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Memória Facultativa

São João Fisher, bispo, e Santo Tomás More, mártires ou São Paulino de Nola, bispo


Antífona de entrada

O Senhor é a força de seu povo, fortaleza e salvação do seu Ungido. Salvai, Senhor, vosso povo, abençoai vossa herança e governai para sempre os vossos servos. (Sl 27, 8-9)
Dominus fortitúdo plebis suae, et protéctor salutárium Christi sui est: salvum fac pópulum tuum, Dómine, et bénedic hereditáti tuae, et rege eos usque in saéculum. Ps. Ad te Dómine clamábo, Deus meus ne síleas a me: nequándo táceas a me, et assimilábor descendéntibus in lacum. (Ps. 27, 8. 9 et 1)
Vernáculo:
O Senhor é a força de seu povo, fortaleza e salvação do seu Ungido. Salvai, Senhor, vosso povo, abençoai vossa herança e governai para sempre os vossos servos. (Cf. MR: Sl 27, 8-9) Sl. A vós eu clamo, ó Senhor, ó meu rochedo, não fiqueis surdo à minha voz! Se não me ouvirdes, eu terei a triste sorte dos que descem ao sepulcro! (Cf. LH: Sl 27, 1)

Coleta

Senhor, nosso Deus, dai-nos por toda a vida a graça de vos amar e temer, pois nunca cessais de conduzir os que firmais no vosso amor. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

Primeira Leitura (2Rs 22, 8-13; 23, 1-3)


Leitura do Segundo Livro dos Reis


Naqueles dias, 22, 8o sumo sacerdote Helcias disse ao secretário Safã: “Achei o livro da Lei na casa do Senhor!” Helcias deu o livro a Safã, que também o leu. 9Então o secretário Safã foi à presença do rei e fez-lhe um relatório nestes termos: “Os teus servos juntaram o dinheiro que se achou no templo e entregaram-no aos empreiteiros encarregados do templo do Senhor”.

10Em seguida, o secretário Safã comunicou ao rei: “O sacerdote Helcias entregou-me um livro”. E Safã leu-o diante do rei. 11Ao ouvir as palavras do livro da Lei, o rei rasgou as suas vestes. 12E ordenou ao sacerdote Helcias, a Aicam, filho de Safã, a Acobor, filho de Miqueias, ao secretário Safã e a Asaías, ministro do rei: 13“Ide e consultai o Senhor a meu respeito, a respeito do povo e de todo o Judá, sobre as palavras deste livro que foi encontrado. Grande deve ser a ira do Senhor que se inflamou contra nós, porque nossos pais não obedeceram às palavras deste livro, nem puseram em prática tudo o que nos fora prescrito”.

23, 1Então o rei mandou que se apresentassem diante dele todos os anciãos de Judá e de Jerusalém. 2E subiu ao templo do Senhor com todos os homens de Judá e todos os habitantes de Jerusalém, os sacerdotes, os profetas e todo o povo, do maior ao menor. Leu diante deles todo o conteúdo do livro da Aliança que tinha sido achado na casa do Senhor. 3De pé, sobre o seu estrado, o rei concluiu a aliança diante do Senhor, obrigando-se a seguir o Senhor e a observar seus mandamentos, preceitos e decretos, de todo o seu coração e de toda a sua alma, cumprindo as palavras da Aliança escritas naquele livro. E todo o povo aderiu à Aliança.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Ou:

Vigília da Natividade de São João Batista:


Primeira Leitura (Jr 1, 4-10)


Leitura do Livro do Profeta Jeremias


Nos dias de Josias, 4foi-me dirigida a palavra do Senhor, dizendo: 5“Antes de formar-te no ventre materno, eu te conheci; antes de saíres do seio de tua mãe, eu te consagrei e te fiz profeta das nações”. 6Disse eu: “Ah! Senhor Deus, eu não sei falar, sou muito novo”.

7Disse-me o Senhor: “Não digas que és muito novo; a todos a quem eu te enviar, irás, e tudo que eu te mandar dizer, dirás. 8Não tenhas medo deles, pois estou contigo para defender-te”, diz o Senhor.

