5º Domingo da Quaresma
Antífona de entrada
Vernáculo:
A mim, ó Deus, fazei justiça, defendei a minha causa contra a gente sem piedade; do homem perverso e traidor, libertai-me, porque sois, ó Deus, o meu socorro. (Cf. MR: Sl 42, 1-2) Sl. Enviai vossa luz, vossa verdade: elas serão o meu guia; que me levem ao vosso Monte santo, até a vossa morada! (Cf. LH: Sl 42, 3)
Coleta
Senhor nosso Deus, dai-nos, por vossa graça, caminhar com alegria na mesma caridade que levou o vosso Filho a entregar-se à morte no seu amor pelo mundo. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.
Primeira Leitura (Ez 37, 12-14)
Leitura da Profecia de Ezequiel
Assim fala o Senhor Deus: “Ó meu povo, vou abrir as vossas sepulturas e conduzir-vos para a terra de Israel; 13e quando eu abrir as vossas sepulturas e vos fizer sair delas, sabereis que eu sou o Senhor. 14Porei em vós o meu espírito, para que vivais e vos colocarei em vossa terra. Então sabereis que eu, o Senhor, digo e faço — oráculo do Senhor”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 129)
℟. No Senhor, toda graça e redenção!
— Das profundezas eu clamo a vós, Senhor, escutai a minha voz! Vossos ouvidos estejam bem atentos ao clamor da minha prece! ℟.
— Se levardes em conta nossas faltas, quem haverá de subsistir? Mas em vós se encontra o perdão, eu vos temo e em vós espero. ℟.
— No Senhor ponho a minha esperança, espero em sua palavra. A minh’alma espera no Senhor mais que o vigia pela aurora. ℟.
— Espere Israel pelo Senhor, mais que o vigia pela aurora! Pois no Senhor se encontra toda graça e copiosa redenção. ℟.
— Ele vem libertar a Israel de toda a sua culpa. ℟.
Segunda Leitura (Rm 8, 8-11)
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos
Irmãos: 8Os que vivem segundo a carne não podem agradar a Deus. 9Vós não viveis segundo a carne, mas segundo o Espírito, se realmente o Espírito de Deus mora em vós. Se alguém não tem o Espírito de Cristo, não pertence a Cristo. 10Se, porém, Cristo está em vós, embora vosso corpo esteja ferido de morte por causa do pecado, vosso espírito está cheio de vida, graças à justiça. 11E, se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus dentre os mortos mora em vós, então aquele que ressuscitou Jesus Cristo dentre os mortos vivificará também vossos corpos mortais por meio do seu Espírito que mora em vós.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Eu sou a ressurreição, eu sou a vida. Quem crê em mim não morrerá eternamente. (Jo 11, 25a. 26) ℟.
Evangelho (Jo 11, 1-45 – Forma breve: Jo 11, 3-7. 17. 20-27. 33b-45)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo João
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1havia um doente, Lázaro, que era de Betânia, o povoado de Maria e de Marta, sua irmã. 2Maria era aquela que ungira o Senhor com perfume e enxugara os pés dele com seus cabelos. O irmão dela, Lázaro, é que estava doente. [3As irmãs mandaram então dizer a Jesus: “Senhor, aquele que amas está doente”.
4Ouvindo isto, Jesus disse: “Esta doença não leva à morte; ela serve para a glória de Deus, para que o Filho de Deus seja glorificado por ela”. 5Jesus era muito amigo de Marta, de sua irmã Maria e de Lázaro. 6Quando ouviu que este estava doente, Jesus ficou ainda dois dias no lugar onde se encontrava. 7Então, disse aos discípulos: “Vamos de novo à Judeia”.]
8Os discípulos disseram-lhe: “Mestre, ainda há pouco os judeus queriam apedrejar-te, e agora vais outra vez para lá?” 9Jesus respondeu: “O dia não tem doze horas? Se alguém caminha de dia, não tropeça, porque vê a luz deste mundo. 10Mas se alguém caminha de noite, tropeça, porque lhe falta luz”. 11Depois acrescentou: “O nosso amigo Lázaro, dorme. Mas eu vou acordá-lo”. 12Os discípulos disseram: “Senhor, se ele dorme, vai ficar bom”. 13Jesus falava da morte de Lázaro, mas os discípulos pensaram que falasse do sono mesmo. 14Então Jesus disse abertamente: “Lázaro está morto. 15Mas por causa de vós, alegro-me por não ter estado lá, para que creiais. Mas vamos para junto dele”. 16Então Tomé, cujo nome significa Gêmeo, disse aos companheiros: “Vamos nós também para morrermos com ele”. [17Quando Jesus chegou, encontrou Lázaro sepultado havia quatro dias.] 18Betânia ficava a uns três quilômetros de Jerusalém. 19Muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão.
[20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa. 21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele to concederá”. 23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. 25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?”
