Santa Teresinha do Menino Jesus, Virgem e Doutora da Igreja, Memória
Antífona de entrada
Vernáculo:
Confio em vós, Senhor. Exultarei e me alegrarei em vossa misericórdia, pois olhastes a minha pequenez. (Cf. MR: Sl 30, 7-8) Sl. Senhor, eu ponho em vós minha esperança; que eu não fique envergonhado eternamente! Porque sois justo, defendei-me e libertai-me. (Cf. LH: Sl 30, 2)
Coleta
Ó Deus, que preparais o vosso reino para os pequenos e humildes, fazei-nos seguir confiantes o caminho de Santa Teresinha do Menino Jesus, para que, por sua intercessão, nos seja revelada a vossa glória eterna. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Ne 2, 1-8
Leitura do Livro de Neemias
1Era o mês de Nisã,no vigésimo ano do rei Artaxerxes.Como o vinho estivesse diante do rei,eu peguei no vinho e ofereci-o ao rei.Como em sua presença eu nunca podia estar triste, 2o rei disse-me:“Por que estás com a fisionomia triste?Não estás doente. Isso só pode ser tristeza do coração”.Fiquei muito apreensivo e disse ao rei: 3“Que o rei viva para sempre!Como o meu rosto poderia não estar triste,quando está em ruínas a cidadeonde estão os túmulos de meus paise suas portas foram consumidas pelo fogo?” 4E o rei disse-me: “O que desejas?”Então, fazendo uma oração ao Deus do céu, 5eu disse ao rei:“Se for do agrado do reie se o teu servo achar graça diante de ti,deixa-me ir para a Judeia,à cidade onde se encontram os túmulos de meus pais,a fim de que possa reconstruí-la”. 6O rei, junto de quem a rainha se sentara,perguntou-me:“Quanto tempo vai durar a tua viageme quando estarás de volta?”Eu indiquei-lhe a data do regressoe ele autorizou-me a partir. 7Eu disse ainda ao rei:“Se parecer bem ao rei,sejam-me dadas cartas para os governadores de além do rio,para que me deixem passar, até que chegue à Judeia. 8E também outra carta para Asaf,guarda da floresta do rei,para que me forneça madeira de construçãopara as portas da cidadela do templo,para as muralhas da cidade,e para a casa em que vou morar”.E o rei concedeu-me tudo,pois a bondosa mão de Deus me protegia.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 136(137), 1-2. 3. 4-5. 6 (R. 6a)
℟. Que se prenda a minha língua ao céu da boca, se de ti Jerusalém, eu me esquecer!
— Junto aos rios da Babilônia nos sentávamos chorando, com saudades de Sião. Nos salgueiros por ali penduramos nossas harpas. ℟.
— Pois foi lá que os opressores nos pediram nossos cânticos; nossos guardas exigiam alegria na tristeza: “Cantai hoje para nós algum canto de Sião!” ℟.
— Como havemos de cantar os cantares do Senhor numa terra estrangeira? Se de ti, Jerusalém, algum dia eu me esquecer, que resseque a minha mão! ℟.
— Que se cole a minha língua e se prenda ao céu da boca, se de ti não me lembrar! Se não for Jerusalém minha grande alegria! ℟.
℣. Eu tudo considero como perda e como lixo, a fim de eu ganhar Cristo e ser achado nele! (Fl 3, 8-9) ℟.
Evangelho — Lc 9, 57-62
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 57enquanto Jesus e seus discípulos caminhavam, alguém na estrada disse a Jesus: “Eu te seguirei para onde quer que fores”.