9O Senhor estendeu a mão, tocou-me a boca e disse-me: “Eis que ponho minhas palavras em tua boca. 10Eu te constituí hoje sobre povos e reinos com poder para extirpar e destruir, devastar e derrubar, construir e plantar”.

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


Salmo Responsorial (Sl 118)


℟. Ensinai-me a viver vossos preceitos, ó Senhor!


— Ensinai-me a viver vossos preceitos; quero guardá-los fielmente até o fim! ℟.

— Dai-me o saber, e cumprirei a vossa lei, e de todo o coração a guardarei. ℟.

— Guiai meus passos no caminho que traçastes, pois só nele encontrarei felicidade. ℟.

— Inclinai meu coração às vossas leis, e nunca ao dinheiro e à avareza. ℟.

— Desviai o meu olhar das coisas vãs, dai-me a vida pelos vossos mandamentos! ℟.

— Como anseio pelos vossos mandamentos! Dai-me a vida, ó Senhor, porque sois justo! ℟.


Ou:

Vigília da Natividade de São João Batista:


Salmo Responsorial (Sl 70)


℟. Desde o seio maternal, sois meu amparo.


— Eu procuro meu refúgio em vós, Senhor: que eu não seja envergonhado para sempre! Porque sois justo, defendei-me e libertai-me! Escutai a minha voz, vinde salvar-me! ℟.

— Sede uma rocha protetora para mim, um abrigo bem seguro que me salve! Porque sois a minha força e meu amparo, o meu refúgio, proteção e segurança! Libertai-me, ó meu Deus, das mãos do ímpio. ℟.

— Porque sois, ó Senhor Deus, minha esperança, em vós confio desde a minha juventude! Sois meu apoio desde antes que eu nascesse, desde o seio maternal, o meu amparo. ℟.

— Minha boca anunciará todos os dias vossa justiça e vossas graças incontáveis. Vós me ensinastes desde a minha juventude, e até hoje canto as vossas maravilhas. ℟.

 


https://youtu.be/sg6dRRQxjMY

Vigília da Natividade de São João Batista:


Segunda Leitura (1Pd 1, 8-12)


Leitura da Primeira Carta de São Pedro


Caríssimos, 8sem ter visto o Senhor, vós o amais. Sem o ver ainda, nele acreditais. Isso será para vós fonte de alegria indizível e gloriosa, 9pois obtereis aquilo em que acreditais: a vossa salvação.

10Esta salvação tem sido objeto das investigações e meditações dos profetas. Eles profetizaram a respeito da graça que vos estava destinada.

11Procuraram saber a que época e a que circunstâncias se referia o Espírito de Cristo, que estava neles, ao anunciar com antecedência os sofrimentos de Cristo e a glória consequente. 12Foi-lhes revelado que, não para si mesmos, mas para vós, estavam ministrando estas coisas, que agora são anunciadas a vós por aqueles que vos pregam o Evangelho em virtude do Espírito Santo, enviado do céu; revelações essas, que até os anjos desejam contemplar!

— Palavra do Senhor.

— Graças a Deus.


℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. Ficai em mim e eu em vós ficarei, diz Jesus; quem em mim permanece há de dar muito fruto. (Jo 15, 4a. 5b) ℟.

Ou:

Vigília da Natividade de São João Batista:


℟. Aleluia, Aleluia, Aleluia.
℣. João veio dar testemunho da Luz, a fim de preparar um povo bem-disposto para a vinda do Senhor. (cf. Jo 1, 7; Lc 1, 17) ℟.

Evangelho (Mt 7, 15-20)


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Mateus 

℟. Glória a vós, Senhor.


Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 15“Cuidado com os falsos profetas: Eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. 16Vós os conhecereis pelos seus frutos. Por acaso se colhem uvas de espinheiros ou figos de urtigas? 17Assim, toda árvore boa produz frutos bons, e toda árvore má, produz frutos maus. 18Uma árvore boa não pode dar frutos maus, nem uma árvore má pode produzir frutos bons. 19Toda a árvore que não dá bons frutos é cortada e jogada no fogo. 20Portanto, pelos seus frutos vós os conhecereis”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.



