São João da Cruz, Presbítero e Doutor da Igreja, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
O justo tem nos lábios o que é sábio, sua língua tem palavras de justiça; traz a Aliança do seu Deus no coração, e seus passos não vacilam no caminho. Sl. Não te irrites com as obras dos malvados nem invejes as pessoas desonestas; (Cf. LH: Sl 36, 30. 31 e 1)
Coleta
Ó Deus, que destes ao presbítero São João da Cruz total desapego de si mesmo e ardente amor à cruz, concedei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação eterna da vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Eclo 48, 1-4. 9-11)
Leitura do Livro do Eclesiástico
Naqueles dias, 1o profeta Elias surgiu como um fogo, e sua palavra queimava como uma tocha. 2Fez vir a fome sobre eles e, no seu zelo, reduziu-os a pouca gente. 3Pela palavra do Senhor fechou o céu e de lá fez cair fogo por três vezes. 4Ó Elias, como te tornaste glorioso por teus prodígios! Quem poderia gloriar-se de ser semelhante a ti?
9Tu foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro de cavalos também de fogo, 10tu, nas ameaças para os tempos futuros, foste designado para acalmar a ira do Senhor antes do furor, para conduzir o coração do pai ao filho, e restabelecer as tribos de Jacó. 11Felizes os que te viram, e os que adormeceram na tua amizade!
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 79)
℟. Convertei-nos, ó Senhor, resplandecei a vossa face e nós seremos salvos!
— Ó Pastor de Israel, prestai ouvidos. Vós que sobre os querubins vos assentais. Despertai vosso poder, ó nosso Deus, e vinde logo nos trazer a salvação! ℟.
— Voltai-vos para nós, Deus do universo! Olhai dos altos céus e observai. Visitai a vossa vinha e protegei-a! Foi a vossa mão direita que a plantou; protegei-a e ao rebento que firmastes! ℟.
— Pousai a mão por sobre o vosso Protegido, o filho do homem que escolhestes para vós! E nunca mais vos deixaremos, Senhor Deus! Dai-nos vida, e louvaremos vosso nome! ℟.
℣. Preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas! Toda carne há de ver a salvação que vem de Deus! (Lc 3, 4. 6) ℟.
Evangelho (Mt 17, 10-13)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11Jesus respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Veritas mea et misericórdia mea cum ipso: et in nómine meo exaltábitur cornu eius. (Ps. 88, 25)
Vernáculo:
Minha verdade e meu amor estarão sempre com ele, sua força e seu poder por meu nome crescerão. (Cf. LH: Sl 88, 25)
Sobre as Oferendas
Deus todo-poderoso, voltai o vosso olhar para o sacrifício que vos oferecemos na comemoração de São João da Cruz e concedei-nos imitar em nossa vida os mistérios da paixão do Senhor que celebramos. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga, diz o Senhor. (Cf. MR: Mt 16, 24)
Depois da Comunhão
Ó Deus, manifestastes de modo admirável o mistério da cruz na vida do presbítero São João; concedei-nos benigno que, fortalecidos por este sacrifício, permaneçamos fiéis a Cristo e trabalhemos na Igreja para a salvação de todos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 14/12/2024
O temor que prepara a misericórdia
Só há amor e misericórdia para os que, tementes a Deus, preparam pela penitência e a mudança de vida os caminhos do Cristo que vem.
1. Explicação do texto: a vinda de Elias (cf. Mt 17, 10-13; Mc 9, 10-12). — V. 10. “Os discípulos perguntaram a Jesus: ‘Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?’” Esta questão é independente daquela consignada pelos evangelistas S. Mateus, no v. precedente, e S. Marcos (cf. Mc 9, 9). A pergunta dos Apóstolos: “Por que os mestres da Lei…” pode referir-se de dois modos ao episódio da Transfiguração: a) ou os Apóstolos não entendem por que Elias não aparecera antes, uma vez que o Senhor já se revelou em sua glória (assim interpretam Orígenes, S. Jerônimo etc.), como se dissessem: “Se já vieste em tua glória, por que o teu precursor não apareceu?”; b) ou o sentido da pergunta é: “Por que Elias desapareceu tão cedo, já que dele está escrito que preparará todas as coisas para a vinda de Cristo?” Que o profeta Elias virá antes de Cristo, atestam-no não somente os escribas, mas também a própria S. Escritura (cf. Ml 4, 5-6); mas os Apóstolos falam aqui como homens rudes e iletrados, que costumam atribuir tudo aos doutores ou pregadores (assim interpreta Maldonado).
