4ª feira da 1ª Semana do Advento
Memória Facultativa
São João Damasceno, Presbítero e Doutor da Igreja
Antífona de entrada
Vernáculo:
A vós, meu Deus, elevo a minha alma, e confio em vós. Que eu não seja envergonhado, nem se riam de mim os meus inimigos! Pois não será desiludido quem em vós espera. (Cf. MR: Sl 24, 1-3) ℣. Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! (Cf. LH: Sl 24, 4)
Coleta
Senhor Deus, preparai os nossos corações com a vossa força, para que o vosso Filho, o Cristo que vem, nos encontre dignos do banquete da vida eterna e mereçamos receber o alimento celeste, por ele mesmo servido. Ele, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Is 25, 6-10a
Leitura do Livro do Profeta Isaías
Naquele dia, 6o Senhor dos exércitos dará neste monte, para todos os povos, um banquete de ricas iguarias, regado com vinho puro, servido de pratos deliciosos e dos mais finos vinhos.
7Ele removerá, neste monte, a ponta da cadeia que ligava todos os povos, a teia em que tinha envolvido todas as nações. 8O Senhor Deus eliminará para sempre a morte e enxugará as lágrimas de todas as faces e acabará com a desonra do seu povo em toda a terra; o Senhor o disse.
9Naquele dia, se dirá: “Este é o nosso Deus, esperamos nele, até que nos salvou; este é o Senhor, nele temos confiado: vamos alegrar-nos e exultar por nos ter salvo”. 10aE a mão do Senhor repousará sobre este monte.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 22(23), 1-3a. 3b-4. 5. 6 (R. 6cd)
℟. Na casa do Senhor habitarei pelos tempos infinitos.
— O Senhor é o pastor que me conduz; não me falta coisa alguma. Pelos prados e campinas verdejantes ele me leva a descansar. Para as águas repousantes me encaminha, e restaura as minhas forças. ℟.
— Ele me guia no caminho mais seguro, pela honra do seu nome. Mesmo que eu passe pelo vale tenebroso, nenhum mal eu temerei. Estais comigo com bastão e com cajado, eles me dão a segurança! ℟.
— Preparais à minha frente uma mesa, bem à vista do inimigo; com óleo vós ungis minha cabeça, e o meu cálice transborda. ℟.
— Felicidade e todo bem hão de seguir-me, por toda a minha vida; e, na casa do Senhor, habitarei pelos tempos infinitos. ℟.
℣. Eis que o Senhor há de vir a fim de salvar o seu povo; felizes são todos aqueles que estão prontos para ir-lhe ao encontro. ℟.
Evangelho — Mt 15, 29-37
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 29Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. 30Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. 31O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel.
32Jesus chamou seus discípulos e disse: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho”.
33Os discípulos disseram: “Onde vamos buscar, neste deserto, tantos pães para saciar tão grande multidão?” 34Jesus perguntou: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos”. 35E Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. 36Depois pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, e os dava aos discípulos, e os discípulos, às multidões. 37Todos comeram, e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Ad te Dómine levávi ánimam meam: Deus meus, in te confído, non erubéscam: neque irrídeant me inimíci mei: étenim univérsi qui te exspéctant, non confundéntur. (Ps. 24, 1-3)
Vernáculo:
A vós, meu Deus, elevo a minha alma, e confio em vós. Que eu não seja envergonhado, nem se riam de mim os meus inimigos! Pois não será desiludido quem em vós espera. (Cf. MR: Sl 24, 1-3)
Sobre as Oferendas
Possamos, Senhor, oferecer-vos sem cessar este nosso sacrifício, para que, ao celebrarmos o sacramento que nos destes, realizem-se em nós as maravilhas da salvação. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Eles comeram e beberam à vontade; o Senhor satisfizera os seus desejos. (Cf. LH: Sl 77, 29)
Depois da Comunhão
Imploramos, Senhor, vossa clemência, para que estes divinos auxílios nos purifiquem dos pecados e nos preparem para as festas que se aproximam. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 04/12/2024
A graça elevante de Cristo
“Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho”.
