29º Domingo do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Protegei-me qual dos olhos a pupila e abrigai-me à sombra de vossas asas. (Cf. MR: Sl 16, 6. 8) Sl. Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! (Cf. LH: Sl 16, 1)
Glória
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, tornai-nos dispostos a obedecer sempre à vossa vontade e a vos servir de coração sincero. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Is 53, 10-11)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
O Senhor quis macerá-lo com sofrimentos. Oferecendo sua vida em expiação, ele terá descendência duradoura, e fará cumprir com êxito a vontade do Senhor.
11Por esta vida de sofrimento, alcançará luz e uma ciência perfeita. Meu Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 32)
℟. Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, pois, em vós, nós esperamos!
— Pois reta é a palavra do Senhor, e tudo o que ele faz merece fé. Deus ama o direito e a justiça, transborda em toda a terra a sua graça. ℟.
— Mas o Senhor pousa o olhar sobre os que o temem, e que confiam esperando em seu amor, para da morte libertar as suas vidas e alimentá-los quando é tempo de penúria. ℟.
— No Senhor nós esperamos confiantes, porque ele é nosso auxílio e proteção! Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos! ℟.
Segunda Leitura (Hb 4, 14-16)
Leitura da Carta aos Hebreus
Irmãos: 14Temos um sumo-sacerdote eminente, que entrou no céu, Jesus, o Filho de Deus. Por isso, permaneçamos firmes na fé que professamos.
15Com efeito, temos um sumo-sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado.
16Aproximemo-nos então, com toda a confiança, do trono da graça, para conseguirmos misericórdia e alcançarmos a graça de um auxílio no momento oportuno.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. Jesus Cristo veio servir, Cristo veio dar sua vida. Jesus Cristo veio salvar, viva Cristo, Cristo viva! (Cf. Mc 10, 45) ℟.
Evangelho (Mc 10, 35-45 ou mais breve 10, 42-45)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Marcos
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 35Tiago e João, filhos de Zebedeu, foram a Jesus e lhe disseram: “Mestre, queremos que faças por nós o que vamos pedir”. 36Ele perguntou: “O que quereis que eu vos faça?”
37Eles responderam: “Deixa-nos sentar um à tua direita e outro à tua esquerda, quando estiveres na tua glória!” 38Jesus então lhes disse: “Vós não sabeis o que pedis. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? Podeis ser batizados com o batismo com que vou ser batizado?” 39Eles responderam: “Podemos”. E ele lhes disse: “Vós bebereis o cálice que eu devo beber, e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado. 40Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. É para aqueles a quem foi reservado”.
41Quando os outros dez discípulos ouviram isso, indignaram-se com Tiago e João. [42Jesus os chamou e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações as oprimem e os grandes as tiranizam. 43Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; 44e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos. 45Porque o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.]
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Meditábor in mandátis tuis, quae diléxi valde: et levábo manus meas ad mandáta tua, quae diléxi. (Ps. 118, 47. 48)
Vernáculo:
Muito me alegro com os vossos mandamentos, que eu amo, amo tanto, mais que tudo! Elevarei as minhas mãos para louvar-vos e com prazer meditarei vossa vontade. (Cf. LH: Sl 118, 47. 48)
Sobre as Oferendas
Concedei-nos, Senhor, nós vos pedimos, que possamos, com liberdade de coração, servir ao vosso altar para que vossa graça nos purifique e nos renovem estes mistérios que celebramos em vossa honra. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
O Filho do homem veio para dar a sua vida como resgate para muitos. (Mc 10, 45)
Vernáculo:
Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo! (Cf. LH: Sl 8, 2ab)
Depois da Comunhão
Concedei-nos, Senhor, colher os frutos da participação da Eucaristia, para que, auxiliados pelos bens temporais, possamos conhecer as riquezas do vosso Reino. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 20/10/2024
Glória na humildade e na cruz
“Mas, entre vós, não deve ser assim; quem quiser ser grande, seja vosso servo; e quem quiser ser o primeiro, seja o escravo de todos.” (Mc 10, 43-44)
Queridos irmãos e irmãs, a Igreja de Cristo celebra o 29º domingo do Tempo Comum. A liturgia deste domingo nos apresenta, a partir das leituras da Missa, a missão de Cristo: na primeira leitura, do livro do Profeta Isaías, Cristo é o “Servo, o justo, fará justos inúmeros homens, carregando sobre si suas culpas” (Is 53,11); na segunda leitura, a da Carta aos Hebreus, Ele é “o Sumo Sacerdote capaz de se compadecer de nossas fraquezas, pois Ele mesmo foi provado em tudo como nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15); e no Evangelho, Jesus se apresenta não como aquele que veio buscar glória, e sim como “o Filho do Homem, que não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos” (Lc 10,45).