Ou:

Vigília da Natividade de São João Batista:


Evangelho (Lc 1, 5-17)


℣. O Senhor esteja convosco.

℟. Ele está no meio de nós.


℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo  segundo Lucas 

℟. Glória a vós, Senhor.


5Nos dias de Herodes, rei da Judeia, vivia um sacerdote chamado Zacarias, do grupo de Abia. Sua esposa era descendente de Aarão e chamava-se Isabel. 6Ambos eram justos diante de Deus e obedeciam fielmente a todos os mandamentos e ordens do Senhor. 7Não tinham filhos, porque Isabel era estéril, e os dois já eram de idade avançada.

8Em certa ocasião, Zacarias estava exercendo as funções sacerdotais no Templo, pois era a vez do seu grupo. 9Conforme o costume dos sacerdotes, ele foi sorteado para entrar no Santuário, e fazer a oferta do incenso. 10Toda a assembleia do povo estava do lado de fora rezando, enquanto o incenso estava sendo oferecido. 11Então apareceu-lhe o anjo do Senhor, de pé, à direita do altar do incenso. 12Ao vê-lo, Zacarias ficou perturbado e o temor apoderou-se dele.

13Mas o anjo disse: “Não tenhas medo, Zacarias, porque Deus ouviu tua súplica. Tua esposa, Isabel, vai ter um filho, e tu lhe darás o nome de João. 14Tu ficarás alegre e feliz, e muita gente se alegrará com o nascimento do menino, 15porque ele vai ser grande diante do Senhor. Não beberá vinho nem bebida fermentada e, desde o ventre materno, ficará repleto do Espírito Santo. 16Ele reconduzirá muitos do povo de Israel ao Senhor seu Deus.

17E há de caminhar à frente deles, com o espírito e o poder de Elias, a fim de converter os corações dos pais aos filhos, e os rebeldes à sabedoria dos justos, preparando para o Senhor um povo bem disposto”.

— Palavra da Salvação.

— Glória a vós, Senhor.


Antífona do Ofertório

Perfice gressus meos in sémitis tuis, ut non moveántur vestígia mea: inclína aurem tuam, et exáudi verba mea: mirífica misericórdias tuas, qui salvos facis sperántes in te, Dómine. (Ps. 16, 5. 6. 7)


Vernáculo:
Os meus passos eu firmei na vossa estrada, e por isso os meus pés não vacilaram. Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Mostrai-me vosso amor maravilhoso, vós que salvais e libertais do inimigo quem procura a proteção junto de vós. (Cf. LH: Sl 16, 5. 6. 7)

Sobre as Oferendas

Acolhei, ó Deus, este sacrifício de reconciliação e louvor e fazei que, purificados por ele, possamos oferecer-vos um coração que vos agrade. Por Cristo, nosso Senhor.



Antífona da Comunhão

Todos os olhos, ó Senhor, em vós esperam e vós lhes dais no tempo certo o alimento. (Sl 144, 15)

Ou:


Eu sou o Bom Pastor e dou a vida por minhas ovelhas, diz o Senhor. (Jo 10, 11. 15)
Qui vult veníre post me, ábneget semetípsum: et tollat ​​crucem suam, et sequátur me. (Mt. 16, 24; ℣. Ps. 33, 2. 6. 7. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21)
Vernáculo:
Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. (Cf. Bíblia CNBB: Mt 16, 24)

Depois da Comunhão

Renovados pelo Corpo e Sangue do vosso Filho, nós vos pedimos, ó Deus, que possamos receber um dia, resgatados para sempre, a salvação que devotamente estamos celebrando. Por Cristo, nosso Senhor.

Homilia do dia 22/06/2022
Cuidado com os falsos profetas!

“Cuidado com os falsos profetas: eles vêm até vós vestidos com peles de ovelha, mas por dentro são lobos ferozes. Vós os conhecereis pelos seus frutos”.

