1º Domingo do Advento
Antífona de entrada
Vernáculo:
A vós, meu Deus, elevo a minha alma, e confio em vós. Que eu não seja envergonhado, nem se riam de mim os meus inimigos! Pois não será desiludido quem em vós espera. (Cf. MR: Sl 24, 1-3) ℣. Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! (Cf. LH: Sl 24, 4)
Coleta
Ó Deus todo-poderoso, concedei aos vossos fiéis o ardente desejo de acorrer com boas obras ao encontro do vosso Cristo que vem, para que, colocados à sua direita, mereçam possuir o reino celeste. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Jr 33, 14-16
Leitura do Livro do Profeta Jeremias
“Eis que virão dias, diz o Senhor, em que farei cumprir a promessa de bens futuros para a casa de Israel e para a casa de Judá.
15Naqueles dias, naquele tempo, farei brotar de Davi a semente da justiça, que fará valer a lei e a justiça na terra.
16Naqueles dias, Judá será salvo e Jerusalém terá uma população confiante; este é o nome que servirá para designá-la: ‘O Senhor é a nossa Justiça’”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 24(25), 4bc-5ab. 8-9. 10-14 (R. 1b)
℟. Senhor meu Deus, a vós elevo a minha alma!
— Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação! ℟.
— O Senhor é piedade e retidão, e reconduz ao bom caminho os pecadores. Ele dirige os humildes na justiça, e aos pobres ele ensina o seu caminho. ℟.
— Verdade e amor são os caminhos do Senhor para quem guarda sua Aliança e seus preceitos. O Senhor se torna íntimo aos que o temem e lhes dá a conhecer sua Aliança. ℟.
Segunda Leitura — 1Ts 3, 12-4, 2
Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Tessalonicenses
Irmãos: 3, 12O Senhor vos conceda que o amor entre vós e para com todos aumente e transborde sempre mais, a exemplo do amor que temos por vós. 13Que assim ele confirme os vossos corações numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos.
4, 1Enfim, meus irmãos, eis o que vos pedimos e exortamos no Senhor Jesus: Aprendestes de nós como deveis viver para agradar a Deus, e já estais vivendo assim. Fazei progressos ainda maiores! 2Conheceis, de fato, as instruções que temos dado em nome do Senhor Jesus.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Mostrai-nos, ó Senhor, vossa bondade, e a vossa salvação nos concedei! (Sl 84, 8) ℟.
Evangelho — Lc 21, 25-28. 34-36
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 25“Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. 26Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas.
27Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória. 28Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.
34Tomai cuidado para que vossos corações não fiquem insensíveis por causa da gula, da embriaguez e das preocupações da vida, e esse dia não caia de repente sobre vós; 35pois esse dia cairá como uma armadilha sobre todos os habitantes de toda a terra. 36Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Ad te Dómine levávi ánimam meam: Deus meus, in te confído, non erubéscam: neque irrídeant me inimíci mei: étenim univérsi qui te exspéctant, non confundéntur. (Ps. 24, 1-3)
Vernáculo:
A vós, meu Deus, elevo a minha alma, e confio em vós. Que eu não seja envergonhado, nem se riam de mim os meus inimigos! Pois não será desiludido quem em vós espera. (Cf. MR: Sl 24, 1-3)
Sobre as Oferendas
Aceitai, Senhor, os dons que vos oferecemos dentre os bens que nos destes; e os santos mistérios, que nos dais celebrar no tempo, se convertam para nós em prêmio de redenção eterna. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
O Senhor nos dará tudo o que é bom, e a nossa terra nos dará suas colheitas. (Cf. MR: Sl 84, 13)
Depois da Comunhão
Fazei frutificar em nós, Senhor, a participação nos vossos mistérios; eles nos levem a amar desde agora os bens do céu e, caminhando entre as coisas que passam, abraçar as que não passam. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 01/12/2024
Você está preparado para a vinda do Senhor?
