São Francisco de Assis, Religioso, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Nós, porém, devemos gloriar-nos na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo; nele está a salvação, nossa vida e ressurreição; por ele somos salvos e libertos. (Cf. MR: Gl 6, 14) Sl. Em voz alta ao Senhor eu imploro, em voz alta suplico ao Senhor! (Cf. LH: Sl 141, 2)
Coleta
Ó Deus, que concedestes a São Francisco de Assis assemelhar-se ao Cristo na pobreza e na humildade; concedei que, trilhando o mesmo caminho, sigamos fielmente o vosso Filho e vivamos unidos a vós na perfeita alegria. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Jó 38, 1. 12-21; 40, 3-5)
Leitura do Livro de Jó
1O Senhor respondeu a Jó, do meio da tempestade, e disse: 12“Alguma vez na vida deste ordens à manhã, ou indicaste à aurora o seu lugar, 13para que ela apanhe a terra pelos quatro cantos, e sejam dela sacudidos os malfeitores?
14A terra torna argila compacta, e tudo se apresenta em trajes de gala, 15mas recusa-se a luz aos malfeitores e quebra-se o braço rebelde.
16Chegaste perto das nascentes do Mar, ou pousaste no fundo do Oceano? 17Foram-te franqueadas as portas da Morte, ou viste os portais das Sombras? 18Examinaste a extensão da Terra?
Conta-me, se sabes tudo isso! 19Qual é o caminho para a morada da luz, e onde fica o lugar das trevas? 20Poderias alcançá-las em seu domínio e reconhecer o acesso à sua morada? 21Deverias sabê-lo, pois já tinhas nascido e grande é o número dos teus anos!” 40, 3Jó respondeu ao Senhor, dizendo: 4“Fui precipitado. Que te posso responder? Porei minha mão sobre a boca. 5Falei uma vez, não replicarei; uma segunda vez, mas não falarei mais”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 138)
℟. Conduzi-me no caminho para a vida, ó Senhor!
— Senhor, vós me sondais e conheceis, sabeis quando me sento ou me levanto; de longe penetrais meus pensamentos, percebeis quando me deito e quando eu ando, os meus caminhos vos são todos conhecidos. ℟.
— Em que lugar me ocultarei de vosso espírito? E para onde fugirei de vossa face? Se eu subir até os céus, ali estais; se eu descer até o abismo, estais presente. ℟.
— Se a aurora me emprestar as suas asas, para eu voar e habitar no fim dos mares; mesmo lá vai me guiar a vossa mão e segurar-me com firmeza a vossa destra. ℟.
— Fostes vós que me formastes as entranhas, e no seio de minha mãe vós me tecestes. Eu vos louvo e vos dou graças, ó Senhor, porque de modo admirável me formastes! Que prodígio e maravilha as vossas obras! ℟.
℣. Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: Não fecheis os corações como em Meriba! (Cf. Sl 94, 8ab) ℟.
Evangelho (Lc 10, 13-16)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus: 13“Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque se em Tiro e Sidônia tivessem sido realizados os milagres que foram feitos no vosso meio, há muito tempo teriam feito penitência, vestindo-se de cilício e sentando-se sobre cinzas. 14Pois bem: no dia do julgamento, Tiro e Sidônia terão uma sentença menos dura do que vós. 15Ai de ti, Cafarnaum! Serás elevada até o céu? Não, tu serás atirada no inferno. 16Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita, a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Veritas mea et misericórdia mea cum ipso: et in nómine meo exaltábitur cornu eius. (Ps. 88, 25)
Vernáculo:
Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. (Cf. LH: Sl 88, 25)
Sobre as Oferendas
Senhor, ao apresentarmos as nossas oferendas, nós vos pedimos a graça de celebrar dignamente o mistério da cruz que, com tanto ardor, São Francisco de Assis abraçou. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Eis o servo fiel e prudente, a quem o Senhor confiou a sua família para dar-lhe alimento no tempo oportuno. (Cf. MR: Lc 12, 42)
Depois da Comunhão
Senhor, pela comunhão que recebemos, concedei-nos imitar a caridade e o zelo apostólico de São Francisco de Assis, para que sintamos em nós a ternura do vosso amor e nos entreguemos inteiramente pela salvação de todos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 04/10/2024
“Deus escolhe o vil e desprezível”
"Quem vos escuta a mim escuta; e quem vos rejeita a mim despreza; mas quem me rejeita, rejeita aquele que me enviou".
Deus escolhe o que é vil e desprezível aos olhos dos homens para ali esconder o seu tesouro e realizar suas obras grandiosas. Pois não foi em Jerusalém, capital política e religiosa de Israel, que Jesus quis fazer a sua morada e operar seus prodígios, mas na humilde Cafarnaum, esquecida às margens do Mar da Galiléia. Assim também o Senhor age pela graça nas almas que mais são do seu agrado; com efeito, Ele não costuma escolher — e aí está a história para prová-lo — altos dignitários, postos nas primeiras filas da hierarquia eclesiástica, para deles tirar os santos que mais resplandecem no céu da cristandade. É claro que houve e há, sim, almas de inegável santidade elevadas a posições de destaque na vida e governo da Igreja — papas, cardeais, bispos, prelados etc. É, no entanto, no coração dos que, no mundo, são tidos por estultos e fracos que Ele faz brotar um amor insuspeitável, verdadeiramente heróico, que supera e desafia a "sabedoria" deste século. Porque "a loucura de Deus", diz o Apóstolo, "é mais sábia do que os homens, e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens" (1Cor 1, 25). Tendo presente esta verdade, preparemo-nos neste dia para celebrar amanhã a memória de Santa Teresinha do Menino Jesus, alma pequena e sem importância para a tolice do mundo, mas grande e valiosa aos olhos do Altíssimo.
