São Francisco Xavier, Presbítero, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Sei que os vossos julgamentos são corretos, e com justiça me provastes, ó Senhor! Perante vós sinto tremer a minha carne, porque temo vosso justo julgamento! Sl. Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! (Cf. LH: Sl 118, 75. 120)
Coleta
Ó Deus, pela pregação de São Francisco Xavier, atraístes muitos povos para vós; infundi em vossos fiéis o mesmo ardor na propagação da fé, e a Santa Igreja se alegre, em toda a terra, com numerosos filhos e filhas. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Is 11, 1-10
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Naquele dia, 1nascerá uma haste do tronco de Jessé e, a partir da raiz, surgirá o rebento de uma flor; 2sobre ele repousará o Espírito do Senhor: espírito de sabedoria e discernimento, espírito de conselho e fortaleza, espírito de ciência e temor de Deus; 3no temor do Senhor encontra ele seu prazer. Ele não julgará pelas aparências que vê nem decidirá somente por ouvir dizer; 4mas trará justiça para os humildes e uma ordem justa para os homens pacíficos; fustigará a terra com a força da sua palavra e destruirá o mau com o sopro dos lábios. 5Cingirá a cintura com a correia da justiça e as costas com a faixa da fidelidade. 6O lobo e o cordeiro viverão juntos e o leopardo deitar-se-á ao lado do cabrito; o bezerro e o leão comerão juntos e até mesmo uma criança poderá tangê-los. 7A vaca e o urso pastarão lado a lado, enquanto suas crias descansam juntas; o leão comerá palha como o boi; 8a criança de peito vai brincar em cima do buraco da cobra venenosa; e o menino desmamado não temerá pôr a mão na toca da serpente. 9Não haverá danos nem mortes por todo o meu santo monte: a terra estará tão repleta do saber do Senhor quanto as águas que cobrem o mar. 10Naquele dia, a raiz de Jessé se erguerá como um sinal entre os povos; hão de buscá-la as nações, e gloriosa será a sua morada.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 71(72), 1-2. 7-8. 12-13. 17 (R. cf 7)
℟. Nos seus dias a justiça florirá e paz em abundância, para sempre.
— Dai ao Rei vossos poderes, Senhor Deus, vossa justiça ao descendente da realeza! Com justiça ele governe o vosso povo, com equidade ele julgue os vossos pobres. ℟.
— Nos seus dias a justiça florirá e grande paz, até que a lua perca o brilho! De mar a mar estenderá o seu domínio, e desde o rio até os confins de toda a terra! ℟.
— Libertará o indigente que suplica, e o pobre ao qual ninguém quer ajudar. Terá pena do indigente e do infeliz, e a vida dos humildes salvará. ℟.
— Seja bendito o seu nome para sempre! E que dure como o sol sua memória! Todos os povos serão nele abençoados, todas as gentes cantarão o seu louvor! ℟.
℣. Eis que virá o nosso Deus com poder e majestade. E ele há de iluminar os olhos dos seus servos. ℟.
Evangelho — Lc 10, 21-24
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele momento, Jesus exultou no Espírito Santo e disse: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, porque assim foi do teu agrado. 22Tudo me foi entregue pelo meu Pai. Ninguém conhece quem é o Filho, a não ser o Pai; e ninguém conhece quem é o Pai, a não ser o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. 23Jesus voltou-se para os discípulos e disse-lhes em particular: “Felizes os olhos que veem o que vós vedes! 24Pois eu vos digo que muitos profetas e reis quiseram ver o que estais vendo, e não puderam ver; quiseram ouvir o que estais ouvindo, e não puderam ouvir”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Veritas mea et misericórdia mea cum ipso: et in nómine meo exaltábitur cornu eius. (Ps. 88, 25)
Vernáculo:
Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. (Cf. LH: Sl 88, 25)
Sobre as Oferendas
Recebei, Senhor, as oferendas que vos trazemos na comemoração de São Francisco Xavier, a quem o desejo de salvar a todos levou a terras longínquas; concedei que também nós, dando testemunho eficaz do Evangelho, corramos com nossos irmãos e irmãs ao vosso encontro. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Eis os sinais que acompanharão aqueles que crerem: expulsarão demônios em meu nome; e quando impuserem as mãos sobre os enfermos, estes ficarão curados. (Cf. Bíblia CNBB: Mc 16, 17a. 18b)
Depois da Comunhão
Ó Deus, os vossos santos mistérios acendam em nós o mesmo ardor da caridade que inflamava São Francisco Xavier no seu zelo pela salvação de todos, para que, vivendo mais dignamente a nossa vocação, alcancemos com ele o prêmio prometido aos bons operários. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 03/12/2024
Deus dá sua graça aos humildes
Aos soberbos de coração Deus se esconde e nega o conhecimento de seus mistérios, mas se dá a conhecer aos que, humildes, o acolhem de boa vontade.
