Santa Luzia, Virgem e Mártir, Memória
Antífona de entrada
Ou:
Feliz a virgem que, renunciando a si mesma e tomando sua cruz, imitou o Senhor, o esposo das virgens e príncipe dos mártires.
Vernáculo:
Vós amais a justiça e odiais a maldade. É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos. Sl. Transborda um poema do meu coração; vou cantar-vos, ó Rei, esta minha canção; minha língua é qual pena de um ágil escriba. (Cf. LH: Sl 44, 8 e 2)
Coleta
Senhor, a gloriosa intercessão de Santa Luzia, virgem e mártir, reanime o nosso fervor para que, celebrando hoje o seu martírio, contemplemos um dia as realidades eternas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Eclo 48, 1-4. 9-11
Leitura do Livro do Eclesiástico
Naqueles dias, 1o profeta Elias surgiu como um fogo, e sua palavra queimava como uma tocha. 2Fez vir a fome sobre eles e, no seu zelo, reduziu-os a pouca gente. 3Pela palavra do Senhor fechou o céu e de lá fez cair fogo por três vezes. 4Ó Elias, como te tornaste glorioso por teus prodígios! Quem poderia gloriar-se de ser semelhante a ti?
9Tu foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro de cavalos também de fogo, 10tu, nas ameaças para os tempos futuros, foste designado para acalmar a ira do Senhor antes do furor, para reconduzir o coração do pai ao filho, e restabelecer as tribos de Jacó. 11Felizes os que te viram, e os que adormeceram na tua amizade!
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 79(80), 2ac e 3b. 15-16. 18-19 (R. 4)
℟. Convertei-nos, ó Senhor, resplandecei a vossa face e nós seremos salvos!
— Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. Vós que sobre os querubins vos assentais. Despertai vosso poder, ó nosso Deus e vinde logo nos trazer a salvação! ℟.
— Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a, e ao rebento que firmastes! ℟.
— Pousai a mão por sobre o vosso Protegido, o filho do homem que escolhestes para vós! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! ℟.
℣. Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas! Toda carne há de ver a salvação que vem de Deus! (Lc 3, 4. 6) ℟.
Evangelho — Mt 17, 10-13
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11Jesus respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Afferéntur regi vírgines: próximae eius afferéntur tibi in laetítia et exsultatióne: adducéntur in templum regi Dómino. (Ps. 44, 15. 16)
Vernáculo:
Em vestes vistosas ao Rei se dirige, e as virgens amigas lhe formam cortejo; entre cantos de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real. (Cf. LH: Sl 44, 15. 16)
Sobre as Oferendas
Senhor, os dons que vos apresentamos na celebração de Santa Luzia sejam do vosso agrado, como vos foi precioso o combate do vosso martírio. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Os poderosos me perseguem sem motivo; meu coração, porém, só teme a vossa lei. Tanto me alegro com as palavras que dissestes, quanto alguém ao encontrar grande tesouro. (Cf. LH: Sl 118, 161. 162)
Depois da Comunhão
Ó Deus, que coroastes Santa Luzia ente os santos pela dupla vitória da virgindade e do martírio, concedei-nos, pela força deste sacramento, superar com firmeza todo mal e alcançar a glória celeste. Por Cristo nosso Senhor.
Homilia do dia 13/12/2025
Os “amigos do esposo”
“Elias vem e colocará tudo em ordem. Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram”.
O advento de Elias (cf. Mc 9,10s [gr. 9,12s]). — V. 10. E interrogaram-no os discípulos, dizendo: Por que, pois, os (Mc: fariseus; os) escribas dizem que é necessário primeiro vir Elias? Esta questão é independente da consignada por Mt no v. precedente e por Mc em 9,9. A pergunta dos Apóstolos: Por que, pois… pode referir-se de dois modos ao episódio da transfiguração (cf. Mt 17,3.8; Mc 9,3.7; Lc 9,30s.36): 1) ou os Apóstolos não são capazes de entender por que Elias não apareceu antes, dado que o Senhor já se revelara em sua glória (assim Orígenes, São Jerônimo etc.), i.e.: ‘Se já vieste em glória, como o teu precursor não aparece?’ (São Jerônimo, in Matth. iii [= Mt 17,10]: ML 26,124); — 2) ou o sentido da pergunta é: ‘Por que Elias desapareceu tão cedo, já que dele está escrito que preparará todas as coisas para a vinda do Messias?’ Que o profeta Elias viria antes de Cristo era sentença comum entre os doutores judeus com base em Ml 4,5s [hebr. 3,23s].