V. 11. “Jesus respondeu: ‘Elias vem e colocará tudo em ordem’ (gr. ‘ἀποκαταστήσει’ = instaurará, porá tudo em seu estado anterior), isto é, irá reconduzir os corações dos pais aos filhos e os dos filhos aos pais (cf. Ml 4, 5-6; Lc 1, 17) etc. Os SS. Padres e a maior parte dos intérpretes católicos sustentam que neste v. se fala da verdadeira aparição de Elias antes da segunda vinda de Cristo. — V. 12-13. Passa-se agora do segundo para o primeiro advento de Cristo. A ambas as vindas corresponde o seu próprio precursor e anunciador: a) à segunda, o profeta Elias, de quem se falou no v. precedente; b) à primeira, João Batista, que também é chamado Elias graças à semelhança de missão e espírito entre os dois: “João era Elias em espírito, mas não em pessoa” (S. Gregório Magno, Hom. in Ev., II, hom. 7). Elias, portanto, através do tipo que é João Batista, já veio e recebeu dos homens a mesma sorte que está à espera de Cristo: “Fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. — Os discípulos então compreenderam que era de João que lhes falava o Senhor.
2. Meditação. — O Evangelho de hoje, apresentando-nos a figura do Precursor, quer preparar-nos para a vinda de Cristo neste próximo Natal por meio da conversão e da penitência. Hoje se encerra o primeiro dos dois “ciclos temáticos” em que se articula o tempo do Advento: a partir da próxima segunda-feira, depois do Domingo Gaudete, a liturgia passará a centrar-se no mistério da Encarnação, preparado por outra “precursora”, a Virgem Maria; até agora, no entanto, as leituras da Missa, ao modo de preparação para a segunda parte do Advento, têm-se ocupado de temas como o Fim dos Tempos, o Juízo final e, consequentemente, o espírito de conversão e arrependimento que devemos suscitar em nossas almas para que o Senhor não nos surpreenda despreparados e indispostos para o receber no Natal. De nada nos adiantará, pois, celebrar o Deus de amor e misericórdia que se encarna e vem à luz na noite santa se, ao longo das últimas semanas, não tivermos feito experiência da nossa miséria, da feiúra do nosso pecado e, portanto, da necessidade que temos do perdão divino. Nesse sentido, a presença do Batista no Evangelho de hoje é um chamado a que aproveitemos o que nos resta de Advento para traçarmos os caminhos do Senhor e aplainarmos as suas veredas (cf. Mc 1, 3; Ml 3, 1; Is 40, 3), ou seja, para excitarmos em nosso espírito profundos sentimentos de dor e compunção pelos muitos pecados que levaram o Filho de Deus a se encarnar pela nossa salvação. — S. João Batista, rogai por nós!
Deus abençoe você!
Santo do dia 14/12/2024
São João da Cruz (Memória)
Local: Úbeda, Espanha
Data: 14 de † 1591
São João da Cruz é conhecido como um dos grandes expoentes da mística, e como autor de célebres livros de espiritualidade, como A subida do monte Carmelo, Noite escura da alma, Cântico espiritual, Chama viva de amor, e ao mesmo tempo é considerado como o grande reformador da Ordem Carmelita junto com Santa Teresa de Jesus.
