Santa Luzia, Virgem e Mártir, Memória
Antífona de entrada
Ou:
Feliz a virgem que, renunciando a si mesma e tomando sua cruz, imitou o Senhor, o esposo das virgens e príncipe dos mártires.
Vernáculo:
Vós amais a justiça e odiais a maldade. É por isso que Deus vos ungiu com seu óleo, deu-vos mais alegria que aos vossos amigos. Sl. Transborda um poema do meu coração; vou cantar-vos, ó Rei, esta minha canção; minha língua é qual pena de um ágil escriba. (Cf. LH: Sl 44, 8 e 2)
Coleta
Senhor, a gloriosa intercessão de Santa Luzia, virgem e mártir, reanime o nosso fervor, para que, celebrando hoje o seu martírio, contemplemos um dia as realidades eternas. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, que é Deus, e convosco vive e reina, na unidade do Espírito Santo, por todos os séculos dos séculos.
Primeira Leitura (Is 48, 17-19)
Leitura do Livro do Profeta Isaías
17Isto diz o Senhor, o teu libertador, o Santo de Israel: “Eu, o Senhor teu Deus, te ensino coisas úteis, te conduzo pelo caminho em que andas. 18Ah, se tivesses observado os meus mandamentos! 19Tua paz teria sido como um rio e tua justiça como as ondas do mar; tua descendência seria como a areia do mar e os filhos do teu ventre como os grãos de areia; este nome não teria desaparecido nem teria sido cancelado de minha presença”.
— Palavra do Senhor.
— Graças a Deus.
Salmo Responsorial (Sl 1)
℟. Senhor, quem vos seguir terá a luz da vida.
— Feliz é todo aquele que não anda conforme os conselhos dos perversos; que não entra no caminho dos malvados, nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar. ℟.
— Eis que ele é semelhante a uma árvore, que à beira da torrente está plantada; ela sempre dá seus frutos a seu tempo, e jamais as suas folhas vão murchar. Eis que tudo o que ele faz vai prosperar. ℟.
— Mas bem outra é a sorte dos perversos. Ao contrário, são iguais à palha seca espalhada e dispersada pelo vento. Pois Deus vigia o caminho dos eleitos, mas a estrada dos malvados leva à morte. ℟.
℣. O Senhor há de vir, acorrei-lhe ao encontro; é o Príncipe da paz. ℟.
Evangelho (Mt 11, 16-19)
℣. O Senhor esteja convosco.
℟. Ele está no meio de nós.
℣. Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo ✠ segundo Mateus
℟. Glória a vós, Senhor.
Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 16“Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: 17‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!’ 18Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. 19Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras.”
— Palavra da Salvação.
— Glória a vós, Senhor.
Antífona do Ofertório
Afferéntur regi vírgines: próximae eius afferéntur tibi in laetítia et exsultatióne: adducéntur in templum regi Dómino. (Ps. 44, 15. 16)
Vernáculo:
Em vestes vistosas ao Rei se dirige, e as virgens amigas lhe formam cortejo; entre cantos de festa e com grande alegria, ingressam, então, no palácio real. (Cf. LH: Sl 44, 15. 16)
Sobre as Oferendas
Senhor, os dons que vos apresentamos na celebração de Santa Luzia sejam do vosso agrado, como vos foi precioso o combate do vosso martírio. Por Cristo, nosso Senhor.
Antífona da Comunhão
Vernáculo:
Os poderosos me perseguem sem motivo; meu coração, porém, só teme a vossa lei. Tanto me alegro com as palavras que dissestes, quanto alguém ao encontrar grande tesouro. (Cf. LH: Sl 118, 161. 162)
Depois da Comunhão
Ó Deus, que coroastes Santa Luzia ente os santos pela dupla vitória da virgindade e do martírio, concedei-nos, pela força deste sacramento, superar com firmeza todo mal e alcançar a glória celeste. Por Cristo nosso Senhor.
Homilia do dia 13/12/2024
Quem não respeita, não ama
“Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão’”.
1. O tempo da Lei. — No Evangelho de hoje, vemo-nos diante de um conflito entre a figura de Jesus e a de S. João Batista. Batista é a figura austera e penitente do Antigo Testamento; Jesus apresenta-se mais doce, manso e humilde. Esse contraste parece, no fundo, inconciliável. Afinal, o que temos é um Deus severo, que quer penitência e de cujos castigos nos devemos precaver, ou um Deus de misericórdia, que, no fim das contas, irá perdoar a todos e levar-nos para o céu? A resposta é que temos os dois, que são um só. Por quê? Porque os atributos divinos não se contradizem. A bondade e o amor divinos que se manifestam em João Batista são os que se manifestam no Antigo Testamento, quando Deus ainda preparava o seu povo para a vinda de Cristo e da misericórdia. Por isso, era preciso passar antes pelo tempo da Lei. Há quem queira seguir o Evangelho sem compreender que, antes disso, é preciso interiorizar a lei, isto é, a lei natural, os Dez Mandamentos do Antigo Testamento. Sim, devemos amar a Deus, mas para isso precisamos, primeiro, respeitá-lo. Acaso é possível amar a quem não se respeita? Podemos até gostar, por exemplo, dos carinhos, dos afagos, da amabilidade de nossa mãe, mas se a todo momento a tratamos de forma rude, com grosserias, é porque não a amamos de verdade. É necessário entender que, para entrar no Novo, há que passar pelo Antigo Testamento, e isso significa observar os mandamentos da lei de Deus.