1. O envio dos setenta e dois discípulos. — Em Lc 10, 1-12, o evangelista nos conta que Jesus, a fim de melhor dispor os ânimos à graça de sua pregação e também para exercitar os que o seguiam no ofício de anunciar às almas o Evangelho, enviara adiante de si, além dos doze Apóstolos, outros setenta e dois discípulos a todas as cidades e lugares por onde Ele mesmo passaria mais tarde. A leitura de hoje, por sua vez, dá continuidade a esta perícope e nos narra o retorno desse primeiro grande envio missionário. Embora não conste neste Evangelho, o v. 17 permite supor que, ao enviar os setenta e dois discípulos, o Senhor consertara o tempo e o lugar em que, finda a pregação, eles haviam de reunir-se. Todos voltaram alegres, referindo os prodígios que, pela virtude divina, tinham realizado em nome de Cristo, sobretudo a liberação de inúmeros possessos: “Senhor, até os demônios se nos submetem em teu nome!” (v. 17). Jesus confirma a veracidade dos milagres ao dizer: “Vi Satanás”, enquanto liberáveis os endemoniados, “cair do céu como um raio” (v. 18). Acrescenta, no entanto, que lhes deve ser motivo de maior alegria, não o poder de realizar estes e até maiores prodígios, mas o fato de terem seus nomes inscritos nos céus, isto é, no Livro da vida, em sinal de predestinação (cf. Ex 31, 32s; Sl 68, 69; Fp 4, 3; Ap 3, 5; 17, 8; 20, 15; 21, 27; 22, 19).
V. 21. Em seguida, exultando no Espírito Santo e tomado de íntima alegria, Jesus dá graças ao Pai por ter revelado estes mistérios da salvação e do Reino dos Céus, que em última análise conduzem ao conhecimento do próprio Cristo (cf. v. 22), não aos sábios e peritos da Lei, mas aos pequeninos, ou seja, aos homens mais simples e ignorantes de Israel (cf. Sl 18, 8), como se vê pela fé e os milagres dos discípulos. “Sim, Pai”, reitera, “bendigo-te porque assim foi do teu agrado” (v. 21). Voltando-se aos discípulos, Ele passa a explicar-lhes que coisas são essas que, por desígnio divino, permanecem ocultas aos sábios e inteligentes: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai” (v. 22) etc., ou seja, o conhecimento profundo de quem Jesus realmente é, Filho eterno de Deus, do qual tudo recebeu, inclusive a própria natureza divina, transmitida na geração eterna com que o Pai o engendra com igual poder, glória e majestade. Com efeito, “ninguém conhece quem é o Filho senão o Pai”, pois o conhecimento da SS. Trindade excede as forças de qualquer criatura racional, de forma que só as divinas Pessoas têm de si mesmas um conhecimento adequado e perfeito.
Do mesmo modo, “ninguém conhece quem é o Pai senão o Filho”, já que os dois, por compartilharem da mesma essência, compartilham também a mesma ciência, “e aquele a quem o Filho o quiser revelar”. Donde se vê que o conhecimento que o Filho tem do Pai lhe é tão próprio e exclusivo que ninguém, por mais sábio que seja, pode alcançá-lo naturalmente, mas apenas por revelação sobrenatural. O v. 22, por conseguinte, oferece um sólido fundamento escriturístico da divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo: a) graças à consubstancialidade que Ele mesmo afirma ter com o Pai, que tudo lhe entregou; b) por ser Ele, ademais, o único que tem acesso direto e privilegiado ao conhecimento de Deus; c) e porque só Ele, enfim, pode conhecer o Pai adequadamente e dá-lo a conhecer a quem quiser. Nos vv. 23-24, em conclusão, o Senhor reafirma o quanto são felizes e ditosos os seus discípulos, pois têm a graça de ver e viver os tempos messiânicos, ou seja, o estabelecimento definitivo do Reino de Deus neste mundo, e aproveitá-los para sua própria salvação, como embalde desejaram muitos reis, justos e profetas que, pela fé, aguardaram a vinda do Messias.
2. A doutrina espiritual contida nessa perícope, lida no contexto de mais um santo Advento, aponta para a necessidade de diminuirmos de tamanho, a fim de reconhecermos, como almas pequeninas e humildes a quem Jesus se digna falar, a divindade daquele Menino que, em poucas semanas, contemplaremos na noite de Natal. Se bem é verdade que o Senhor se revela a quem, quando e como for do seu agrado, não é menos certo que Ele deseja ser conhecido de todos, pois para todos se encarnou e a todos redimiu por seu Sangue. Ele quer, sim, revelar-se a todos, mas resiste aos soberbos, aos “sábios” e “inteligentes”, escondendo-lhes o que sem Ele jamais saberiam, porque em um coração inchado e cheio de si não há espaço para ninguém, não há aquela abertura de quem reconhece os próprios limites, carências, dependências e a necessidade de ser ajudado, iluminado e elevado por quem pode mais. Que o Senhor Jesus purifique nossas almas de toda soberba e nos infunda uma sincera humildade, para que assim, humilhados em nossas limitações e misérias, possamos receber o único que é grande, sábio, rico e poderoso. Como propósito concreto, empenhemo-nos em começar nossas orações com um profundo ato de humildade diante de Deus, recordando o quanto lhe devemos, porque até o que de bom há em nós é dom imerecido.