Ou seja, sob todos os aspectos que consideremos, a missão de Cristo passa por um resgate, uma entrega de Si por nós, uma humilhação, um serviço. Muito diferente das nossas expectativas e das dos discípulos Tiago e João, que vislumbraram na missão de Cristo um sucesso terreno, talvez uma restauração política, uma libertação social, uma forma de se projetar, de ocupar altas funções, etc.
Meus irmãos, é inegável que o mundo está em crise profunda. É a crise da falta de Deus, da rejeição do Criador. De fato, o século passado, o século XX, começou com aquela conhecida e abominável frase, muito citada, do filósofo alemão Friedrich Nietzsche (1844-1900), que disse: “Deus está morto” (no original alemão “Gott ist tot”). Nietzsche morreu em 1900, mas sua frase se tornou o slogan, o emblema do século XX, e vem se reproduzindo cada vez mais em nossos dias. Embora haja tanta gente boa, não podemos ser ingênuos, pois também há muita gente má, em cujo coração “Deus está morto”. É um fenômeno não só de indivíduos, mas social, que o Papa Paulo VI, em sua época, chamou de “divórcio entre a fé e a cultura”.
De fato, o homem tirou o nome de Deus da política, que se transformou em jogo de interesses pessoais, partidários e ideológicos, em tirania ou, como diria o Papa Emérito Bento XVI, uma política sem Deus não passa de quadrilha de malfeitores.
O homem tirou o nome de Deus da economia, que se transformou em desejo desenfreado de acumular fortunas, ter acima de todas as coisas e subjugar pessoas.
O homem tirou o nome de Deus da educação, que se transformou numa ferramenta qualificada e organizada de doutrinação contra os verdadeiros valores humanos e cristãos.
O homem tirou o nome de Deus dos meios massivos de comunicação, que se tornaram uma máquina propagadora de erros e mentiras, onde o próprio Deus é silenciado o tempo todo.
O homem tirou a Deus da saúde pública, e agora matar ou abortar bebês pode ser chamado “direito da mulher” ou “questão de saúde pública”.
O homem tirou a Deus do casamento, e este se tornou desnecessário, ou apenas um simples contrato cível que pode se desfazer ao bel prazer do egoísmo dos cônjuges.
Tirou a Deus da família, dos pais e dos filhos, e vemos quanta desordem moral e social.
Tirou a Deus das relações sociais, e já é coisa rara o respeito, a justiça e a integridade das pessoas.
O homem tirou o nome de Deus até mesmo do sacro, que, por vezes, se transforma não numa celebração de Deus, mas numa celebração do homem e dos seus sentimentos.
Só que um detalhe: Deus, sem o homem, continua sendo Deus; o homem, sem Deus, é um ser completamente perdido e capaz das maiores atrocidades.
Portanto, é inegável que o mundo está em crise. No entanto, não devemos pretender nem instrumentalizar a Cristo e a fé apenas para resolver problemas deste mundo, sem realmente entender o problema da rejeição de Deus.
A restauração que Cristo quer é bem diferente da que nós queremos. Cristo quer a restauração da vida da alma, quer um reino nos corações. Só quando Cristo reina nos corações podem ocorrer as verdadeiras transformações que o mundo precisa.
O reino de glória humana, no qual Tiago e João queriam ocupar um lugar à direita e à esquerda, não é o reino de Cristo, que se recebe de forma gratuita e se cultiva a partir da renúncia de si mesmo, da cruz e do serviço aos irmãos, ou seja, na imitação dEle mesmo, na imitação de Cristo.