27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.] 28Depois de ter dito isto, ela foi chamar a sua irmã, Maria, dizendo baixinho: “O Mestre está aí e te chama”. 29Quando Maria ouviu isso, levantou-se depressa e foi ao encontro de Jesus. 30Jesus estava ainda fora do povoado, no mesmo lugar onde Marta se tinha encontrado com ele. 31Os judeus que estavam em casa consolando-a, quando a viram levantar-se depressa e sair, foram atrás dela, pensando que fosse ao túmulo para ali chorar. 32Indo para o lugar onde estava Jesus, quando o viu, caiu de joelhos diante dele e disse-lhe: “Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido”. 33Quando Jesus a viu chorar, e também os que estavam com ela, estremeceu interiormente, [(Jesus) ficou profundamente comovido 34e perguntou: “Onde o colocastes?” Responderam: “Vem ver, Senhor”. 35E Jesus chorou. 36Então os judeus disseram: “Vede como ele o amava!”
37Alguns deles, porém, diziam: “Este, que abriu os olhos ao cego, não podia também ter feito com que Lázaro não morresse?” 38De novo, Jesus ficou interiormente comovido. Chegou ao túmulo. Era uma caverna, fechada com uma pedra. 39Disse Jesus: “Tirai a pedra!” Marta, a irmã do morto, interveio: “Senhor, já cheira mal. Está morto há quatro dias”. 40Jesus lhe respondeu: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”
41Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: “Pai, eu te dou graças porque me ouviste. 42Eu sei que sempre me escutas. Mas digo isto por causa do povo que me rodeia, para que creia que tu me enviaste”. 43Tendo dito isso, exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!” 44O morto saiu, atado de mãos e pés com os lençóis mortuários e o rosto coberto com um pano. Então Jesus lhes disse: “Desatai-o e deixai-o caminhar!” 45Então, muitos dos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele.]
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Confitébor tibi, Dómine, in toto corde meo: retríbue servo tuo: vivam, et custódiam sermónes tuos: vivífica me secúndum verbum tuum, Dómine. (Ps. 118, 7. 10. 17. 25)
Vernáculo:
Quero louvar-vos com sincero coração. De todo o coração eu vos procuro, não deixeis que eu abandone a vossa lei! Sede bom com vosso servo, e viverei, e guardarei vossa palavra, ó Senhor. (Cf. LH: Sl 118, 7. 10. 17. 25)
Sobre as Oferendas
Deus todo-poderoso, concedei aos vossos filhos e filhas que, formados pelos ensinamentos da fé cristã, sejam purificados por este sacrifício. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Quando Jesus a viu chorar, bem como aos que estavam com ela, chorou. Exclamou com voz forte: “Lázaro, vem para fora!”. O que estivera morto saiu, com as mãos e os pés atados. (Cf. Bíblia CNBB: Jo 11, 33. 35. 43. 44. 39)
Depois da Comunhão
Concedei, ó Deus todo-poderoso, que sejamos sempre contados entre os membros de Cristo, cujo Corpo e Sangue comungamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 26/03/2023
Vem para fora!
Ao bradar a Lázaro: “Vem para fora!”, Jesus também grita às nossas almas, rogando que saiamos da surdez maligna que nos conduz à morte eterna. Essa voz também quer chamar-nos a uma conversão mais profunda, na qual nós abandonamos o pecado não só por conta do inferno, mas por causa do choro secreto de Deus.
A chave de leitura deste belíssimo Evangelho, que expressa de modo dramático o afeto, a humanidade e o amor de Jesus, são a Sua paixão, morte e ressurreição. A pedido de Marta e Maria, Jesus sai da região da Galileia e vai a Betânia, que ficava a “uns três quilômetros” (v. 18) de Jerusalém, consciente de que sobe para dar a vida, seja para Lázaro, seja para todos os homens, na morte da Cruz. Os próprios discípulos, ao ouvirem a proposta de Jesus de voltar à Judeia, respondem: “Mestre, agora há pouco os judeus queriam te apedrejar, e vais de novo para lá?” (v. 8).
Então, para compreender em profundidade a narrativa de São João, é preciso recorrer a outro trecho desse mesmo Evangelho, em que Jesus diz que “ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida por seus amigos”. Em Betânia, Jesus dá a vida a Lázaro e, em troca, Ele mesmo ganha a morte.
Esse amor de amizade de Cristo manifesta-se de modo enigmático no capítulo 11 do Evangelho de São João. É verdade que Jesus se comove, como se lê nos versículos 33 e 38. No entanto, o verbo grego usado para expressar a Sua reação faz referência a uma comoção por raiva, por ira, como que a indicar o zelo de Deus pelo homem.
Ao mesmo tempo em que se comove, na síntese do versículo 35, é dito que “Jesus chorou”. Eis uma verdadeira epifania, uma revelação do coração de Deus que se comove diante da morte do ser humano. A palavra usada para expressar o choro de Jesus é o grego ἐδάκρυσεν (lê-se: edákrisen), que, diferentemente do verbo usado para expressar o choro de Maria e dos judeus (κλαίω; lê-se: klaío), faz referência a um choro comedido e sereno; a gotas de lágrima (δάκρυ; lê-se: dákri), literalmente.
