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Antífona de entrada

Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco.
Caritas Dei diffúsa est in córdibus nostris, allelúia: per inhabitántem Spíritum eius in nobis, allelúia, allelúia. Ps. Bénedic ánima mea Dómino: et ómnia quae intra me sunt, nómini sancto eius. (Rom. 5, 5; 10, 11; Ps. 102)
Vernáculo:
O amor de Deus foi derramado em nossos corações, aleluia, pelo Espírito Santo que nos foi dado, aleluia, aleluia. (Cf. Bíblia CNBB: Rm 5, 5b) Sl. Bendize, ó minha alma, ao Senhor, e todo o meu ser, seu santo nome! (Cf. LH: Sl 102, 1)

Glória

Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.

Coleta

Ó Deus, nosso Pai, enviando ao mundo a Palavra da verdade e o Espírito santificador, revelastes o vosso inefável mistério. Fazei que, professando a verdadeira fé, reconheçamos a glória da Trindade e adoremos a Unidade onipotente. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Primeira Leitura (Pr 8, 22-31)


Leitura do Livro dos Provérbios


Assim fala a Sabedoria de Deus: 22“O Senhor me possuiu como primícia de seus caminhos, antes de suas obras mais antigas; 23desde a eternidade fui constituída, desde o princípio, antes das origens da terra. 24Fui gerada quando não existiam os abismos, quando não havia os mananciais das águas, 25antes que fossem estabelecidas as montanhas, antes das colinas fui gerada.

26Ele ainda não havia feito as terras e os campos, nem os primeiros vestígios de terra do mundo.

27Quando preparava os céus, ali estava eu, quando traçava a abóbada sobre o abismo, 28quando firmava as nuvens lá no alto e reprimia as fontes do abismo, 29quando fixava ao mar os seus limites — de modo que as águas não ultrapassassem suas bordas — e lançava os fundamentos da terra, 30eu estava ao seu lado como mestre-de-obras; eu era seu encanto, dia após dia, brincando, todo o tempo, em sua presença, 31brincando na superfície da terra, e alegrando-me em estar com os filhos dos homens”.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Salmo Responsorial (Sl 8)


℟. Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo!


— Contemplando estes céus que plasmastes e formastes com dedos de artista; vendo a lua e estrelas brilhantes, perguntamos: “Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?” ℟.

— Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes: ℟.

— as ovelhas, os bois, os rebanhos, todo o gado e as feras da mata; passarinhos e peixes dos mares, todo ser que se move nas águas. ℟.


https://youtu.be/ChmCZXmjzjI

Segunda Leitura (Rm 5, 1-5)


Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos


Irmãos: 1Justificados pela fé, estamos em paz com Deus, pela mediação do Senhor nosso, Jesus Cristo. 2Por ele tivemos acesso, pela fé, a esta graça, na qual estamos firmes e nos gloriamos, na esperança da glória de Deus.

3E não só isso, pois nos gloriamos também de nossas tribulações, sabendo que a tribulação gera a constância, 4a constância leva a uma virtude provada, a virtude provada desabrocha em esperança; 5e a esperança não decepciona, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. Glória ao Pai, e ao Filho e ao Espírito Divino, ao Deus que é, que era e que vem, pelos séculos. Amém. (Cf. Ap 1, 8) ℟.

Evangelho (Jo 16, 12-15)


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo João 

℟. Glória a vós, Senhor.


Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 12“Tenho ainda muitas coisas a dizer-vos, mas não sois capazes de as compreender agora.

13Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade. Pois ele não falará por si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido; e até as coisas futuras vos anunciará.

14Ele me glorificará, porque receberá do que é meu e vo-lo anunciará. 15Tudo o que o Pai possui é meu. Por isso, disse que o que ele receberá e vos anunciará, é meu”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Creio

Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.

Antífona do Ofertório

Benedíctus sit Deus Pater,unigenitúsque Dei Fílius,Sanctus quoque Spíritus:quia fecit nobíscum misericórdiam suam. (Cf. Tob. 12, 6)


Vernáculo:
Bendito seja Deus Pai, bendito o Filho unigênito e bendito o Espírito Santo. Deus foi misericordioso para conosco. (Cf. MR)

Sobre as Oferendas

Senhor nosso Deus, pela invocação do vosso nome, santificai as oferendas de vossos servos e servas, fazendo de nós uma oferenda eterna. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: Abba, Pai. (Gl 4, 6)
Benedícimus Deum caeli, et coram ómnibus vivéntibus confitébimur ei: quia fecit nobíscum misericórdiam suam. (Tob. 12, 6; ℣. Cant. Tobiae 13, 1. 3. 5. 6. 8. 9. 10 vel cant. Danielis 3, 52ab. 52cd. 53. 54. 55. 56. 57)
Vernáculo:
Bendizei a Deus e celebrai-o diante de todos os viventes, por todos os benefícios que ele vos fez. (Cf. Bíblia CNBB: Tb 12, 6)

