Santo Inácio de Antioquia, Bispo e Mártir, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Nós, porém, devemos gloriar-nos na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo; nele está a salvação, nossa vida e ressurreição; por ele somos salvos e libertos. (Cf. MR: Gl 6, 14) Sl. Recordai-vos, ó Senhor, do rei Davi e de quanto vos foi ele dedicado. (Cf. LH: Sl 131, 1)
Coleta
Ó Deus eterno e todo-poderoso, ornais o sagrado corpo da vossa Igreja com o testemunho dos santos mártires; fazei que o glorioso martírio de Santo Inácio de Antioquia, que hoje celebramos, assim como mereceu para ele o esplendor eterno, alcance para nós vossa constante proteção. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Rm 4, 1-8
Leitura da Carta de São Paulo aos Romanos
Irmãos, 1que vantagem diremos ter obtido Abraão, nosso pai segundo a carne? 2Pois se Abraão se tornou justo em virtude das obras, está aí seu motivo de glória... mas não perante Deus! 3Com efeito, o que diz a Escritura? “Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça”. 4Ora, para quem faz um trabalho, o salário não é creditado como um presente gratuito, mas como uma dívida. 5Porém, para a pessoa que, em vez de fazer um trabalho, crê naquele que torna justo o ímpio, a sua fé lhe é creditada como atestado de justiça. 6É assim que Davi declara feliz o homem a quem Deus credita a justiça independentemente das obras: 7“Felizes aqueles cujas transgressões foram remidas e cujos pecados foram perdoados; 8feliz o homem do qual Deus não leva em conta o pecado”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 31(32), 1-2. 5. 11 (R. cf. 7)
℟. Vós sois para mim proteção e refúgio, eu canto bem alto a vossa salvação.
— Feliz o homem que foi perdoado e cuja falta já foi encoberta! Feliz o homem a quem o Senhor não olha mais como sendo culpado, e em cuja alma não há falsidade! ℟.
— Eu confessei, afinal, meu pecado, e minha falta vos fiz conhecer. Disse: “Eu irei confessar meu pecado!” E perdoastes, Senhor, minha falta. ℟.
— Regozijai-vos, ó justos, em Deus, e no Senhor exultai de alegria! Corações retos, cantai jubilosos! ℟.
℣. Sobre nós venha, Senhor, a vossa graça, da mesma forma que em vós nós esperamos! (Sl 32, 22) ℟.
Evangelho — Lc 12, 1-7
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 1milhares de pessoas se reuniram, a ponto de uns pisarem os outros. Jesus começou a falar, primeiro a seus discípulos: “Tomai cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia. 2Não há nada de escondido, que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido. 3Portanto, tudo o que tiverdes dito na escuridão, será ouvido à luz do dia; e o que tiverdes pronunciado ao pé do ouvido, no quarto, será proclamado sobre os telhados.
