27º Domingo do Tempo Comum
Antífona de entrada
Vernáculo:
Ao vosso poder, Senhor, tudo está sujeito, e não há quem possa resistir à vossa vontade, porque sois o criador de todas as coisas, do céu e da terra e de tudo que eles contêm; vós sois o Senhor do universo. (Cf. MR: Est 4, 17) Sl. Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo! (Cf. LH: Sl 118, 1)
Glória
Glória a Deus nas alturas,
e paz na terra aos homens por Ele amados.
Senhor Deus, rei dos céus,
Deus Pai todo-poderoso.
Nós vos louvamos,
nós vos bendizemos,
nós vos adoramos,
nós vos glorificamos,
nós vos damos graças
por vossa imensa glória.
Senhor Jesus Cristo, Filho Unigênito,
Senhor Deus, Cordeiro de Deus,
Filho de Deus Pai.
Vós que tirais o pecado do mundo,
tende piedade de nós.
Vós que tirais o pecado do mundo,
acolhei a nossa súplica.
Vós que estais à direita do Pai,
tende piedade de nós.
Só Vós sois o Santo,
só vós, o Senhor,
só vós, o Altíssimo,
Jesus Cristo,
com o Espírito Santo,
na glória de Deus Pai.
Amém.
Coleta
Deus eterno e todo-poderoso, que no vosso imenso amor de Pai nos concedeis mais do que merecemos e pedimos, infundi em nós vossa misericórdia, para perdoar o que nos pesa na consciência e para nos dar mais do que a oração ousa pedir. Por nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura — Hab 1, 2-3; 2, 2-4
Leitura da Profecia de Habacuc
Senhor, até quando clamarei, sem me atenderes? Até quando devo gritar a ti: “Violência!”, sem me socorreres?
3Por que me fazes ver iniquidades, quando tu mesmo vês a maldade? Destruições e prepotência estão à minha frente; reina a discussão, surge a discórdia.
2, 2Respondeu-me o Senhor, dizendo: “Escreve esta visão, estende seus dizeres sobre tábuas, para que possa ser lida com facilidade. 3A visão refere-se a um prazo definido, mas tende para um desfecho, e não falhará; se demorar, espera, pois ela virá com certeza, e não tardará. 4Quem não é correto, vai morrer, mas o justo viverá por sua fé”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial — Sl 94(95), 1-2. 6-7. 8-9 (R. 8)
℟. Não fecheis o coração; ouvi vosso Deus!
— Vinde, exultemos de alegria no Senhor, aclamemos o Rochedo que nos salva! Ao seu encontro caminhemos com louvores, e com cantos de alegria o celebremos! ℟.
— Vinde, adoremos e prostremo-nos por terra, e ajoelhemos ante o Deus que nos criou! Porque ele é o nosso Deus, nosso Pastor, e nós somos o seu povo e seu rebanho, as ovelhas que conduz com sua mão. ℟.
— Oxalá ouvísseis hoje a sua voz: “Não fecheis os corações como em Meriba, como em Massa, no deserto, aquele dia, em que outrora vossos pais me provocaram, apesar de terem visto as minhas obras”. ℟.
Segunda Leitura — 2Tm 1, 6-8. 13-14
Leitura da Segunda Carta de São Paulo a Timóteo
Caríssimo: 6Exorto-te a reavivar a chama do dom de Deus que recebeste pela imposição das minhas mãos. 7Pois Deus não nos deu um espírito de timidez, mas de fortaleza, de amor e sobriedade.
8Não te envergonhes do testemunho de Nosso Senhor nem de mim, seu prisioneiro, mas sofre comigo pelo Evangelho, fortificado pelo poder de Deus.
13Usa um compêndio das palavras sadias que de mim ouviste em matéria de fé e de amor em Cristo Jesus. 14Guarda o precioso depósito, com a ajuda do Espírito Santo, que habita em nós.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
℣. A Palavra do Senhor permanece para sempre; e esta é a Palavra que vos foi anunciada. (1Pd 1, 25) ℟.
Evangelho — Lc 17, 5-10
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Lucas
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, 5os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!”
6O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria. 7Se algum de vós tem um empregado que trabalha a terra ou cuida dos animais, por acaso vai dizer-lhe, quando ele volta do campo: ‘Vem depressa para a mesa?’