Depois da Comunhão

Possa valer-nos, Senhor nosso Deus, a comunhão no vosso sacramento, ao proclamarmos nossa fé na Trindade eterna e santa, e na sua indivisível Unidade. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 12/06/2022
O mistério da Santíssima Trindade

O homem, com sua razão, pode conhecer algumas coisas a respeito de Deus; o que a sua inteligência, no entanto, jamais poderia alcançar, Jesus Cristo cuidou de lhe revelar: Deus é um só, em três Pessoas realmente distintas, Pai, Filho e Espírito Santo. É o dogma da Santíssima Trindade que a liturgia católica propõe à nossa meditação neste Primeiro Domingo depois de Pentecostes.

S. Gabriel Arcanjo, ao visitar Nossa Senhora em Nazaré, trouxe-lhe uma notícia que ninguém poderia imaginar. O Filho do Deus excelso, criador do céu e da terra, iria fazer-se homem por meio de uma virgem, sobre a qual viria o Espírito Santo. Ali, nas brevíssimas palavras que compõem a anunciação, é revelado o mistério — escondido desde todos os séculos — da Trindade Santíssima. O anúncio da Encarnação coincide, pois, com a revelação do mais sublime mistério de Deus.

É verdade, sim, que em várias páginas do Antigo Testamento essa verdade se encontra como que sugerida, indicada ou insinuada, de forma mais ou menos vaga e remota. No Livro do Gênese, por exemplo, Deus fala muitas vezes em plural (cf. Gn 1, 26; 3, 22; 11, 7); os livros sapienciais, por sua vez, referem-se em inúmeras ocasiões à Sabedoria divina e à sua geração a partir de Javé (cf. Pr 8, 22-24); também o Espírito de Deus aparece em diversas passagens do Texto Sagrado (cf. Gn 1, 2; Sl 50, 13; 103, 30; Sb 1, 7; Is 11, 1s; 61, 1s; 63, 10). Mas é só no Novo Testamento que essa verdade seria posta sob clara luz: o Deus uno, revelado a Israel e ignorado pelos pagãos e politeístas, é trino em pessoas.

A Trindade manifesta-se com cada vez mais clareza ao longo de vida de Jesus. Na anunciação, como vimos, aparece o nome das três pessoas divinas (cf. Lc 1, 35). No batismo do Senhor, além disso, toda a Trindade beatíssima comparece: “O Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea, como uma pomba; e veio do céu uma voz: ‘Tu és o meu Filho bem-amado; em ti ponho minha afeição’” (Lc 3, 22).

Jesus faz questão ainda de referir-se ao Pai na última ceia: “A palavra que tendes ouvido não é minha, mas sim do Pai que me enviou” (Jo 14, 23). E pouco depois, no mesmo sermão aos Apóstolos, acrescenta: “Mas o Paráclito, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, ensinar-vos-á todas as coisas e vos recordará tudo o que vos tenho dito” (Jo 14, 26). O episódio da Transfiguração, a fórmula sacramental do batismo, ensinada momentos antes da Ascensão (cf. Mt 28, 19), etc. são outros tantos exemplos em que se atesta com toda clareza a divindade de Cristo, sua filiação ao Pai e a união com o Espírito de ambos.

A Igreja nasce, pois, plenamente consciente de que o seu Deus, uno em essência, é também uma Trindade de amor. A falta de categorias filosóficas precisas e de um vocabulário teológico adequado, no entanto, foi uma das causas por que, já nos primeiros séculos, surgiram entre os fiéis algumas heresias contrárias ao dogma trinitário. Basta pensar, por exemplo, no erro de Ário, para quem o Filho não seria de natureza divina, mas uma criatura muito elevada subordinada ao Pai. Também os pneumatômacos, embora admitissem a existência do Espírito Santo, negavam-lhe a divindade.

Para confutar estes e outros desvios doutrinários, a Igreja, por meio do seu Magistério com o auxílio de doutores e teólogos, foi polindo a sua linguagem até estabelecer, de modo preciso e claro, os termos em que se deve entender e transmitir o mistério da Santíssima Trindade. Essa precisão terminológica, posta a serviço da verdade, se deu sobretudo nos dois primeiros Concílios Ecumênicos: o de Nicéia, celebrado em 325, e o de Constantinopla, reunido poucos anos depois, em 381.