Homilia da 4ª feira da 12ª Semana do Tempo Comum:

Após nos ter precavido ontem contra o perigo de entrarmos pelo caminho largo da perdição, o Senhor nos alerta hoje contra os falsos profetas, que, metidos em peles de ovelha, se ocultam no rebanho de Cristo como lobos traiçoeiros. “Cuidado com os falsos profetas”, que se apresentam com palavras doces e sedutoras, mas que por dentro “são lobos ferozes”, à espreita das vítimas desprevenidas. Em seguida, indica-nos Jesus o sinal por que poderemos distinguir as ovelhas falsas das verdadeiras: “Vós os conhecereis pelos seus frutos”. Mas a que frutos, precisamente, se refere Nosso Senhor? Não são, decerto, os frutos externos, isto é, não se trata nem de jejuns nem de esmolas, nem de orações nem de muito apostolado, porque todas essas coisas — diz S. Agostinho —, “quando se fazem com mau fim, no erro, não aproveitam mais que para encobrir os lobos”; por isso, não são esses os frutos “que podem servir-nos para reconhecê-los” (De serm. Domini II, 25). Trata-se, antes, dos frutos que o Apóstolo chama “obras da carne”, a saber: “fornicação, impureza, liber­tinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes” (Gl 5, 19ss). São esses, pois, os frutos com os quais podemos conhecer quem é árvore boa e quem é árvore má: as más frutificam em obras da carne; as boas dão o fruto do Espírito, que é “caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura, temperança” (Gl 5, 22s); as más, ainda que se revistam de folhas frondosas, ainda que pareçam por fora cheias de vitalidade, estão podres por dentro, carregadas de frutos estragados; as boas, ao contrário, ainda que nem sempre sejam as mais atraentes, são as que se deixam podar por Cristo e nele dão frutos abundantes de fé viva, operante pelo amor e com boas obras. Portanto, é por esses frutos que havemos de julgar, antes de tudo, se temos nós mesmos sido lobo ou ovelha, árvore boa ou má, ocasião de queda ou soerguimento para os nossos irmãos na fé: “Vós os conhecereis pelos seus frutos”.

Deus abençoe você!

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Homilia | Medo de perder o que realmente importa (Memória de São Tomás More e São João Fisher)

A Igreja celebra hoje a memória de São Thomas More e São John Fisher, mártires ingleses que morreram nas mãos da sanha adúltera de Henrique VIII em testemunho da unidade da Igreja e da santidade do matrimônio, uno e indissolúvel.Assista à homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quarta-feira, dia 22 de junho, aprendamos do exemplo dos mártires que mais vale a amizade de Cristo e a sua graça do que as honras e prestígios do mundo e que a santa intransigência que Deus espera de nós nada tem de “intolerância”, porque ela nada mais é do que sinal de um grande e profundo amor a Ele.


https://youtu.be/bjhFe7ZXRug

Santo do dia 22/06/2022


São João Fischer, Bispo e São Tomás More, Mártires (Memória Facultativa)
Local: Reino Unido
Data: 22 de Junho † 1535


João Fisher nasceu em Yorkshire em 1469. Em 1483, estava em Cambridge. Bacharel, foi professor de artes. Ordenado padre em 1494, aos vinte e cinco anos de idade, logo depois era censor da Universidade. Em 1504, elevou-se à chancelaria.

Em 1504, o rei nomeou-o bispo de Rochester, ao sul da desembocadura do Tâmisa. Contava, então, trinta e cinco anos. Evitando as honrarias, das quais fugia sempre e sempre, entrou a lutar, com grande diligência, contra os abusos da diocese. Procurava os pobres, consolava os doentes, provia-os de tudo aquilo que se lhes fazia necessário.

Fisher combateu denodadamente o protestantismo. A Reforma, de início, não fora um movimento político. Fora tão somente um movimento religioso. Do ponto de vista da doutrina, a Reforma pretendeu estabelecer uma relação mais direta entre o Criador e o pecador, diminuindo a eficácia dos sacramentos ao lado da misericórdia divina, fonte de salvação das almas.