8Pelo contrário, não vai dizer ao empregado: ‘Prepara-me o jantar, cinge-te e serve-me, enquanto eu como e bebo; depois disso tu poderás comer e beber?’ 9Será que vai agradecer ao empregado, porque fez o que lhe havia mandado?
10Assim também vós: quando tiverdes feito tudo o que vos mandaram, dizei: ‘Somos servos inúteis; fizemos o que devíamos fazer’”.
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Creio
Creio em Deus Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra.
E em Jesus Cristo, seu único Filho, nosso Senhor,
Às palavras seguintes, até Virgem Maria, todos se inclinam.
que foi concebido pelo poder do Espírito Santo,
nasceu da Virgem Maria,
padeceu sob Pôncio Pilatos,
foi crucificado, morto e sepultado,
desceu à mansão dos mortos,
ressuscitou ao terceiro dia,
subiu aos céus,
está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso,
donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo,
na santa Igreja Católica,
na comunhão dos santos,
na remissão dos pecados,
na ressurreição da carne
e na vida eterna. Amém.
Antífona do Ofertório
Vir erat in terra nómine Iob, simplex et rectus, ac timens Deum: quem Satan pétiit, ut tentáret: et data est ei potéstas a Dómino in facultáte et in carne eius: perdidítque omnem substántiam ipsíus, et fílios: carnem quoque eius gravi úlcere vulnerávit. (Iob. 1 et 2, 7)
Vernáculo:
Havia, na terra, um homem chamado Jó: era íntegro e reto, temia a Deus. Satanás saiu da presença do Senhor e feriu Jó com chagas malignas, desde a planta dos pés até o alto da cabeça. (Cf. Bíblia CNBB: Jó 1, 1. 2, 7)
Sobre as Oferendas
Acolhei, Senhor, nós vos pedimos, o sacrifício que instituístes; e pelos sagrados mistérios que celebramos em vossa honra dignai-vos completar a santificação daqueles que salvastes. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Ou:
Há um só pão e, embora sendo muitos, formamos um só corpo, todos os que participamos do mesmo pão e do mesmo cálice. (Cf. 1Cor 10, 17)
Vernáculo:
Desfaleço pela vossa salvação, vossa palavra é minha única esperança! Quantos dias restarão ao vosso servo? E quando julgareis meus opressores? Todos os vossos mandamentos são verdade; quando a calúnia me persegue, socorrei-me! (Cf. LH: Sl 118, 81. 84. 86)
Depois da Comunhão
Concedei-nos, Deus todo-poderoso, que inebriados e saciados pelo sacramento que recebemos, sejamos transformados naquele que comungamos. Por Cristo, nosso Senhor.
Homilia do dia 05/10/2025
Senhor, aumenta a nossa fé
Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria.” (Lc 17, 5-6)
Queridos irmãos, a Igreja celebra com alegria o 27º Domingo do Tempo Comum. No Evangelho de hoje Nosso Senhor, atendendo ao pedido dos Apóstolos, ressalta, dentre outras coisas, a importância da fé.
“Aumenta nossa fé”; “Se tivesses fé como um grão de mostarda”.
Ter fé é o primeiro dos dons maravilhosos que Deus nos deu. Jamais devemos nos acostumar a ter fé; isto seria humanizar nossa fé. Pelo contrário, devemos sempre “nos surpreender” de ter fé; como o menino se “admira”, se enche de surpresa no Natal, diante dos presentes que admira como vindos do céu. Para alcançar esta perene surpresa podemos fazer duas reflexões:
A primeira é a gratuidade da fé. Nós temos fé. Os sábios do mundo inteiro (Platão, Aristóteles, todos os filósofos, físicos, matemáticos...) investigando durante milhares de anos a essência e natureza das coisas criadas, jamais acertariam a nos dar o menor conhecimento do mundo sobrenatural tal como é em si mesmo, o mundo de nossa fé, que nos dar a conhecer a graça, os dons, o paraíso e muitas outras verdades sobrenaturais.
Mas não basta querer crer para poder crer. Se Deus não abre as portas da fé, podemos escutar aos maiores pregadores falar sobre os mistérios sobrenaturais e invejar aos que acreditam com simplicidade em tais coisas e em tais belezas, mas não poder aderir a essas verdades.
Por isso disse Jesus: “Eu te louvo, ó Pai... porque escondeste estas coisas aos sábios e aos entendidos e as revelaste aos pequeninos” (Lc 10,21).