Deus, cuja vontade é que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade, oferece a cada um os auxílios suficientes à conversão. No entanto, esta graça, que encontra tanta resistência em corações endurecidos pelo pecado e obscurecidos por incontáveis erros, dificilmente se tornará eficaz se nós, cristãos, chamados por Cristo a evangelizar o mundo, não arregaçarmos a manga, sairmos do nosso comodismo e, sem medo, falarmos a todos da verdade do Evangelho e da salvação que só se encontra em Cristo Jesus. Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta terça-feira, 3 de dezembro, e que São Francisco Xavier nos tome hoje “pela gola”, sacuda-nos da nossa inércia e nos alcance, por seus méritos e preces, a graça de um espírito missionário.
Santo do dia 03/12/2024
São Francisco Xavier (Memória)
Local: Sanchoão, China
Data: 03 de † 1552
Nascido em Xavier, em Navarra, Espanha, em 1506, como estudante em Paris, entrou em contato com Inácio de Loiola. Em 1534 fazia os primeiros votos em Montmartre com o primeiro grupo que lançou os fundamentos da nova Ordem.
São Francisco Xavier é conhecido sobretudo como missionário das Índias Orientais e, mais precisamente, das zonas de influência portuguesa. O papel de Francisco Xavier não seria o de um pioneiro, mas o de quem começou a dilatar a evangelização mais para o interior das regiões ocupadas pelos portugueses.
No seu afã de "dilatar a fé e o império", os soberanos portugueses costumavam fazer algum missionário acompanhar suas expedições. Já Vasco da Gama, em sua viagem através do cabo da Boa Esperança, levara missionários trinitários em 1498. Pedro Álvares Cabral viajava com vários franciscanos e padres diocesanos. De passagem pelo recém-descoberto Brasil, Frei Henrique de Coimbra aqui celebrou a primeira missa, continuando depois a viagem para as Índias Orientais. Em 1503, missionários dominicanos também aportavam nas Índias.
O mesmo rei de Portugal, Dom João III, que em 1549 obtivera a primeira leva de missionários jesuítas para o Brasil, conseguira antes do fundador dos jesuítas, Santo Inácio de Loiola, missionários para o Extremo Oriente. Tendo adoecido o missionário destinado a isso, Francisco foi designado para substituí-lo. O navio destinado ao Oriente demorou mais de um ano para chegar de Lisboa a Goa nas Índias, onde aportou em 1541.
Nas Índias aguardava-o um apostolado estafante. Iniciou seu trabalho com a catequização das crianças. Em seguida, evangelizava os adultos, passando de aldeia em aldeia, até estruturar Comunidades eclesiais, deixando outro sacerdote missionário da sua Ordem para continuar a obra de assistência religiosa. Visitou ilhas e, em 1549, conseguiu penetrar no Japão. Em 1552, tentaria também a entrada na China, mas, acometido por forte febre, faleceu no dia 3 de dezembro de 1552, na ilha de San Choan, na costa chinesa, com 46 anos de idade.
Apesar do gigantesco empreendimento missionário, pode dizer-se que somente nas zonas de influência portuguesa houve relativo sucesso. Por ter sido o protótipo do missionário moderno, em 1927, ele foi declarado patrono de todas as missões católicas junto com Santa Teresinha do Menino Jesus.
A Oração coleta realça a obra missionária de São Francisco Xavier, que pôs o Evangelho em contato com as grandes culturas orientais, adaptando-o com douto sentido apostólico à índole das várias populações. Afirma-se que pela pregação de São Francisco Xavier Deus conquistou para si muitos povos do Oriente. Pede, a seguir, que Deus conceda a todos os fiéis o mesmo zelo para que a Santa Igreja possa alegrar-se com o nascimento de novos filhos em toda a terra.
A Oração sobre as oferendas faz memória do zelo apostólico de Francisco Xavier. Que Deus acolha as oferendas na festa de São Francisco Xavier, a quem o desejo de salvar a todos levou a terras longínquas. Pede que também nós, dando testemunho eficaz do Evangelho, corramos, com nossos irmãos, ao vosso encontro. A missão pede sempre o sair de si, a desinstalação para chegar ao próximo e caminhar com ele rumo ao destino.
A Oração depois da Comunhão pede que pela Eucaristia celebrada e recebida se acenda em nós o amor que abrasava São Francisco pela salvação das almas.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Francisco Xavier, rogai por nós!