“Portanto, ficai atentos e orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21, 36)
1. Queridos irmãos e irmãs, neste domingo começa o tempo do Advento, o início do tempo litúrgico, tempo de preparação para a vinda do Senhor no Natal. E para nos lembrar como devemos estar preparados para as visitas do Senhor, a Santa Igreja nos lembra hoje a forma como devemos aguardar a vinda definitiva de Jesus, no dia do Juízo Final.
Na leitura do Evangelho encontramos expresso um dos muitos paradoxos da nossa fé. Na verdade, o Senhor descreve os sinais do fim dos tempos dizendo: “Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas. Na terra, as nações ficarão angustiadas, com pavor do barulho do mar e das ondas. Os homens vão desmaiar de medo, só em pensar no que vai acontecer ao mundo, porque as forças do céu serão abaladas” (Lc 21,25-26). Mas estas palavras que assustam os corações pela terrível descrição dos últimos dias da terra, terminam de forma verdadeiramente estranha: “Quando estas coisas começarem a acontecer, levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima” (Lc 21,28).
2. Jesus então fala da sua vinda gloriosa no fim dos tempos, como juiz universal. Uma vinda precedida de grandes sinais no céu e na terra; uma vinda aguardada pelos povos com angústia e medo do que está por vir. Contudo, Ele mesmo exorta os seus discípulos a levantarem a cabeça, pois a libertação está próxima. E isto é, em definitiva, um anúncio de grande exultação e alegria, não de tragédia, pois quem está preso e é avisado de que será libertado a qualquer momento, não se angustia e sofre, mas, pelo contrário, explode de felicidade. Este é o grande mistério: para os eleitos, ou seja, os que serão salvos, aquele dia será um dia de grande alegria e, por isso, olham para este dia com grande esperança.
3. Isso nos deve fazer compreender que o advento do Senhor, o retorno definitivo de Jesus Cristo, será vivido de forma eminentemente diferente pelos bons e pelos maus. O dia da volta do Senhor será terrível para os pecadores, mas ao mesmo tempo será consolador, reconfortante e alegre para os justos, para os santos.
4. Entendemos, então, a advertência de Jesus: em vez de tentar saber quando será esse dia (como os discípulos queriam saber), devemos ter cuidado para que ele não nos sobrevenha repentinamente, ou seja, que nos encontremos despreparados e de mãos vazias. E por isso Jesus nos exorta e nos adverte a vigiar e orar: “orai a todo momento, a fim de terdes força para escapar de tudo o que deve acontecer e para ficardes em pé diante do Filho do Homem” (Lc 21,36). Ou como diz São Paulo na segunda leitura: com corações confirmados pelo Senhor, numa santidade sem defeito aos olhos de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de nosso Senhor Jesus, com todos os seus santos (Cf. 1Ts 3,13).
Aliás São Paulo exortava ainda mais a Comunidade da Tessalônica a, mesmo tendo aprendido a viver para agradar a Deus, contudo, que fizessem progressos ainda maiores (Cf. 1Ts 4,1). Exortação oportuníssima para nós neste início do Advento. Não nos acomodemos aonde chegamos, mas procuremos progredir no amor ao Senhor, façamos progressos ainda maiores no sacrifício pelo amor que lhe temos. Que feio é um cristão acomodado, preguiçoso e desencorajado na fé. E como é bonito um cristão diligente, fervoroso, atento e fiel aos apelos do Senhor.
