para a querida solidão. Era pelo ano de 510.
Suas virtudes e seus milagres atraíram tantos discípulos para a solidão de Sublac, que ele construiu nos arredores doze mosteiros, em cada um dos quais colocou doze monges sob a direção de um abade submetido à sua supervisão. Ainda conhecemos os lugares e os nomes desses mosteiros. A reputação de São Bento passou para Roma, de onde se estendeu para as províncias mais afastadas. Os mais nobres dessa cidade e as pessoas de piedade vinham vê-lo na solidão. Alguns lhes deram seus filhos, não para os educar na ciência das artes vãs e inúteis, mas para formá-los na virtude e na piedade. As atas de São Plácido se referem a isso como sendo no ano de 522.
Nesse ano, e durante os seguintes, São Bento operou várias maravilhas, que os biógrafos tiveram o cuidado de relatar. Entre esses autores, o principal é o papa São Gregório o Grande, que escreveu a vida do santo, com o testemunho de seus discípulos imediatos.
Bento partiu de Sublac e foi para Cassino, pequena cidade sobre a encosta de alta montanha no país dos samnitas. Havia no cume da montanha um antigo templo de Apolo, que os camponeses ainda adoravam. E ao redor, bosques consagrados ao ídolo, onde faziam sacrifícios. Foi lá que Bento se fixou. Quebrou o ídolo, derrubou o altar, os bosques e construiu um oratório de São Martinho, no templo mesmo de Apolo e de São João, no lugar onde estavam o altar dos ídolos e iniciou um trabalho de instrução da religião verdadeira para todo o povo das vizinhanças. Trabalhou, depois, no alojamento dos religiosos, que não tinham outro arquiteto senão ele mesmo, nem outros operários que os próprios monges. Segundo se afirma, a fundação desse mosteiro foi por volta de 529. Mas tudo isso não foi sem suportar, como outrora acontecera a Santo Antão, inúmeros assaltos do espírito maligno. Várias vezes ele apareceu ao santo, não em sonho, mas a olhos vistos, sob formas horríveis, com olhos flamejantes, dizendo-lhe injúrias, lamentando-se com grandes gritos de violência.
O número dos discípulos aumentava dia a dia. São Bento deu-lhes, então, uma regra, julgada tão sábia, que, com o decorrer do tempo, foi aceita em todos os mosteiros do Ocidente, como a de São Basílio foi nos do Oriente.
A vida monástica não tem por fim observar apenas os preceitos do Evangelho, mas ainda os conselhos, a saber: a continência perfeita, a pobreza voluntária, a obediência religiosa. Os preceitos obrigam todos os cristãos; os conselhos de perfeição são apenas para os que desejam praticá-los e para aqueles chamados por Deus.
São Bento terminou a regra dizendo que a redigira, para dar, aos que a praticassem, princípios de uma vida honesta e alguns começos das virtudes religiosas; que os que desejassem tender à perfeição, encontrariam as regras nas Conferências de Cassiano, nas Vidas dos Padres e na Regra de São Basílio. Vê-se que ele mesmo havia bebido nessas fontes, para se aperfeiçoar e para formar a legislação que legou aos discípulos. O papa São Gregório, o Grande, encontrou-a escrita com pouca clareza e prudência. Conta-se que um príncipe, Cosme de Médicis, a lia assiduamente, e que, interrogado a esse respeito, respondeu que os preceitos lhe pareciam muito apropriados, pela sabedoria que continham, para ajudá-lo a bem governar seus Estados.
São Bento terminou tranquilamente os dias em meio a guerras e revoluções na Itália. Tinha uma irmã chamada Escolástica, cuja vida vimos no dia 10 de fevereiro. São Bento não viveu muito tempo após a morte da irmã. No mesmo ano, em 543, predisse a alguns dos discípulos que com ele moravam sua morte, pedindo-lhes guardassem segredo. A outros mais afastados, deu sinais, que lhes indicariam ter chegado ao fim. Seis dias antes de falecer, mandou que abrissem a sepultura. Foi, então, acometido de febre violenta, que aumentava dia a dia. No sexto dia, fez com que o levassem para o oratório, onde recebeu o Corpo e o Sangue do Senhor. E, erguendo os olhos e as mãos para o céu, entre os braços dos discípulos que o sustentavam, entregou o espírito a Deus, orando, no dia 21 de março de 543, um sábado, aos 63 anos de idade. Foi enterrado no oratório de São João Batista, que construira em lugar do altar de Apolo. Na caverna de Sublac que habitara, operou inúmeros milagres.
Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume V. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 21 jun. 2021.
São Bento de Núrsia, rogai por nós!