58Jesus lhe respondeu: “As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”. 59Jesus disse a outro: “Segue-me”. Este respondeu: “Deixa-me primeiro ir enterrar meu pai”. 60Jesus respondeu: “Deixa que os mortos enterrem os seus mortos; mas tu, vai anunciar o Reino de Deus”. 61Um outro ainda lhe disse: “Eu te seguirei, Senhor, mas deixa-me primeiro despedir-me dos meus familiares”. 62Jesus, porém, respondeu-lhe: “Quem põe a mão no arado e olha para trás, não está apto para o Reino de Deus”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Benedic ánima mea Dómino, et noli oblivísci omnes retributiónes eius: et renovábitur, sicut áquilae, iuvéntus tua. (Ps. 102, 2. 5)
Vernáculo:
Bendize, ó minha alma, ao Senhor, não te esqueças de nenhum de seus favores! De bens ele sacia tua vida, e te tornas sempre jovem como a águia! (Cf. LH: Sl 102, 2. 5)
Sobre as Oferendas
Senhor, proclamando-vos admirável, em Santa Teresinha do Menino Jesus, humildemente nós vos pedimos: como vos foram agradáveis os méritos da sua vida, assim também vos agrade o serviço do nosso culto. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Senhor, de coração vos darei graças, as vossas maravilhas cantarei! Em vós exultarei de alegria, cantarei ao vosso nome, Deus Altíssimo! (Cf. MR: Sl 9, 2-3)
Depois da Comunhão
Senhor, o sacramento que recebemos acenda em nós a força daquele amor que levou Santa Teresinha do Menino Jesus a se consagrar inteiramente a vós e a implorar vossa misericórdia para todos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 01/10/2025
O lugar onde podemos reclinar a cabeça
“As raposas têm tocas e os pássaros têm ninhos; mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça”.
No Evangelho de ontem, Jesus tomou a firme decisão de ir para Jerusalém; agora, as pessoas querem segui-lo, e logo de início nós vemos com toda a clareza que existe uma consequência, existe um preço: “As aves têm os seus ninhos, as raposas têm a sua toca, mas o Filho de homem não tem onde reclinar a cabeça”. Eis aqui a consequência principal de nós resolvermos seguir Jesus. Quando nós resolvemos seguir Jesus, nós nos tornamos estrangeiros e peregrinos neste mundo.É isso que significa o conceito de “paróquia”. Você, católico, frequenta uma paróquia. Você é paroquiano. De onde vem a palavra “paróquia”? “Paróquia” vem do grego παροικία, que quer dizer “acampamento de peregrinos”. Exatamente essa é a ideia. Nós somos peregrinos neste mundo, nós somos Igreja peregrina, quer dizer, não temos aqui a nossa pátria.Existe na linguagem cristã a tradição de chamar o Céu de Pátria (com pê maiúsculo). Na Pátria, nós entramos no lugar do nosso repouso. Neste mundo, por enquanto, somos peregrinos; mas na Santa Missa, todos os dias na Eucaristia, quando nós recebemos a Comunhão, nós temos uma espécie de “mistura” dessas duas coisas. Sim, nós ainda estamos nesse lugar de peregrinação, mas na Missa nós temos uma pequena experiência da Pátria. É por isso que nós, na Eucaristia, recebemos o “pão dos peregrinos”, “o pão dos viandantes”.Você vai se lembrar de que, quando o povo de Israel saiu do Egito, eles precisaram levar pão, mas não tiveram tempo de fermentá-lo, por isso levaram pães ázimos, exatamente o pão com que são feitas as hóstias que nós comungamos. É um pão de peregrino, é um pão que resiste mais ao tempo, porque o pão com fermento tende a perecer e a se estragar, já o pão ázimo, que é mais duro, é também mais resistente ao tempo, ainda mais para uma longa caminhada.A partir disso, vemos que, embora sejamos estrangeiros peregrinando neste mundo, na Santa Missa nós encontramos o alimento da Pátria celeste, pelo qual somos fortalecidos e restaurados para continuar esta caminhada. De alguma forma, “embora o Filho do homem não tenha onde reclinar a cabeça”, na santa Missa nós encontramos um lugar de repouso.Por quê? Porque, como na Última Ceia São João teve a possibilidade de reclinar a cabeça no peito de Jesus, em cada Missa e em cada Comunhão nós podemos fazer o mesmo: nós podemos reclinar o nosso peito, reclinar a nossa cabeça no peito de Cristo, e ali sentir as pulsações do seu Coração e do seu amor. Nela recebemos a graça, a força, a coragem e o amor que nos alimentam e fazem com que continuemos nesta peregrinação, desejando a Pátria do Céu.Um dia, nós iremos nos encontrar com o mesmo Cristo face a face! Um dia, vai acontecer verdadeiramente o banquete nupcial, o casamento entre a humanidade e Cristo! Um dia, nós estaremos em casa, então, não seremos mais peregrinos.