Um sábio pagão, sem fé, pode escutar com admiração falar de um Deus que tem misericórdia para com o homem, que se faz homem no seio de uma santa criatura como Maria Santíssima, que nos deixa seu corpo e seu Sangue como alimento, que habita em meio a nós no Sacrário... mas se não tiver fé, no máximo poderá dizer: Que belo seria que tudo isso fosse verdade. Isto é o que dizia Karl Marx, quando na sua incredulidade chamava à religião “o ópio” do povo: aquilo produz belas visões aos miseráveis e os engana com falsas promessas, que não são verdade.
“Dai graça – diz são Paulo – fostes salvos pela fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus” (Ef 2,8-9).
Daqui se deduz: - A gratuidade: porque é o que corresponde diante de qualquer doação e presente.- Humildade: para reconhecer abertamente que não é nosso mérito nem por nosso mérito.- Fidelidade: para não nos expor jamais a perdê-la como quem brinca com a fé, dando ouvidos a coisas perigosas.
A segunda reflexão que podemos fazer é a superioridade da fé sobre todo conhecimento. O mais insignificante conhecimento de fé como o de uma simples senhora que vive no campo é imensamente superior a todo conhecimento meramente humano:
Que conhecimento o sábio alcança com o uso da sua inteligência? • Que a alma é imortal;• Que Deus existe e que é perfeitíssimo;• Que Deus pode entrar em contato com o homem;• Que Deus é Criador.
Já a mais simples pessoa com fé conhece que:• Que além disso a graça a faz divina e que Deus habita nele;• Que é uno e Trino: Pai, Filho, Espírito Santo;• Que Deus se fez homem;• Que Deus é nosso Pai.
O grande Santo Tomás de Aquino afirma que o primeiro bem necessário para o cristão é a fé e que sem ela ninguém pode ser chamado de fiel cristão. A fé produz quatro bens.
O primeiro bem é a união da alma com Deus. Pela fé realiza-se uma espécie de matrimônio entre a alma e Deus, conforme se lê no Profeta Oséias: “Desposar-te-ei na fé” (Os 2,20).
Quando o homem é batizado, deve, em primeiro lugar, confessar a fé ao responder à pergunta — crês em Deus? — porque o batismo é o primeiro sacramento da fé. O Senhor mesmo disse: “O que crer e for batizado será salvo” (Mc 16,16).
O segundo bem é este: pela fé é iniciada em nós a vida eterna. A vida eterna não consiste senão em conhecer a Deus, conforme lê-se em S. João: “Esta é a vida eterna, que Vos conheçam como único Deus verdadeiro” (Jo 17,3). Esse conhecimento de Deus inicia-se aqui pela fé, mas é completado na vida futura, quando O conheceremos tal como é. Por isso lê-se na carta aos Hebreus: “A fé é a substância das coisas que se esperam” (11,11).
A vida presente é a orientada pela fé: eis o terceiro bem. Para que o homem viva bem, convém que conheça os princípios do bem viver. Se pelo próprio esforço devesse aprender esses princípios, ou não chegaria a conhecê-los, ou só os poderia conhecer após um longo tempo. Mas a fé ensina todos os princípios do bem viver. Ora, ela ensina que há um só Deus, que Deus recompensa os bons e pune os maus, que existe uma outra vida, e outras verdades semelhantes. Esse conhecimento é suficiente para nos levar a praticar o bem e evitar o mal, pois diz o Senhor: “O meu justo vive da fé" (Hb 2,4).
O quarto bem é que pela fé vencemos as tentações, conforme lê-se nas Escrituras: "Os santos pela fé venceram os reinos" (Hb 11,23). As tentações procedem do diabo, do mundo, ou da carne.
O diabo tenta para que tu não obedeças nem te submetas a Deus. Ora, é pela fé que o repelimos, porque é pela fé que conhecemos que há um só Deus e que só a Ele devemos obedecer. Por isso escreveu São Pedro: “O diabo, vosso adversário, está rondando para ver se devora alguém: a ele deveis resistir pela fé” (1Pd 5,8).
O mundo nos tenta, seduzindo-nos na prosperidade, ou nos atemorizando nas adversidades, mas ambas as tentações as vencemos pela fé. Ela nos faz crer numa vida melhor, e, por isso, desprezamos as prosperidades do mundo e não tememos as adversidades. Eis porque está escrito; “Esta é vitória que vence o mundo, a vossa fé” (1 Jo 5, 4), Além disso, a fé nos ensina a acreditar que há males maiores, isto é, que existe o inferno.