4Pois bem, meus amigos, eu vos digo: não tenhais medo daqueles que matam o corpo, não podendo fazer mais do que isto. 5Vou mostrar-vos a quem deveis temer: temei aquele que, depois de tirar a vida, tem o poder de lançar-vos no inferno. Sim, eu vos digo, a este temei. 6Não se vendem cinco pardais por uma pequena quantia? No entanto, nenhum deles é esquecido por Deus. 7Até mesmo os cabelos de vossa cabeça estão todos contados. Não tenhais medo! Vós valeis mais do que muitos pardais”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Glória et honóre coronásti eum: et constituísti eum super ópera mánuum tuárum, Dómine. (Ps. 8, 6. 7)
Vernáculo:
Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes. (Cf. LH: Sl 8, 6. 7)
Sobre as Oferendas
Senhor, recebei com agrado o sacrifício de nossa devoção, assim como acolhestes Santo Inácio de Antioquia, trigo de Cristo, que, triturado pelos tormentos do martírio, se tornou pão sem mistura. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Eu sou trigo de Cristo, serei moído pelos dentes das feras, para tornar-me um pão sem mistura. (Cf. MR)
Depois da Comunhão
Senhor, sejamos revigorados pelo pão celeste que recebemos na celebração do martírio de Santo Inácio de Antioquia, para que não tenhamos apenas o nome de cristãos, mas o sejamos de fato pelas nossas obras. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 17/10/2025
O fermento dos fariseus
Nosso Senhor nos adverte que de nada nos servirá a hipocrisia e a falsidade, pois tudo quanto houvermos dito ou feito, por mais em segredo que o tenhamos realizado, "será ouvido à luz do dia"
Jesus traz hoje a público a polêmica que entre Ele e os fariseus começou há poucos dias, quando fora convidado para jantar a casa de um deles. E trá-la a público porque nos quer libertar da dinâmica, isto é, do fermento dos fariseus. Este fermento não é senão a hipocrisia, cuja força sedutora é capaz de fazer-nos descurar do nosso interior, da nossa sinceridade para com Deus, e leva-nos a desejar glórias exteriores, superficiais. Esta tendência desordenada a querermos "sair bem na foto" lança raízes numa vocação mais profunda, mais fundamental, que é glória do Céu. Nossa alma foi feita para triunfar com Cristo na glória celeste; devido porém à herança do pecado, acabamos enredados nas vanglórias que esta vida passageira nos pode oferecer.
No Evangelho de hoje, Jesus nos manda buscar antes de tudo a glória e o elogio de Deus, sem nos preocuparmos se somos ou não agradáveis aos homens: afinal, diz-nos Jesus: "Como podeis crer, vós que recebeis a glória uns dos outros, e não buscais a glória que é só de Deus?" (Jo 5, 44). Nosso Senhor também nos adverte que de nada nos servirá a hipocrisia e a falsidade, pois tudo quanto houvermos dito ou feito, por mais em segredo que o tenhamos realizado, "será ouvido à luz do dia", "será proclamado sobre os telhados." Quer queiramos, quer não, no dia do Juízo Deus há de desmascarar-nos, lançará por terra os disfarces de que nos houvermos vestido. Enquanto o Coração bondoso e amoroso de Cristo nos pede que temamos este dia tão terrível, em que a nossa dissimulação nos poderá levar para o Inferno, o demônio, que deseja arrastar a humanidade para o poço em que ele mesmo se enfiou, quer que tenhamos medo do que dirão ou pensarão a nosso respeito.
O Evangelho desta 6.ª-feira também nos exorta a preferirmos às bajulações e às glórias mundanas o "martírio social", o "martírio da calúnia", o sacrifício da própria boa fama por amor à verdade e à Igreja. Temos de nos preocupar, pois, em agradar a Deus, e não aos homens; temos de servir à Igreja e ao Evangelho, e não às solicitações e pressões de um mundo que jaz no Maligno, que se opõe a Jesus Cristo, que resiste à libertação do pecado que o Redentor nos veio trazer. Que Deus, que cuida das aves do céu e tem contado cada fio de cabelo nosso, nos ajude com sua santa graça a viver pela fé e por amor não ao nosso, mas ao seu santo nome, bendito por todos os século dos séculos. Amém.
Deus abençoe você!
Santo do dia 17/10/2025
Santo Inácio de Antioquia (Memória)
Local: Roma, Itália
Data: 17 de Outubro † 107
Diz a tradição que Santo Inácio foi o segundo sucessor de São Pedro na sede de Antioquia na Síria. Pode ser considerado também como o primeiro pastor como bispo de uma Igreja. Se ele foi o terceiro bispo, onde os discípulos de Cristo foram, pela primeira vez, chamados cristãos, Inácio foi, por sua vez, o primeiro a chamar a Igreja de Igreja Católica.
