6ª feira da 29ª Semana do Tempo Comum
Memória Facultativa
Santo Antônio Maria Claret, Bispo
Antífona de entrada
Vernáculo:
Eu vos chamo, ó meu Deus, porque me ouvis, inclinai o vosso ouvido e escutai-me! Protegei-me qual dos olhos a pupila e abrigai-me à sombra de vossas asas. (Cf. MR: Sl 16, 6. 8) Sl. Ó Senhor, ouvi a minha justa causa, escutai-me e atendei o meu clamor! (Cf. LH: Sl 16, 1)
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, tornai-nos dispostos a obedecer sempre à vossa vontade e a vos servir de coração sincero. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Rm 7, 18-25a
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos
Irmãos, 18estou ciente que o bem não habita em mim, isto é, na minha carne. Pois eu tenho capacidade de querer o bem, mas não de realizá-lo. 19Com efeito, não faço o bem que quero, mas faço o mal que não quero. 20Ora, se faço aquilo que não quero, então já não sou eu que estou agindo, mas o pecado que habita em mim. 21Portanto, descubro em mim esta lei: Quando quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta.
22Como homem interior ponho toda a minha satisfação na lei de Deus; 23mas sinto em meus membros outra lei, que luta contra a lei da minha razão e me aprisiona na lei do pecado, essa lei que está em meus membros. 24Infeliz que eu sou! Quem me libertará deste corpo de morte? 25aGraças sejam dadas a Deus, por Jesus Cristo, nosso Senhor.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 118(119), 66. 68. 76. 77. 93. 94 (R. 68b)
℟. Ensinai-me a fazer vossa vontade!
— Dai-me bom senso, retidão, sabedoria, pois tenho fé nos vossos santos mandamentos! ℟.
— Porque sois bom e realizais somente o bem, ensinai-me a fazer vossa vontade! ℟.
— Vosso amor seja um consolo para mim, conforme a vosso servo prometestes. ℟.
— Venha a mim o vosso amor e viverei, porque tenho em vossa lei o meu prazer! ℟.
— Eu jamais esquecerei vossos preceitos, por meio deles conservais a minha vida. ℟.
— Vinde salvar-me, ó Senhor, eu vos pertenço! Porque sempre procurei vossa vontade. ℟.
℣. Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, escondendo-os aos doutores! (Cf. Mt 11, 25) ℟.
Evangelho — Lc 12, 54-59
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 54Jesus dizia às multidões: “Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. 55Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. 56Hipócritas! Vós sabeis interpretar o aspecto da terra e do céu. Como é que não sabeis interpretar o tempo presente? 57Por que não julgais por vós mesmos o que é justo?
58Quando, pois, tu vais com o teu adversário apresentar-te diante do magistrado, procura resolver o caso com ele enquanto estais a caminho. Senão ele te levará ao juiz, o juiz te entregará ao guarda, e o guarda te jogará na cadeia. 59Eu te digo: daí tu não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Meditábor in mandátis tuis, quae diléxi valde: et levábo manus meas ad mandáta tua, quae diléxi. (Ps. 118, 47. 48)
Vernáculo:
Muito me alegro com os vossos mandamentos, que eu amo, amo tanto, mais que tudo! Elevarei as minhas mãos para louvar-vos e com prazer meditarei vossa vontade. (Cf. LH: Sl 118, 47. 48)
Sobre as Oferendas
Concedei-nos, Senhor, nós vos pedimos, que possamos, com liberdade de coração, servir ao vosso altar para que vossa graça nos purifique e nos renovem estes mistérios que celebramos em vossa honra. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
O Filho do homem veio para dar a sua vida como resgate para muitos. (Mc 10, 45)
Vernáculo:
Ó Senhor nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo! (Cf. LH: Sl 8, 2ab)
Depois da Comunhão
Concedei-nos, Senhor, colher os frutos da participação da Eucaristia, para que, auxiliados pelos bens temporais, possamos conhecer as riquezas do vosso Reino. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 24/10/2025
Não se faça de desentendido!