A carne nos tenta, conduzindo-nos para os prazeres momentâneos da vida presente, mas a fé nos mostra que por eles, se a eles indevidamente aderimos, perderemos os deleites eternos. Por isso nos aconselha o Apóstolo: “Tende sempre nas mãos o escudo da fé” (Ef 6, 6).
Por essas razões, conclui Santo Tomas, fica provado que é muito útil ter fé. E por isso, queridos irmãos, quem tem fé e a perde por seus pecados, perde imensamente mais que se perdesse toda sua memória humana. Simplesmente se animaliza; perde aquilo que o elevava ao conhecimento que Deus tem de si, ao conhecimento que os anjos têm de Deus.
De Maria se diz: “Bem-aventurada aquela que acreditou”. Que nossa Mãe, que com suas dores nos gerou na fé, nos conserve e nos aumente a fé, até que esta se faça clara visão de Deus no Céu. Assim seja, amém.
Deus abençoe você!
Pe. Fábio Vanderlei, IVE
É com uma humilhação que, no Evangelho deste domingo, Cristo responde ao pedido dos Apóstolos, de aumentar neles a virtude da fé. Primeiro, compara a sua pequena e insignificante fé a um grão de mostarda; depois, chama-os de “servos inúteis”.Mas por que Nosso Senhor procede dessa forma? O que Ele quer nos ensinar com essa atitude? Por que a humilhação faz parte do processo de conversão e de crescimento na fé? É o que Padre Paulo Ricardo explica na homilia deste 27º Domingo do Tempo Comum.
Santo do dia 05/10/2025
São Benedito, o Negro, Religioso (Memória Facultativa)
Local: Palermo, Itália
Data: 05 de Outubro † 1589
Nas terras da Sicília, em 1524, Deus preparava o caminho para um santo que traria luz à escuridão do mundo, acendendo os corações com o fogo da fé e da humildade. São Benedito, filho de africanos que haviam sido escravizados, nasceu no vilarejo de San Fratello. Sua vida, desde o primeiro instante, foi marcada pelo toque divino. Mesmo nascendo em condições humildes, Benedito carregava dentro de si um senso profundo de liberdade: a liberdade de servir, amar e confiar completamente em Jesus e Maria.
Desde menino, Benedito destacava-se por sua pureza de coração e por sua devoção à Santíssima Virgem. Seus pais, apesar da dureza de vida, transmitiram-lhe a fé, e Benedito abraçou cada ensinamento com simplicidade e fervor. Quando trabalhava como pastor, era frequente encontrá-lo em oração, sempre elevando seu coração a Deus em meio às tarefas mais cotidianas.
Aos 18 anos, Benedito deixou sua casa e juntou-se a um grupo de eremitas franciscanos. Lá, no silêncio das montanhas, ele dedicou sua vida à oração e à penitência, buscando uma união mais profunda com Deus. Mesmo na solidão, sua santidade começou a chamar a atenção, e muitos procuravam Benedito em busca de milagres e de conselhos espirituais. Embora fosse analfabeto, sua sabedoria e dons espirituais eram evidentes para todos que o conheciam.
Foi nesse período que Benedito começou a enfrentar intensas batalhas espirituais. Tal como Santo Antônio, ele foi atormentado por tentações, mas sua fé o manteve firme. A confiança que depositava em Deus era inabalável, e cada provação servia apenas para aproximá-lo ainda mais do Senhor. A partir de então, sua vida passou a ser marcada por uma série de milagres, como curas, multiplicações de alimentos e, inclusive, a ressurreição de mortos.
Em obediência à ordem do Papa Pio IV, Benedito foi chamado a deixar sua vida de eremita e ingressou no convento de Santa Maria de Jesus, em Palermo, onde assumiu a função de cozinheiro. Era na simplicidade da cozinha que Benedito continuava a exercer sua santidade. Relatos de época contam que, quando os alimentos começavam a faltar, Benedito confiava em Deus, e a comida se multiplicava de forma milagrosa. Ele sempre atribuía esses prodígios à providência divina, sem jamais buscar glória para si.
Mesmo com uma função tão humilde, Benedito logo foi chamado a posições de maior responsabilidade. Em 1578, ele foi eleito Superior do convento, apesar de ser um simples irmão leigo e analfabeto. Sua liderança, marcada pela obediência, humildade e amor, trouxe paz e fervor espiritual à comunidade. Ao fim de seu mandato, retornou com alegria às suas atividades na cozinha, servindo seus irmãos com a mesma dedicação.
