5ª feira da 3ª Semana do Advento
Antífona de entrada
Vernáculo:
Vós estais perto, ó Senhor, perto de mim; todos os vossos mandamentos são verdade! Desde criança aprendi vossa Aliança que firmastes para sempre, eternamente. Sl. Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! (Cf. LH: Sl 118, 151-152 e 1)
Coleta
Ó Deus, pelo parto virginal de Maria revelastes ao mundo o esplendor da vossa glória; concedei-nos venerar com fé pura e celebrar com devoção e amor o mistério tão profundo da encarnação. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Jz 13, 2-7. 24-25a)
Leitura do Livro dos Juízes
Naqueles dias, 2havia um homem de Saraá, da tribo de Dã, chamado Manué, cuja mulher era estéril. 3O anjo do Senhor apareceu à mulher e disse-lhe: “Tu és estéril e não tiveste filhos, mas conceberás e darás à luz um filho. 4Toma cuidado de não beberes vinho nem licor, de não comeres coisa alguma impura,5pois conceberás e darás à luz um filho. Sua cabeça não será tocada por navalha, porque ele será consagrado ao Senhor desde o ventre materno, e começará a libertar Israel das mãos dos filisteus”. 6A mulher foi dizer ao seu marido: “Veio visitar-me um homem de Deus, cujo aspecto era terrível como o de um anjo do Senhor. Não lhe perguntei de onde vinha nem ele me revelou o seu nome. 7Ele disse-me: ‘Conceberás e darás à luz um filho. De hoje em diante, toma cuidado para não beberes vinho nem licor, e não comeres nada de impuro, pois o menino será consagrado a Deus, desde o ventre materno até ao dia da sua morte’”. 24Ela deu à luz um filho e deu-lhe o nome de Sansão. O menino cresceu e o Senhor o abençoou. 25aO espírito do Senhor começou a agir nele no Campo de Dã.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 70)
℟. Minha boca se encha de louvor, para que eu cante vossa glória.
— Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. ℟.
— Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo. ℟.
— Cantarei vossos portentos, ó Senhor, lembrarei vossa justiça sem igual! Vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas. ℟.
Ó Raiz de Jessé, sinal das nações: oh, vinde livrar-nos e não tardeis mais! ℟.
Evangelho (Lc 1, 5-25)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
5Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. 6Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada.
8Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no Templo, pois era a vez do seu grupo. 9Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10Toda a assembleia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido.
11Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele. 13Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. 14Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. 16Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus. 17E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto”.
18Então Zacarias perguntou ao anjo: “Como terei certeza disto? Sou velho e minha mulher é de idade avançada”. 19O anjo respondeu-lhe: “Eu sou Gabriel. Estou sempre na presença de Deus, e fui enviado para dar-te esta boa notícia. 20Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até ao dia em que essas coisas acontecerem, porque tu não acreditaste nas minhas palavras, que hão de se cumprir no tempo certo”.
21O povo estava esperando Zacarias, e admirava-se com a sua demora no Santuário. 22Quando saiu, não podia falar-lhes. E compreenderam que ele tinha tido uma visão no Santuário. Zacarias falava com sinais e continuava mudo.
23Depois que terminou seus dias de serviço no Santuário, Zacarias voltou para casa. 24Algum tempo depois, sua esposa Isabel ficou grávida, e escondeu-se durante cinco meses. 25Ela dizia: “Eis o que o Senhor fez por mim, nos dias em que ele se dignou tirar-me da humilhação pública!”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Confortámini, et iam nolíte timére: ecce enim Deus noster retríbuet iudícium: ipse véniet, et salvos nos fáciet. (Is. 35, 4)
Vernáculo:
Coragem, não temais; eis que chega o nosso Deus, ele mesmo vai salvar-nos. (Cf. MR: Is 35, 4)
Sobre as Oferendas
Olhai com bondade, Senhor, os dons que trazemos ao vosso altar, e consagrai com o vosso poder o que em nossa fragilidade apresentamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Então virá o Senhor, meu Deus, e todos os santos com ele. Será um dia único. Não haverá dia nem noite. E acontecerá que no tempo da tarde haverá luz. (Cf. Bíblia CNBB: Zc 14, 5b. 7)
Depois da Comunhão
Graças vos damos, Deus todo-poderoso, pelos dons que recebemos; infundi em nós o desejo da salvação que há de vir, para que possamos celebrar de coração purificado o nascimento do nosso Salvador. Que vive e reina pelos séculos dos séculos.
Homilia do dia 19/12/2024
A incredulidade de Zacarias
“Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até o dia em que essas coisas acontecerem, porque não acreditaste nas minhas palavras, que se hão de cumprir no tempo certo”.
