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Nome: Santa Josefina Bakhita Dia 08 de Fevereiro (Memória Facultativa)
Local: Schio, Itália
Data: 08 de Fevereiro † 1947

Nascida na região de Darfur, no Sudão (África) por volta de 1869, Bakhita, cujo nome em árabe (bakhit), significa Afortunada ou Fortunata, foi a primeira santa sudanesa. Educada em sua família no respeito pelo ser humano e pela natureza, compreendeu mais tarde, quando se tornou cristã e religiosa canossiana, que Deus sempre a havia amado e conduzido pelos caminhos da vida, mesmo quando ela nem sequer sabia de sua existência.

Ainda menina, com seus 7 anos de idade, foi feita escrava, capturada e vendida diversas vezes, considerada como objeto ou animal, sem direito algum, devendo apenas servir a seu patrão e ser obediente a ele, em meio a atrozes e humilhantes sofrimentos. O nome da pequena negra e desafortunada no momento, que misteriosa, mas providencialmente lhe foi dado pelos seus raptores, a fez "Afortunada", "Felizarda", "Amada de Deus e do povo", espalhando-se pelo mundo inteiro como uma santa cristã, conhecida em todos os continentes, símbolo de resgate para muitos africanos ainda hoje escravizados e comercializados.

Providência divina, Bakhita foi finalmente vendida e resgatada por um cônsul italiano e cedida a Calisto Legnani, em 1885. Ele a encaminhou para a família Michieli, que a levou para Veneza, onde se tornou babá de sua filhinha, que muito se afeiçoou a Bakhita. Na família, nossa então jovem Bakhita conheceu Illuminato Checchini, administrador dos bens do casal Michieli, e que marcou profundamente sua vida, sobretudo pela educação cristã que lhe deu. Foi ele quem a presenteou com o primeiro crucifixo, que ela nunca mais abandonou, adquirindo singular e extraordinária importância em sua vida. Foi ele quem a apoiou para tornar-se religiosa. Foram ele e seus filhos que acompanharam seu catecumenato e sua formação religiosa, do batismo, da crisma e da primeira comunhão à Consagração Religiosa, como Irmã Canossiana. Diz ela: "Eu me lembrava que, na minha aldeia na África, ao ver o sol, a lua e as estrelas, as belezas da natureza, eu me dizia: Quem é o dono destas lindas coisas? E sentia uma grande vontade de vê-lo, de conhecê-lo, de lhe prestar homenagem. E agora o conheço. Obrigada, obrigada, meu Deus!"

Aos poucos a tímida menina transformou-se em jovem decidida, e em 1889, libertada da escravidão, sentiu que devia ficar na Itália, onde poderia viver sua consagração "na casa do Senhor" e doar-se inteira a Deus, o divino Parón, o único e bom Patrão a quem passaria a obedecer com alegria: "Eu dou tudo ao Parón e ele cuida de mim..." E ainda, lembrando as tantas chicotadas que levou e que lhe deixaram mais de 100 marcas pelo corpo todo, assim se expressa: "Não morri, graças a um milagre do Senhor, que me destinava a coisas melhores... Estive no meio da lama, mas nunca me sujei".

Como negra e pobre, ela mesma não se achava digna de abraçar a Vida Religiosa. Mas vencidas as dificuldades, bem acolhida pelas Irmãs da Caridade, ingressou no noviciado de Veneza, em 1893, professando seus primeiros votos em Verona, em 1896. A intimidade com o Crucificado, a apaixonada devoção à Santa Eucaristia, o amor a Nossa Senhora, sua vida de oração, humildade e simplicidade, em extrema pobreza e total despojamento, sua inteira confiança em Deus e obediência à Vontade do Pai, fizeram de Bakhita já em vida a santa do povo. Passou seus últimos anos em Schio, com sérios problemas de saúde, mas sem uma queixa sequer. Quando voltou ao Paraíso de que tanto falava, no dia 8 de fevereiro de 1947, em seu quarto foram encontrados apenas o pequeno crucifixo, um livro de orações e o terço.

João Paulo II, que lhe tinha um amor especial, a proclamou "irmã universal" no dia de sua beatificação, em 1992, por ter ela vivido a suprema e verdadeira felicidade das bem-aventuranças. Seu testemunho de perdão evangélico, vivido no mais alto grau, bem o revela. Perguntada o que faria se encontrasse seus algozes, respondeu: "Se eu encontrasse os negreiros que me sequestraram e torturaram, me ajoelharia a seus pés e lhes beijaria as mãos, porque através deles eu conheci Jesus e me tornei cristã".

Canonizada pelo mesmo papa João Paulo II, em Roma, o dia 1º de outubro de 2000, festa de Santa Teresinha e ano do Grande Jubileu, uniu para sempre as duas santas missionárias, que iluminaram o mundo com seu ideal de salvar almas e derramar chuva de rosas do céu sobre a terra: "Se o Senhor permitir... do paraíso mandarei muitas graças para a salvação das almas".

Eis uma tradução provisória da Oração coleta que aparecerá na próxima edição do Missal romano: Ó Deus, que tendo conduzido Santa Josefina da vil escravidão à dignidade de vossa filha e esposa de Cristo, concedei-nos, a seu exemplo, seguir com amor constante o Senhor Jesus Crucificado e perseverar na caridade, sempre voltados à prática da misericórdia.

Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.

Santa Josefina Bakhita, rogai por nós!

Oração a Santa Josefina Bakhita

Ó Santa Josefina Bakhita, que, desde menina, foste enriquecida por Deus com tantos dons e a Ele correspondeste com todo o amor, olha por nós.
Intercede junto ao Senhor para que cresçamos no Seu amor e no amor a todas as criaturas humanas, sem distinção de idade, de raça, de cor ou de situação social.
Que pratiquemos sempre, como tu, as virtudes da fé, da esperança, da caridade, da humildade, da castidade e da obediência. Pede, agora, ao Pai do Céu, oh Bakhita, as graças que mais preciso, especialmente (pedido).
Amém.

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