5. Mas como podemos garantir que o Senhor não nos encontre esquecidos dele? Só existe um caminho; e é que antes de seu retorno Ele já esteja na nossa alma. E por isso, para não nos surpreendermos com a sua vinda, devemos lutar para que Ele viva sempre e em todos os momentos em nossos corações. É isso que o Senhor nos diz no Evangelho. Ai da alma na qual Ele não estiver presente no Seu Retorno. Este é o grande mal, o único mal: ter um coração vazio de Deus. É por isso que um dos antigos Padres da Igreja, São Macário, disse de forma muito bonita:
“Pobre daquele caminho que não é percorrido por ninguém e não é animado por nenhuma voz de homem! Acaba sendo o refúgio preferido de toda espécie de feras. Pobre daquela alma na qual o Senhor não caminha e com a sua voz afasta as feras espirituais da maldade! Ai da terra sem o agricultor para trabalhá-la! Ai do navio sem o verdadeiro timoneiro, Cristo! Envolvido pelas trevas de um mar agitado e fustigado pelas ondas dos afetos doentios, maltratado pelos espíritos malignos como por um furacão de inverno, cairá miseravelmente na ruína. Ai da alma sem Cristo o único que pode cultivá-la diligentemente para que produza os bons frutos do Espírito! De fato, uma vez abandonada, será completamente invadida por espinhos e espinheiros e, em vez de produzir frutos, acabará no fogo! Ai daquela alma que não tem a Cristo! Deixada sozinha, começará a ser um terreno fértil para inclinações doentias e acabará por se tornar um ninho de vícios” (São Macário, Homilia 28, PG 34, 710-711).
Meus irmãos, para não ter medo desse dia apliquemos aqueles quatro remédios de Santo Tomás de Aquino no seu Sermão sobre o Credo, que comentando o sétimo artigo (Donde há de vi a julgar os vivos e os mortos) nos ensina:
O primeiro remédio são as boas obras. De fato, diz São Paulo aos Romanos: “Queres não temer a autoridade? Faze o bem e receberás louvor” (13,3).
O segundo, é a confissão dos pecados cometidos e a penitência por eles. Na confissão deve haver três coisas: a dor interior, a vergonha da confissão dos pecados e o rigor da satisfação por eles. São estas três coisas que redimem a pena eterna. Portanto, meus irmãos, para que a nossa preparação para o Natal seja melhor, não deixemos de fazer uma boa confissão.
O terceiro remédio é a esmola que torna tudo puro, segundo as palavras de Cristo: “Fazei amigos com o dinheiro injusto, para que, quando cairdes eles vos recebam nas moradas eternas”, dinheiro injusto significa aqui o dinheiro enquanto representa um perigo e uma ameaça para a nossa salvação (Lc 26,9).
O quarto remédio é a caridade, quer dizer, o amor de Deus e do próximo, pois diz a Sagrada Escritura: “A caridade cobre uma multidão de pecados” (1Pd 4,8; Pr 10,12).
Esses quatro remédios podem ser também quatro propósitos para viver bem este tempo do Advento, nos ajudando a fazer uma boa preparação para a celebração do Natal do Senhor. A eles eu acrescento a meditação da Novena de Natal, que, normalmente começa no dia 16 de dezembro se estendendo até a véspera do Natal. Esta Novena é um exercício da piedade popular que nos ajuda a aprofundar no verdadeiro sentido desta celebração e a vivê-la com fruto. Reze-a de preferência em grupo e de casa em casa com seus parentes, amigos e vizinhos. Se quiser a Novena de Natal impressa, clique aqui.
6. Que o Senhor nos ajude a fazer uma santa preparação para o seu Natal; nos conceda a graça de nunca o abandonarmos, e que faça da nossa alma, como fez com o Coração imaculado da sua Mãe bendita, a sua casa, o seu jardim e o lugar das suas delícias. Amém.
Deus abençoe você!
Pe. Fábio Vanderlei, IVE
O Advento é um tempo em que nos preparamos não só para a segunda vinda de Cristo no Fim dos Tempos, mas também para a sua constante vinda à nossa alma no dia a dia. Por isso, Nosso Senhor nos exorta à mortificação do corpo para que, desapegados dos bens deste mundo, não nos tornemos insensíveis à ação de Deus, que a todo momento nos mostra que Ele é “o princípio e o fundamento” de nossa existência.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para este domingo e reconheça que a verdadeira finalidade de sua vida está em louvar a Deus e servi-lo.