Jesus ensina aos discípulos que o caminho da glória é o caminho da humildade e da cruz.
A humildade é a virtude que nos dá o justo conhecimento da nossa pequenez e miséria, principalmente em relação a Deus. Notemos que se trata do justo conhecimento, ou seja, da nossa realidade, da verdade de nós mesmos. Por isso, dizia a grande Santa Teresa de Jesus, que a humildade é “caminhar na verdade”, ou seja, reconhecer a verdade, e a verdade é que nós somos pequenos, aliás, não somos nada, e devemos reconhecer essa verdade; do contrário, caminhamos na mentira.
A humildade se refere principalmente a Deus. Esta é a verdadeira raiz da humildade. Vejamos bem: não tem homem que, por mal que seja, não encontre outro que seja pior do que ele, mas se ele se comparar a Deus, então se dará conta do abismo que existe entre ele e o seu Criador, um abismo de humildade. Por isso, dizia Santa Catarina de Sena: “Senhor, Tu és aquele que é e eu sou aquela que não sou”, e Santa Teresa de Jesus: “Eu sou nada, mais pecado”.
Com relação a Deus, a nossa humildade deve se expressar através do amor, da adoração e do agradecimento. A raiz de toda a humildade é o temor de Deus e a memória de tudo aquilo que Deus nos deu. Ensina o apóstolo São Paulo que não temos nada que não tenhamos recebido de Deus, e se recebemos de Deus, por que nos gloriamos como se fosse propriedade nossa?
Meus irmãos, o caminho da glória verdadeira é o da humildade e também o caminho da cruz. Como muito bem disse São Paulo: “Quanto a mim, que eu jamais me glorie, a não ser na cruz do nosso Senhor Jesus Cristo, por meio da qual o mundo foi crucificado para mim, e eu para o mundo” (Gl 6,14).
Irmãos, não fiquemos indiferentes à Cruz do Senhor, ao cálice que Jesus bebeu por nós. Ensina São Cirilo de Jerusalém: Jesus, que em nada tinha pecado, foi crucificado por ti, e tu não te crucificarás por Ele, que foi cravado na Cruz por ti?
Portanto, devemos amar a cruz, a cruz viva dos trabalhos, humilhações, afrontas, torturas, dores, perseguições, incompreensões, contrariedades, opróbrios, menosprezos, vitupérios, calúnias, morte... e poder dizer com São Paulo: “Morro cada dia”, ou com São Francisco: “Que eu morra por amor de seu amor, já que por amor de meu amor Ele se dignou morrer.”
Amar a cruz é uma graça que temos que pedir na oração. De maneira especial, temos que pedir a graça de possuir a ciência da cruz, que só se alcança na escola de Jesus Cristo. Querer ir por outro caminho é se comportar como inimigo da cruz. São Paulo nos ensina que há muitos que se comportam como inimigos da cruz de Cristo (Fl 3,18). Fazemo-nos inimigos da cruz de Cristo de várias maneiras:
- Rejeitando-a: “Quem não toma sua cruz e me segue não é digno de mim” (Mt 10,38), “não pode ser meu discípulo” (Lc 14,27);
- Esvaziando-a: alguns querem esvaziar a cruz de Cristo (1Cor 1,17);
- Rebaixando-a: “Desce da cruz, que acreditaremos em ti” (Mt 27,42; Mc 15,32);
- Evitando-a: querem evitar ser perseguidos por causa da cruz de Cristo (Gl 6,12);
- Recortando-a: ao não pregar o Evangelho na sua totalidade: “Se ainda prego a circuncisão, então acabou-se o escândalo da cruz” (Gl 5,11).
A mesma Palavra Encarnada nos ensina a amar a cruz, dizendo: “Nega-te a ti mesmo, toma a tua cruz cada dia e me segue”. Disto nos dão exemplo os santos, que levaram em seus corpos os sofrimentos de Jesus, completando em si o que faltou à Paixão de Cristo.