Estamos diante de uma figura extraordinária da Igreja subapostólica do fim do primeiro século. Como bispo de Antioquia, era muito conhecido e estimado em todo o Oriente cristão. Não se sabe praticamente nada sobre as circunstâncias em que foi preso durante o governo do imperador Trajano, que faleceu em 117 depois de Cristo, bem como o ano em que foi dado às feras no circo de Roma. Menciona-se, ora o ano 110, ora o ano 107. Nesta última data, o imperador preparara grandioso espetáculo em Roma, em que foram mortos muitos gladiadores juntamente com homens ilustres em luta com 11.000 animais ferozes.
Inácio fora condenado às feras em sua sede em Antioquia da Síria e provavelmente foi destinado às feras em Roma em 107. Durante o itinerário que conduziu Santo Inácio chamado Teóforo, isto é, Portador de Deus, de Antioquia para Roma, aproveitou ele a oportunidade para dirigir cartas às Comunidades cristãs da Ásia Menor. São sete ao todo, sendo uma dirigida à Igreja de Roma. Nelas ele lembra a organização das ditas Comunidades, concentradas na pessoa do bispo com seus presbíteros e diáconos. Insiste na adesão ao bispo a quem se deve seguir como Cristo seguiu a vontade do Pai. É muito importante o testemunho que estas cartas dão sobre as crenças e a organização interna da Igreja cristã menos de um século após a Ascensão de Cristo. Fora dos autores hagiográficos do Novo Testamento, Santo Inácio é o primeiro escritor a ressaltar o parto virginal de Maria. Também o mistério da Trindade é plenamente dado como certo. Nele já se encontram elementos sólidos de Cristologia. Não menos notáveis são as expressões que ele usa em relação à Santíssima Eucaristia: "Carne de Cristo", "dom de Deus", "remédio de imortalidade". Inácio denuncia os hereges "que não reconhecem que a Eucaristia é a carne de nosso Salvador Jesus Cristo, carne que padeceu por nossos pecados e que o Pai, em sua bondade, ressuscitou".
A mais importante das sete cartas de Santo Inácio é a endereçada à comunidade eclesial de Roma, no desejo de preparar sua chegada à Cidade Eterna. Neste escrito, respira-se o perfume do mais puro amor a Cristo que anima o coração de Inácio. Percebe-se o seu ardente desejo de morrer mártir para estar com Deus, para estar para sempre com Cristo. Nesta carta ele pede que a comunidade de Roma não interfira em favor dele: "Deixai-me ser comida para as feras, pelas quais me é possível encontrar Deus. Sou trigo de Deus e sou moído pelos dentes das feras para encontrar-me como pão puro de Cristo".
Inácio foi de fato atirado às feras em Roma provavelmente no ano de 107. Por decênios suas cartas foram lidas em público nas igrejas, quase com a mesma veneração com que se liam as cartas de São Paulo. No decurso da história do cristianismo encontramos certamente em Santo Inácio de Antioquia muitos dos mais eloquentes testemunhos de doação completa e de amor a Cristo. Ele impressiona, sobretudo, por sua devoção martirial, vendo no martírio pela fé o meio por excelência de fazer-se discípulo perfeito de Cristo.
Este amor total a Cristo presente na Eucaristia e o desejo do martírio para ficar para sempre com ele aparecem de modo eloquente nos textos litúrgicos. A Oração coleta destaca o testemunho do martírio como ornamento da Igreja. A Oração sobre as oferendas pede que Deus aceite a nossa oblação como acolheu Santo Inácio, trigo do Cristo, transformado pelo martírio em pão sem mistura. O pensamento do trigo de Cristo moído pelos dentes das feras volta na Antífona da Comunhão. E na Antífona do Magnificat aparece sua fé ardente na Eucaristia: Eu desejo o Pão de Deus, que é a carne de Jesus descendente de Davi: eu desejo esta bebida que é o sangue de Jesus, caridade incorruptível. A Oração depois da Comunhão pede que sejamos revigorados pelo pão celeste que recebemos na festa de Santo Inácio de Antioquia para que não tenhamos apenas o nome de cristãos, mas realmente o sejamos por nossa vida.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santo Inácio de Antioquia, rogai por nós!