Todas as manhãs, ao despontar do sol, dividiam-se por sorte os diversos ofícios a ser realizados no Templo de Jerusalém entre os sacerdotes em exercício naquele dia. No Evangelho de hoje, extraído de Lc 1, 5-25, ficamos sabendo que Zacarias, da tribo sacerdotal (gr. ‘ἐξ ἐφημερίας’) de Abias, foi encarregado certa vez, nos tempos de Herodes I, de entrar no Santuário para oferecer o sacrifício do incenso. Após entrar no Santo dos Santos para realizar a oferta, apareceu-lhe em forma humana (cf. Gn 19, 1; Dn 3, 49; 9, 21), à direita do altar, um anjo do Senhor. Zacarias ficou aterrado diante da visão, não só porque os anjos são criaturas tremendas e gloriosas, mas também porque era crença comum entre os judeus que a visão de um anjo podia causar a morte (Jz 6, 22; 13, 22; Is 6, 5; Ez 2, 1; Dn 10, 8). Por isso, o anjo disse-lhe: “Não tenhas medo, Zacarias”, e confortou-o com uma feliz notícia: “Porque Deus ouviu tua súplica”. E explicou em seguida: “Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João”, que a) brilhará com singular santidade, b) produzirá grandes frutos de conversão entre o povo e c) será o Precursor de Cristo. Zacarias, porém, negou-se a acreditar nas palavras do anjo, a não ser que lhe fosse dado um sinal. O anjo lhe revelou então o seu nome, Gabriel, e lhe impôs, por sua incredulidade, uma pena, que seria também um sinal de que tudo iria acontecer como fora dito: “Eis que ficarás mudo e não poderás falar, até o dia em que essas coisas acontecerem”. A visão de Zacarias nos mostra, assim, que a) Deus, ainda que tarde, escuta sempre as nossas orações e está disposto a realizá-las até mesmo contra as nossas expectativas, porque b) nós, infelizmente, rezamos muitas vezes sem fé, como quem duvida de que Deus irá realmente nos atender. — Peçamos ao Senhor perdão por nossa incredulidade. Entremos no santuário do nosso coração e ofereçamos a Deus o incenso de uma oração confiante, firmes na esperança de que Ele, neste próximo Natal, irá nascer em nossas almas para ali ser consolado pela nossa fidelidade, simples e sincera.
Deus abençoe você!
Santo do dia 19/12/2024
Beato Urbano V (Memória Facultativa)
Local: Avinhão, França
Data: 19 de † 1370
"Mais que a qualquer outra cidade tu estás vinculado a Roma", escrevia Francisco Petrarca ao beneditino francês Guilherme de Grimoardo, eleito ao sólio pontifício a 28 de setembro de 1362, embora não fosse nem cardeal, nem bispo. Nasceu no castelo de Grisac, em Languedoc, em 1310, de família nobre. Ingressara ainda muito jovem no mosteiro dos beneditinos do priorado de Chirac, onde recebeu sólida cultura. Doutorou-se em direito canônico e civil e ensinou na universidade de Montpelier, Toulouse e Avignon, antes de receber da Cúria pontifícia vários encargos como delegado em Milão e em Nápoles, onde chegou-lhe a nomeação para Pontífice.
Consagrado bispo em Avignon, no mesmo dia, 6 de novembro de 1362, recebia a tiara com o nome de Urbano V. A esperança de volta do papa a Roma pareceu logo que se realizaria. A citada carta de Petrarca é exemplo desta vivíssima expectativa. Este papa ativíssimo e piedoso mostrou logo possuir os dotes do homem de governo e mão firme no guiar a barca de Pedro, numa época tão difícil na vida interna da Igreja.
Não foi só metaforicamente que embarcou na barca de Pedro. Apenas cinco anos após sua elevação ao sólio pontifício, e precisamente a 30 de abril de 1367, embarcou com toda a cúria numa verdadeira frota de navios e dirigiu-se para Roma. Após uma parada em Gênova e descanso em Viterbo o papa podia finalmente repor o pé na Cidade Eterna, a 16 de setembro do mesmo ano, acolhido por toda a cidade em festa. Poucos dias depois "Roma estava toda cheia de obras", como escrevia Coluccio Salutati. Muito mais que à restauração das coisas materiais, o santo pontífice olhou para a reconstrução espiritual da Igreja, promovendo a unidade entre os cristãos, que pareceu realizar-se através da união da Igreja grega com a latina em 1369.
Infelizmente a pacificação dos ânimos dos Estados Pontifícios durou pouco, e a 7 de abril de 1370, Urbano V deixava novamente Roma para tornar a Avignon, não obstante as súplicas e as exortações de tantos, entre os quais santa Brígida, que alcançando-o junto ao lago de Bolsena, lhe predisse que em breve morreria, se voltasse para Avignon. Morreu de fato a 19 de dezembro daquele mesmo ano. Esta nova escolha, motivada por situações históricas particulares, não depõe contra os grandes méritos do seu pontificado, que durou oito anos, ao qual se atribuiu reforma eficaz dos costumes e incremento particular da doutrina cristã e dos estudos em geral.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Beato Urbano V, rogai por nós!