2. O tempo do amor. — João Batista é esse precursor, o πρόδρομος, que veio preparar o caminho, razão por que é ao mesmo tempo o último dos profetas do Antigo e o primeiro do Novo Testamento; é aquele que apontou para o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo (cf. Jo 1, 29). Ao vir a este mundo, Jesus vê que nós, frágeis que somos, apesar da nossa boa vontade em seguir as leis de Deus, precisamos contudo de misericórdia. Precisamos, sim, de um Deus compassivo e bondoso, pronto para nos reerguer, se cairmos. Não porque se deva fazer da queda um “projeto de vida”. Não achemos que ser cristão é comprometer-se a cair. Não! O que Jesus quer é o nosso amor, um amor firme, e Deus nos oferece sua misericórdia para fazer de nós pessoas melhores, e não para nos acomodar ao pecado. Ouvimos falar às vezes de certas pessoas que, embora discursem muito sobre a misericórdia, levam no entanto vidas terríveis, vidas piores, por fazerem da misericórdia uma muleta, uma “desculpa para ser ruim”, para ser egoísta. É evidente que não é isso que Deus quer. Não há contradição entre o Antigo e o Novo Testamento, porque não pode havê-la entre o respeito às leis de Deus e amor ao Deus que perdoa e deseja fazer de nós grandes santos. Nesse tempo de Advento, o Senhor vem-nos visitar com a graça de que precisamos para cumprir seus mandamentos e, depois, realizá-los em perfeição pelo mandamento do amor. Generosidade! Aí a lei já não é mais “necessária”: Ama et fac quod vis — tudo é possível ao que realmente ama, desde que esteja realmente amando.
Deus abençoe você!
Santo do dia 13/12/2024
Santa Luzia (Memória)
Local: Siracusa, Itália
Data: 13 de † 304/305
Santa Luzia, cujo nome evoca a luz, é mencionada no Cânon romano. Poucas são as notícias realmente históricas, que chegaram até nós desta mártir siciliana. Provavelmente, ela foi martirizada em Siracusa sob Diocleciano por volta do ano 304. Uma inscrição encontrada nas catacumbas de Siracusa atesta o culto a Luzia no fim do século IV ou começo do século V. O culto passou também a Roma e deixou sua marca no Canon romano da Missa, onde Luzia é lembrada ao lado de outra mártir siciliana, Santa Águeda.
A lenda posterior veio embelezar a vida de Luzia, fazendo dela não apenas uma mártir da fé, como também uma propagadora do ideal da castidade consagrada a Deus. A Antífona das Vésperas, tirada da narração da sua paixão, saúda-a como "esposa de Cristo": Ó Santa Luzia, esposa de Cristo, paciente lutando, ganhastes a vida, banhada de sangue vencestes o mundo e agora brilhais entre os coros dos anjos.
Segundo a passio, a história de sua paixão, surgida entre os séculos V e VI, Santa Luzia pertencia a uma rica e nobre família cristã de Siracusa. Recebeu primorosa educação cristã, de modo que se sentiu dominada pelo amor a Cristo, emitindo, desde cedo, o voto de perpétua virgindade. Ficando órfã de pai, sua mãe desejava que Luzia contraísse matrimônio com um jovem de distinta família, mas pagão. Na sua perplexidade, Luzia pediu que lhe fosse concedido um prazo de tempo para melhor amadurecer sua resolução de castidade pela oração. A mãe adoeceu e ambas teriam feito uma romaria ao túmulo de Santa Águeda, em Catânia. Por intercessão de Santa Águeda, Luzia conseguiu a cura de sua mãe. Após a longa oração Luzia encontrou a mãe completamente curada. Voltaram para Siracusa e aí surgiu novamente a proposta de casamento que ela recusou terminantemente. O jovem que nutria a esperança de casar com Luzia, tendo notícia da obstinada recusa e do gesto em favor dos pobres a quem distribuíra seus bens, transformou o amor em ódio e denunciou-a perante o governador Pascásio. Perante o juiz que lhe intimava a sacrificar aos deuses e manter a palavra do casamento, Luzia respondeu: "Nem uma, nem outra coisa farei". O processo continuou com ameaças de todo tipo. Por último, foi decapitada.
À lenda acrescentou-se, mais tarde, outro dado, algo chocante, frequente objeto das representações artísticas: em resposta contundente ao seu algoz, o prefeito Pascásio, que a manteve presa e a cobiçava para sua mulher, Luzia arrancou os olhos e lhos enviou numa bandeja. É daí que Santa Luzia é invocada como protetora contra as doenças dos olhos e padroeira dos lapidadores. Esta devoção provavelmente se deu à luz da lenda da doação dos olhos acima lembrada ou ao fato de que o nome Luzia se liga à palavra luz, sinônimo de luminosa, luzidia.
A Oração coleta não entra nos elementos lendários da vida de Santa Luzia. Lembra diante de Deus a virgem e a mártir, tendo ela conquistado através do seu martírio a dupla coroa, a da virgindade e a do martírio. Faz finalmente alusão à luz, pedindo que possamos contemplar, um dia, a sua glória: Ó Deus, que a intercessão da gloriosa virgem Santa Luzia reanime o nosso fervor, para que possamos hoje celebrar o seu martírio e contemplar, um dia, a sua glória.
Referência:
BECKHÄUSER, Frei Alberto. Os Santos na Liturgia: testemunhas de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2013. 391 p. Adaptações: Equipe Pocket Terço.
Santa Luzia, rogai por nós!