Nestes dois Concílios, estabeleceu-se a linguagem canônica que a Igreja passou a utilizar para exprimir sua fé na Santíssima e augusta Trindade. Aí teve origem, depois de sessenta anos de intensos debates teológicos, o chamado Credo niceno-constantinopolitano, que costumamos recitar nas Missas de domingo.

Mas como o cristão, afinal, deve expressar sua fé trinitária?

A Igreja nos ensina a esse respeito que em Deus há uma só natureza ou essência divina, de infinita simplicidade e perfeição; não existem, pois, nem duas nem três naturezas ou essências divinas, mas uma só, de sorte que não existe nem pode existir mais do que um só Deus.

Acontece, porém, que essa única natureza divina é “compartilhada” por três pessoas, não no sentido de que cada uma delas fique apenas com uma “parte” ou “porção” da essência comum. Não: as três pessoas divinas, Pai, Filho e Espírito Santo, comungam da mesma natureza com plena e perfeita igualdade: não há, no seio da Trindade, um mais e um menos; todos os três são, portanto, plenamente Deus.

Ouçamos o que diz um teólogo (Antonio R. Marín, Teología de la Perfección Cristiana) acerca desse mistério inefável da vida íntima de Deus:

Deus é Pai. Tem um Filho, engendrado por Ele no eterno hoje de sua existência. Contemplando-se a si mesmo no espelho puríssimo de sua divina essência, o Pai gera uma Imagem perfeitíssima de si mesmo, que o expressa e reproduz em toda a sua divina grandeza e imensidade. Imagem perfeitíssima, Verbo mental, Idéia, Protótipo, Palavra vivente e substancial do Pai, constitui uma segunda pessoa em tudo igual à primeira, excetuando a oposição real de paternidade e filiação, que faz com que a primeira seja Pai e a segunda, Filho.

[…] Por isso, a segunda pessoa da Santíssima Trindade, o Filho ou Verbo do Pai, é Deus como o Pai, possui juntamente com Ele e o Espírito Santo a plenitude da divindade. É Deus de Deus, Luz de Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, como dizemos no Credo da Missa. O próprio Cristo o proclamou abertamente ao dizer: “O Pai e Eu somos um” (Jo 10, 30).

A terceira pessoa da Santíssima Trindade recebe na Sagrada Escritura e na tradição cristã o nome misterioso de Espírito Santo. Ele é o laço de união entre o Pai e o Filho, o Amor subsistente que os abraça e consuma na unidade.

O Pai, com efeito, vendo refletido em sua própria divina essência o seu Verbo divino, que é a Imagem perfeitíssima de si mesmo, o ama com um amor sem limites. E o Verbo, que é a Luz do Pai, seu Pensamento eterno, sua Glória, sua Beleza, o Esplendor de todas as suas perfeições infinitas, devolve a seu Pai um amor semelhante, igualmente eterno e infinito. E ao encontrar-se a corrente impetuosa de amor que brota do Pai com a que brota do Filho, jorra, por assim dizer, uma torrente de chamas, que é o Espírito Santo: amor único, embora seja mútuo, vivente e subsistente; abraço, vínculo, beijo inefável que consuma o Pai e o Filho na unidade do Espírito Santo.

Deus abençoe você!

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Homilia | O mistério da Trindade e a “fé” irracional dos ateus (Solenidade da Santíssima Trindade)

O homem, com sua razão, pode conhecer algumas coisas a respeito de Deus. O que a sua inteligência, no entanto, jamais poderia alcançar, Jesus Cristo nos revelou: Deus é um só, em três Pessoas realmente distintas, Pai, Filho e Espírito Santo.Esse é o dogma da Santíssima Trindade que, mesmo diante do indiferentismo e da soberba deste mundo, a Igreja propõe à nossa meditação neste Primeiro Domingo depois de Pentecostes; e é também sobre esse grandioso mistério esta homilia dominical do Padre Paulo Ricardo.


https://youtu.be/pKSqUfVLDfw

Santo do dia 12/06/2022


Beato Guido de Cortona, Presbítero (Memória Facultativa)
Local: Cortona, Itália
Data: 12 de Junho † c. 1245


Quando São Francisco de Assis esteve em Cortona, em 1211. "indo uma vez, dizem os Fioretti, à tarde, à casa de um grande gentil-homem poderoso, foi por ele recebido e hospedado, com o companheiro, como anjos do Paraiso, com grandíssima cortesia e devoção. Pelo que São Francisco lhe tomou grande amor, considerando que ao entrar em casa o tinha abraçado e beijado amigavelmente, e depois que havia lavado os pés e acendido um grande fogo e preparado a mesa com muito boas iguarias: e enquanto comiam, ele com semblante alegre os servia continuamente.