Como São Paulo, devemos não querer saber nada fora de Jesus Cristo, e Jesus Cristo crucificado. Esta doutrina da cruz é escândalo para os judeus e loucura para os gregos. Nesta cruz está o único motivo que temos para nos gloriar: “Eu só me gloriarei na cruz de Nosso Senhor Jesus Cristo, por quem o mundo está crucificado para mim, como eu o estou para o mundo”.
Não há outra escola maior que a Cruz, na qual Jesus Cristo ensina a seus discípulos como devem ser. Ela é, para nós, a cátedra suprema da verdade de Deus e do homem. Como dizia São João Paulo II: “Na escola do Verbo Encarnado compreendemos que é sabedoria divina aceitar com amor sua Cruz: a cruz da vontade no cumprimento fiel de toda lei moral, natural e revelada; a cruz do próprio dever, às vezes árduo e pouco gratificante; a cruz da paciência na enfermidade e nas dificuldades de todos os dias; a cruz do empenho infatigável para responder à própria vocação; e a cruz da luta contra as paixões e promoção do mal”.
É cátedra, porque nela se revelou a glória do amor disposto a tudo. A cruz é o único caminho da vida, o sinal dos predestinados, o cetro da santidade. Dizia São Leão Magno que a cruz é a fonte de toda bênção, a origem de toda graça: por ela, os crentes recebem da debilidade a força, do opróbrio a glória, e da morte a vida.
Os santos de todos os tempos nos mostram a necessidade da cruz em nossas vidas: Santo Ambrósio dizia: “Justamente com Cristo é glorificado aquele que, padecendo por Ele, realmente padece com Ele”. Santo Tomás de Aquino: “Todo aquele que quiser levar uma vida perfeita não precisa fazer outra coisa senão desprezar o que Cristo desprezou na Cruz e amar o que Cristo amou nela”. São Luís Orione: “A Jesus se ama e se serve na Cruz e crucificados com Ele, e não de outro modo”.
Eles mesmos ardiam em desejos da cruz: São Luís Maria dizia: “Se a cabeça está coroada de espinhos, o serão de rosas os membros?” São Francisco Xavier: “Os que gostam da cruz de Cristo nosso Senhor descansam vivendo nestes trabalhos e morrem quando deles fogem ou se acham fora deles”. Santa Teresa: “Padecer ou morrer”. Santo Inácio de Loyola: “Quero e escolho mais pobreza com Cristo pobre que riquezas, opróbios com Cristo cheio deles que honras, e desejo mais ser estimado por vão e louco por Cristo que primeiro foi tido por tal, que por sábio e prudente neste mundo”. Santo Inácio de Antioquia: “Permitam que eu imite a Paixão de meu Deus”. São Luís Maria Grignion de Montfort: “Em uma palavra: nem Jesus sem a Cruz, nem a Cruz sem Jesus”.
E os santos nos recordam a alegria que é fruto desta cruz: Santa Teresinha do Menino Jesus dizia: “Cheguei a não poder sofrer, pois me é doce todo sofrimento”. Santa Teresa: “É tanto o bem que espero que toda pena me consola”.
Termino com um belíssimo exemplo de amor à cruz. Trata-se de uma carta escrita por uma menina de sete anos chamada Antonieta Meo, hoje Serva de Deus. Esta menina sofreu de câncer nos ossos, que a levou primeiro a amputar a perna esquerda e depois à morte, quando ainda tinha sete anos. Ela escreveu uma bela e profunda carta a Jesus, que pode nos servir como exemplo de amor à cruz:
“Caro Jesus crucificado, eu te quero bem e te amo muito. Eu quero estar sobre o calvário contigo e sofro com alegria, porque sei que estou sobre o calvário. Caro Jesus, eu te agradeço porque me mandaste esta doença, porque é um meio para chegar ao paraíso. Caro Jesus, diz a Deus Pai que também o amo muito. Caro Jesus, eu quero ser a tua lâmpada e o teu lírio, caro Jesus. Caro Jesus, dai-me a força necessária para suportar as dores que te ofereço pelos pecadores. Caro Jesus, diz ao Espírito Santo que me ilumine de amor e me encha com os seus sete dons. Caro Jesus, diz a Nossa Senhora que a amo muito e que quero estar junto a ela sobre o calvário, porque eu quero ser a tua vítima de amor, caro Jesus. Caro Jesus... mando-te muitas saudações e beijos. Antonietta de Jesus” (Carta nº162 do 02 de junho de 1937).