Deus abençoe você!
Sem mais ajuda que a da graça de Deus, descobriu Teresinha, e por isso foi declarada Doutora da Igreja, uma via já conhecida dos santos, percorrida por muitos devotos, mas esquecida e até desprezada por certa espiritualidade de sua época: o que nos santifica não é a grandeza nem a dificuldade externa da obra, mas a intensidade do ato de amor com que a realizamos. Por isso a santidade está ao alcance de todos, porque não são, em si mesmos, os trabalhos extraordinários que produzem santos, mas a caridade com que se fazem as pequenas coisas ordinárias da vida.Ouça a homilia do Padre Paulo Ricardo para esta quarta-feira, dia 1º de outubro, e aprenda com esta grande Doutora a percorrer a pequena via que conduz à vida de intimidade com Deus.
Santo do dia 01/10/2025
Santa Teresinha do Menino Jesus (Memória)
Local: Lisieux, França
Data: 01 de Outubro † 1897
Importante tomar em consideração que Santa Teresinha foi religiosa carmelita que viveu muito em pouco tempo. Colocou o amor no centro de sua vida. Morreu com apenas 24 anos de idade a 30 de setembro de 1897.
Maria Francisca Teresa, na vida religiosa carmelitana, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face, chamada também Santa Teresa de Lisieux e, entre nós no Brasil, chamada Santa Teresinha do Menino Jesus ou, simplesmente, Santa Teresinha, nasceu em Alençon, na Normandia, em 1873. Seus pais, Luís Martin e Maria Zélia Guérin, quando jovens, aspiravam, ambos, a se consagrarem a Deus na vida religiosa. Por circunstâncias especiais não foram admitidos. Ao se casarem Zélia pediu a Deus a graça de ter muitos filhos e que se consagrassem a Deus. Do piedoso casal, beatificado por João Paulo II em 2008, nasceram nove filhos. Três faleceram em tenra idade e os demais, todas meninas, tornaram-se religiosas conforme o desejo da mãe.
Teresinha ficou órfã de mãe aos 4 anos. O pai, depois da morte da esposa, mudou-se com a família para Lisieux, onde tinha um cunhado, cuja esposa zelava pela educação das filhas.
Numa audiência com o papa Leão XIII, Teresinha lhe pediu a licença de entrar no Carmelo sem a idade exigida. O Papa naturalmente deixou a questão nas mãos das autoridades competentes. Pouco mais tarde ela recebeu do seu bispo a permissão de entrar no Carmelo de Lisieux.