No evangelho de hoje, Jesus alerta para não sermos indiferentes ao fato de que estamos neste mundo de passagem e que, enquanto estamos a caminho, precisamos nos preparar para o momento em que nos apresentaremos diante do justo juiz.
O Evangelho de hoje nos propõe um discernimento sobre os tempos dessa vida. Jesus parte de uma comparação tomada do tempo atmosférico e das estações do ano: Quando vedes uma nuvem vinda do ocidente, logo dizeis que vem chuva. E assim acontece. Quando sentis soprar o vento do sul, logo dizeis que vai fazer calor. E assim acontece. A palavra “tempo”, em português, pode ser interpretada como tempo atmosférico — tempo chuvoso, seco, frio, quente etc. —, mas também como estação climática — o tempo de chuvas, o tempo de seca, o tempo de flores etc.
É a esse último sentido que Jesus se refere, a fim de advertir as multidões da época e também aos fiéis de hoje: Hipócritas!, isto é, “Fingidos! Fazeis de conta que não conheceis os tempos de Deus, quando em verdade sabeis ler até o tempo atmosférico”, expressão que, no lecionário do Brasil, está traduzido como o aspecto da terra e do céu, embora se leia em grego prosopon (πρόσωπον), isto é, a personalidade do céu e da terra, seu aspecto externo, sua máscara etc. O Senhor prossegue: Como é que não sabeis interpretar o tempo presente?, onde “tempo presente” está por καιρός, que significa “tempo oportuno”, quando eventos bem determinados e decisivos têm lugar.
Em outras palavras, os judeus sabiam interpretar o tempo natural, físico e humano, mas fechavam os olhos para o que não queriam interpretar nem entender. É como se Cristo lhes dissesse: “Fingis não entender o que vos digo, mas mostrais saber julgar das coisas normalmente. Tendes inteligência para distinguir os tempos e aproveitá-los quando são oportunos, mas simulais não saber que um dia haveis de prestar contas a Deus de tudo o que houverdes feito no mundo”.
Também nós estamos a caminho do juízo, mais próximo a cada dia que passa. O agora é o tempo propício para negociar porque, quando estivermos cara a cara com o Juiz, não haverá apelação, somente a sentença. É o que Jesus diz por meio de outra comparação: Quando, pois, tu vais com teu adversário apresentar-se diante do magistrado, procura resolver o caso com ele, enquanto estais a caminho.
O tempo passa, o tempo se esgota, e então o Juiz aparece, como de assalto. Muitos se iludem, pensando: “Ah, eu me converto amanhã”. Mas quem disse que chegará o amanhã? Quanta gente se deita à noite feliz e contente, para não acordar nunca mais? Quantas pessoas cheias de saúde saem para se divertir no final de semana, e nunca mais voltam à casa? Quantos doentes estão hoje hospitalizados, sem que jamais lhes tenha passado pela cabeça que um dia estariam às portas da eternidade? Quantos têm agora os seus corpos num necrotério ou numa funerária, onde nunca pensaram que estariam alguma vez? Se não pensaram, eram insensatos, pois podiam e deviam tê-lo meditado muito seriamente.
Deixemos a hipocrisia de lado. Todos sabemos que, mais dia menos dias, iremos encarar a morte. A vida é frágil, qualquer um o sabe. Ninguém é super-homem; o que de ruim acontece com os outros pode muito bem acontecer conosco. Daí a necessidade de estar preparado. “Ah”, dirá alguém, “mas Deus é bom. Ele vai me perdoar”. Ora, não pode haver perdão se não há arrependimento, e que garantia temos de que nos sobrará um “tempinho” para nos arrepender? Há quem caia inconsciente nos chão e chegue à UTI já morto, sem ter tido a chance (embora Deus lha tenha oferecido muitas vezes) de fazer um pequeno ato de contrição. “Mas Deus é misericórdia infinita!” Sim, e é também justiça infinita, e não é justo que passe a eternidade na presença do Amor quem passou o tempo todo amando-se apenas a si mesmo.