Deus abençoe você!
São Francisco de Assis costuma ser lembrado por sua vida austera e seu amor aos pobres. Mas do que pouco se lembra é a razão última que motivava tamanha humildade: um amor ardentissimo, verdadeiramente seráfico, ao Filho de Deus encarnado, que se fez pobre para nos tornar ricos e esvaziou-se a si mesmo para nos encher de sua graça divina.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta sexta-feira, 4 de outubro, e peçamos a intercessão de São Francisco de Assis para que ele nos ajude a amar a Deus de tal modo que possamos imitá-lo na humilhação, no desapego deste mundo e na caridade para com os necessitados.
Santo do dia 04/10/2024
São Francisco de Assis (Memória)
Local: Assis, Itália
Data: 04 de Outubro† 1226
São Francisco nasceu em Assis, cidade medieval da Úmbria, no centro da Itália, em 1182. O pai, notável comerciante, ambicionava que seu filho continuasse na mesma carreira, mas Francisco não possuía o perfil de comerciante. De gênio alegre e folgazão, sentia em si um forte pendor para os prazeres do mundo.
Quando jovem, sonhou com as glórias militares. Participou de uma guerra entre a cidade de Assis e a vizinha cidade de Perugia, mas não foi feliz. Acabou sendo preso e colocado em dura prisão, onde ficou sofrendo por um ano. Quando dava início a outra aventura militar, sentiu repentina crise de consciência que lhe questionava a validade das ações militares. Voltou logo para sua cidade natal e, aos poucos, foi amadurecendo nele uma radical conversão: Deus o chamava, não às vaidades do mundo, não à glória militar, nem à ambição do comércio, mas à imitação radical do Cristo pobre e crucificado. Depois de usar de misericórdia para com os leprosos (Testamento), converteu-se ao Evangelho e viveu-o com extrema coerência, em pobreza e grande alegria, seguindo o Cristo humilde, pobre e casto, conforme as bem-aventuranças.
A partir de 1208 começou a ser imitado por alguns seguidores e, quando no ano seguinte Inocêncio III aprovava oralmente seu novo estilo de vida cristã, nascia a Ordem dos Frades Menores. A Regra ou Forma de Vida que ele deixou era simples: Vida de oração e contemplação, pobreza, como imitação do Cristo pobre e humilde, no mistério da Encarnação, da Cruz e da Eucaristia, a fraternidade universal, a vida de penitência ou de conversão evangélica permanente e a pregação do Evangelho, tendo como centro o Amor a Deus e ao próximo.
Com a jovem conterrânea Clara, que quis seguir seu ideal, lançou os fundamentos da Ordem II, a das Damas Pobres ou Clarissas. Em 1221 nascia também, à sua sombra, o movimento de leigos denominado Ordem Terceira, hoje, Ordem Franciscana Secular. Dois anos antes da morte selou, por assim dizer, sua ânsia de semelhança com Jesus Cristo através dos estigmas. Seus últimos anos de vida foram atormentados por várias doenças que culminaram na cegueira quase total. Faleceu na tarde do dia 3 de outubro de 1226 com 44 anos de idade.
São Francisco é, sem dúvida, uma das mais atraentes personalidades da história, um patrimônio de toda a humanidade, homem sem fronteiras que tem atraído a simpatia de todos indistintamente. Já os contemporâneos se impressionaram profundamente com ele. Nos primeiros decênios depois de sua morte os escritores se empenharam em descrever o mistério de sua vida tão rica. Hoje ainda ele continua a entusiasmar os estudiosos. É difícil dizer o que mais fascina em São Francisco. Foi, sem dúvida, o homem apaixonado pelo Deus-Amor, a quem quis corresponder com uma resposta de Amor. É visto como Evangelho vivo. Multidões o contemplam como o "Pobrezinho", o irmão universal. O historiador alemão Joseph Lortz deu-lhe o título de "Santo Incomparável".
É significativo que o santo não é caracterizado, não é colocado em nenhum grupo de santos. Não é apresentado como religioso nem como diácono. Talvez, qualquer caracterização reduzisse a grandeza deste santo universal, "o homem de Deus".
Como é que o apresenta a Liturgia? Homem de Deus, pobre e desvalido (Antífona da Entrada). Homem semelhante a Cristo por uma vida de humildade e pobreza, seguidor de Jesus Cristo na perfeita alegria (Oração coleta). A Oração sobre as oferendas lança Francisco no mistério da Cruz, abraçado com intenso amor. A Antífona da Comunhão volta à bem-aventurança da pobreza vivida por Francisco. A Oração depois da Comunhão volta a realçar o grande amor de São Francisco, chamado na Ordem o Serafim de Assis, e o seu zelo apostólico no empenho pela salvação de todos.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São Francisco de Assis, rogai por nós!