O Advento, como o próprio nome indica, é um tempo de espera e preparação para a vinda de Cristo. Mas para que nos possamos preparar de modo conveniente, cumpre saber, antes de tudo, para que, isto é, com que finalidade Cristo quis vir ao mundo. É o que nos conta o santo Evangelho, ao referir-nos as seguintes palavras do nosso Bom Pastor (cf. Sl 22, 1), cercado hoje por inumeráveis doentes e esfomeados: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho”. É verdade que, em sentido mais próprio e imediato, estas palavras aludem ao cuidado físico que o Senhor dispensa à turba de necessitados que o procura. No entanto, significam também, em sentido mais profundo, o cuidado espiritual que Ele veio trazer ao gênero humano, disperso como ovelhas sem pastor e necessitado de redenção. Nesse sentido, Cristo veio ao mundo, fundamentalmente, para reconduzir-nos da morte eterna à vida da graça, para arrancar-nos do poder do demônio e merecer-nos, por seu Sangue, a glória do céu. E esta obra, Ele a leva a cabo por meio da graça santificante, que produz em nós dois efeitos maravilhosos: a) primeiro, como graça elevante, deifica-nos a alma, dando-nos uma participação real na natureza divina; b) segundo, como graça sanante, cura-nos da ferida do pecado, expulsando-nos do coração tudo o que é positivamente contrário à filiação divina [1], conforme o ensinamento do Concílio de Trento (DH 1528): “A justificação propriamente dita […] não é somente remissão dos pecados, mas também santificação e renovação do homem interior, mediante a voluntária recepção da graça e dos dons, pelos quais o homem de injusto se torna justo, de inimigo amigo, para que seja ‘herdeiro segundo a esperança da vida eterna’ (Tt 3, 7)”. E não há melhor maneira de tomar este divino fármaco do que acudir o quanto antes ao sacramento da Penitência, instituído por Nosso Senhor como “segunda tábua” de salvação para aqueles que, depois do Batismo, houverem desgraçadamente caído em pecado. Eis o meio mais excelente de prepararmos a vinda de Cristo neste próximo Natal: assim lhe proporcionaremos em nossa alma uma manjedoura menos indigna, e estaremos vivificados por aquela vida que Ele nos veio merecer por sua morte.
Deus abençoe você!
Para viver bem o Advento, é imprescindível saber por que Cristo veio ao mundo. E como a sua vinda em carne mortal teve por fim, além de reparar a injúria da desobediência humana e reparar com isso a honra divina ultrajada, merecer-nos por sua morte na Cruz a vida sobrenatural, segue-se que a melhor maneira de o recebermos no Natal é tomando, no santo sacramento da Penitência, esse remédio celeste que é a graça santificante, que, elevando-nos à participação da natureza divina, expulsa do nosso coração toda inimizade com Deus e restitui-nos a saúde do homem interior.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quarta-feira, 4 de dezembro, e saiba como bem viver o Advento de Cristo!
Santo do dia 04/12/2024
São João Damasceno (Memória Facultativa)
Local: Jerusalém, Israel
Data: 04 de † c. 749
João é chamado Damasceno porque natural de Damasco na Siria, onde nasceu em data muito incerta, podendo-se situá-la, porém, na segunda metade do século VII. Sendo considerado o último dos Padres da Igreja, está presente entre os maiores representantes da sabedoria teológica oriental. Foi também um dos maiores poetas da Igreja oriental, compondo numerosos hinos para a Liturgia. Morreu no mosteiro de São Sabas perto de Jerusalém, entre o ano de 749-753. Em 1890, o papa Leão XIII distinguiu-o com o honroso titulo de Doutor da Igreja.
Damasco, na Síria, foi conquistada pelos árabes muçulmanos em 661, tornando-se então califado. Poucos anos depois nascia ali João. Seu pai, também de nome João, foi funcionário do califado. O próprio João filho, apesar de cristão, durante alguns anos continuou a serviço do califa.
Por volta de 760 deixou a corte, renunciou a tudo, distribuiu os bens aos pobres e retirou-se como monge ao mosteiro de São Sabas, perto de Jerusalém. Foi ordenado sacerdote pelo patriarca de Jerusalém, João V, que se serviu dele como pregador e escritor, especialmente durante a polêmica iconoclasta. Desde sua entrada no mosteiro de São Sabas, sua existência decorreu no silêncio do claustro, entregue aos estudos, à disciplina monástica e à atividade literária, principalmente no campo da ciência teológica. Em sua obra mais original A fonte da ciência, ele tenta uma exposição sistemática do dogma católico, seguindo o Credo. Não quis ser original. Dominava praticamente todos os conhecimentos teológicos de sua época e teve o grande mérito de condensar em seus escritos as doutrinas teológicas dos Santos Padres gregos. Os escritos de São João Damasceno abrangem quase todos os setores da doutrina cristã: teologia dogmática, apologética, ascética, exegese, homilética, poesias sacras e até obras polêmicas. Dissertou, particularmente, sobre o mistério da Encarnação do Verbo Divino e sobre a Santíssima Virgem Maria, sua imaculada conceição, a maternidade divina, a virgindade perpétua de Maria e sua Assunção ao céu em corpo e alma depois da morte.
Engajou-se decididamente na defesa do culto das imagens nas igrejas contra os iconoclastas. Sobre a questão escreveu o livro Orações sobre as imagens sagradas. A defesa do culto das imagens pode-se resumir na seguinte frase sua: "Não é a matéria que honramos, mas o que ela representa; a honra que prestamos à imagem é transferida para quem é seu modelo".
A Oração coleta pede a Deus que possamos contar com o apoio das orações do presbítero São João Damasceno para que a verdadeira fé por ele ensinada de modo tão eminente seja sempre nossa luz e nossa força.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São João Damasceno, rogai por nós!