Esta vida tem prazo de validade, e não há kairós mais oportuno para entregá-la limpa na hora da morte do que o agora, enquanto ainda estamos a caminho. Peçamos perdão diante do Juiz misericordioso do tribunal da Confissão, antes que tenhamos de nos apresentar diante do justo Juiz, que nos dará a sentença definitiva. O tempo é agora, pois não sabemos se teremos um amanhã.
Deus abençoe você!
Santo do dia 24/10/2025
Santo Antônio Maria Claret (Memória Facultativa)
Local: Fontfroide, França
Data: 24 de Outubro † 1870
Antônio Maria nasceu em Sallent, perto de Barcelona, na Espanha, em 1807. Certamente um dos santos mais marcantes como apóstolo do Evangelho do século XIX, século em que se celebrou o Concílio Vaticano I. Na pia batismal recebeu o nome de Antônio, ao qual acrescentou mais tarde o de Maria, considerando Nossa Senhora sua mãe, sua madrinha, sua mestra, seu tudo, depois de Cristo. Antônio Maria teve na vida uma atividade multiforme. Pode ser considerado modelo completo de santidade, como operário, sacerdote, missionário, pastor, bispo, diretor de almas, fundador de famílias religiosas, confessor, conselheiro e escritor fecundíssimo.
Depois de ajudar o pai numa fábrica de tecidos, com 22 anos de idade, entrou no seminário de Barcelona para ser padre e padre missionário. Ordenado sacerdote, trabalhou como vigário cooperador em pequena paróquia e, depois de poucos anos, como pároco em sua aldeia natal. Desejou, porém, ser engajado como missionário. Assim, a partir de 1843, dedicou-se às missões populares através da Catalunha e depois nas ilhas Canárias. Em 1848 lançou os fundamentos da Congregação dos Missionários Filhos do Coração de Maria, que popularmente são conhecidos como claretianos.
Mal havia acabado de fundar a sua Congregação e realizar a providencial obra da imprensa e livrarias religiosas, o padre Antônio Maria foi nomeado Arcebispo de Santiago de Cuba. Esperava-o a difícil tarefa de defender os oprimidos da Ilha contra a exploração estrangeira, o que lhe ocasionou muitas perseguições e mesmo atentados contra sua vida. Ao chegar às terras cubanas, foi logo visitar o Santuário Nacional de Nossa Senhora do Cobre, padroeira da Ilha. Suas visitas pastorais eram verdadeiras missões que operavam a renovação espiritual das cidades e aldeias visitadas. Durante estas visitas ele pregava, catequizava, confessava, convocava encontros com o clero e as religiosas, visitava os doentes e interessava-se pela situação dos negros e escravos, no intuito de eliminar as discriminações raciais e favorecer a justiça e a igualdade para todos.
Em Cuba restaurou o antigo seminário, fundou escolas populares e, para dar perenidade à sua obra educativa, fundou uma Congregação religiosa dedicada ao magistério sob o título de Religiosas de Maria Imaculada. Os numerosos escritos populares de divulgação da doutrina cristã e defesa da ortodoxia constituem outra expressão do seu fecundo apostolado.
Exonerado do arcebispado de Cuba, talvez pressionado pelas perseguições e frequentes atentados, ele volta para a Espanha. Foi chamado pela corte para ser confessor da rainha que, por sinal, não primava muito pelo espírito religioso. Tal cargo foi-lhe uma cruz. Teve que enfrentar então as mais vis calúnias, movidas pelos adversários políticos da coroa espanhola, que o tachavam de monarquista, oposto aos ventos das ideias liberais que sopravam na Europa toda. Pôde cuidar também da sua Congregação religiosa. Com a deposição da rainha Isabel II, em 1860, Antônio Maria retirou-se para a França e daí para Roma, onde participaria do Concílio Vaticano I, como um dos mais fervorosos defensores da infalibilidade papal. Mesmo assim, continuou suas atividades pastorais e de escritor até ao fim de sua existência terrena que se deu no dia 24 de outubro de 1870 na abadia cisterciense de Fontfroide, na França. Por ocasião de sua beatificação, o papa Pio XI disse: "Antônio Maria Claret é uma figura verdadeiramente grande, como apóstolo infatigável, organizador moderno e precursor da Ação Católica, principalmente por meio da imprensa, na qual não foi superado talvez por ninguém". Foi canonizado em 1950.