Juan de Yepes, seu nome de batismo, foi mudado para João da Cruz quando tomou o hábito de carmelita. Juan Yepes nasceu em Fontiveros, entre Salamanca e Ávila, na Espanha em 1542. Quando criança, perdeu o pai; e a família sofreu pobreza. Sua mãe, à procura de trabalho para sustentar os filhos, mudou-se para Medina, onde João quis experimentar várias profissões, como a de ajudante num hospital. Enquanto se ocupava durante o dia, tomava lições de gramática à noite, no colégio jesuíta.
Aos 21 anos entrou na Ordem Carmelita. Foi enviado para a Universidade de Salamanca a fim de cursar filosofia e teologia. Com 25 anos foi ordenado sacerdote. A disciplina nos conventos carmelitas não o satisfazia e acalentou o desejo de entrar numa Ordem mais austera, como a dos trapistas. Neste tempo de busca, encontrou-se com a grande reformadora dos carmelos, Santa Teresa de Ávila, chamada Santa Teresa de Jesus, que promovia na Espanha a fundação de conventos reformados, dentro da Ordem. Ela, que tinha autorização do superior geral para fundar também conventos reformados masculinos, conseguiu entusiasmar João da Cruz a que, em vez de sair da Ordem, se incumbisse da reforma da disciplina regular dentro da própria Ordem. Depois de fervorosas preces e tendo consultado seu confessor, João chegou à conclusão de que, de fato, esta era a vontade de Deus.
Assim, João da Cruz se tornou pioneiro da reforma carmelitana masculina. Em 1568 surgia o primeiro convento carmelita reformado em Duruelo, origem dos carmelitas descalços. A Reforma prosseguiu a duras penas. Em sua fé profunda, João abraçar-se-ia à cruz dos sofrimentos e das perseguições, dos quais fez um itinerário de ascensão mística para Deus, ou para o alto do Monte Carmelo. Durante nove meses de muitas tribulações na prisão de um dos conventos que se opunham à reforma, João teve oportunidade de temperar sua alma no seguimento do Senhor crucificado. Fugindo do cárcere, continuou com persistência sua obra renovadora.
Pouco antes da morte, teve mais outros graves dissabores, devido a incompreensões e calúnias. Teve que enfrentar um processo de expulsão da Ordem. Acabou não expulso, mas foi exonerado de todos os cargos da Comunidade, passando os últimos meses na solidão e no abandono, Misteriosos os caminhos que a Providência divina escolhe para acrisolar a santidade de seus filhos! Eram três as coisas que ele pedia insistentemente a Deus: primeiro, dar-lhe força para trabalhar e sofrer muito; segundo, não o fazer sair deste mundo como Superior de uma Comunidade; e terceiro, deixá-lo morrer desprezado e escarnecido pelos homens. De fato foi o que aconteceu. Em suas pregações João recomendava as devoções ao Salvador crucificado, à Santíssima Trindade e ao Santíssimo Sacramento. João da Cruz foi uma alma profundamente mística. Elevou-se a um altíssimo grau de santidade, gozando, inclusive, de êxtases e visões. Seus escritos constituem uma das expressões perenes do pensamento místico universal.
Faleceu em Ubeda, a 14 de dezembro de 1591, após uma penosíssima enfermidade, com 49 anos de idade. Guia sábio de gerações de almas para a contemplação e a união com Deus, São João da Cruz foi canonizado em 1726 e declarado Doutor da Igreja por Pio XI em 1926. É considerado o doutor clássico da teologia mística.
Os textos da Liturgia realçam em São João da Cruz o mistério da Cruz de Cristo como caminho de santificação, como apóstolo do mistério da Cruz, o amor pelo Cristo e o total desapego de si mesmo.
Eis a Oração coleta: Ó Deus, que inspirastes ao presbítero São João da Cruz extraordinário amor pelo Cristo e total desapego de si mesmo, fazei que, imitando sempre o seu exemplo, cheguemos à contemplação da vossa glória.
A Oração sobre as oferendas pede que possamos imitar em nossa vida os mistérios da Paixão do Senhor celebra dos na Eucaristia.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
São João da Cruz, rogai por nós!