Assim, diziam, aproximavam-se dos ensinamentos de Jesus Cristo, que era quanto pode haver de democrático, cabendo ao livre exame a supremacia pela subordinação dos dogmas à interpretação individual.

A questão das indulgências proporcionou a discórdia, levou à separação. Lutero, publicamente, na presença de doutores, estudantes e povo, queimou a bula que vinha condená-lo como herético e sedicioso.

O protesto de Lutero foi feito por meio de noventa e cinco teses, as famosas "Teses" que São João Fisher criticou com bravura e brilho. Depois que Henrique VIII, em 1522, ligou-se a Ana Bolena, dama de honra da esposa Catarina de Aragão, declarou-se a luta entre Fisher e o monarca. E em 1533, foi ele aprisionado pela primeira vez.

Quando o rei, procurando assegurar a sucessão do trono aos filhos de Ana Bolena, buscou o juramento de São João Fisher para uma fórmula que ia contra o papa (rejeição da jurisdição papal sobre a Igreja), o Santo, com indignação, recusou-se a atender o soberano, rebelando-se.

Preso de novo, desta vez foi enviado à fatídica Torre de Londres, tendo os bens confiscados e os livros e trabalhos dispersos. Quando lhe varejaram a casa, encontraram um móvel que tinha, fechado a chave, uma única gaveta. Aquilo era suspeito. Que conteria ela? Forçaram-na. Arrombada, escancarada, os três objetos que encerrava decepcionaram os violadores: dentro, severos, estavam, como que acusadores, duas disciplinas e um cilício.

Importantíssima figura daqueles tempos foi a de Tomás More, amigo do santo arcebispo, o humanista e chanceler que a igreja canonizou em 1935. E, sem dúvida, a personalidade mais interessante da turbulenta Inglaterra de Henrique VIII, naqueles tempos de São João Fisher.

Como Fisher, era de ótima têmpera. Até o fim da vida, defendeu sempre um bom entendimento com a Santa Sé, de preferência a um rompimento, que só serviria para reunir na pessoa do soberano o poder espiritual e o poder temporal. Demonstrou, pela vitalidade prodigiosa de seu ânimo, pelo ascetismo da sua doutrina, solicitada pelas exigências duma vida senhorial, pela sua natural propensão para a pobreza e para a humildade, que os exaltados combates que se travam entre os escrúpulos morais e o amor do próximo, são sempre pagos com o sacrifício da própria vida.

Por esta razão mesma, a individualidade de Tomás More - o homem - não pode deixar de suscitar o mais vivo interesse. É, sem dúvida, de todos os humanistas, o autor da "Utopia" aquele que melhor sentido da ironia possuiu, de tal modo que só ele compreendeu o vácuo da existência, tanto que chegou por momentos a pensar em se recolher à Cartuxa.

Impressionado com a aura de sabedoria de que Tomás More se achava revestido, Henrique VIII, logo após ter subido ao trono, quis tê-lo ao seu serviço.

More passou a preparar os discursos do rei, a exercer uma ação decisiva na vida intelectual do país; assinou o Tratado de Cambrai, a que se refere o seu epitáfio. Desejando sempre que Deus o guiasse nas emergências da vida, More rezava e meditava todos os dias.

Apreciado pelo talento, tanto como pela piedade, More foi, sucessivamente, encarregado de defender o rei numa polêmica com Lutero, e de procurar trazer à razão Tyndale, que aceitara a heresia. Durante anos, foi considerado homem de espírito angélico e de inigualável saber - conforme o atestam os tratados de retórico da época, que consignam esta frase.

Em 1529, Henrique VIII ofereceu a Tomás More o lugar de chanceler, procurando desta forma encontrar o apoio de alguém reputado pela piedade, para conseguir sancionar o repúdio de Catarina e casar com Ana Bolena.