Santo do dia 01/12/2024
São Charles de Foucauld, Presbítero (Memória Facultativa)
Local: Tamanrasset, Argélia
Data: 01 de † 1916
Charles de Foucauld nasceu em 15 de setembro de 1858 em Estrasburgo (França) em uma família muito cristã. Foi batizado dois dias após seu nascimento e, em 28 de abril de 1872, recebeu sua primeira comunhão e confirmação. Ele perdeu os pais quando tinha apenas 6 anos. Charles e sua irmã Maria são confiados ao avô materno. Aos 12 anos, depois que a Alemanha anexou a Alsácia, a família mudou-se para Nancy.
Extremamente inteligente, dotado de um espírito curioso, desenvolveu desde muito cedo a paixão pela leitura. Ele se deixa dominar pelo ceticismo religioso e pelo positivismo que marcam seu tempo. Logo, de acordo com suas próprias palavras, ele perde a fé e mergulha em uma vida mundana de prazer e desordem que, no entanto, o deixa insatisfeito.
Em 1876, Charles ingressou na Saint-Cyr por dois anos. Policial aos 20 anos, foi mandado para a Argélia. Três anos depois, não encontrando o que procurava, renunciou a empreender, com risco de vida, uma viagem de exploração no Marrocos, então fechado aos europeus; exploração científica, que ele descreverá no livro Reconnaissance au Maroc, 1883-1884, e que lhe dará a glória reservada aos exploradores do século XIX.
A descoberta da fé muçulmana, a busca interior da verdade, a bondade e a amizade discreta de seu primo, a ajuda de Abbé Huvelin o farão redescobrir a fé cristã. No final de outubro de 1886 foi ao Abbé Huvelin na Igreja de Sant Agostino em Paris: ele se confessou e recebeu a comunhão. Essa conversão, sem dúvida latente há algum tempo, torna-se total e definitiva.
Completamente renovado por esta conversão, alimentada pela Eucaristia e pela Sagrada Escritura, Charles de Foucauld compreendeu então que «não poderia deixar de viver para Deus» a quem deseja consagrar toda a sua vida e assim «exalar na pura perda de si mesmo na cara de Deus». Durante três anos, auxiliado pelo Abade Huvelin, tentará compreender como realizar concretamente a sua vocação de consagração total a Deus. Aquele que conheceu a riqueza e uma vida confortável e que foi possuído por uma grande vontade de poder, quer imitar Jesus. - Pobre que tomou "o último lugar".
Depois de uma peregrinação à Terra Santa (1888-1889), onde, «caminhando pelas ruas de Nazaré em que repousavam os pés de Jesus, pobre artesão», descobre o mistério de Nazaré, que será doravante o coração da sua espiritualidade, entra na armadilha de Nossa Senhora das Neves, na diocese de Viviers na França e, depois de alguns meses, será enviado à Síria, na armadilha de Nossa Senhora do Sagrado Coração, uma pobre Trappa, perto de Akbès.
Ele vai morar lá por 7 anos, se permitindo formar na escola monástica e buscando a mais perfeita imitação de Jesus que vive em Nazaré. Mas não encontrando a radicalidade que desejava, mesmo que "todos o venerassem como um santo", pediu para deixar a Trappa. Em janeiro de 1897, o Padre Abade Geral o liberta de seus compromissos trapistas temporários e o deixa livre para seguir sua vocação pessoal.
Charles partiu para a Terra Santa e foi viver em Nazaré como servo das Clarissas (1897-1900). No serviço, no trabalho mais humilde, na meditação do Evangelho aos pés do Tabernáculo, ele tentará viver "a existência humilde e sombria do divino operário de Nazaré", como irmãozinho de Jesus na casa sagrada de Nazaré entre Maria e José. Meditando sobre o mistério da Visitação, quem recebeu «a vocação à vida oculta e silenciosa e não a do homem das palavras» descobre que também ele pode participar na obra da salvação imitando «a Virgem Santíssima no mistério da Visitação, levando, no silêncio, Jesus e a prática das virtudes evangélicas [...] entre os povos infiéis, para santificar estes infelizes filhos de Deus com a presença da Sagrada Eucaristia e com o exemplo das virtudes cristãs ”.