Um dos aspectos mais comoventes da vida de São Benedito era sua profunda devoção ao Menino Jesus. Ele passava longos momentos em oração diante de uma imagem de Nossa Senhora, que até hoje se conserva na igreja principal do convento de Palermo. Conta-se que, em uma dessas ocasiões de oração, Nossa Senhora lhe oferecia o Menino Jesus para que ele o sustentasse em seus braços. Com uma simplicidade encantadora, Benedito permanecia brincando com o Menino Deus entre seus braços, profundamente imerso na sua oração.
No entanto, sua obediência era tão grande aos compromissos da vida comunitária que, em certo momento, ao ouvir o sino do convento, Benedito, para não se atrasar, rapidamente lançou o Menino Jesus nos braços de Nossa Senhora, saindo apressado para cumprir suas tarefas. Curiosamente, a imagem de Nossa Senhora parece, desde então, segurar o Menino Jesus de forma um tanto desajeitada, como um testemunho visível da simplicidade e obediência de Benedito. Esse episódio revela não só sua intimidade com Deus, mas também seu compromisso com a disciplina da vida religiosa.
A vida de São Benedito era uma contínua comunhão entre o céu e a terra. Ele vivia intensamente sua fé, seja nas tarefas mais simples, seja nos momentos de oração profunda. Sua humildade e serviço constantes faziam dele um reflexo da vida de Cristo, especialmente no cuidado pelos pobres e necessitados. Em uma ocasião, ao ver um irmão prestes a jogar fora um pedaço de pão, Benedito correu e pegou o alimento, dizendo: “Não jogue fora este pão, aqui contém o sangue dos pobres!” Esse gesto revelou a compaixão profunda que ele nutria por aqueles que sofriam e sua compreensão de que cada ato de generosidade e cuidado tinha um valor eterno.
Benedito era também um homem de milagres. Além das curas, ele multiplicava os alimentos para alimentar os frades e os pobres que vinham ao convento em busca de ajuda. Mesmo em sua simplicidade, os dons espirituais de Benedito atraíam multidões, mas ele sempre procurava manter-se longe das glórias humanas, atribuindo tudo à vontade de Deus e à intercessão da Santíssima Virgem.
Em 1589, São Benedito faleceu em plena fama de santidade, aos 63 anos. Seu corpo foi encontrado incorrupto, exalando um suave perfume, sinal da pureza com que viveu. Logo após sua morte, a devoção a São Benedito se espalhou por toda a Europa, alcançando também as Américas.
No Brasil, São Benedito se tornou um dos santos mais venerados, especialmente entre as comunidades afro-brasileiras. Sua história de humildade e serviço tocava profundamente os corações de escravizados e oprimidos, que o viam como um exemplo de dignidade e santidade. Em diversas regiões do país, as congadas e irmandades se formaram para honrar sua memória e espalhar sua devoção. O povo brasileiro, especialmente nas regiões mais simples, carrega São Benedito no coração como um protetor e intercessor poderoso, alguém que verdadeiramente entende as dores e lutas da vida.
Nos dias de festa em sua honra, é comum ver procissões, cantos e celebrações em várias partes do Brasil. Em Palermo, no museu do convento onde repousam seus restos mortais, há fotos e registros das inúmeras paróquias e capelas brasileiras dedicadas ao santo, testemunhando o amor e devoção do povo brasileiro.
São Benedito é um exemplo vivo de como a santidade não depende de riqueza, status ou conhecimento, mas de uma alma simples, cheia de amor e disposição para servir a Deus e aos outros. Ele nos ensina que a verdadeira grandeza está na humildade, no serviço silencioso e na profunda confiança em Deus. Que, por sua intercessão, possamos aprender a trilhar o caminho da santidade, amando e servindo com a mesma devoção com que ele amou Jesus e Maria.
Referência:
• Instituto Plinio Corrêa de Oliveira. “São Benedito, o Mouro – 05 de outubro”. 2024.
• Redemptor. “São Benedito, o Preto – 4 de abril”.
• Phillip Mericle. “São Benedito, o Mouro – A vida e a santidade de um exemplo extraordinário.”
• Vatican News. “São Benedito: um dos santos mais amados pelos brasileiros”. Bruno Franguelli, SJ.
São Benedito, rogai por nós!