Deus abençoe você!
Pe. Fábio Vanderlei, IVE
Um verdadeiro cristão, ao rezar, crucifica a sua vontade, submetendo-a aos desígnios de Deus. Afinal, foi assim que o próprio Cristo ensinou-nos a orar: “Seja feita a vossa vontade”. No entanto, assim como fizeram Tiago e João no Evangelho deste domingo, muitos cristãos fazem orações que mais parecem um pecado, pois impõem exigências a Deus como se Ele fosse um mero serviçal. Quem reza assim, ao invés de agradar a Deus, termina agradando ao demônio. Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para este domingo e aprenda de Cristo a conformar sua vontade a do Pai, pois sem isso ninguém poderá participar da Bem-aventurança eterna.
Santo do dia 20/10/2024
Santa Maria Bertilla Boscardin (Memória Facultativa)
Local: Treviso, Itália
Data: 20 de Outubro† 1922
"É humilde camponesa - disse dela Pio XII, por ocasião da beatificação, a 8 de junho de 1952. Figura puríssima de perfeição cristã, modelo de recolhimento e de oração. Nem êxtases, nem milagres durante a vida, mas uma união com Deus sempre mais profunda no silêncio, no trabalho, na oração, na obediência. Daquela união vinha a especial caridade que ela demonstrava para com os doentes, médicos, superiores, enfim, para com todos".
Nascida a 6 de outubro de 1888 na paróquia de Gioia di Brendola (Vicência), batizada com o nome de Ana Francisca, desde a meninice dedicou-se aos trabalhos do campo, ajudando seus pais. Este era o caminho para qualquer menina vêneta, antes que as indústrias chegassem. Aos 17 anos Ana Francisca teve a permissão de seguir a própria vocação religiosa ingressando nas Mestras de Santa Doroteia em Vicência. Lá fez o noviciado e emitiu os primeiros votos temporários. Deixou em seguida Vicência e foi para Treviso trabalhar no hospital, onde prestará o seu humilde e ativo serviço até a morte, ocorrida a 22 de outubro de 1922.
Conseguiu o diploma de enfermeira para se tornar mais útil aos doentes, que assistia também de noite, tomando a vez de suas coirmãs. "Quero ser a serva de todos - escreveu no seu diário - quero trabalhar, sofrer e deixar toda a satisfação aos outros". E ainda: "Devo considerar-me a última de todas, portanto contente em ser passada para trás, indiferente a tudo, tanto às reprovações como aos elogios, melhor, preferir as primeiras; sempre condescendente às opiniões alheias; nunca desculpar-me, também se penso ter razão; nunca falar de mim mesma; os encargos mais baixos sejam sempre os meus, pois é isso que mereço". As ocasiões de sofrimentos nunca lhe faltaram.
Aos 22 anos foi operada de tumor. Retomou às costumeiras ocupações suportando aumento de trabalho durante a primeira guerra mundial. Por causa dos contínuos bombardeios, os doentes foram transportados para Brianza e irmã Bertilla os seguiu. Mas em Viggiù foi designada para a lavanderia, sofrendo e chorando às escondidas: "Estou contente - escreveu - porque faço a vontade de Deus". Voltando um ano depois a Treviso entre os seus doentes, não aguentou o agravar-se de seu mal e após uma segunda intervenção cirúrgica, morreu. Tinha então trinta e quatro anos. Beatificada em 1952, foi canonizada por João XXIII a 11 de maio de 1961.
Referência:
SGARBOSSA, Mario; GIOVANNI, Luigi. Um santo para cada dia. São Paulo: Paulus, 1983. 397 p. Tradução de: Onofre Ribeiro. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Maria Bertilla Boscardin, rogai por nós!