Isso leva-nos a penetrar no segredo do sofrimento de Deus. Se Ele chora diante da morte física de seu amigo, sofre muito mais com a morte das almas que se afastam d’Ele pelo pecado, tornando-se de fato inimigas de Deus. O Seu choro secreto é algo que nos deve fazer tomar a firme decisão de consolar o Seu coração, ferido por nossas culpas.
Com isso, não se está a dizer que Lázaro não ressuscitou. Esse milagre realmente aconteceu, mas aponta para algo mais profundo: Jesus quer dar-nos a vida eterna, como diz a Marta: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” (v. 25).
No versículo 43, Jesus dirige um chamado a Lázaro a todos nós: “Lázaro, vem para fora!”. Ao contrário de seu choro comedido diante da morte, quando Deus nos chama à vida, Ele brada, com uma forte voz (φωνῇ μεγάλῃ; lê-se: foní megáli). Essa voz quer vencer a nossa surdez mortífera e chamar-nos a uma conversão mais profunda, na qual nós abandonamos o pecado não só por causa do inferno, mas porque ele ofende a Deus e fá-Lo chorar.
Vamos rezar, neste domingo, pedindo a Deus o dom da contrição perfeita. Muitas vezes, arrependemo-nos de nossos pecados por conta das penas do inferno ou pela recompensa do Céu. Neste Evangelho, Jesus convida-nos a vir para fora, sair do pecado para corresponder ao Seu amor e consolar o Seu coração, parar de ofendê-Lo por causa da lágrima secreta que Ele derrama a cada pecado que cometemos. Quantas vezes Jesus não chorou sobre o túmulo de nossa alma morta pelo pecado!
No capítulo seguinte do Evangelho de São João, Jesus senta-se à mesa com Marta, Maria e Lázaro: é a festa dos amigos que se sentam à mesa para agradá-Lo. Que beleza é ser amigo de Cristo, como o foram Marta, Maria e Lázaro! Que alegria é transformar a nossa alma em Betânia, onde Deus pode sentar-se conosco como com comensais e onde podemos, à imitação de Maria, ungir os Seus pés com um “bálsamo de nardo puro, de grande preço”! Determinemo-nos, peçamos a Deus a graça da contrição perfeita e aproximemo-nos da Eucaristia, como comensais que querem consolar o coração divino.
Deus abençoe você!
Muitos católicos acham que creem em Jesus Cristo, mas vivem um cristianismo “self-service”, escolhendo os aspectos convenientes da fé e ignorando aquilo que os obriga a mudar de vida. Participam da Missa dominical, comungam, fazem suas orações e atos de piedade; contudo, porque resistem a mudar de vida, são apenas “ossos ressequidos”, ou mesmo um cadáver em decomposição, que, assim como Lázaro no Evangelho, já “cheira mal”.Esse é um perigo que ameaça constantemente a todos nós. Nosso Senhor, porém, quer tirar-nos da morte e conduzir-nos à verdadeira vida. Diante de nossos sepulcros, Ele nos diz neste domingo: “Vem para fora!”, e nos exorta, enquanto é tempo, a nos “desamarrarmos” do pecado.
Santo do dia 26/03/2023
São Ludgero (Memória Facultativa)
Local: Werden, Alemanha
Data: 26 de Março† 809
São Ludgero foi o primeiro bispo de Munster. Nasceu em 745, em Suescnom, na Frísia. Pertencia a família nobre. Naquela época o cristianismo saíra das fronteiras do império romano e chegara à Alemanha.
Nesta obra missionária que atingiu o máximo desenvolvimento com são Bonifácio, encontramos empenhado são Ludgero, discípulo de são Gregório e de Alcuíno de York. Depois da ordenação sacerdotal, recebida em Colônia em 777, Ludgero se dedicou à evangelização da região pagã da Frísia, onde são Bonifácio sofrera o martírio. Os métodos usados por Carlos Magno para evangelizar e sujeitar este povo estavam muito pouco em sintonia com o espírito do Evangelho.
Em 776, durante a primeira expedição, o monarca impôs o batismo a todos os guerreiros vencidos; mas a revolta de Widukindo foi acompanhada de apostasia geral. Ludgero teve de fugir e depois de parar em Roma, chegou ao Montecassino, onde vestiu o hábito monacal sem todavia emitir os votos religiosos. A revolta de Widukindo foi reprimida em 784 e a repressão foi dura. Rejeitar o batismo ou quebrar o jejum quaresmal eram passíveis de morte. Mas este regime de terror tornava odioso o cristianismo, que não obstante isso produziu bons frutos graças a alguns autênticos arautos do Evangelho como era o caso de são Ludgero.
Carlos Magno foi procurá-lo em Montecassino, encarregando-o de retomar a missão na Frísia. Ofereceu-lhe o bispado vacante de Tréveros. O santo recusou. Em 795 fundou no território da Saxônia o mosteiro em volta do qual cresceu a atual cidade de Munster (mosteiro). Construiu igrejas e escolas, fundou novas paróquias e as confiou aos sacerdotes que ele mesmo formara… Morreu no dia 26 de março de 809 e logo depois foi venerado como santo.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Ludgero, rogai por nós!