Viveu no Carmelo não mais de oito anos. Graças à sua autobiografia, a História de uma alma, sabemos que a jovem carmelita não fez nada de extraordinário: apenas cumpriu de modo extraordinário os seus deveres de religiosa carmelita. Teresinha pelo próprio temperamento aspirava a grandes coisas; queria ser santa de verdade. Num momento de entusiasmo, escreve que por amor do Amor desejava ser guerreiro, padre, apóstolo, mártir. Procurava ansiosamente o caminho para tal realização. Vale a pena transcrever o modo como ela encontrou este caminho, o caminho do amor, conforme se pode ler na autobiografia, trecho que constitui a leitura hagiográfica do Ofício das Leituras:
"Meus imensos desejos me eram um autêntico martírio. Fui, então, às cartas de São Paulo a ver se encontrava uma resposta. Meus olhos caíram por acaso nos capítulos doze e treze da Primeira Carta aos Coríntios. No primeiro destes li que todos não podem ser ao mesmo tempo Apóstolos, profetas, doutores, e que a Igreja consta de vários membros; os olhos não podem ser mãos ao mesmo tempo. Resposta clara, sem dúvida, mas não capaz de satisfazer meu desejo e dar-me paz. Perseverei na leitura sem desanimar e encontrei esta frase sublime: Aspirai aos melhores carismas. E vos indico um caminho ainda mais excelente (1Cor 12, 31). O Apóstolo esclarece que os melhores carismas nada são sem a caridade e esta caridade é o caminho mais excelente que leva com segurança a Deus. Achara enfim o repouso. Ao considerar o Corpo místico da Igreja, não me encontrara em nenhum dos membros enumerados por São Paulo, mas, ao contrário, desejava ver-me em todos eles. A caridade deu-me o eixo de minha vocação. Compreendi que a Igreja tem um corpo formado de vários membros e neste corpo não pode faltar o membro necessário e o mais nobre: entendi que a Igreja tem um coração, e este coração está inflamado de amor. Compreendi que os membros da Igreja são impelidos a agir por um único amor, de forma que, extinto este, os Apóstolos não mais anunciariam o Evangelho, os mártires não mais derramariam o sangue. Percebi e reconheci que o amor encerra em si todas as vocações, que o amor é tudo, abraça todos os tempos e lugares, numa palavra, o amor é eterno. Então, delirante de alegria, exclamei: Ó Deus, meu amor, encontrei, afinal, minha vocação: minha vocação é o amor. Sim, encontrei o meu lugar na Igreja, tu me deste este lugar, meu Deus. No coração da Igreja, minha mãe, eu serei o amor e desse modo serei tudo, e meu desejo se realizará".
Eis o pequeno caminho de Teresinha, o caminho da infância espiritual ou das almas pequeninas, o caminho da confiança e da entrega total, da vivência do ordinário do dia a dia tornado extraordinário pelo amor. O caminho de Santa Teresinha, assim chamado na Oração coleta, é mais uma prática do que um ensino teórico. Consiste na intimidade com Deus, o abandono nas mãos de sua providência, a simplicidade e a transparência como virtudes ordenadoras da vida. Teresinha ofereceu sua imolação interior, sobretudo pela santificação dos missionários, com alguns dos quais manteve edificante correspondência epistolar. Por este seu espírito foi proclamada por Pio XI, em 1927, padroeira dos missionários que se dedicam à conversão dos infiéis, juntamente com São Francisco Xavier. Ela mesma, antes da doença que a levou à morte, estava propensa a responder ao apelo das carmelitas de Hanói, na Indochina, que desejavam tê-la consigo.
Teresinha passou seus últimos anos de vida minada por uma terrível doença, que suportou com heroica paciência; padeceu simultaneamente uma dura provação interior que lhe purificou o espírito. Morreu no dia 30 de setembro de 1897. Teresinha havia prometido que faria descer sobre a terra uma chuva contínua de rosas. Seu culto se espalhou em pouco tempo por todos os recantos da terra. Foi beatificada em 1923 e canonizada em 1925. Em 1997, como terceira mulher, foi declarada doutora da Igreja por João Paulo II.
O culto a Santa Teresinha é um dos mais populares no mundo inteiro. No Brasil são inúmeras as capelas, as igrejas paroquiais e mesmo catedrais dedicadas a Santa Teresinha. O seu caminho espiritual da simplicidade, da humildade e do amor vivido no cotidiano da vida é modelar para todos.
Os textos litúrgicos estão perpassados desta espiritualidade da infância espiritual das almas pequeninas. A Oração coleta resume bem esse caminho espiritual: Ó Deus, que preparais o vosso reino para os pequenos e humildes, dai-nos seguir confiantes o caminho de Santa Teresinha, para que, por sua intercessão, nos seja revelada a vossa glória.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Teresinha do Menino Jesus, rogai por nós!