No Brasil podemos constatar uma bela presença dos padres claretianos. Especial destaque merece a Editora Ave Maria, com a publicação da Bíblia e a conhecida revista Ave Maria.
A Oração coleta realça a propagação do Evangelho entre os povos com sua caridade e paciência admirável. Ela pede a Deus por sua intercessão que nos apliquemos com todo empenho em conquistar nossos irmãos para o Cristo. Quão importante para a Igreja hoje o testemunho de Santo Antônio Maria Claret, nestes tempos em que a Igreja é novamente convocada para a nova evangelização.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santo Antônio Maria Claret, rogai por nós!

Beata Benigna Cardoso da Silva, Virgem e Mártir (Memória Facultativa)
Local: Ceará, Brasil
Data: 24 de Outubro † 1941
Benigna Cardoso da Silva nasceu em 15 de outubro de 1928 no Sítio Oiti, perto de Santana do Cariri, Brasil, o mais novo dos quatro filhos de José Cardoso da Silva e Teresa Maria da Silva. Ela foi batizada no dia 21 de outubro seguinte. Benigna não conhecia o pai, que morreu antes de ela nascer, e perdeu a mãe quando tinha apenas um ano de idade. Ela e os irmãos foram adotados pelas irmãs Rosa e Honorina Sisnando Leite, proprietária do Sotio Oitis, que também se interessou pela frequência de Benigna à escola e à igreja. A menina cresceu como uma estudante dedicada e fiel, participando da Santa Missa e das atividades da paróquia de Santana. Além disso, realizava trabalhos domésticos, auxiliando as duas idosas que a adotaram.
Aos doze anos ela foi abordada por um garoto valentão, que começou a molestá-la. Benigna, que não tinha interesse em iniciar um relacionamento tão jovem, o rejeitou. Ela procurou orientação do pároco, que a aconselhou a resistir com firmeza e lhe deu um livro ilustrado com histórias bíblicas. O jovem, porém, continuou a insistir cada vez mais intensamente, a ponto de recorrer a formas de violência.
Depois de várias tentativas frustradas, na tarde de 24 de outubro de 1941, ao saber que Benigna iria buscar água num poço, decidiu esperá-la, escondido na vegetação. Ele então a surpreendeu e tentou agarrá-la à força, mas Benigna demonstrou notável resistência. Tomado pela fúria, o jovem pegou um facão que trazia consigo e bateu nela quatro vezes: no primeiro golpe cortou três dedos da mão direita da menina, que havia feito um gesto automático de defesa; o segundo bateu-lhe na testa; o terceiro, os rins; a quarta e fatal, no pescoço, que praticamente lhe cortou a garganta. Ao perceber sua ação, o assassino fugiu.
Seu corpo foi encontrado por um de seus irmãos, que saiu à sua procura. O corpo foi sepultado na manhã do dia seguinte no cemitério público.
Poucos dias depois, o assassino foi capturado e preso. Cinquenta anos depois regressou ao local do crime, que entretanto se tornara destino de peregrinações, e manifestou o seu arrependimento.
Benigna, conhecida como Menina Benigna, foi beatificada no dia 24 de outubro de 2022 durante uma celebração realizada no município de Crato, no Cariri cearense.
Fonte: causesanti.va
Beata Benigna Cardoso da Silva, rogai por nós!