More aceitou e pretendeu afastar a anulação, sabendo perfeitamente que era para isso que tinha sido chamado. Vendo que nada conseguia fazer, jubilou-se, a pretexto de estar doente.

Henrique VIII indignou-se, mas não exteriorizou as intenções. Convidou-o para assistir ao casamento com Ana Bolena. More recusou-se comparecer. Tomás Cromwell acusou-o publicamente. More solicitou audiência duma comissão de parlamentares, que lhe foi concedida, com a condição de aprovar a política do rei.

Em presença desta exigência, desistiu de ser ouvido. Em seguida, foi instado para votar a lei de sucessão, a favor de Isabel, filha de Ana Bolena. Recusou ainda. Dois dias depois, a 17 de abril de 1535, foi conduzido à Torre de Londres, de onde só saiu para a forca.

Vilipendiado, mal alimentado, tratado sem deferência ou consideração, More sofreu todos os tormentos possíveis. Escreveu, para se consolar, o "Diálogo do Reconforto nas Atribulações", e meditou na Paixão do Senhor. Embora instalado pelos amigos para se retratar, persistiu na decisão.

O cardeal João Fisher, que tomara igual atitude em relação ao divórcio de Henrique VIII, foi decapitado. More defendeu-se magistralmente dentro da lei, mas condenado a ser esquartejado, dirigiu-se aos carrascos nestes termos: - Tenho confiança absoluta, e pedirei a Deus, com fervor, o céu para vossas senhorias, porque, embora tenhais sido os obreiros da minha condenação, é certo que ainda poderemos encontrar-nos no céu, todos juntos...

Tomás More, foi decapitado em Londres, no dia 6 de julho de 1535, por ordem de Henrique VIII. Morreu como um justo, pronunciando estas palavras: - Morro leal a Deus e ao Rei! Mas, a Deus, antes de mais nada! Beatificado em 1886, foi inscrito no catálogo dos Santos em 1935.

São João Fisher, no ano em que foi executado Tomás More, também se foi para Deus. Era, como se viu, em 1535, e o papa Paulo III nomeou-o, pouco antes da morte, cardeal. Conta-se, então, que Henrique VIII, no paroxismo da fúria, gritou, apoplético, aos que lhe traziam a notícia: - Envia-lhe, então, o papa o chapéu? Eu arranjarei de modo que, ao chegar, ele o coloque sobre os ombros... porque não mais terá cabeça para acomodar chapéus!

Condenado à morte no dia 17 de junho, São João Fisher foi executado cinco dias mais tarde, isto é, a 22. Acordado às cinco da madrugada, gentilmente suplicou que o deixassem repousar um pouco mais. Contentaram-no, e o Santo profundamente, dormiu mais duas horas.

Quando acordou, vestiu-se, tomou o Novo Testamento e leu, com grande consolação, estas palavras de São João: Ora, a vida eterna é esta: "Que te conheçam a ti como um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste. Glorifiquei-te sobre a terra; acabei a obra que me deste a fazer. E agora, Pai, glorifica-me junto de ti mesmo, com aquela glória que tive em ti, antes que houvesse mundo". (Jo 17, 3-5)

Chegado que foi ao local do suplício, calma e dignamente dirigiu-se ao povo que se acotovelava para vê-lo, dizendo: - Aqui vim para morrer pela fé, pela fé da Igreja Católica e de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Estava abatidíssimo, muito magro, "um esqueleto". Decapitado, foi o corpo depois levado para o cemitério chamado de Todos os Santos, e a cabeça, fincada num alto poste esguio, por catorze dias ficou exposta na ponte de Londres.

São João Fisher foi canonizado junto com o amigo Tomás More, em 1935, graças ao zelo de Dom Henrique Quentin.

Referência:
ROHRBACHER, Padre. Vida dos santos: Volume XI. São Paulo: Editora das Américas, 1959. Edição atualizada por Jannart Moutinho Ribeiro; sob a supervisão do Prof. A. Della Nina. Adaptações: Equipe Pocket Terço. Disponível em: obrascatolicas.com. Acesso em: 21 jun. 2021.

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