V. 11. Mas ele, respondendo, parece confirmar a interpretação dos escribas: Elias certamente há de vir, e — acrescenta — restabelecerá (ἀποκαταστήσει = irá reinstuarar, reconduzir a seu estado original) todas as coisas, i.e. fará valer a lei moral e religiosa, disporá o povo para o advento do Messias, reintegrará as tribos da Jacó (cf. Ml 4,5s; Eclo 48,10) etc. Destas palavras, sobretudo conforme o tom que lhes dá Mc, parece seguir-se que o Senhor afirma um verdadeiro retorno de Elias antes do segundo advento de Cristo, o que os Padres e a maioria dos católicos sempre sustentaram. ‘O que há de vir no segundo advento do Senhor em presença corpórea agora, por João, vem em virtude e espírito’ (São Jerônimo, ibid.).
V. 12s. Passa-se agora do segundo para o primeiro advento de Cristo. A ambas as vindas corresponde seu próprio núncio e precursor: à segunda, referida no v. precedente, o profeta Elias; à primeira, João Batista, também chamado Elias por semelhança de missão e espírito: ‘João era Elias em espírito, mas não em pessoa’ (São Gregório Magno, hom. in Ev. i 7 [= Jo 1,29-33]: ML 76,1100). Este Elias τυπικός já veio e teve entre os homens a mesma sorte reservada ao próprio Messias: Fizeram dele o que quiseram, i.e. rejeitaram-no e deram-lhe morte (cf. Mt 14,6-12; Mc 6,21-29). — Então os discípulos compreenderam que lhes tinha falado de João Batista.
Deus abençoe você!
Santo do dia 13/12/2025
Santa Luzia (Memória)
Local: Siracusa, Itália
Data: 13 de Dezembro † 304/305
Santa Luzia, cujo nome evoca a luz, é mencionada no Cânon romano. Poucas são as notícias realmente históricas, que chegaram até nós desta mártir siciliana. Provavelmente, ela foi martirizada em Siracusa sob Diocleciano por volta do ano 304. Uma inscrição encontrada nas catacumbas de Siracusa atesta o culto a Luzia no fim do século IV ou começo do século V. O culto passou também a Roma e deixou sua marca no Canon romano da Missa, onde Luzia é lembrada ao lado de outra mártir siciliana, Santa Águeda.
A lenda posterior veio embelezar a vida de Luzia, fazendo dela não apenas uma mártir da fé, como também uma propagadora do ideal da castidade consagrada a Deus. A Antífona das Vésperas, tirada da narração da sua paixão, saúda-a como "esposa de Cristo": Ó Santa Luzia, esposa de Cristo, paciente lutando, ganhastes a vida, banhada de sangue vencestes o mundo e agora brilhais entre os coros dos anjos.
Segundo a passio, a história de sua paixão, surgida entre os séculos V e VI, Santa Luzia pertencia a uma rica e nobre família cristã de Siracusa. Recebeu primorosa educação cristã, de modo que se sentiu dominada pelo amor a Cristo, emitindo, desde cedo, o voto de perpétua virgindade. Ficando órfã de pai, sua mãe desejava que Luzia contraísse matrimônio com um jovem de distinta família, mas pagão. Na sua perplexidade, Luzia pediu que lhe fosse concedido um prazo de tempo para melhor amadurecer sua resolução de castidade pela oração. A mãe adoeceu e ambas teriam feito uma romaria ao túmulo de Santa Águeda, em Catânia. Por intercessão de Santa Águeda, Luzia conseguiu a cura de sua mãe. Após a longa oração Luzia encontrou a mãe completamente curada. Voltaram para Siracusa e aí surgiu novamente a proposta de casamento que ela recusou terminantemente. O jovem que nutria a esperança de casar com Luzia, tendo notícia da obstinada recusa e do gesto em favor dos pobres a quem distribuíra seus bens, transformou o amor em ódio e denunciou-a perante o governador Pascásio. Perante o juiz que lhe intimava a sacrificar aos deuses e manter a palavra do casamento, Luzia respondeu: "Nem uma, nem outra coisa farei". O processo continuou com ameaças de todo tipo. Por último, foi decapitada.
À lenda acrescentou-se, mais tarde, outro dado, algo chocante, frequente objeto das representações artísticas: em resposta contundente ao seu algoz, o prefeito Pascásio, que a manteve presa e a cobiçava para sua mulher, Luzia arrancou os olhos e lhos enviou numa bandeja. É daí que Santa Luzia é invocada como protetora contra as doenças dos olhos e padroeira dos lapidadores. Esta devoção provavelmente se deu à luz da lenda da doação dos olhos acima lembrada ou ao fato de que o nome Luzia se liga à palavra luz, sinônimo de luminosa, luzidia.
A Oração coleta não entra nos elementos lendários da vida de Santa Luzia. Lembra diante de Deus a virgem e a mártir, tendo ela conquistado através do seu martírio a dupla coroa, a da virgindade e a do martírio. Faz finalmente alusão à luz, pedindo que possamos contemplar, um dia, a sua glória: Ó Deus, que a intercessão da gloriosa virgem Santa Luzia reanime o nosso fervor, para que possamos hoje celebrar o seu martírio e contemplar, um dia, a sua glória.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Luzia, rogai por nós!