Consolado pela certeza de que "nada glorifica tanto a Deus aqui embaixo como a presença e a oferta da Eucaristia", recebeu a ordenação sacerdotal em 9 de junho de 1901 em Viviers, após ter passado um ano de preparação no mosteiro de Nossa Senhora das Neves, ele acolheu no início de sua vida consagrada.
«Os meus retiros de diaconato e sacerdócio mostraram-me que esta vida de Nazaré, que me parecia ser a minha vocação, devia ser vivida não na Terra Santa, tão amada, mas entre as almas mais doentes, as ovelhas mais abandonadas».
Em 1901 Charles de Foucauld foi assim para a fronteira com Marrocos, na Argélia, e colocou-se ao serviço do Prefeito Apostólico do Sahara, Mons. Guérin, residente no oásis de Beni-Abbès (1901-1904). Lá ele tentará trazer a Cristo todos os homens que encontrar “não com palavras, mas com a presença do Santo dos Santos. Sacramento, a oferta do sacrifício divino, a oração, a penitência, a prática das virtudes evangélicas, a caridade, uma caridade fraterna e universal, compartilhando até a última mordida no pão com cada pobre, cada hóspede, cada estrangeiro que se apresenta e recebendo cada homem como irmão amado”.
Ele constrói um eremitério e se dá um regulamento detalhado, como um monge. Mas seu desejo de receber todos que batem em sua porta logo transforma o eremitério em uma colmeia de manhã à noite. Ele escreve: “Quero acostumar todos os habitantes, cristãos, muçulmanos, judeus, a me olharem como seu irmão, o irmão universal. Começam a chamar a casa de “fraternidade” e gosto muito disso”.
Devido ao fechamento das fronteiras com o Marrocos, e ao receber um convite para o Hoggar - nenhum padre poderia ser autorizado a residir lá, devido à política anticlerical do governo francês - ele se volta para os tuaregues. Por isso, em 1905, Charles foi morar no coração do Saara, em Tamanrasset. Pobre entre os pobres por fidelidade à sua vocação de imitar a vida oculta de Jesus em Nazaré que se fez pequeno para dar um rosto humano a Deus, Carlos se faz pequeno entre os pobres para revelar o rosto de um Deus que é Amor: “Amar uns aos outros, como Jesus nos amou, é fazer da salvação de todas as almas a obra da nossa vida, dando, em caso de necessidade, o nosso sangue por ele, como Jesus fez”.
O amor o leva a dar a vida em 1 de dezembro de 1916, assassinado por invasores, em uma expropriação extrema.
Na morte, ele cumpriu perfeitamente a sua vocação: “Silenciosamente, secretamente como Jesus em Nazaré, obscuramente como Ele, passando desconhecido na terra como um viajante na noite [...] pobremente, laboriosamente, desarmado e mudo diante da injustiça como Ele, deixando-me como o Cordeiro divino para tosquiar e sacrificar sem resistir nem falar, imitando Jesus em tudo em Nazaré e Jesus na Cruz”.
Assim se realizou um dos desejos mais tenazes: o desejo de imitar Jesus na sua morte dolorosa e violenta, de lhe dar o sinal do amor maior e assim completar a união, a fusão daquele que ama naquele que é amado.
O Irmãozinho Charles de Foucauld não é um fundador no sentido estrito da palavra, mas um iniciador, um irmão mais velho que abriu o caminho a muitos outros que querem caminhar como ele, seguindo Jesus de Nazaré.
Foi canonizado no dia 15 de maio de 2022 pelo Papa Francisco.
Fonte: causesanti.va (adaptado)
São Charles de Foucauld, rogai por nós!