Esse "grande gentil-homem poderoso" chamava-se Guido Vignotelli, depois conhecido como Guido de Cortona.

Ora, prosseguem os Fioretti, tendo acabado de comer São Francisco e o companheiro, disse esse gentil-homem:

— Eis, meu padre, ofereço-me a vós e as minhas coisas: quando precisardes de túnicas ou de manto ou de outra coisa qualquer. comprai que eu pagarei; e vede que estou pronto a prover-vos em todas as vossas necessidades, porque pela graça de Deus eu o posso, porquanto abundo em todos os bens temporais, e tendo-me Ele dado por amor, eu os dou de boa vontade aos seus pobres".

Pelo que, vendo São Francisco tanta cortesia e afabilidade nele e os grandes oferecimentos, concebeu tanto amor por ele que, tendo depois partido, ia dizendo ao seu companheiro:

— Em verdade esse gentil-homem seria bom para a nossa companhia, o qual é tão grato e reconhecido para com Deus e tão amorável e cortês para com o próximo e os pobres. Deves saber, irmão caríssimo, que a cortesia é a irmã da caridade, a qual extingue o ódio e conserva o amor. E porque reconheci nesse bom homem tanta virtude divina, de boa vontade o quereria para companheiro: por isso quero que um dia tornemos a ele, se talvez Deus lhe tocar o coração e ele quiser ser nosso companheiro no serviço de Deus; e, entretanto, pediremos a Deus que lhe ponha no coração, esse desejo e lhe de a graça de pô-lo em prática.

Admirável coisa! Dai a poucos dias, feita que foi a oração por São Francisco, Deus pôs o desejo no coração daquele gentil-homem. E disse São Francisco ao companheiro:

— Vamos, irmão meu, ao homem cortês, por que tenho certa esperança em Deus, que, com a sua cortesia das coisas temporais, ele se dará a si mesmo para nosso companheiro.

E foram, e chegando perto da casa dele, disse São Francisco ao companheiro:

— Espera-me um pouco, porque quero primeiramente pedir a Deus que torne próspero nosso caminho, e que a nobre presa a qual pensamos de arrancar ao mundo, seja por vontade de Cristo concedida a nós pobrezinhos e débeis pela virtude de sua santíssima paixão.

E dito isso, pôs-se em oração, num lugar em que pudesse ser visto pelo dito homem cortês: de onde, como prouve a Deus, olhando ele distraído para aqui e para ali, viu São Francisco estar em oração devotissimamente diante de Cristo, o qual com grande caridade lhe aparecera na dita oração e estava diante dele.

E via São Francisco ser por bom espaço de tempo levantado da terra corporalmente. Pelo que ele foi tão tocado por Deus e inspirado para deixar o mundo, que no mesmo instante saiu do palácio e no fervor de espírito correu para São Francisco e. aproximando-se dele que estava em oração, ajoelhou-se-lhe aos pés e com grandíssima instância e devoção rogou-lhe que permitisse recebê-lo para fazer penitência juntamente com ele.

Então São Francisco, vendo que sua oração era atendida por Deus e o que ele desejava aquele gentil-homem pedia com instância, pôs-se em pé e em fervor e letícia de espirito o abraçou e beijou devotamente, agradecendo a Deus, o qual tinha aumentado sua companhia com um tão perfeito cavaleiro. E dizia aquele gentil-homem a São Francisco:

Que ordenas que eu faça, padre meu? Eis, estou pronto para dar aos pobres, por tua ordem, o que possuo e a seguir contigo a Jesus, descarregado de todas as coisas temporais.

E assim foi que, segundo a ordem de São Francisco, distribuiu seus bens aos pobres e entrou na Ordem e viveu em grande penitência e santidade de vida e conversação honesta.

Perto da morte, Guido, sexagenário, na sua cela do convento de Cortona, viu que São Francisco lhe aparecia, numa visão, dizendo-lhe carinhosamente. porque o amava muitíssimo:

— Meu filho, eis chegado o tempo da recompensa. Tu já penaste suficientemente. Dentro de três dias, à hora de nona, tornarei para levar-te, com a graça de Deus, ao Paraiso.

Com efeito, era em 1245. Guido de Cortona, naquela hora, recebendo nova visita do Pai Seráfico. exclamou:

— Eis meu querido São Francisco ! Todos de pé! Vamos com ele!
E morreu.

Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume X. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 11 jun. 2022.

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